#𝟏𝟑 - 𝖠 𝖯𝗋𝗂𝗇𝖼𝖾𝗌𝖺 𝖽𝖾 𝐂𝐫𝐚𝐯𝐨𝐬 𝐞 𝐂𝐡𝐚𝐦𝐚𝐬

Ela saltou os degraus da escada em passos rápidos, seguida por um guarda, até o quarto onde Viserys era cuidado por alguns meistres, ela ficou em silêncio por um tempo, a saúde dele parecia se deteriorar lentamente a cada dia, o que a deixava preocupada e a fazia compreender o rei sobre porque ele tinha pressa em deixar Drasilla em uma situação estável, com alguém de confiança. Ao percebê-la lá o monarca acenou com a cabeça, para que ela se aproximasse.

- Queria me ver, irmão? - Ela sabia que sim, só precisava da confirmação dele.

- Sim. - Ele tocou a mão livre em um dos meistres para que ele se afastasse. - Eu sei qu está afoita e ansiosa pelo seu casamento.

- Eu não vou fugir, Visch. - Ela o chamou do apelido que o deu na infância, o rei riu. - Vou cumprir meu papel nessa família e nessa corte.

- Sei que vai, confio em você. - Ele meneou a cabeça. - Mas sei que não é o caminho que você escolheria por sua vontade, eu me preocupo em te dar a melhor vida, como nosso pai daria.

- Você fez o melhor até agora. - Ela se aproximou, se abaixando perto dele. - Você foi o meu pai.

Os olhos de Viserys brilharam, Drasilla era um bebê praticamente com Baelon morreu, menor ainda quando sua querida amiga Madlyn se foi, ele e Aemma tentaram abraçá-la o mais forte que puderam, a criaram como sua menina, como uma irmã para Rhaenyra e foi bom que uma tivesse a outra enquanto crescia, elas aprenderam tudo juntas, a ler em Alto Valiriano, a voar em seus dragões, ele sentia que tinha feito um bom trabalho com elas, mas principalmente com a sua irmã, era difícil agir com ela como pai em momentos e como irmão em outros.

- Eu aprecio a mulher que está se tornando e quero te propor algo. - Viserys riu a olhando nos olhos, os mesmos olhos violeta como um dos olhos de Alyssa, as vezes a semelhança era grande demais. - Seu noivo viaja muito como um emissário do Lord Lyonell, que se tornou senhor da Campina a pouco, então você não tem pressa para morar lá como esposa do Lord, o que acha de ser Senhora de Pedra do Dragão?

- ... - Houve um silêncio estático nos olhos de Drasilla.

- Rhaenyra quer permanecer em King's Landing e aquela é uma das moradias mais importantes para casa Targaryen. - O rei tinha uma voz cansada. - Está desocupada, acho que cuidaria bem dela.

Aquilo acontece em um rompante, Drasilla solta as mãos do rei doente e se levanta, ainda processando a informação e um pouco arredia, o que ela tinha acabado de ouvir a assustava, Viserys estava propondo mesmo que ela fizesse aquilo? Que ocupasse aquele lugar? Ela entendia a confiança do rei em si, mas soava tão pesado e traidor de sua parte.

- Não! - Foi categórica segundos depois, nem tinha pensado direito. - Não posso tomar o que é da Rhaenyra, ela é a herdeira, esse título pertence a ela.

- Querida ...

- Desculpe irmão. - Ela balançava a cabeça negativamente. - Eu sou fiél a um único rei, Viserys da casa Targaryen e serei da sua herdeira e futura rainha, Rhaenyra.

Viserys olhava pra ela em silêncio por um tempo, seus olhos pareciam brilhar um pouco, havia ímpeto em Drasilla, uma lealdade e amor por ele e sua filha que esperava que ela tivesse, mas não com aquela intensidade não lhe passava pela cabeça, era acalentador saber que Drasilla estaria lá por Rhaenyra depois que ele partisse, ela elas seguiriam cuidando uma da outra.

- Rhaenyra é Princesa de Pedra do Dragão, não Senhora. - Ele explicou com um curto sorriso. - Na ausência do herdeiro, o rei pode nomear uma pessoa próxima, um nobre, para cuidar e morar na ilha, que é um ponto muito importante pro reino e onde fica o maior santuário de dragões, não é algo que é ofertado a qualquer um. Nosso pai foi Senhor de Pedra do Dragão quando o irmão mais velho dele ficava em porto real com o velho rei, quando ele se tornou herdeiro e preferiu ficar aqui, foi a Senhora Jocelyn e Rhaenys que moraram lá, até que nossa prima se casasse e a sua mãe falecesse, depois disso ninguém realmente ficou com essa posição, Daemon residiu lá por um tempo, mas não como Senhor de Pedra do Dragão.

Por um tempo ela ficou olhando o irmão, Viserys as vezes se alegrava com a inocência e a lealdade dela, mostrava que por trás de toda aquela pose ainda tinha uma menina com muito para aprender. Para Drasilla pareciam engrenagens na sua cabeça, se movendo e unindo os pensamentos, começando a entender.

- Ok irmão. - Ela sorri de canto e rápido, concordando com a cabeça. - Eu aceito sua proposta, mas o que a família do meu marido achará se ver sua futura senhora longe de Jardim de Cima.

- São ordens do rei e você não vai ficar para sempre em Pedra do Dragão. - Viserys riu pressionando os lábios. - Quero que venha me ver também, que participe de reuniões diplomáticas, para te manter entretida enquanto Rasmus viaja e pode trazê-lo também, aposto que os Tyrell não negarão a possibilidade de ter seu lord próximo a coroa.

- É uma ótima ideia, uma ideia muito confortável realmente. - Ela tinha que admitir.

- Foi ideia da Rhaenyra. - O rei falou baixo, quase como confidenciasse. - Ela não quis assumir com palavras mas também sentirá sua falta.

Era nítido que Rhaenyra e Drasilla eram próximas, isso ninguém discutia, para a morena estar perto da loira era sempre um momento bom, elas cresceram juntas, se entendiam e fariam tudo juntas se pudessem, não importava quanto tempo passassem longe uma da outra a sincronia delas era inevitável, isso deixava o rei imensamente feliz, visto que eram suas filhas.

Os dias depois daquele passaram voando como um dragão em um dia limpo, os lordes de Westeros chegavam para o casamento ou mandavam seus representantes e a cada novo rosto na Fortaleza Vermelha deixava Drasilla mais ansiosa, ela não queria fazer isso ainda, mas estava em parte de seus deveres, não era culpa de Rasmus, era só das circunstâncias, talvez se o conhecesse mais, com o tempo, o amaria de fato.

Em outro ponto da Fortaleza Vermelha, um grupo de três pessoas era recebido por um Cadmus cansado, ele passava os dias treinando muito e dormindo pouco, toda a aproximação daquela cerimônia o deixava ansioso. A figura feminina destoava entre dois homens maiores que ela, suas roupas nortenhas entregavam que ela não era dali, mas Cadmus a conhecia.

- Onde ele está? - Perguntou sem rodeios a garota que tinha uma aparência jovial, uma criança praticamente, com seus 15 anos. - O rei do Norte não vem ao casamento da princesa?

- As coisas estão um pouco complicadas em Winterfell, primo. - Ela já sentia um pouco de calor. - Podemos conversar? A sós é claro.

Cadmus concordou com a cabeça e assim ele, a garota e a dupla que estava com ela caminharam para dentro do castelo, haviam alguns lugares que eles poderiam estar sem ter alguém ouvindo por trás das paredes. Os dois homens que a escoltavam carregavam um grande baú, possivelmente com as coisas dela. A garota tinha cabelos escuros e longos, mas dessa vez estavam presos em uma espécie de trança ou coque atrás da cabeça, suas bochechas magras eram avermelhadas e ela tinha belos olhos verdes-azulado, grandes, junto de um nariz pequeno. Quando entraram em uma sala de chá, das muitas que existiam no castelo, os guardas ficaram de fora.

- Então ... O que houve? - Cadmus foi direto. - Aconteceu alguma coisa, Sarah?

- Meu pai pediu que te entregasse isso. - Ela esticou uma carta entre suas vestes.

Cadmus pega a contra gosto, sabia que significavam problemas no Norte, ele lia a carta entre olhares a prima. Sarah era mais nova que ele, mas ainda sim era a filha mais velha de Lord Rickon, só que não seria a sua sucessora, toda a questão dela ser uma garota e de acordo com os lordes vassalos até mesmo selvagem demais, impediam que Rickon arrumasse um casamento para a filha, ela rejeitava todos, ela sentia saudades de Cadmus no Norte, ele era seu irmão mais velho praticamente.

- Ele quer que eu o represente no casamento? - Ele quis saber incrédulo. - E mandou você para me acompanhar? Ele ficou louco.

- Ele não pode vir. - Ela insistiu dando passos a frente. - As coisas pioraram bastante em Winterfell desde que deu pai partiu.

- Sarah ...

- Sua mãe está irredutível e suas irmãs acuadas, meu pai não quer fazer algo contra elas. - A garota pressionou os lábios. - E nem vai, mas ele tem temido por nós, por mim, pelo Cregan, pela nossa irmã e irmão mais novos.

- Eu não vou voltar pro Norte. - Cadmus foi categórico estendendo a carta a ela. - Eu implorei pro seu pai para me ajudar a sair de lá pra ficar longe da minha mãe.

- Eu sei que não é fácil, mas ...

- Também não vou ser o garoto de recados do seu pai, esse deveria ser você. - Ele riu anasalado dando de ombros. - É a primogênita dele.

- Eu deveria ser a herdeira dele ...

- Sarah, você sabe que ...

- Que eu sou uma mulher, eu sei. - Foi a vez dela dar de ombros. - Por isso eu estou aquiz fazendo o melhor que me permitem, você sabe que eu odeio, mas se eu quero garantir algo pro Cregan comandar, precisamos ter uma boa relação com a coroa.

- Precisamos? - Cadmus a encarou. - Eu não estou mais no Norte, eu ir até lá a mando do rei não manda as coisas.

- Mas você é um Stark, não um Snow! - Ela deu alguns passos na direção dele e apontou o indicador destro no seu tórax. - E o Norte se lembra, para de fugir!

- ... - Ele preferiu o silêncio.

- Vai falar com a sua mãe depois desse casamento, volte comigo pro Norte dessa vez. - Ela tomou as mãos dele junto as suas, implorando. - Por favor.

- Ok... - Cadmus disse num suspiro cansado. - Preciso me focar em outras coisas mesmo.

O dia do casamento parecia um grande tormento a princesa, Drasilla nunca estava sozinha, não conseguia pensar, não conseguia sequer ir até Flarion, Viserys a cercou de tantos guardas que ela se sentia enclausurada, sabia que era para que ela não fugisse em um rompante impulsivo. As portas se abriram, ela viu a princesa Rhaenyra em um belo vestido preto e vermelho, atrás dela estava sir Harwin, que não atravessou o beiral da porta, apenas sorriu balançando positivamente a cabeça.

- Onde você estava? - Drasilla bradou ansiosa para Nyra enquanto uma criada arrumava seu vestido. - Eu chamei pelo Daemon e não deixaram ele entrar.

- Dá má sorte os homens verem seu vestido antes do casamento, princesa. - A serva respondeu e depois arregalou os olhos para Harwin. - O QUE VOCÊ FAZ AQUI?!

- Só vim acompanhar a princesa Rhaenyra e nem sou da família da noiva. - O guarda riu lembrando da tradição e ergueu as mãos em rendição as várias mulheres no quarto. - Mas já estou indo, está delumbrante princesa. - O elogio foi dirigido a Drasilla.

- E você está péssimo. - Ela respondeu nervosa e Harwin riu fechando as portas e se mantendo do lado de fora.

- Agora você, respira fundo ok? - Rhaenyra tomou as mãos da tia junto as suas. - Lembra como eu estava quando foi o meu casamento? Você estava lá comigo e deu tudo certo.

- Mas agora é diferente, o Laenor é da família e você não foi embora, eu ... - A morena mal conseguia elaborar as palavras, só as cuspia rapidamente.

Rhaenyra sorriu, acariciando a mão de Drasilla com os polegares lentamente, ela sabia como o casamento poderia ser difícil, mesmo que Rasmus parecesse uma pessoa boa, a loira sabia que a tia que controlaria a relação, Drasilla era o puro fogo do dragão, não tinha flor no jardim que aguentasse se sobrepor a ela, Rasmus teria um caminho difícil pela frente.

- Drasilla ...

- Nyra ... - Ela olhou os olhos lilás de Rhaenyra, os mesmos que ela tinha. - Eu ... Não sei.

- Você só está nervosa, isso é normal. - A princesa tentava passar a calma que a outra precisava.

- Queria que a Laena estivesse aqui também, vocês duas são minhas irmãs de coração.

- É, eu sei, mas ela está se recuperando do nascimento das gêmeas, foi um parto difícil. - O suspiro de Nyra era o mesmo de Drasilla.

- E se eu tiver um parto difícil ou ... Bom, você sabe, como a Aemma?

- Não vai acontecer e Lord Lyonell é jovem, você terá tempo até precisar dar herdeiros a ele. - De uma forma Rhaenyra tentava deixá-la menos ansiosa. - Casamento só é chato demais a maior parte do tempo e você tem uma ocupação além disso.

- Sobre isso ... - Drasilla apertou os dedos da sobrinha. - Obrigada, de verdade Nyra.

- Eu não iria querer que outra pessoa diferente fosse a minha mão e se eu vou ser rainha um dia e estou aprendendo isso a todo momento, preciso que meu braço direito também aprenda. - O brilho nos olhos da loira era perceptível. - Agora vamos, falamos disso depois, tem muita gente te esperando lá fora.

Ela já estava de pé atrás das grandes portas de madeira escura, haviam algumas pessoas por perto, que fariam parte do cortejo, ela batia um dedo no outro, Drasilla não tinha mais mãe, não tivera um pai boa parte da vida e agora deixaria sua casa e tudo que conhecia para ser uma mulher casada, ela não podia estar mais nervosa, logo a morena que precisava sempre estar no controle de sua própria vida.

Uma mão tocou o braço dela, o rosto virou-se de repente, assustada, mal tinha notado que o homem se aproximava e depois colocava o braço dela no seu, ele ficou em silêncio, dando um curto sorriso, queria poder fazer todos os elogios do mundo, mas ela parecia tão afoita que o silêncio foi a escolha perfeita.

- Não achou que eu iria deixar minha irmã se meter nisso sozinha, achou? - Daemon tentava fazê-la rir, sem chance. - Viserys queria estar no meu lugar, mas tem toda aquela burocracia de rei.

- Obrigada, Daemon. - Ela se limitou a dizer.

Quando as portas se abrem as pessoas olham na direção da princesa e do príncipe que caminhavam entre o caminho de flores vermelhas, o vestido dela era branco, longo, decorado de vermelho em alguns pontos, com belos bordados, ele havia sido feito para ela, haviam pequenas flores desenhadas por sua extenção, misturando-se ao fogo de dragão que também havia nele, mostrando que agora ela também seria uma Tyrell.

Os olhos dela vinham e iam pelo salão, estava nervosa, Daemon sentia isso e tentava guiá-la de uma forma mais fácil, ela era pequena, mas o esforço era grande, tinha que parecer natural. Na cabeça da princesa vinham muitos flashes, quando ela olhava rostos, lembrava de suas muitas conversas com Daemon, principalmente sobre a Dinastia Targaryen e o sangue de dragão, na ocasião que mais lhe parecia fresca na mente, ela dizia que seus filhos não seria Targaryens e bem menos valyrianos que ela, lembrava do irmão responder que a chama do dragão pode queimar em vários lugares.

Ela desperta de seu devaneio quando já está próxima a Rasmus, sentindo o futuro marido segurar suas mãos, ela balança a cabeça tentando se acalmar, mas mal consegue olhar nos olhos dele, então procura por Daemon, seu irmão lhe daria confiança, ou talvez Rhaenyra, mas são os olhos de Cadmus Stark que ela encontra, ele estava tão bonito, vestido de roupas chiques, não as armaduras que usava quase sempre, Drasilla lembrava vagamente de Nyra dizer que ele estava representando seu tio, havia uma garota parecia com ele ao seu lado que tentava - em vão - fazê-lo ouvir o que ela dizia, Cadmus também não piscava olhando a princesa.

Foram segundos, mas na cabeça da princesa pareciam horas, olhando para aqueles olhos azuis esverdeados, ela só notou que não deveria focar nele quando o rapaz balançou a cabeça positivamente e deu um sorriso, era a calma que ela precisava, voltou a cabeça para frente, discretamente, olhando o noivo e ouvindo o Alto Septão pedir que eles repetissem os votos do casamento.

Foi uma cerimônia rápida, o tempo todo Rasmus segurava a mão da princesa, ela estava tão nervosa que ele nem mesmo quis dar um beijo nela para selar o casamento, não era obrigatório, queria que fosse algo simbólico e especial entre eles, então seguiu a acariciando com a mão, com carinho semelhante ao de Rhaenyra mais cedo, que de fato fazia Drasilla se sentir mais segura.

Em seguida foram todos convidados para um belo jantar que se estenderia por uma festa até raiar o dia, os noivos estavam sentados com suas famílias próximos ao rei, Drasilla queria tirar aquele vestido logo, a roupa apertada a deixava mais nervosa ainda. Permitiu-se olhar na direção de sua mão e depois de Rasmus, mesmo que ele estivesse conversando com o pai do seu outro lado e rindo de alguma coisa, ele ainda repetia o movimento de carinho na mão dela, não a soltou em nenhum momento, Drasilla também não quis que ele soltasse.

Em um determinado momento ela procurou com os olhos a imagem de Rhaenyra, ela morria de medo de algo acontecer como no casamento da loira, a encontrou dançando com Laenor no meio dos convidados, eles sorriam juntos como um casal feliz, mesmo que Drasilla soubesse de coisas envolvendo aquela união, que todos soubessem e não falassem, a morena via que eles eram felizes juntos, a sua maneira, queria que fosse assim com seu marido. Um sorriso tranquilo saiu de seus lábios quando Rhaenyra olhou em sua direção e piscou para a tia, cada um vivia seu final feliz de uma forma.

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