𝟬𝟬𝟵 ، JUST A TEENAGER.
CAPÍTULO 09 :
APENAS UMA
ADOLESCENTE.
LIMPANDO O ROSTO UMA ÚLTIMA VEZ ANTES DE SAIR DO BANHEIRO, Andrea Hopper seguiu pelos corredores vazios da escola até chegar na quadra de basquete novamente, prendendo a respiração ao ver que todas as crianças ainda estavam lá, exceto Mike.
─── Cadê o Mike? ─── ela perguntou aos dois meninos, que deram de ombros.
Passando a mão pelo cabelo, ela saiu em busca dele pela escola, o que levou em alguns minutos perdidos e não rendeu nenhum resultado. Ela retornou para a quadra, jogando as mãos para cima em descontentamento.
─── Vocês só tinham um trabalho! Ficar aqui, é tão complicado?
─── Eles saíram! ─── o Wheeler falou ao entrar na quadra, virando-se para a Hopper, que suspirou aliviada ao vê-lo. ─── Cadê deles?
─── Do que você tá falando, Mike? ─── Lucas questionou.
─── Jonathan e Nancy. O carro sumiu.
─── Devem estar se pegando por aí. ─── o Henderson sugeriu, resultando em caretas dos outros dois meninos.
Andy apenas revirou os olhos, sentando na arquibancada e tirando um comprimidos do bolso para jogar na boca, ouvindo calada a discussão dos três garotos. ─── Eles foram com o xerife? ─── Dustin indagou.
─── Eu não sei!
─── Meu pai nem queria que a Joyce fosse, imagina dois adolescentes. ─── Andrea respondeu baixo, inclinando a cabeça enquanto fitava a piscina.
─── Você sabe aonde eles foram?
Ela balançou levemente a cabeça em concordância, virando-se para encarar os quatro. ─── Eles foram atrás de vingança. Foram matar aquela criatura. ─── murmurou, com a voz um pouco rouca. ─── Só não sei aonde.
─── O quê?! E você deixou eles irem sozinhos?!
Dando de ombros, ela cruzou os braços, voltando seu olhar para o centro da quadra, não demonstrando se importar muito com a alteração de Mike, sabendo que era apenas pelo calor do momento.
─── O trabalho de babá parece mais adequado pra mim. Eu torci o tornozelo, além de alguns outros ferimentos que não me torna uma lutadora adequada contra um monstro de outra dimensão, Mike Wheeler. Além do mais, agentes do governo estão atrás de vocês, alguém responsável precisa ficar aqui.
─── Pessoal, isso é loucura! ─── Mike gritou em discordância. Lucas e Dustin se aproximaram dele e Andy aproveitou para sentar ao lado de Eleven, notando que sua roupa já havia secado um pouco, mas ela ainda parecia estar com frio. ─── Não podemos ficar aqui esperando.
─── Mike, caso tenha esquecido, somos fugitivos. ─── Lucas apontou, relembrando o que Andrea havia dito momentos antes. ─── Os homens maus ainda estão nos procurando.
─── E nem sabemos exatamente onde a sua irmã tá.
─── Eleven pode achá-los.
─── Mike, olha pra ela! ─── Dustin mandou, sabendo que a garota em questão estava fraca demais para fazer qualquer coisa. ─── Acho que devemos seguir o plano do delegado e obedecer a Andy, ficando aqui.
─── Exato. Ficamos aqui, mantemos a Eleven escondida e em segurança. Isso é mais importante, lembram? Além disso, a Nancy tá com Jonathan.
─── É, ela ficou bem durona agora, então... ─── Dustin comentou antes de caminhar até a saída, fazendo Andy fitar o garoto.
─── Onde você pensa que vai? ─── ela questionou de braços cruzados.
─── Você acabou de dizer para seguirmos o plano! ─── Mike resmungou.
─── Eu só vou pegar pudim de chocolate. Eu tô te falando, a dona Phyllis, da cantina, guarda um monte disso.
─── Isso é sério? ─── Andy falou baixinho, passando a mão pelo rosto. Ela só queria ficar quieta em um canto até os adultos retornarem, por que isso tinha que ser tão complicado?
─── A El precisa recarregar! ─── o garoto argumentou.
A morena se levantou com preguiça, vendo Lucas seguir o Henderson e, notando que eles não iriam mesmo ficar por ali, seguiu logo atrás de Mike e Eleven até a cantina. Os dois se sentaram em uma mesa e a adolescente foi até a cozinha, vendo Dustin e Lucas abrindo a geladeira.
─── Achei! Sabia que ela guardava. ─── Dustin comemorou, olhando para Andy e Lucas. ─── Eu sabia! Sempre mentindo, dizendo que acabou. Mentirosa descarada. Andy, você quer um? Toma.
Ela pegou da mão dele, agradecendo com uma risada baixa; a animação do garoto diante daquela situação era algo realmente reconfortante.
─── Mike! Achei o pudim de chocolate! ─── ele gritou, assustando a adolescente, que o fitou com os olhos levemente arregalados.
─── Tá bom! ─── o garoto respondeu no mesmo tom.
─── Vocês querem ajuda? ─── a morena questionou baixo, pondo a lata no bolso e estendendo os braços para pegar os que o Henderson carregava. ─── Sabe, eu nunca achei que iria ajudar duas crianças a roubar pudim de chocolate da escola. Esses últimos dias tem sido os mais esquisitos possíveis.
─── Mas é tão legal, né? ─── Dustin falou com um sorriso largo, que suavizou quando ele a fitou e lembrou do que Eleven descobriu mais cedo. ─── Ah, sinto muito por sua amiga.
─── É... isso é uma droga. ─── Lucas falou em um tom baixo.
Ela fitou os dois meninos antes de abaixar o olhos para que eles não vissem as lágrimas, apertando levemente os lábios em um sorriso. ─── Valeu, garotos. ─── sussurrou, arrumando o braço para que nada caísse no chão.
Ela se remexeu no lugar enquanto Dustin colocava mais algumas latas com cuidado, olhando por cima do ombro na direção em que Mike e Eleven estavam com uma sensação amarga na garganta, sentindo uma mistura de preocupação e medo. As coisas deveriam estar mais calmas agora que seu pai e Joyce estavam indo atrás de Will, então por quê ela estava assustada? Dustin e Lucas caminharam ao lado da mais velha até a área do refeitório, pondo as latas de pudim na frente da Eleven ao que Andrea passava os olhos ao redor, em busca de Mike com certo receio.
─── Isso vai carregar sua bateria, eu tô te falando. ─── Dustin falou para Eleven com um sorriso.
─── Tem alguma coisa errada. ─── ela murmurou, sentindo seu coração acelerar e o olhar das crianças em si. Talvez ir ao cardiologista depois disso seja uma boa idéia, pensou enquanto respirava fundo.
─── Como assim? ─── Lucas questionou.
A porta lateral do refeitório abriu de repente, assustando os três e Mike entrou ofegante, chamando por eles. ─── Pessoal!
─── O que foi? ─── Lucas perguntou.
─── Eles nos acharam. Eles estão aqui.
─── Merda. ─── a Hopper resmungou, ajudando Eleven a levantar. ─── Ok, hora de ir.
Eles correram pelos corredores da escola até a saída mais próxima ao mesmo tempo em que Andrea tentava pensar no que fazer quando saíssem dali. Ela não sabia dirigir e, mesmo que soubesse, não havia nenhum carro conhecido que pudesse usar e ela não tinha certeza de que aqueles caras os perseguindo eram do tipo que deixavam as chaves na ignição.
─── Como eles nos encontraram? ─── Lucas indagou enquanto desciam as escadas, perto da porta de saída.
─── Não sei, mas ele sabiam do ginásio!
─── Lando! ─── Dustin falou, fazendo a garota franzir a testa, sem saber de quem ele falava.
Antes que ela pudesse perguntar quem era aquele cara, a porta que eles usariam se abriu e guardas armados entraram, fazendo as crianças darem meia-volta. ─── Peguem eles! ─── ela ouviu um dos homens gritar.
─── Vão, vão, vão! ─── ela gritou, os deixando ir na frente. Eles retornaram pelo caminho anterior, mas os guardas viraram bem na esquina, indo até eles. ─── Merda! ─── a adolescente gritou, puxando os garotos e voltando para o outro corredor. ─── Pra esquerda!
Eles pararam no centro do corredor quando uma mulher e alguns outros homens apareceram pela última saída restante. Andrea levou a mão ao bolso, pescando a arma de seu pai e destravando ao mesmo tempo em que apontava para a loira, ficando na frente das crianças ── não que adiantasse muito, eles estavam cercados por todos os lados.
─── Nós só queremos a garota.
─── Não vai rolar.
─── Não torne as coisas mais difíceis, Andrea. Entregue a garota e deixaremos vocês irem. ─── ela pediu mais uma vez.
─── Desculpa, eu gaguejei? ─── ela balancou a cabeça, travando a mandíbula. ─── Não. Vai. Rolar.
─── Você tem dezessete anos, é apenas uma adolescente. Vale a pena morrer por uma menina que mal conhece?
Ela deu de ombros, apertando suas mãos ao redor da arma, começando a ficar com raiva. ─── Essa adolescente não vai hesitar em pôr uma bala na sua cabeça, então você me diz se valeu a pena ou não. Agora eu te aconselho a pegar seus homens e sair daqui.
─── Ou o quê?
As lanternas começaram a piscar e Andrea viu quando o dedo da mulher se moveu para o gatilho, ela repetindo o movimento em reflexo. A morena não queria fazer aquilo, tanto porquê não sabia se teria a coragem necessária para matá-la e, principalmente, porquê sabia que bastaria um tiro ali dentro para que os todos guardas começassem a disparar também. Levaria apenas segundos para acertar nas crianças e, se tinha algo que não estava em sua lista, era deixar eles se machucarem.
A Hopper esperou por mais algum movimento da mulher, mas ela parecia congelada. A arma foi abaixando aos poucos e ela notou que sangue saía dos olhos e nariz não apenas da loira, mas também dos outros dois homens atrás da mulher. A adolescente, pôs a arma para baixo com hesitação, olhando para trás e vendo Eleven com o corpo levemente inclinado enquanto encarava os guardas.
Percebendo que todos os oficiais estavam do mesmo jeito, ela deu alguns passos para trás e saiu da frente da garota, ficando ao lado dos meninos. O baixo som de algo explodindo pôde ser ouvido antes dos corpos caírem, fazendo a adolescente cobrir o nariz e boca com o cheiro metálico do sangue que subiu rapidamente, virando-se ao ver Eleven cair.
─── El, você tá bem?
Junto dos outros três, ela se abaixou, batendo levemente no rosto alheio em uma tentativa de acordá-la. Andy então levou a mão para seu pescoço, notando que sua pulsação estava fraca.
─── Tem algo errado. ─── Mike falou, olhando para os três.
─── Ela só deve estar cansada.
─── Não, ela não tá acordando. El! ─── Mike gritou. ─── Eleven!
─── Ei, ela tem pulso, então se acalma, tá bem? ─── a Hopper pediu, sabendo que ficar desesperado não ajudaria em nada, principalmente quando ainda haviam outros homens por ali. ─── A gente precisa tirar ela daqui.
─── Ela mal tá respirando. ─── Mike falou ao se inclinar perto do rosto dela.
─── Temos que ir! ─── Lucas disse.
─── Deixem ela. ─── um homem falou ao virar no corredor e Andrea rapidamente se levantou com a arma apontada.
Ela reconhecia aquele rosto dos folhetos.
Era o doutor Martin Brenner.
O mesmo que havia sido acusado de sequestro e experimentos científicos em crianças. O mesmo homem que havia fritado o cérebro de Terry Ives.
Bem ali, em sua frente.
─── Se afastem da criança. ─── ele ordenou.
─── Nem mais um passo. ─── Andy disse entredentes quando o homem deu um passo na direção deles, apontando a arma para o rosto dele.
─── Se você quiser ela, vai ter que nos matar primeiro. ─── Mike gritou, ficando ao lado da Hopper.
─── Isso mesmo!
─── Coma merda!
Ela ouviu passos vindos de trás e olhou por cima do ombro bem a tempo de ver um guarda se aproximando dela. A garota tentou se afastar mas ele passou o braço ao redor de seu corpo, usando a mão livre para tirar a arma dela e jogar no chão.
─── Me larga, seu desgraçado! Filho de uma puta! ─── ela gritou enquanto se debatia.
─── Não!
─── Me solta! ─── ela pôde ouvir dos três meninos, tentando se libertar para ajudar eles, mas era impossível. O homem que a segurava era muito mais forte.
Ela observou quando Brenner se aproximou de Eleven e pôs as mãos em seu rosto, chamando por seu nome calmamente. A garota acordou aos poucos e ainda parecendo desnorteada, fitou os quatro.
─── Solta ela, seu maldito! ─── Mike gritou.
O homem mais velho falou alguma coisa para a garota antes dela tentar se afastar do toque dele, chamando por Mike. As luzes começaram a piscar e Andrea olhou para Eleven por um momento antes de fixar seu olhar na parede no fim do corredor. Não era a garota que estava fazendo aquilo.
Andrea engoliu em seco quando o arrepio que subiu por seu corpo; ela sentiu o aperto ao seu redor se afrouxar, mas não fez nenhuma menção em se afastar. Estava assustada demais para tal.
─── Sangue. ─── Mike falou baixo, dando voz ao medo da adolescente.
─── O quê? ─── Lucas questionou ao amigo.
─── Sangue. ─── ele repetiu mais alto, com os olhos fixos no outro lado.
─── A criatura é atraída pelo sangue. ─── a Hopper murmurou, sentindo sua garganta formigar. Seu olhar abaixou para os corpos no chão, com uma poça de sangue embaixo deles. ─── Ele tá vindo pra cá.
O som de algo batendo na parede a fez erguer a cabeça e dar um passo para trás, notando que bem no centro da pata desenhada, algo tentava quebrar o concreto, batendo mais algumas vezes antes da cabeça da criatura passar pelo buraco e Andrea entrar em pânico quando a viu novamente.
─── Demogorgon. ─── Dustin falou, fitando o monstro.
O monstro pulou para o chão e os quatro foram largados pelos guardas, que pegaram suas armas e apontaram para a criatura, empurrando as crianças para o lado antes de caminhar na direção dele. Andrea engatinhou para pegar a arma de seu pai que havia sido jogada e pôs de volta no bolso antes de ir até Eleven, a pegando no colo e correndo ao lado dos garotos enquanto os sons dos tiros ficavam para trás.
─── Vão, vão, vão!
─── Rápido!
O grupo virou no primeiro corredor à pedido de Andrea, evitando a saída. Correr em campo aberto, como lá fora, seria suicídio e ela não queria arriscar a vida dos meninos daquele jeito. Ela tentava pensar em algo que pudesse fazer para proteger eles, mas o pânico, nervosismo e a dor em seu pé distraíam sua mente.
─── Vem!
A morena apressou o passo, passando por um guarda que estava atirando naquela coisa. Ela seguiu os garotos enquanto iam para uma sala de aula, trancando a porta em seguida. Pelo pouco que pôde ver, aquela sala deveria ser da turma de química. Ela levou a garota até o fim da sala e a colocou em cima da mesa, seu lugar logo sendo ocupado por Mike, que segurou a mão de Eleven.
─── Fiquem aqui. ─── a mais velha ordenou com a voz firme, indo até a frente da turma e empurrando a mesa do professor até a porta, pondo algumas cadeiras em cima na esperança de que aquilo pudesse parar a criatura.
Da última vez, o monstro desapareceu logo quando ela e Joyce saíram da casa, então a Hooper esperava que aquilo se repetisse novamente. Se existisse mesmo algum Deus lá em cima, ela esperava que se repetisse.
Dando alguns passos para trás e ficando perto das mesas dos alunos, ela tirou a arma do bolso e esperou. Os sons dos tiros lá fora ainda eram altos e ela se arrependeu de não ter feito os meninos fugirem pela janela durante aquele tempo. Seria complicado correr com Eleven nos braços, mas ela sabia que encontraria um jeito. Seria necessário apenas se esconder, mas algo dentro dela lhe dizia que não havia mais tempo para aquilo.
Ela precisaria enfrentá-lo.
Os sons de tiros prosseguiram por mais alguns segundos antes do silêncio se instalar. As luzes ainda piscavam acima deles e os braços da adolescente doíam por carregar Eleven e segurar a arma por tanto tempo na mesma posição, mas não tinha outro jeito.
─── Está morto? ─── Dustin perguntou baixo.
─── Não. ─── Andrea respondeu com uma estranha certeza, vendo a porta ser quebrada pelo monstro segundos depois, que parecia olhar entre ela e Eleven.
─── Pega o estilingue agora! ─── ela ouviu um dos meninos dizer mas, diante da adrenalina, não soube dizer com precisão quem era.
Apontando a arma para a criatura quando veio em sua direção, ela atirou no que deveria ser a cabeça, gastando todo o cartucho nele antes de arremessar a arma, sem notar o quão perto ele estava. Com o longo braço erguido, o monstro derrubou Andy no chão e apoiou suas garras na parte superior do peito dela, com o peso pressionando sua garganta e a sufocando ── uma sensação parecida com as outras vezes em que estava na casa de Joyce. Até aquele momento, ela não havia entendido o que poderia ser, imaginando que a falta de ar repentina se desse pelo medo de ver o monstro saindo da parede novamente, mas agora ela entendia.
Havia sido um aviso.
A morte nunca havia sido algo que a assustava. Era algo natural e que, consequentemente, aconteceria algum dia, mas depois do que Walter havia feito meses atrás, ela teve esse medo incessante de morrer. Era um medo irracional e sem sentido, causado pela simples dúvida em não saber o que havia do outro lado, mas naquele momento, sua única dúvida era com o que aconteceria com Mike, Lucas e Dustin caso ela morresse. Andrea não tinha a força necessária para lutar contra aquela criatura ou o poder de Eleven, mas ela havia feito uma promessa para Nancy. Uma promessa que não queria quebrar.
A adolescente se debateu em pânico enquanto tentava escapar dele, sentindo uma dor excruciante subindo por seu braço direto ao que uma das garras perfurou ali, rasgando a carne. Ela tentou gritar mas aquilo só parecia machucar mais sua garganta, que queimava em busca de ar. A criatura berrou em seu rosto, machucando seus ouvidos e fazendo que uma gosma nojenta caísse no rosto da Hopper e entrasse em sua boca.
Com a visão borrada por causa das lágrimas, ela notou que algo acertava aquela coisa mas não conseguia dizer com certeza o que era, sentindo que estava perto de desmaiar quando subitamente o monstro foi retirado de cima do seu corpo. Levando alguns segundos para processar o acontecimento, ela tossiu em busca de ar, tentando se arrastar para longe do monstro mas o sangue manchando o chão e a dor a fez escorregar enquanto chorava.
Ela então sentiu um par de mãos lhe ajudando e a levando até a parede do fundo, só então Andrea notou que Lucas e Dustin chamavam por seu nome. Olhando para o lado, ela viu Eleven em pé e caminhando até a criatura, que estava presa contra a parede.
─── Eleven, para! ─── Mike pediu, mas a garota apenas ergueu o braço e o jogou perto de onde Andrea estava.
A adolescente fez o melhor que pôde para sentar, erguendo levemente o braço machucado para ver se o Wheeler estava bem. Os quatro fitaram Eleven, que se aproximava cada vez mais da lousa onde o monstro estava, deixando Andrea nervosa, sentindo que algo de ruim aconteceria nos próximos segundos.
Se virando, Eleven fitou os quatro antes de focar sua atenção no Wheeler. ─── Adeus, Mike.
As luzes começaram a piscar cada vez mais rápido e a menina ergueu o braço, o que fez a criatura soltar um rugido alto. Os quatro cobriram as orelhas enquanto o monstro se desintegrava aos poucos e as partículas flutuavam pela sala de aula. Andrea ergueu a cabeça, vendo que, onde antes estava monstro, só restava um buraco que brilhou por um momento antes de se apagar, uma cena que ela sentia já ter visto antes ── mais cedo naquele dia, enquanto esperava seu pai voltar do ferro-velho com as crianças.
O rugido parou e os outros três garotos olharam ao redor em busca da menina, vendo que a única prova de que ela esteve ali era o buraco na lousa. ─── El, onde tá você? ─── Mike chamou, correndo até a frente da classe.
Andy se apoiou em uma mesa, tentando se levantar, mas estava fraca demais para tal. Ela tirou o sobretudo para fitar o corte em seu braço, percebendo que havia atravessado a carne e chegado ao outro lado, o sangue escorrendo por ambas perfurações. Lucas se aproximou da garota, tirando a bandana e amarrando no braço dela, vendo-a fazer uma careta diante da dor.
Olhando pela janela, era possível ver as luzes da polícia se aproximando e ouvir as sirenes alguns segundos depois. Andy respirou fundo em alívio, se arrependendo da ação imediatamente quando sua garganta ardeu. Ainda era possível sentir o horrível gosto da baba em sua boca, mas se sentia cansada demais para cuspir; manter os olhos abertos já estava sendo uma tarefa difícil.
─── Ei, Andy, fica com a gente. ─── Dustin chamou, vendo que ela estava começando a adormecer.
─── Apenas cinco minutos, por favor. ─── pediu, cansada. ─── Eu só preciso de cinco minutos.
A sala então foi invadida por policiais que, ao ver a garota machucada, chamou pelos paramédicos pelo rádio.
Andrea não teve a oportunidade de ver aquilo. Ela já havia desmaiado.
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