𝗼𝗻𝗲 ── 𝙩𝙝𝙚 𝙩𝙖𝙡𝙚 𝙖𝙗𝙤𝙪𝙩 𝙖𝙣 𝙤𝙗𝙨𝙚𝙨𝙨𝙚𝙙 𝙖𝙧𝙩𝙞𝙨𝙩
⋆ Ꮺ ❜🩰 𝐃𝐄𝐀𝐃 𝐆𝐈𝐑𝐋 𝐖𝐀𝐋𝐊𝐈𝐍𝐆
❛걷는 죽은 소녀 𓂅
❪ 𝘀𝘂-𝗵𝘆𝗲𝗼𝗸 ❫ ⵌ all of us are dead 𝗳𝗮𝗻𝗳𝗶𝗰𝘁𝗶𝗼𝗻 *☽ *˚˛✩
❝ 𝑏𝑒 𝑎 𝑚𝑎𝑛 𝑎𝑛𝑑 𝑠𝑚𝑜𝑘𝑒 𝑙𝑖𝑘𝑒 𝑗𝑖𝑠𝑜𝑜 ❞
HWANG JISOO odiava ter que ficar na escola após a aula para ajudar a limpar a instituição. Haviam alunos o suficiente estudando lá para que ela não precisasse mover um dedo na arrumação, mas já pegara detenções o suficiente justamente por não auxiliar os colegas, em que o castigo era ter que limpar novamente salas de aula, o laboratório de ciências e uma vez até mesmo o ginásio, porém desta vez sozinha.
Apesar de não dar a mínima para punições, com um tempo ela decidiu que não valia a pena precisar se esforçar o dobro ao cumprir com suas penalidades e passou a apenas dar o pior de si enquanto era obrigada a limpar o corredor do primeiro andar, demorando muito mais do que o necessário para cumprir uma única tarefa e mesmo assim realizando-a de maneira extremamente mal feita, de modo que começaram a lhe entregar apenas as funções em que não exigiam muito esforço e portanto não havia como a adolescente estragar.
Aquela tarde era mais uma que ela passava presa no Colégio Hyosan, com um pano em uma das mãos que deveria estar sendo usado para limpar as janelas do corredor, quando na verdade poderia estar se dedicando ao balé – muito embora seu excesso de treino no dia anterior tenha deixado seu tornozelo com uma luxação leve.
Jisoo estava acompanhada por Yan Dae-su e Jang Woo-jin, seus colegas de turma. A mesma, no entanto, estava completamente alheia ao que ambos faziam, com seu discman preso na cintura da saia e os fones posicionados firmemente em suas orelhas com a música no máximo. Possuía um cigarro aceso nos lábios e já era a quinta vez que redobrava o mesmo pedaço de pano, ao invés de passá-lo no vidro a sua frente.
O cheiro acre da nicotina preenchia o corredor, mas ninguém pareceu se importar o suficiente com aquilo e não havia nenhum professor a vista. Na verdade, quando Jisoo desviou seu olhar minimamente de todo seu trabalho, viu Dae-su debruçado sobre uma das janelas abertas aspirando a fumaça proveniente dos cigarros fumados pelos professores no térreo.
— O que está fazendo? – perguntou Woo-jin se aproximando do amigo por trás e a Hwang se limitou em dar mais uma tragada em seu próprio cigarro. — Idiota.
Jang Woo-jin puxou Dae-su novamente para o corredor de forma indelicada, fechando a janela com um baque logo em seguida. Jisoo mordiscou o filtro de seu cigarro, a sombra de um sorriso em seus lábios carnudos, mas logo voltou ao que estava fazendo voltando a ignorá-los.
— Você tem merda na cabeça? – indagou Woo-jin. — Se quer encher os pulmões de fumaça, ao menos seja homem o suficiente para fumar seu próprio cigarro, igual a Jisoo.
Os olhos da Hwang moveram-se rapidamente para a conversa, apesar da mesma não ter movido um centímetro sequer de seu corpo no ato.
— Quer que eu seja homem o suficiente e me compara a uma garota. – Dae-su resmungou com a intenção de que apenas seu amigo ouvisse, porém ele não se esforçou o bastante para ser discreto, pois mesmo com os fones tocando música, a estudante foi capaz de ouvi-lo. — Ei, Jisoo tem um cigarro para mim?
A bailarina nem mesmo piscou, apenas encarou o adolescente com a mesma face inexpressiva de antes por alguns segundos, se questionando se ele realmente havia se atrevido a perguntar aquilo. Após certo período encarando-o, deu mais uma longa tragada no próprio cigarro, apagando-o no batente na janela e dando as costas para a dupla de amigos, abandonando ambos, o pano que usava antes e um cigarro apagado pela metade.
Havia, de certa forma, sido um desperdício custoso para a jovem, mas era a maneira mais fácil de lidar com aquela situação sem precisar interagir além do necessário com a dupla. Afinal de contas, Jisoo estava mesmo procurando uma desculpa para abrir um maço novo.
Hwang Jisoo distanciou-se o suficiente para que as vozes de Dae-su e Woo-jin tornassem-se apenas um zumbido de fundo levemente incômodo mas que não atrapalhava mais sua música. Os passos silenciosos e delicados da bailarina seguiram até o final do corredor, quando a mesma virou-se para ir em direção à escadaria. Daria mais uma volta pela área externa da escola, até que reunisse uma quantidade de tempo suficiente para que pudesse ir embora sem ninguém do corpo docente desconfiar que não havia feito nada além de fumar encarando a janela.
Poucos passos adiante, surgindo do lance de escadas que vinha do andar térreo, Jisoo encontrou sua professora de inglês Prof. Park. Seu plano inicial era apenas acenar com a cabeça e continuar seu caminho, porém a mulher de baixa estatura e cabelos lisos na altura do ombro colocou o braço em sua frente, barrando o percurso da jovem.
— Está com cheiro de fumaça, aconteceu alguma coisa? – a professora indagou, apertando os olhos em leve desconfiança.
— Alguns professores estavam fumando embaixo da janela que eu estava limpando. – ela mentiu, a face inexpressiva e até mesmo um pouco entediada. Não era 100% mentira no final das contas, mas mesmo assim não pareceu convencer a professora e Jisoo teve que se conter para não revirar os olhos. — Pode ir conferir se não acredita em mim.
— Não, não, tudo bem. – a professora finalmente pareceu engolir o que a adolescente dissera, abrindo um sorriso pequeno e doce para a mesma. — Te vejo amanhã então, Jisoo.
— Sim, até amanhã Prof. Park.
࿐♡🩰✧₊
Jisoo voltou para casa às 22h naquele dia. Passara a tarde inteira no estúdio de balé, repassando a coreografia até seus movimentos estarem impecáveis, repetindo os passos quantas vezes fossem necessárias para não haverem erros. A Hwang dançou durante horas sem pausa, com um único foco em mente: ser a melhor. Ela teria continuado por mais uma hora a fio sem se importar se preocuparia o irmão, caso conseguisse se equilibrar sobre as duas pernas.
O treino intenso daquela tarde havia prejudicado ainda mais sua luxação, embora a mesma se esforçasse ao máximo para fingir que não sentia dor. Para Hwang Jisoo ela era indestrutível, ou ao menos pretendia ser e agia conforme tal.
A bailarina possuía mais um cigarro aceso entre os lábios, enquanto esperava pelo elevador, este já quase todo consumido durante o trajeto entre o estúdio onde treinava e o prédio. Jisoo e o irmão moravam em um grande condomínio de aluguel barato e apartamentos minúsculos, com áreas comunitárias tão pequenas quanto para uma estrutura com mais de 300 apartamentos ocupados.
Em dias normais, ela não estaria usando o elevador. Costumava subir pela escada de incêndio e entrar em casa pela janela do quarto sempre que chegava muito tarde em casa, assim conseguia evitar os olhares acusadores de Hwang Jiwoon e principalmente, conseguia evitar os sermões que ele tinha costume de lhe dar como se ele se importasse com onde ela estava.
Naquela noite, porém, graças a seu tornozelo inchado e passo manco, ela mal conseguiria se arrastar pelas escadas do primeiro andar, quem dirá chegar ao 15° andar onde morava. Teria que entrar pela porta da frente e encarar o olhar inquisidor de seu irmão, que ela sabia que estaria lhe esperando sentado à mesa da pequena cozinha e sala do apartamento.
Jisoo apagou o cigarro com a sola do tênis assim que ouviu o barulho do elevador, indicando que ele havia finalmente chegado ao térreo. Quando as portas metálicas se abriram, a jovem deu de cara com um cabelo colorido, piercings e uma blusa de banda. A mulher poucos anos mais velha que a estudante havia se mudado há pouco tempo para o apartamento acima do da Hwang, algo que havia interrompido ligeiramente sua paz, já que a mesma era aspirante a baterista e parecia não ter um relógio em casa, não sabendo o limite entre os horários propícios para ensaiar.
Mas apesar de testar a paciência e boa vizinhança de todos os moradores próximos, Jiwoon sempre a defendia quando a mais nova resolvia implicar com o cronograma de ensaios da moça e Jisoo suspeitava que o irmão nutrisse uma queda pela baterista. Simplesmente patético.
— Boa noite. – Kim Na-bi, era esse seu nome, cumprimentou com um sorriso ao mesmo tempo tímido e simpático.
— Boa noite. – por mais que não tivesse sequer um pingo de interesse em responder sua vizinha, Jisoo não era uma otária sem educação. Ao menos nao totalmente.
Por sorte Na-bi também pareceu não querer estender a conversa e seguiu a passos rápidos para o portal de entrada principal do condomínio, deixando a Hwang mais nova sozinha na larga caixa metálica barulhenta.
Em poucos segundos as portas se abriram novamente, revelando para a morena o corredor estreito e mal iluminado que dividia os apartamentos do andar. Jisoo então mancou em direção ao sexto apartamento do andar, buscando vagarosamente a chave em sua bolsa esportiva, o quanto mais pudesse prolongar sua estadia fora de casa, ela o faria. Por fim, quando sua mão esguia e delicada finalmente envolveu o frio metálico do molho de chaves, a garota passou a enrolar enfiando a chave na fechadura e girando-a lentamente.
Com um suspiro cansado, Jisoo entrou no apartamento, deixando os tênis sujos no canto ao lado da porta e enfiando os pés no chinelo que já lhe esperava ali. Sem sequer direcionar o olhar para a mesa posicionada no ambiente onde a cozinha e a sala faziam uma junção, a garota andou direto até seu quarto, fechando a porta atrás de si e largando a mochila e a bolsa do balé no chão ao pé da cama.
Com o passo arrastado e uma careca de dor, a adolescente buscou pela caixa de primeiros socorros que guardava na última gaveta do armário, sentando-se na cama e jogando as meias brancas que usava em algum canto do quarto para analisar melhor o quão ruim estava a situação de seu tornozelo. A luxação estava inchada e um pouco arroxeada, mas nada que ela não pudesse suportar e que sumiria antes que ela conseguisse perceber.
Abrindo a caixa em seu colo, Jisoo retirou um rolo de atadura e uma compressa muscular adesiva para aliviar a dor. Massageando o local levemente antes de colar a compressa, a bailarina acabou soltando um gemido de dor baixo, mas foi o suficiente para saber que as paredes finas como cascas de ovos do apartamento haviam deixado que o som chegasse até seu irmão.
Sem se importar com isso, a Hwang mais nova começou a enrolar firmemente a atadura ao redor do tornozelo, prosseguindo com as caretas de dor ao pressionar o machucado e continuando seu trabalho mesmo após ouvir a porta do quarto sendo aberta e ter conseguido perceber pelo canto do olho a aproximação de seu irmão.
Jiwoon ajoelhou-se enfrente a mesma ao pé da cama e tomou as pontas da atadura para si, desfazendo grande parte do trabalho já feito pela morena e envolvendo novamente seu tornozelo de uma maneira ainda firme, porém mais gentil do que como ela estava fazendo. Enquanto o mais velho terminava de prender o que havia sobrado, Jisoo mal conseguiu sustentar o olhar, virando o rosto para o outro lado do quarto, encarando um ponto fixo qualquer sem nem mesmo piscar.
Ao sentir um nó sendo dado nas extremidades que ficaram de resto, a bailarina passou os olhos rapidamente pelo trabalho habilidoso do mais velho e sentiu uma fisgada de dor atrás de seus olhos. Por que ele tinha que fazer aquilo?
— Se apertar demais a atadura, sua luxação só vai piorar e nunca mais vai conseguir dançar balé. – ele disse em um tom de voz calmo e a adolescente deu uma única risada amarga, seguida por um revirar de olhos.
Ele só estava piorando tudo para ela. Passar recomendações médicas após fazer uma imobilização improvisada no resultado do motivo principal pelo qual ele havia sido obrigado a trancar a faculdade de medicina. Era quase como se Jiwoon quisesse ver a culpa jorrando de dentro do peito da irmã mais nova, a fisgada atrás de seus olhos apenas se intensificou, proliferando-se por todo o seu cérebro até que sua cabeça fosse uma grande massa dilatando de dor prestes a explodir.
— Eu não preciso de ajuda. – foi tudo o que ela conseguiu dizer, descendo da cama e abrindo novamente as portas do armário para guardar a caixa de primeiros socorros e pegar uma roupa limpa, um indício claro de que era hora de Jiwoon sair de seu quarto.
— Eu pedi frango frito. – o mais velho disse levantando-se do chão e caminhando em direção à porta, parando no batente para concluir sua frase. — Deixei um pouco para você em cima da pia.
— Não estou com fome. – Jisoo respondeu de costas para ele.
— Coma mesmo assim. – rebateu antes de sair completamente do quarto. — Estou indo dormir. Boa noite.
Mas ele não obteve resposta e se limitou apenas a fechar a porta do quarto da irmã com um suspiro, antes de retornar ao próprio quarto.
❪ 2166 palavras não revisadas ❫
★ ━━ antes de mais nada quero dizer que avisei desde o começo que a jisoo seria uma escrota extremamente difícil de lidar, mas ao mesmo tempo tem muitas camadas profundas no meio de toda a babaquice dela e eu pretendo explorar isso ao longo da história.
☆ ━━ capítulo meio curtinho, mas eu estipulei que todos terão mais ou menos esse tamanho padrão, para não cansar tanto a mim quanto a vocês.
★ ━━ não sei quando a próxima atualização saíra e nem posso prometer uma data, porque estou no terceiro ano do ensino médio e estudar está me matando, então eu tenho que me dedicar totalmente ao vestibular. mas ao mesmo tempo estou bem empolgade com a fanfic e ela acaba sendo uma válvula de escape pra me distrair no meu tempo livre.
☆ ━━ é isso, espero que tenham gostado e até o próximo capítulo.
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