⫘⫘ㅤ ㅤㅤ| EPISODE XXIII, EM OUTRA VIDA, EU SEREI SUA GAROTA POR COMPLETO

𝐄𝐌 𝐎𝐔𝐓𝐑𝐀 𝐕𝐈𝐃𝐀, 𝐄𝐔 𝐒𝐄𝐑𝐄𝐈 𝐀
𝐒𝐔𝐀 𝐆𝐀𝐑𝐎𝐓𝐀 𝐏𝐎𝐑 𝐂𝐎𝐌𝐏𝐋𝐄𝐓𝐎
⫘⫘⫘⫘⫘⫘⫘⫘⫘⫘
"𝘰𝘯𝘥𝘦 𝘴𝘬𝘺𝘭𝘢𝘳 𝘢𝘣𝘳𝘢𝘩𝘢𝘮 𝘥𝘦𝘪𝘹𝘢 𝘶𝘮𝘢
𝘤𝘢𝘳𝘵𝘢 𝘥𝘦 𝘥𝘦𝘴𝘱𝘦𝘥𝘪𝘥𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘰 𝘴𝘦𝘶
𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦𝘪𝘳𝘰 𝘢𝘮𝘰𝘳. "

klAinda naquela ambulância, Max permaneceu ao lado de Skylar a todo momento. A mais nova a encarava, enquanto fazia um singelo carinho pelos cabelos da morena. A doutora assistia aquela cena com dor no coração, sentindo que seria difícil salvar a adolescente devido ao tanto de sangue que ela perdeu. 

Foi muito sangue. 

Muito mesmo. 

Muito do que uma pessoa geralmente perde. 

Ela sequer tinha pulso. 

Estava morta

─── Querida, chegamos. ─── Ela disse para Max, que nada disse, apenas se afastou minimamente de Skylar. ─── Nós precisamos examinar sua irmã para saber a causa da morte e-

─── Ela não está morta. 

─── Desculpa. ─── A doutora disse. ─── Precisamos examinar sua irmã. E também, colocar seu braço no lugar. 

Mesmo a contragosto, Max foi levada até uma sala de cirurgia, onde a sedaram e colocaram seu braço no lugar. Os médicos estavam assustados com aquela crueldade, principalmente com o estado em que Skylar se encontrava. 

A morena estava em uma sala separada. Eles a levariam em breve para outra ala privada, onde iriam comunicar os responsáveis do falecimento e também resolveriam o que fazer com o corpo. 

─── Descobriram a causa da morte? ─── A doutora perguntou. 

─── Nada. ─── O homem disse. ─── O pescoço estava bem avermelhado, e as cordas vocais um pouco danificadas. Achamos que ela foi enforcada até a morte. Mas eu não tenho justificativa para todo esse sangue que ela expeliu. 

─── Pode até ser hemofilia, isso explica a hemorragia que ela teve. 

─── Os exames disseram que estava bem em relação a isso. Essa hemorragia misteriosa dela que me deixa confusa. ─── A doutora disse, se aproximando da maca. ─── Principalmente se você analisar as roupas da irmã mais nova dela. A garota está ensopada de sangue, e isso significa que foi muito violento. 

─── Tinha um garoto morto lá, não é? 

─── Sim. A menina disse que ele tentou forçar elas a fazerem coisas que não queriam. 

─── Devemos verificar se possuem sinal de violência sexual, doutora? 

─── Ainda não. ─── Ela sussurrou, encarando a adolescente. ─── Vamos esperar os pais. Depois vamos encaminhá-la para a autópsia e aí sim podemos descobrir o que fazer com a garota. 

─── Como a irmã mais nova dela está? 

─── Teve o braço quebrado também. Já colocamos no lugar. 

O grupo chegou até a secretária do hospital. Todos queriam saber a respeito de Skylar e Max. 

─── Isso aqui parece uma zona. ─── Érica sussurrou, olhando para o hospital. 

E é verdade. Após o suposto terremoto, diversas pessoas acabaram sendo machucadas pela abertura de todos os portais. Alguns sobreviveram, já outros infelizmente chegaram a falecer, como Skylar. 

─── Oi, boa noite. ─── Nancy se aproximou de uma mulher, que anotava diversas coisas em um pequeno bloco. ─── Onde posso saber notícias a respeito de duas amigas nossas? 

─── Somente familiares. 

─── Eu sou namorado de uma delas e responsável pela outra. ─── Steve disse rapidamente, e a mulher ao menos o olhou. 

─── Apenas familiares. 

─── Escuta aqui. ─── Ele perdeu a paciência, sentindo seus olhos lacrimejarem. ─── Minha namorada não tem os pais, e ela provavelmente faleceu. Além disso, a irmã dela os pais sequer ligam para ela. Me diz logo onde elas estão, eu te imploro! 

A mulher finalmente os encarou, e soltou um suspiro cansado. 

─── Quais os nomes? 

─── Skylar Abraham e Maxine Mayfield. 

─── A filha da policial que faleceu esses dias, tadinha. Precisa rezar. ─── Ela murmurou, mas todos ali escutaram. 

─── Escuta aqui sua loira desgraçada. ─── Robin puxou a moça pelo colarinho. ─── Eu acabei de perder uma pessoa muito importante. Não sou obrigada a escutar uma idiota como você proferir essas coisas sem noção. Faça o mínimo do seu trabalho, ou eu chamo seu gerente para dizer o quão ridícula você está sendo com a gente. Você não quer isso, não é? 

─── Qual sala estão? ─── Nancy também se aproximou, com uma carranca estampada na face. 

─── A… a mais nova está na sala 316, e a adolescente na sala 320. Maxine acabou de sair de uma cirurgia para colocar o braço no lugar. Os médicos estão esperando por familiares da Skylar para descobrir o que fazem com o corpo. 

Steve sentiu sua vista ficar turva, mas Robin o segurou antes que caísse no chão. 

─── Obrigada. ─── Nancy arrancou os adesivos de visitante da mão da mulher, e logo puxou todos para o elevador. O silêncio foi ensurdecedor, ninguém sabia muito bem o que fazer. 

Quando eles chegaram no andar, saíram meio perdidos de dentro do elevador. Lucas, Érica e Nancy foram até a sala que Max estava, deixando aquele tempo para Steve. 

O adolescente estava parado no corredor, sem coragem nenhuma de entrar na sala. 

─── Vocês são parentes da Skylar? ─── Uma mulher com jaleco branco chegou ao lado deles. 

Steve continuou parado e quieto, sobrando para Robin responder. 

─── Eu sou amiga, ele é o namorado dela. 

─── Sinto muito. ─── Ela disse e Steve apertou sua mão. ─── Não descobrimos a causa da morte da Skylar ainda. Provavelmente somente depois da autópsia podemos descobrir o que de fato a levou. 

─── Por que? 

─── No momento, achamos que ela morreu enforcada, mas lá no local tinha muito sangue. Ela provavelmente passou por uma convulsão e sofreu do que chamamos de hemofilia. Ela sangrou até a morte por uma hemorragia. Causada pelo que? Ainda não sabemos. 

Steve sentou-se em uma cadeira que ficava bem em frente a porta. 

─── Vocês têm o número dos pais dela? 

─── Ela não tem. ─── Robin murmurou, abraçando Steve. 

─── Responsável? 

Robin apenas encarou a mulher em silêncio. 

A doutora suspirou. 

─── Bem é… o namorado pode decidir o que fazer com o corpo. ─── Steve colocou as mãos no rosto, começando a chorar após aquela fala. ─── Me desculpem. 

Ela entrou na sala, deixando os dois no corredor, derramando lágrimas. 

Quando a mulher se aproximou do corpo de Skylar, ela observou a adolescente com bastante atenção. Skylar não aparentava comportamentos de uma pessoa morta. 

Tudo bem que só após doze horas após a morte a pessoa começa a entrar em estado de putrefação. Mas a doutora sentia que havia algo diferente com a adolescente. 

Ela caminhou até uma enfermeira que estava no canto da sala, higienizando suas mãos. 

─── Clarice. 

─── Sim, doutora? 

─── Ligue a garota nos aparelhos. 

─── Mas ela está mor-

─── Ligue ela nos aparelhos. 

─── Max? ─── Nancy chamou pela garota, que apenas continuou encarando o nada. ─── Ei… 

─── Eu não fiz nada. De novo. 

─── Max. 

─── Ela morreu nos meus braços. 

Sem ao menos esperar, a mais nova começou a chorar, sendo logo consolada por Lucas Nancy, que tentavam a todo custo não chorar também. 

─── Eu senti no exato momento que o coração dela parou de bater. 

Meio acanhada, Nancy perguntou. 

─── Como ela morreu? 

Max ficou em silêncio, encarando suas mãos enquanto Lucas se virava para a adolescente. 

─── Ela estava na cabeça da Max. Não sei o que de fato rolou lá, mas, em um momento pareceu que Skylar iria ganhar. Os cabelos dela atingiram uma coloração diferente, e eu interpretei aquilo como o auge dos poderes de alguém. ─── Ele suspirou. ─── Mas segundos depois algo deu errado e… ela caiu no chão convulsionando e… sangrando muito. 

Nancy encarou a mais nova, que parecia não esboçar nenhuma reação após a explicação de Lucas. Na verdade, ela tentava não reagir. 

─── Quando Billy morreu, eu achei que me sentia triste por tudo, mas quando Sky parou de tremer nos meus braços, eu me senti completamente perdida. ─── Ela brincava com seus dedos. ─── Eu senti como se realmente tivesse perdido uma irmã de sangue. É engraçado que nós duas nos conhecemos há pouquíssimos dias, e eu tenho um apego emocional muito grande por ela. Acho que deve ser porque ela representou a figura de irmão que Billy deveria ter sido… Ela realmente foi uma irmã. 

Antes que alguém pudesse dizer algo, a voz de Dustin ecoou do Walkie Talkie de Lucas. O mesmo, meio atrapalhado, pegou rapidamente. 

─── Cara, agora não. 

─── Eu achei cartas. 

Eles franziram o cenho.

 ─── Cartas? 

─── Cartas com o nome de todos nós, até mesmo da Érica. Estava em cima da mesa da sala da Skylar. Quando fui pegar alguma coisa na cozinha eu acabei achando. 

─── Foi ela que escreveu? 

─── Aparentemente sim, tem a assinatura dela. 

Max fechou seus olhos com força, pedindo silenciosamente o aparelho. Lucas a encarou triste, mas entregou o Walkie Talkie para a ruiva. 

─── Dustin, deixa separado que vão aí buscar. Eu quero ler. 

─── Max! Como você está? 

─── Infelizmente viva. 

Disse curta, entregando novamente o aparelho para Lucas, que sussurrou algo e logo o desligou. 

─── Eu quero ler a carta, se vocês puderem ir buscar para mim. ─── Ela pediu, olhando para suas mãos. 

─── Tem certeza? 

─── Sim, eu quero ler. 

Nancy e Lucas se olham, mas assentem. 

─── Quer que Lucas fique aqui? Enquanto eu vou lá buscar? 

─── Não, eu quero ficar sozinha. 

Os dois deixaram a sala naquele instante, e Max logo caiu no chão, não aguentando mais aquele misto de sentimentos extremamente dolorosos que estava sentindo. 

─── Por favor, Sky, volta. 

─── Como ele está? ─── Nancy parou ao lado de Robin.

Horas haviam se passado, e todos estavam no hospital. Nancy havia ido até a casa de Skylar e pegou todas as cartas, voltando o mais rápido possível para o lugar.

─── Ele ainda não teve coragem de ver ela.

Nancy abaixou sua cabeça, sentindo que começaria a chorar em breve.

─── Aparentemente ela deixou cartas. ─── Estendeu duas na direção de Robin, que pegou meio receosa. ─── Ela planejou isso muito antes.

─── Nós perdemos uma de nós e mesmo assim não conseguimos matar esse desgraçado por completo. ─── A Buckley murmurou, encarando o nada. ─── Isso tudo foi em vão?

─── Eu espero que não. ─── A Wheeler sussurrou, olhando pela última vez para Steve, que estava sentado no chão, encarando a porta à sua frente. Ele não esboçava nenhuma emoção, ou sequer se mexia. ─── Vou entregar a carta da Max, depois eu volto aqui.

A loira assentiu, arriscando-se a olhar para Steve. Engolindo seu choro, Robin colocou um sorriso bastante forçado em sua face, e caminhou até o garoto.

─── Toma.

Ele continuou parado.

─── É da Skylar.

Steve ofegou, finalmente encarando a amiga.

─── O que?

─── Só lê.

Steve, mesmo sem coragem, abriu o envelope pronto para ler.

A doutora, ainda dentro da sala, encarava Skylar com bastante atenção. A adolescente estava ligada nos aparelhos, mas ainda estava morta. A médica não iria desistir, aquela garota iria acordar.

Steve suspirou fundo, passando a ler.

Querido Steve.

Primeiramente, peço desculpas por deixar uma carta. Se você abriu, significa que infelizmente eu morri e Hawkins pode estar a salvo. Caso mesmo que eu tenha morrido e a cidade não tenha ficado como todos imaginamos, saiba que fui até onde consegui para manter todos a salvo. Espero que Max ainda esteja bem, e Eddie vivo,  longe desses caipiras que preferem acreditar na existência de um clube satânico do que na possibilidade de existir ameaças bem abaixo de nossa cidade.

Antes de ler a carta que meus pais deixaram, me questionei muito do motivo deles a fazerem. Eu sempre me perguntava a esse respeito, principalmente porque convivíamos na mesma casa juntos, então, desse modo, eles poderiam ter me contado em qualquer momento. Mas, somente depois que as li, acabei entendendo que existem sacrifícios que devemos fazer e infelizmente não podemos contar para as pessoas que mais amamos e admiramos. 

Steve Harrington, o garoto que me salvou quando eu estava prestes a me afundar em uma escuridão tremenda. Não me cansarei de lhe dizer o quanto eu fui grata a você por me permitir sorrir, mesmo que eu estivesse em uma situação fodida pra caralho. Você me mostrou tantas coisas boas e me respeitou. Você foi a pessoa correta para mim, e eu acredito que tenhamos nos conhecido no momento correto. Não há como imaginar eu lhe conhecendo um outro ano, creio que isso mudaria a ordem de todos os acontecimentos. Só que infelizmente, nossos destinos foram traçados em caminhos diferentes.

Eu queria ter tido a oportunidade de completar todos os estágios de me apaixonar por você, e além disso, ter tido a oportunidade de criar um futuro onde nós dois pudéssemos estar juntos. Infelizmente acabamos descobrindo da pior forma possível que nesse não foi possível, então eu espero que em um universo, não importa qual seja, nós dois ainda possamos ser um lindo casal e com o seu sonho perturbador de ter seis filhos e viajar pelo país em um trailer. Em outra vida eu acho que poderei ser a sua garota por completo.

Prestes a encerrar essa carta, peço que você entregue uma carta ao delegado Powell. Nela deixei explicado o que desejo que façam com meu corpo. Não deixarei essa responsabilidade para você porque não quero que você passe por isso. Eu sei como é insuportável isso, e não desejo para ninguém.

Infelizmente o nosso encontro vai ficar para um outro dia, Harrington.

Eu finalizo aqui, todos os meus sentimentos por você. Meu coração está com você, então cuide dele, assim como eu cuidarei de você mesmo que eu esteja no quinto dos infernos.

Com amor, Skylar, a sua garota.
1986.

O adolescente levou o papel ao seu rosto, chorando mais forte enquanto tentava digerir todas aquelas frases escritas por Skylar.

Escritas pela sua garota.

Ela deveria ser a sua garota.

Aquele desgraçado simplesmente a levou.

─── Ei… ─── Robin se aproximou novamente. ─── Como você está?

─── Eu preciso vê-la. ─── O garoto disse, se levantando e respirando fundo.

─── Tem certeza?

─── Tenho. Eu quero… me despedir também.

Robin assentiu, se afastando.

No mesmo momento em que Steve caminhou na direção do leito, a porta se abriu rapidamente, revelando a médica com uma feição bastante assustada e aflita. 

─── Eu preciso de reforço! ─── Ela gritou pelo corredor, e logo alguns enfermeiros surgiram, correndo para dentro da sala. 

─── O que aconteceu? ─── Steve perguntou, bastante nervoso.

A doutora nada disse, apenas olhou para o chão, tentando regularizar a respiração.

─── Moça, o que aconteceu? ─── Robin praticamente gritou, segurando ela pelos ombros.

─── A garota acordou.

─── O que?

─── Ela está viva… é um milagre! ─── Disse e voltou correndo para dentro da sala, fechando a porta com força.

Oie, se você chegou até aqui não esqueça de deixar um votinho e um comentário. Isso me motiva muito :) 

Peço perdão caso tenha encontrado algum erro ortográfico nesses dois últimos capítulos. Eu chego cansada em casa e infelizmente não consigo corrigir perfeitamente antes de postar. 

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