𝟬𝟬𝟱 ، DANGEROUS SECRETS.

CAPÍTULO CINCO :
SEGREDOS PERIGOSOS.

JIM HOPPER AINDA DORMIA quando Andy saiu para o funeral de Will. Ela imaginava que, com a descoberta do corpo de Byers e o caso sendo fechado, ele estava finalmente livre para retornar com sua rotina viciante de cigarros, bebida e remédios.

Suspirando baixo, ela fechou a porta devagar, não se dando o trabalho de o acordar. Ele estava roncando e ela não queria ser a pessoa que iria atrapalhar seu sono, não quando sabia o quão mal-humorado ele ficava; além do mais, ela tinha uma agenda para cumprir naquele dia.

Pondo o sobretudo preto por cima do suéter, Andrea subiu na bicicleta, checando uma última vez se havia pegado tudo que precisaria. Os desenhos estavam em seu bolso junto com os comprimidos, o restante do dinheiro que ela havia ganhado de seu pai na semana anterior e a arma dele, apenas por precaução. Não pretendia ficar fora por muito tempo mas era bom sempre ter um plano reserva caso alguma coisa saísse errado ── ela rezava para que não chegasse naquele ponto.

A adolescente pedalou até o local onde iriam enterrar o garoto, observando todos os carros estacionados na rua quando chegou lá; 11 de novembro ficaria marcado na memória dos moradores de Hawkins. Era estranho pensar que, até cinco dias atrás, ela estava na casa de Barb ── reclamando sobre Steve Harrington, pra variar ── e agora estava ali, no enterro de um garoto dado como desaparecido, querendo falar com Joyce sobre como um desenho idiota feito por ela poderia ser uma pista importante.

Deixando a bicicleta próxima de uma árvore, ela limpou qualquer sujeira que pudesse haver em seu suéter ou calça; foi a melhor opção que tinha, já que não possuía nenhum vestido ou saia preto ── ou de qualquer outra cor ── em seu guarda-roupa, agora sendo ocupado por apenas calças jeans.

Para a surpresa dela, havia pessoas demais ali, mais que o esperado. Andrea olhou ao redor, respirando fundo afim de evitar ficar nervosa com todo aquele pessoal; procurando por algum rosto conhecido, a morena abriu um fraco sorriso ao ver Nancy ali e caminhou até ela, que estava com seus pais e seu irmão mais novo.

─── Hey, Andy. ─── Karen disse de maneira simpática, fazendo a morena dar um pequeno sorriso de volta. Ela gostava de Karen. ─── Seu pai não vem?

─── Não, ele- ele tá ocupado com o desaparecimento da Barb e tudo mais... ─── sussurrou, sentindo-se mal por mentir para elas.

Ela imaginava que uma relação pai e filha fosse esperada por estar morando com ele, mas a idéia de poder contar com Jim Hopper para acompanhá-la em um funeral ── ou qualquer outro lugar que não fosse o carro quando ele lhe dava carona ou a delegacia ── era esquisita. Na verdade, fazer qualquer coisa ao lado dele parecia estranho, errado, como se ela não pertencesse ali e estivesse ocupando o lugar de outra pessoa. Talvez fosse uma observação equivocada, mas Andrea não tinha a menor dúvida de que seu pai estaria muito mais feliz se fosse Sara no lugar dela ── afinal, Andy e Jim não se viam em anos e Allison parecia gostar de deixar claro como a presença da Hopper era indesejada.

Como ela não levaria aquilo à sério com a maneira que o Hopper a tratava?

Andy não sabia o que fazer para fazer com que aquele sentimento sumisse; ela apenas ficava fora do caminho e esperava que, em algum momento, ele esquecesse que ela estava ali. Não era difícil, ele fez isso por anos.

ㅤㅤㅤㅤ

─── ANDREA, preciso que vá buscar seu irmão no clube. ─── Allison falou assim que a adolescente entrou em casa pela porta dos fundos, retornando da casa de uma amiga.

Andy franziu a sobrancelha, pondo a mochila no chão e se aproximando da mãe, que cortava algo no balcão enquanto Gabriel, seu padrasto, estava no sofá, com uma cerveja em mãos e assistindo televisão.

─── Espera, ninguém foi buscar ele durante esse tempo todo?

─── Se sua mãe tá pedindo... ─── ela ouviu Gabriel dizer de forma arrogante na sala, fazendo-a respirar fundo para não responder ele no mesmo tom.

Ela sabia que as consequências nunca valiam a pena.

A Hopper saiu da casa, batendo a porta e caminhando até sua bicicleta que estava jogada na grama; ela pedalou até o clube da cidade, onde seu meio-irmão havia ido passar o dia com os amigos. Allison era a pessoa encarregada de deixá-lo lá todos os dias às oito da manhã e buscá-lo às cinco da tarde, quando fechava, afinal, era idéia dela já que não aguentava o garoto inquieto em casa.

A Hopper virou em uma rua, olhando em seu relógio e vendo os ponteiros marcando 18:33 ── ele estava sozinho há quase duas horas; ela não conseguia acreditar que sua mãe havia sido capaz de fazer aquilo com o garoto.

Andy já estava acostumada com a preferência que sua mãe tinha por Jeff, o que deixava para Andrea apenas descaso, o que nunca lhe surpreendeu, pra falar a verdade ── ela havia passado por aquilo durante toda sua vida de qualquer forma e, mesmo sabendo o quão errado era, não só do ponto de vista ético mas também psicológico, não tinha nada que pudesse fazer contra, principalmente com Gabriel defendendo as atitudes da mulher.

Mas ainda era chocante saber que Allison Montgomery havia esquecido de buscar o filho favorito; aquilo nunca havia acontecido antes.

Era como se a mais velha tivesse prazer em fazer Andrea saber o quão desprezada era naquela casa. Presentes de natal? Ela só recebeu de seu pai e foi apenas na época em que Sara ainda estava viva. Seus aniversários apenas contavam com a presença de Jeff porquê os amigos eram ocupados com coisas importantes demais ── namorados, compras, festas ── para lembrar de uma data estúpida no fim de abril, e seu pai, bem, Andy sempre achou que ele apenas lembrava por causa de Flo.

A única motivação que ela tinha para continuar ali e não fugir na primeira chance era seu irmão. Mesmo que ele fosse o favorito naquela família, uma hora a paciência de Allison e Gabriel acabava e era quando Andy decidia se metia entre eles, mesmo que significasse apanhar dos dois mais velhos.

Seu irmão de criação, Walter, não se importava o suficiente para fazer algo. Na verdade, Andrea conseguia contar nos dedos quantas vezes havia visto ele em casa. O círculo social dos dois não eram tão distintos, apesar dele ter terminado o ensino médio há algum tempo; ela constantemente ouvia seus amigos falarem sobre as coisas que ele havia feito em alguma festa que ela havia comparecido, mas não teve a chance de perceber por estar ocupada demais com o ex-namorado, um idiota que terminou o relacionamento depois das frustradas tentativas de transar com ela.

Aquela noite em particular havia sido uma das vezes em que ela o viu em casa. Ela havia terminado de pedalar cinco quilômetros com Jeff se apoiando em suas costas quando notou o rapaz próximo do carro com um cigarro na boca, a fitando de volta.

─── Oi, Walter. ─── Jeff cumprimentou, acenou para o irmão com um sorriso pequeno antes de descer da bicicleta e entrar em casa.

─── Eles não foram buscar ele? ─── o rapaz questionou, observando a morena guardar a bicicleta na garagem, longe da porta para evitar que sua mãe passasse por cima por acidente.

─── Alguma surpresa? ─── sussurrou cansada.

Ele riu fraco, jogando o cigarro no chão e pisando em cima, dando uma rápida olhada para a casa antes de a fitar novamente, dando de ombros. ─── Eu ouvi que o pessoal vai se encontrar na oficina perto da rodovia. Quer ir?

Ela deu de ombros, não pensando duas vezes antes de aceitar, sem saber que veria seu pai, o delegado de Hawkins, nas próximas horas.

ㅤㅤㅤㅤ

ANDREA FICOU CALADA DURANTE A CERIMÔNIA INTEIRA, apesar de inquieta. Durante o sermão do pastor que a adolescente não prestou muita atenção, ela não pôde deixar de notar nas pessoas que estavam ao redor do caixão. A maioria dos adultos, assim como a família Byers, tinham um semblante triste no rosto; a única pessoa que Andrea viu chorar foram duas crianças que ela não lembrava o nome ── nem mesmo os amigos de Will pareciam, o que parecia extremamente bizarro.

Quando enfim acabou e todos se deslocaram para a pequena reunião que teria após o velório, Andrea esperou alguns longos minutos até ver a oportunidade perfeita para conversar com Joyce. Levantando-se da mesa em que compartilhava com Flo e seu marido, a adolescente caminhou até onde a Byers estava sentada; ela pensou em falar com Nancy antes mas, assim como Jonathan, eles não estavam por perto.

─── Com licença. ─── ela falou, fazendo o homem que estava no caminho se virar.

─── Desculpa, eu te conheço? ─── ele questionou; Lonnie Byers, pensou, lembrando de quando Flo falou dele minutos atrás.

─── Meu nome é Andrea. Andrea Hopper, filha do Jim.

Ele ergueu a sobrancelha, parecendo surpreso. ─── Jim Hopper, o delegado? Não sabia que você e sua mãe tinham voltado pra cidade.

─── Felizmente ela não voltou, apenas eu. Menos uma tragédia em Hawkins. ─── sussurrou com um falso sorriso, coçando a nuca. ─── Eu preciso falar com a Joyce, então...

─── Claro, claro. ─── falou, deixando que ela passasse antes de segurar seu braço, segurando-a no lugar. ─── Espera, eu acho que lembro do seu nome... não é você a garota que colocou aquelas idéias estúpidas na cabeça da Joyce?

A morena apertou a mandíbula ao puxar o braço de volta, com os olhos semicerrados. ─── Eu diria que sou a garota que passou mais tempo com a Joyce nos últimos dias do que você nos últimos anos. Agora, se me der licença...

Ele a fitou por um momento e a Hopper imaginou o que se passava na cabeça dele. Talvez alguns xingamentos nada amistosos ou quem sabe um lembrete para ligar para o delegado e reclamar sobre o quão irritante Andrea Hopper era ── a garota tinha vontade de rir só de pensar; era mais fácil seu pai reclamar junto ao invés de se importar.

O que quer que fosse, ela não se importava. Lonnie Byers era apenas um babaca, assim como seu padrasto.

─── Quer saber? Acho melhor você não perturbar ela agora. Joyce tem estado um pouco... perturbada com tudo que vêm acontecendo. ─── ele falou com uma arrogância que deixou a adolescente com raiva; como um homem tão estúpido havia conseguido namorar com Joyce? ─── Seu pai deve estar preocupado, não acha? Por que não vai pra casa?

Ela apenas desviou o olhar e acenou levemente, não se dando o trabalho de ser gentil com ele. Sua ansiedade estava à mil e ela sentia que iria explodir se não compartilhasse o que sabia com alguém; além disso, ela ainda estava chocada e indignada com a coragem dele de a mandar embora dali, como se ele não fosse o enterro do filho dele, mas uma festa de aniversário onde ele era o anfitrião.

Mas ela não pretendia desistir tão facilmente, principalmente se queria provar seu ponto.

Saindo do local que a reunião acontecia, a adolescente atravessou a rua até onde sua bicicleta estava. Andy, por um momento, até considerou ficar ali fora e esperar por ela, mas era apenas uma idéia estúpida e sem noção considerando que Lonnie estaria ao lado da Byers e ainda havia mais de trinta minutos de reunião pela frente; Andrea achou que o melhor e mais inteligente seria ir para casa ver se seu pai estava de pé e ir ver Joyce depois.

Ela apenas queria que ele fosse embora nesse espaço de tempo. Claramente Lonnie não ficaria na casa por muito tempo já que Jonathan o odiava e Joyce também não suportava o homem ── informações vindas diretamente de Florence, que parecia saber tudo sobre todos ali.

─── É um bom plano... ─── a adolescente sussurrou para si mesma, subindo na bicicleta e pedalando de volta para casa devagar afim de matar tempo.

O ar frio daquela manhã irritava seu nariz e ela precisou se concentrar para não espirrar durante o trajeto, já notando os sinais de que ficaria doente em breve: sua garganta doía e ela sentia que sua cabeça poderia explodir a qualquer minuto, além de todo o estresse que estava passando.

Parando à alguns quilômetros do trailer, ela tirou a cápsulas de comprimidos e jogou dois dentro da boca, inclinando-se levemente sobre a bicicleta enquanto esperava que fizesse efeito. Um som de motor vindo da direção de sua casa a fez erguer a cabeça de repente, revirando os olhos quando notou ser apenas uma viatura de polícia.

A viatura de Callahan e Powell.

─── Ei, Andy. ─── o mais velho dos dois falou. ─── Tá tudo bem?

─── Tudo ok. ─── sussurrou. ─── Meu pai já acordou?

─── É, e ele parece bem perturbado. Ele tá bem?

Ela riu fraco, encolhendo os ombros. ─── É engraçado achar que ele fala comigo sobre... qualquer coisa, mas enfim, o que vocês foram fazer lá? Aconteceu algo?

─── Temos novidades sobre sua a amiga, Barb.

A morena se endireitou, franzindo as sobrancelhas com certa preocupação no olhar. O que seu pai tinha de tão importante em casa que não estava indo para a delegacia naquele exato momento procurar por Barb com eles?

─── O que vocês encontraram...? Um corpo ou-

─── O carro dela. ─── Phil respondeu.

─── O... o carro dela? Eu não sei se entendi bem...

─── Achamos o carro dela na rodoviária, Andy. Pelo que parece, sua amiga fugiu mesmo, sinto muito.

─── Não, não, não! Fala sério, Cal? Tem alguma coisa errada nisso. A Nancy disse que o carro da Barb estava na casa do Steve, ok? Alguém pode ter pego ele, roubado ou...

─── Não há evidências de sequestro nem nada do tipo, Andrea. Você tem que aceitar esse fato. Eu sinto muito. ─── o mais novo falou antes de Powell ligar o carro novamente e ir embora, a deixando para trás com os pensamentos inquietos.

Barb não fugiria do nada, não é?, ela pensou. Apesar de acreditar nisso com toda a alma, os últimos dias provaram pra ela que nada era o que parecia e qualquer possibilidade deveria ser levada em consideração, não importa o quão maluca parecesse. Olhando para o caminho que levava ao trailer antes de se virar para trajeto que havia percorrido até o momento, Andrea Hopper se via diante de um impasse.

Ela poderia dar adeus para a parte de sua consciência que estava lhe impedindo de ter um surto mental com os acontecimentos recentes e pedalar até a casa de Joyce. Dane-se Lonnie, Jonathan, seu pai ou qualquer outra pessoa que se recusava a acreditar nela! Andy compartilharia suas descobertas com a Byers e, se tiver sorte o suficiente, Joyce acreditaria nela ── como não acreditaria?

Ou, bem, ela também tinha a opção de ir para casa e tomar as palavras de seu pai e dos policiais sobre a fuga de Barb como verdadeiras e passar o fim de semana estudando para a prova de francês que teria na segunda-feira de manhã.

Respirando fundo, Andrea deu meia-volta e pedalou para a residência Byers.

ㅤㅤㅤㅤ

AGACHADA NO MEIO DA FLORESTA, ANDY tinha a visão perfeita da porta. Havia dois carros em frente da casa: um que ela já conhecia ── o carro de Joyce ── e um outro que ela assumiu ser de Lonnie, já que estava familiarizada com o carro de Jonathan e ele não parecia estar em casa.

Ela estava ali há algum tempo, buscando a atitude que precisava para sair dali e bater na porta. Seu maior medo era que Lonnie atendesse; o comportamento passivo-agressivo do Byers com ela fazia a adolescente lembrar do padrasto, o que não era nem um pouco reconfortante diante de tudo que aconteceu em Ohio antes dela ir embora.

─── É agora ou nunca, Andrea. ─── sussurrou, levantando-se e esticando o corpo. Sem enrolar, lembrou, caminhando até a porta.

Mesmo dali de fora era possível ouvir as vozes alteradas que vinham de dentro da casa, fazendo ela se questionar sobre o que acontecia; diante de sua experiência, nenhuma briga doméstica acabava bem. Ela bateu na porta algumas vezes, com certa ansiedade, erguendo a cabeça quando alguém atendeu alguns segundos depois.

Lonnie saiu, passando por ela sem nem lhe direcionar o olhar e batendo a porta logo em seguida, carregando uma bolsa em mãos. Ele foi para o carro e Andrea observou enquanto ele ligava o veículo e dirigia para fora dali, parecendo estar irritado com alguma coisa.

Erguendo levemente as sobrancelhas em descrença, ela tomou a liberdade de abrir a porta, vendo Joyce sentada no sofá com as lâmpadas de natal em cima da mesa de centro. A casa parecia menos bagunçada naquele dia, sem todos os fios espalhados pelos cômodos.

─── Eu falei pra ir embora, Lonnie! ─── Joyce resmungou sem erguer a cabeça, fazendo Andy notar que a discussão havia sido mesmo ruim.

─── Ele já deve tá longe. ─── ela murmurou ao entrar na casa, fechando a porta e olhando ao redor, notando tábuas cobrindo um espaço na parede, fazendo-a lembrar da outra noite. ─── Ele... a coisa voltou?

─── Não, não, isso... foi o Will... ─── sua voz saiu baixa enquanto ela olhava para onde antes tinha um buraco na parede, as lágrimas ameaçando sair enquanto a Byers lembrava do que aconteceu com um feição cansada. ─── Ele falou comigo de novo e- eu não pude salvar ele, Andy.

A adolescente se aproximou da mais velha, que agora chorava, sentando na mesa de centro e a fitando com certa expectativa; ela esperava que, o que quer que Will tivesse dito para a mãe pudesse lhe ajudar a montar aquele quebra-cabeça confuso que ela tinha em mãos. Juntar informações parecia ser o melhor plano até o momento e ela rezava para que Joyce as tivesse. Andy esperou por alguns minutos enquanto a mais velha se acalmava, ajudando ela a colocar as luzes de volta na sala.

─── O que ele falou? Ele disse onde tá ou o que é aquela coisa?

─── Ele disse algo sobre ser como nossa casa, mas era escuro e... e frio.

─── O que mais?

─── Eu- eu não sei, Andy, ele falou que aquela coisa tava vindo e eu mandei ele se esconder... por quê?

A Hopper balançou levemente a cabeça, pondo a mão no bolso do sobretudo, sentindo as folhas de papel por cima do tecido, assim como a arma. Batidas incessantes na porta fizeram com que ela retirasse a mão do local assustada, trocando um rápido olhar com Joyce, que parecia irritada com o barulho.

─── Vai embora, Lonnie! ─── pediu, mas com as batidas continuando, ela se levantou com um martelo na mão, abrindo a porta. ─── Eu tô falando sério! Eu vou mata-

Andy olhou por cima do ombro, largando as luzes onde estava quando viu seu pai na porta, segurando um papel escrito com algo que ela não conseguia ler e o dedo na boca pedindo por silêncio. Ele entrou na residência, fechando a porta e olhando para as luzes espalhadas pela casa antes de xingar baixo.

ㅤㅤㅤㅤ

QUANDO A ÚLTIMA DAS LÂMPADAS FOI retirada minutos mais tarde, Jim Hopper pôde enfim sentar na poltrona e respirar aliviado. Andy, que ficou quieta no canto do sofá, observando seus movimentos com cuidado, estava confusa, ainda sem saber bem o que levou seu pai até ali; ele se recusava a falar algo até checar dentro de cada lâmpada.

─── Deve ficar tudo bem... não posso garantir, mas deve ficar bem. ─── ele falou, parecendo afirmar mais para si mesmo do que para as duas mulheres que o fitavam.

─── Que diabos tá acontecendo, Hopper?

─── Grampearam minha casa.

─── O quê? ─── a mais velha questionou, ainda sem entender o que era aquilo tudo.

─── Puseram um microfone na luminária. ─── ele repetiu, ainda ofegante. ─── É porque estou na cola deles e eles sabem.

─── Seria de grande ajuda se pudesse recapitular a gente do que tá rolando, pai, porquê essas informações soltas não estão ajudando. ─── Andy falou com certo nervosismo, cruzando os braços e levantando do sofá.

─── Eu não sei direito... achei que também estavam vigiando a Joyce...

─── Quem?! ─── a Byers indagou.

─── Eu não sei! CIA, NSA, Departamento de Energia, eu não sei.

─── Você tem que me explicar, porque eu não-

─── Eu fui ao necrotério ontem, Joyce... não era ele. O corpo do Will era falso. ─── ele confessou, passando a mão pela barba.

─── O quê... ─── Joyce sussurrou, se abaixando.

Andy olhou para o pai com surpresa diante da declaração. Passando a mão pelo rosto enquanto tentava processar a informação recebida, ela sentou no sofá novamente; juntar as informações, eu só preciso juntar as informações.

─── Você tava certa, Joyce. Esse tempo todo, você estava certa.

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