𝟬𝟭𝟲 ، TASTE FOR COLD.
▎ GOSTO PELO FRIO . . .
❪ black out days ━ act two ❫
⌗ ، como um quebra-cabeça. ༉‧₊˚
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
ㅤㅤ
ㅤㅤ
ANDREA DESCEU DA BICICLETA ASSIM QUE CHEGOU NA casa de Joyce, seu cachorro parando bem seu lado após correr atrás da dona enquanto ambos recuperavam o fôlego.
Os olhos da morena estavam fixos na sombra da figura escondida entre as árvores, que parecia lhe observar, como sempre. Andy respirou fundo, seguindo sua razão, que dizia para ignorá-lo ── ele precisaria parar de assombrar ela em algum momento.
Desviando o olhar, ela abaixou o capuz do casaco marrom-avermelhado que usava por cima do macacão longo e sem mangas, retirando o gorro preto da cabeça e o guardando, seus olhos fixos no chão o tempo inteiro, com medo do que poderia encontrar caso o fitasse novamente.
Olhando para o lado afim de distrair a própria mente, a jovem viu apenas o carro de Joyce estacionado ali, o que dizia que Jonathan provavelmente já havia ido embora para a aula.
Suspirando e dando o primeiro passo, com Mickey ao seu lado, para subir na varanda da casa da mais velha, ela notou que a porta estava aberta ── o que fez Andrea ter mais perguntas sobre o que diabos estava acontecendo e porque Joyce parecia tão estranha no telefone. O som de um motor se aproximando pôde ser ouvido e ela observou o carro do xerife chegando e estacionando ao lado do carro de Joyce.
O mais velho franziu o rosto ao ver ela ali, saindo do veículo e se aproximando da mesma enquanto tirava seus óculos escuros.
─── O que você tá fazendo aqui? ─── questionou.
─── Ela ligou pro trailer te procurando, achei que pudesse ajudar enquanto não aparecesse... ─── murmurou. ─── Rolou alguma coisa?
─── Você não deveria tá na escola? ─── ele rebateu, evitando a pergunta e subindo a varanda da casa.
A morena ergueu as mãos em defesa, adentrando a casa. ─── Não tá mais aqui quem falou. ─── sussurrou, passando os braços ao redor do corpo quando o seguiu para dentro da residência, que parecia estar ainda mais frio que o lado de fora.
─── Olá? ─── o xerife chamou, batendo levemente na porta.
─── Deixa aberto. ─── Joyce pediu, saindo da cozinha com um cigarro em mãos. ─── Pode onde você andou?
Olhando na direção do corredor, a garota sentiu como se a atmosfera ficasse mais densa, tornando-se difícil de respirar fundo. Os dois se afastaram, indo para o quarto de Will, enquanto ela seguia um pouco mais atrás, hesitante com o que poderia encontrar ali. Algo em sua cabeça lhe dizia para correr, fugir enquanto tem tempo.
Ela olhou para seu cachorro, erguendo a mão, um sinal para ele permanecer ali no corredor. Joyce adentrou o quarto do mais novo, batendo levemente na porta. O xerife parou na entrada do cômodo enquanto a mais nova ficou um pouco mais atrás, analisando a situação. Ela temia que fosse algum tipo de armadilha, ainda que não soubesse do quê ou de quem.
Will estava sentado em sua cama, de costas para a porta e fitando uma das janelas; todas se encontravam abertas, permitindo que o vento frio de fora entrasse, balançando as cortinas brancas. O garoto estava sem camisa, fazendo-a perceber, de imediato, que havia algo de errado com ele.
Até o Hopper mais velho havia notado o frio, mesmo com todo o calor corporal por ser acima do peso.
Andrea recolhia todas as informações possíveis naquele momento, tentando buscar em sua mente alguma resposta prática para aquilo. Alguma resposta lógica que poderia explicar o que estava de errado com Will Byers e, mesmo que ela não soubesse exatamente o que era, Andy tinha a sensação de que tinha algo a ver com o mundo invertido.
Não havia explicação normal para o que ela sentia.
─── Então, essa- essa coisa de sombras... ─── Jim proferiu após ouvir a rápida explicação do garoto, querendo que explicasse um pouco mais do que falava. ─── Você disse que ela gosta assim. Gosta do frio?
O mais novo acenou levemente.
─── Como você sabe disso?
─── Eu só... sei.
O xerife observou os dois desenhos feitos por alguns segundos antes de falar novamente. ─── Ele fala com você?
─── Não. É como se... se eu não tivesse que pensar. Eu só sei das coisas. Coisas que nunca soube antes.
─── E... o que mais sabe?
─── É difícil de explicar. Parecem velhas lembranças no fundo da mente, só que não são minhas lembranças. ─── o garoto explicou lentamente. ─── Eu não acho que sejam lembranças mesmo, são... memórias do agora, acontecendo tudo junto.
─── Tipo como... como se dividissem a mesma consciência? ─── Andy murmurou na entrada do quarto, passando a mão pelo pescoço soado, mesmo com o frio que fazia ali.
Will concordou com um fraco aceno, sem a fitar.
─── Pode descrever as memórias do agora? ─── o Hopper mais velho pediu.
─── Não sei, é difícil de explicar.
Jim se endireitou na cadeira, fitando a adolescente por um momento enquanto Joyce incentivava Will, que estava à beira do choro.
─── É como... se estivessem crescendo e se espalhando... matando. ─── ele parou por um momento, pedindo desculpas enquanto era abraçado pela mãe.
Andrea desviou o olhar, fingindo não parecer tão incomodada com a demonstração de afeto entre os dois. Ela não tinha tempo à perder com seus problemas maternos, não quando havia algo lá fora que poderia acabar matando seus amigos, seu irmão. E apesar de sua ansiedade em querer que ele explicasse aquilo melhor, ela também sabia o quão frustrante era não saber colocar em palavras algo que apenas você sabia ── como quando, no ano anterior, desenhou o portal do laboratório enquanto esperava o xerife retornar do ferro-velho com os garotos e Eleven.
Franzindo as sobrancelhas com a lembrança, ela fitou a parede do quarto do Byers, vendo alguns desenhos feitos por ele.
─── Você acha que... ─── sua voz saiu baixa, então ela limpou a garganta, dando um passo para dentro do cômodo. ─── Você acha que conseguiria desenhar? Desenhar o que você vê. Talvez assim fique mais fácil de explicar pra gente.
Jim e Joyce a fitaram com a sugestão, enquanto Will concordava levemente.
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
JEFF ESTAVA SENTADO AO LADO DE DUSTIN, preocupado com a falta do Byers após o que aconteceu no dia anterior.
─── Will não queria que eu contasse pra ninguém, mas, na noite de halloween, ele viu uma sombra no céu. ─── Mike falou, explicando sua suspeita à respeito da repentina falta do melhor amigo.
─── Uma sombra? Que tipo de sombra? ─── Lucas questionou.
─── Não sei, mas assustou ele. E se o Will realmente tem a visão verdadeira... se ele pode ver dentro do mundo invertido, talvez ele tenha visto a sombra de novo.
─── Por isso ele ficou daquele jeito?
─── Talvez.
─── Pode machucar ele? ─── Lucas perguntou. ─── Se a sombra não for do nosso mundo...
─── Não tenho certeza... Dustin?
─── Bom, se tá em outro plano, não pode interagir com o plano material. Então, teoricamente, não pode machucar ele.
─── Mas ontem ele parecia completamente paralisado... ─── o Montgomery apontou, lembrando da noite de halloween. ─── Foi bem diferente do halloween, acho que a gente deveria tomar um pouco de cuidado.
─── Jeff tá certo. ─── Mike prosseguiu. ─── Isso não é D&D, é a vida real.
─── Então o que fazemos?
─── Vamos descobrir mais. ─── o Wheeler respondeu ao Sinclair. ─── Vou à casa do Will, ver o que houve. Vocês ficam aqui e procuram pelo Dart.
─── Dart? O que ele tem a ver com isso? ─── Dustin protestou, parecendo na defensiva.
─── Will ouviu ele no mundo invertido. Eu não sei ainda, mas deve ter uma ligação. Se acharmos o Dart, talvez a gente possa solucionar isso e ajudar Will.
Jeff concordou, lembrando do que sua irmã havia dito mais cedo. Mesmo que ela pudesse estar certa, ele não queria ser o tipo de amigo que foge quando mais precisam dele.
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
SENTADA NO CHÃO DA SALA, ANDREA OBSERVAVA AS FOLHAS QUE WILL PINTAVA HÁ QUASE DUAS HORAS SEM PARAR. Apenas rabiscos coloridos e aleatórios que pareciam não fazer nenhum sentido para ela ou os outros dois. Joyce retornou para o cômodo com mais alguns em mãos, os colocando em cima da mesa de centro enquanto Jim os folheava, tentando procurar alguma resposta escondida no meio daquilo tudo.
─── Espera...
─── O quê? O que foi?
─── Por favor, me digam que encontraram alguma coisa... ─── a mais nova pediu, sentindo sua vista embaçada ao ver tantas folhas similares.
─── Vê essas linhas pretas? ─── a Byers questionou, juntando duas folhas. Andy se levantou, parando atrás dos dois para ver do que falavam, vendo que os dois desenhos pareciam se juntar. ─── Olha, elas estão conectadas.
─── Como um quebra-cabeça... ─── Andy suspirou, fechando os olhos com uma dor de cabeça que provavelmente cresceria nas próximas horas. ─── Um puta quebra-cabeça gigante.
Jim afastou a mesa de centro e o sofá, abrindo espaço no chão de madeira. Os três espalharam as folhas para melhor visualização, usando a fita adesiva de Andy, que ela mantinha na bolsa, sempre que eles encontravam combinações que pareciam fazer sentido.
─── Isso tá parecendo um polvo gigante. ─── sussurrou para si mesma, observando de cima a figura que lentamente começava a se formar antes de sentar novamente para juntar mais duas folhas que ela captou pelo canto do olho. ─── Eu odeio polvos.
( . . . )
APÓS QUASE DUAS HORAS COM WILL DESENHANDO sem parar e eles juntando as folhas com fita, os três observaram o trabalho feito até então, sem entender o que o garoto estava tentando mostrar. Ela achava que sua longa experiência com desenhos no passado pudesse lhe ajudar, mas naquele momento ela se sentia tão confusa quanto o xerife e Joyce.
─── É alguma espécie de labirinto ou- ou estrada? Meio que se divide, como um raio.
─── Você acha que é uma tempestade? ─── o xerife questionou.
─── Não, a tempestade que ele desenhou era bem diferente. ─── a Byers explicou. ───Ele usou vermelho.
─── Poderiam ser túneis? ─── Andrea perguntou, fazendo seu pai parar para analisar os desenhos novamente, como se aquela perspectiva o fizesse lembrar de algo. ─── Eu vi essa imagem no livro de biologia dos túneis que as minhocas fazem no solo. Mas eu não lembro direito o motivo delas fazerem isso, minha mente meio que focou demais na figura.
─── É verdade, e tem essa cor esquisita de terra e esse azul... talvez sejam raízes. Lembram que ele disse que estavam se espalhando e- e-
─── Matando. ─── o Hopper a interrompeu. ─── Ele disse que estavam matando... cipós.
Joyce fitou Andrea com um olhar de confusão, vendo o mais velho ir em direção à porta e vestir seu casaco e chapéu.
─── Ele tá desenhando cipós.
─── Aonde você vai? ─── Andrea gritou na direção dele, sem gostar de ficar no escuro em um momento daqueles, se virando para a mais velha, que estava tão confusa quanto ela. ─── Ele perdeu a cabeça?
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
JEFFREY CORRIA ATRÁS DE DUSTIN, sem saber porque seu amigo parecia querer se afastar dele ou se esconder de Lucas com tanta urgência.
─── Dustin! Se isso é porquê eu falei pra Andy que vocês me contaram, foi mal! ─── o mais novo pediu, preocupado. ─── Eu fiquei um pouco empolgado demais, mas não vai mais acontecer!
─── O quê? ─── o Henderson questionou, confuso. ─── Não é nada isso, por que eu ficaria irritado com isso?
Os dois se fitaram em confusão, sem entender do que diabos o outro estava falando. Dustin suspirou, pegando sua bicicleta e acenando para Jeffrey, um sinal silencioso para que o Montgomery o seguisse; o mais velho queria estar fora da escola antes que Lucas pudesse vê-lo.
─── Quando você vai me dizer o que tá rolando?
─── Você provavelmente vai ficar bem irritado.
─── Dustin, qual é? Eu fiquei todo esse tempo sem saber do... ─── ele parou, olhando ao redor enquanto pedalava. ─── ...grande segredo. Não vou ficar bravo. Vai, me conta.
O mais velho suspirou, considerando suas opções.
Ele precisava ter certeza de que Dart e a Sombra não tinha nenhuma relação. Ele tinha que resolver aquele conflito para poder focar sua atenção no grande problema que assombrava seu amigo e precisava que outra pessoa concordasse com ele.
Mesmo indo contra tudo que Andy pediu, Dustin quebrou a promessa feita mais uma vez.
( . . . )
DUSTIN PASSOU A MÃO NO LOCAL EM QUE JEFF BATEU, caminhando rapidamente até a entrada de sua casa. ─── Você disse que não ia ficar irritado!
─── Isso foi antes de fazer a gente mexer no lixo pra procurar por ele ou Will faltar aula! ─── o mais novo resmungou, seguindo o Henderson para dentro da residência.
─── Miauzinha, jantar! Cadê você? ─── Claudia, a mãe de Dustin, chamava enquanto colocava algo em um pote no chão. ─── Ei, Dusty e Jeff!
─── Oi, mãe.
─── Oi, senhora Henderson. ─── Jeffrey cumprimentou rapidamente enquanto seguia o amigo, que tentava parecer calmo em frente à mãe.
─── Tá tudo bem com vocês? ─── ela questionou, preocupada. Os dois estavam suados por pedalarem rápido, Dustin parecia um pouco pálido e o Montgomery nervoso.
Ele tentava manter as expectativas altas, mas estava com medo do que poderia ver, principalmente porquê Dart estava crescendo mais e mais.
─── Tudo ótimo. ─── o Henderson murmurou antes de seguir para o quarto, trancando a porta após Jeffrey entrar.
Eles colocaram as bolsas no chão, Dustin jogando seu chapéu de qualquer jeito na cama antes de se aproximar de um aquário do outro lado do quarto, coberto por um pano branco.
─── Dart, preciso falar com você, carinha. É sobre meu amigo, Will. Acho que- ─── Ele puxou o pano, se calando no mesmo segundo. A feição dos dois garotos mudou para completo terror quando viu o aquário vazio, com uma gosma esverdeada descendo pelas laterais e um buraco no centro.
─── Dustin, o que é isso? ─── Jeffrey sussurrou por cima do ombro dele, apontando para um tecido gosmento próximo do buraco onde o vidro foi quebrado. Ele tinha medo de aumentar demais a voz e fazer o animal desaparecido lhe atacar.
─── Acho que ele... trocou de pele. De novo.
O Montgomery cobriu a boca com nojo quando viu o outro pegar a pele, os dois pulando no lugar quando ouviram um rosnado vir de algum ponto atrás deles. Eles se viraram rapidamente para o armário de Dustin.
─── Dart? ─── ele chamou, se aproximando.
Jeffrey conteve a vontade de segurar o amigo, seguindo ele um pouco mais atrás, hesitante. Aquela era uma ideia terrível mas ele não conseguia resistir a curiosidade.
Chegando mais perto, eles perceberam que o som de rosnados não vinham de dentro do armário, mas sim detrás de uma poltrona. Sangue marcava o caminho até lá, como uma trilha, as manchas avermelhadas ficando cada vez maiores à medida que se aproximavam.
Bem ali, no canto do quarto de Dustin, estava Dart, comendo a gata alaranjada.
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤ
O PESCOÇO DA HOPPER DOÍA, sem ter certeza se era por preocupação ── uma vez que o xerife saiu sem dizer para onde estava indo ou quando iria voltar há quase uma hora ── ou se era pelo estresse da situação, que envolvia uma criatura do mundo invertido e que provavelmente resultaria em uma outra batalha que Andy seria forçada a participar.
Ela então lembrou de seu sonho de dias atrás e do que lhe foi dito, fazendo-a suspirar ao pensar que sua suposição pudesse estar certa: ainda teria muitos problemas daquele pela frente. Andy fez uma careta, sem gostar de como aquilo soava.
Joyce trouxe mais alguns desenhos feitos pelo mais novo, sentando-se no chão à frente da garota, que esticou o corpo antes de analisar as novas folhas com uma mão, usando a outra para acariciar a cabeça de Mickey.
─── Você acha que sabe onde seu pai pode ter ido? ─── a Byers questionou.
Andy parou por um momento, tentando pensar em todos os lugares que ele poderia ter ido. A cabana... era o único lugar plausível por conta de quem morava lá, mas ninguém poderia saber da localização, era perigoso demais.
─── Não. ─── mentiu, forçando um fraco sorriso cansado. ─── Mas ele provavelmente vai ficar bem, o cara carrega aquela arminha pra todo lugar. ─── brincou, tentando amenizar o clima.
Joyce riu baixo, apesar de ainda sentir a tensão no ar. As duas se viraram ao ouvir batidas na porta, que havia sido fechada para evitar que o vento espalhasse as folhas. Ouvindo a voz de Mike chamar por Will, elas se entreolharam por um segundo antes de Joyce levantar e pedir que Andy ficasse em silêncio, abrindo a porta e saindo.
A mais nova se levantou, rezando para não encontrar Jeffrey lá fora com ele. Olhando pela janela, ela observou Joyce afastar o garoto da porta e dar meia-volta antes de parar para fitá-lo novamente, sem conseguir ouvir o que ele havia dito.
─── Andy. ─── o garoto apontou ao entrar e ver a Hopper na sala. ─── Você também tá aqui.
─── Oi, Mike. ─── ela acenou, olhando seu relógio de pulso, vendo que, nesse horário, Jeff provavelmente já estaria em casa. ─── Eu vou falar com meu irmão pelo rádio, já volto. ─── avisou à Joyce, pegando sua bolsa e saindo da residência ao lado do cachorro, sentando-se nos degraus.
Andrea retirou o casaco que usava, sentindo-se com calor demais para quem estava em uma casa fria há quase sete horas direto. Se abanando, ela pegou o rádio, o ligando na estação que usava para conversar com seu pai e Eleven usando código morse.
Ninguém respondeu.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top