⫘⫘ㅤ ㅤㅤ| EPISODE VIII, IRMÃS QUE BRINCAM COM A MORTE
𝐈𝐑𝐌𝐀𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐁𝐑𝐈𝐍𝐂𝐀𝐌 𝐂𝐎𝐌 𝐀 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐄
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"𝘥𝘦𝘱𝘰𝘪𝘴 𝘥𝘢 𝘧𝘢𝘭𝘩𝘢 𝘵𝘦𝘯𝘵𝘢𝘵𝘪𝘷𝘢 𝘥𝘦 𝘷𝘦𝘤𝘯𝘢 𝘭𝘦𝘷𝘢𝘳
𝘮𝘢𝘹, 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘴𝘦 𝘳𝘦𝘶𝘯𝘦𝘮 𝘯𝘢 𝘤𝘢𝘴𝘢 𝘥𝘦 𝘕𝘢𝘯𝘤𝘺
𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘱𝘢𝘴𝘴𝘢𝘳𝘦𝘮 𝘢 𝘯𝘰𝘪𝘵𝘦 𝘦𝘯𝘲𝘶𝘢𝘯𝘵𝘰 𝘥𝘦𝘤𝘪𝘥𝘦𝘮
𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳. "
─── Olá, senhoras e senhores. Sejam bem vindos ao nosso laboratório, onde finalmente, abriremos o portal e provaremos a existência de um mundo invertido abaixo de Hawkins. ─── Lewis falava no microfone. Natasha estava ao seu lado, nervosa, mas crente que sua teoria era real. ─── Foram meses de pesquisa tanto para descobrirmos uma maneira de abrir esse portal, quanto para criarmos formas de fechá-lo em segurança. Vocês estão vendo a sala de controle de segurança. ─── Ele apontou para uma sala que continha vidros que iria proteger as pessoas dos raios da máquina. ─── Todos permanecerão lá durante a abertura do portal. Não sabemos o que tem lá, não sabemos o que nos aguarda, então toda a segurança é necessária.
─── Nessa parte que estamos agora, somente ficarão os militares que irão entrar nesse mundo paralelo. Serão cerca de vinte e cinco soldados, e todos equipados com EPI adequada para suportar cerca de trinta minutos dentro daquele local. ─── Natasha explicou no microfone. ─── Nós esperamos que seja um sucesso total, e iremos aguardar as notícias.
Os outros cientistas presentes bateram palmas, começando a conversar entre eles a respeito do procedimento que iria se iniciar em breve. Natasha ficou parada no mesmo lugar, até reconhecer um rosto no meio de toda aquela multidão.
─── Owens! ─── Ela exclamou, exibindo um lindo sorriso enquanto caminhava na direção do doutor. ─── Você veio mesmo.
─── Devo parabenizar você e Lewis. ─── Owens sorriu. ─── A teoria de vocês dois faz muito sentido. Espero que ocorra tudo bem.
─── Eu também espero. Muito obrigada por vir até aqui. ─── Ele assentiu. ─── Ele... está no laboratório?
─── Não, hoje ele não veio. ─── Ela suspirou aliviada. ─── Será um sucesso Natasha, confiamos em você!
O homem se afastou, indo conversar com os outros cientistas e médicos presentes. Enquanto isso, a mulher caminhou até o noivo, que ajustava os últimos detalhes da EPI.
─── Obrigada de novo por fazer isso.
─── E porquê eu não faria, meu amor?
─── Me desculpe por te colocar nesse perigo.
Charles se aproximou da noiva.
─── Vai ficar tudo bem, Natasha. ─── Ele segurou o rosto da mulher. ─── Eu vou voltar para você e o nosso Theo.
─── Então eu já digo que estou com saudades. ─── Eles se abraçaram. ─── Char... se algo lá dentro der errado, saia de lá imediatamente, por favor.
─── Eu vou voltar para você.
─── É bom mesmo, senão eu entro lá e te puxo pelos cabelos.
─── Você, em hipótese nenhuma, entre lá. ─── Ele avisou. ─── Eu tenho preparação, tudo bem? Vamos resolver isso e acabar logo com o que sei lá for esse mundo paralelo.
Ela riu.
─── Boa sorte.
Em cerca de vinte minutos, o experimento se iniciava. Natasha e Lewis guiaram todos os convidados para a sala de controle de segurança. A equipe que entraria no portal, estava em uma sala, se protegendo da rajada que seria liberada da máquina.
A loira e o castanhado se encararam, e em segundos, apertaram o botão, finalmente abrindo aquele maldito portal.
A luz era muito forte, e todos não deixaram de tapar a visão com as mãos, até mesmo os cientistas responsáveis por aquele projeto. Quando o clarão se encerrou, Natasha abriu a boca em extrema surpresa ao ver que a parede estava rachada, e uma abertura se mostrava no local.
A equipe de segurança saiu da sala, e todos ajustaram seus aparelhos de comunicação antes de adentrarem ao que sei lá que fosse aquele maldito lugar.
─── Todos estão ouvindo? ─── A voz de Charles ecoou de uma das televisões.
─── Sim, você está nos ouvindo?
─── Sim. Estaremos iniciando a ação. Aqui é Charles, número um, líder da equipe. Irei entrar primeiro e averiguar a área.
Natasha prendeu a respiração, olhando para seu noivo caminhar até o portal, e lentamente ir entrando. Lewis notou a ansiedade da mesma, e tentou confortá-la mesmo em todo aquele caos rolando.
─── Relaxa, Nat. ─── Ele sorriu. ─── Seu marido sabe o que faz.
─── É, eu espero...
─── Está tudo livre! ─── A voz de Charles ecoou novamente, e Natasha soltou o ar que ao menos havia percebido que estava prendendo. ─── A equipe já pode entrar.
Natasha cruzou os braços enquanto encarava os homens adentrarem. Nas televisões presentes na sala de controle, era possível ouvir suas vozes e alguns sons do ambiente.
─── Charles, o que tem aí?
─── É realmente um mundo inabitado. ─── Sua voz ficou um pouco abafada, mas era possível ouvi-la. ─── Parece um deserto e... tem rochas flutuando.
─── Rochas flutuando?
─── Sim. É bizarro.
Natasha sorriu, sua teoria estava correta.
─── Charles, grave o máximo o possível deste local. Quando voltar, mostre a nós como ele é.
─── Farei isso e-
Charles ficou em silêncio.
─── Charles? ─── Natasha o chamou, desesperada. ─── Ei Charles, você está aí? Fala comigo.
─── Socorro, Charles! ─── Um membro da equipe gritou. Era possível ouvir alguns... rosnados.
─── Cacete, pegaram o Wilson! ─── Outro soldado gritou.
─── Que merda é isso?
─── Charles, o que está acontecendo?
─── Tem uma criatura, céus... ─── A respiração de Natasha começou a ficar descompassada.
─── Saiam daí agora! ─── Ela gritou.
─── Socorro!
─── Charles, pegaram oito homens, precisamos sair daqui AGORA!
─── Atenção, recuem todo mundo. Voltem agora para o laboratório.
─── E você, senhor?
─── Eu vou coletar esse material.
A loira arregalou os olhos.
─── Charles, saí daí! ─── Ela gritou.
─── Eu sempre termino as minhas missões, Natasha.
─── Saiam daqui, irei ajudar o tenente. ─── Outro soldado, que parecia ser o co-líder, disse. ─── Céus que porra é aquela nos céu?
─── É exatamente o que precisamos coletar.
─── Sai daí! ─── Natasha continuava a gritar, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas.
─── Tenente... aquilo parece vir até nós...
─── Abre a cápsula, James. Quando se aproximar, vou tentar pegar o máximo possível.
─── Parece ser fumaça arenosa, senhor.
─── Uma fumaça arenosa viva, no caso.
─── Lewis, a gente precisa tirar eles de lá. ─── Natasha disse, desesperada. Ela olhou para o portal e viu dois soldados saindo correndo, todos ensanguentados. ─── Eu vou perder meu marido, Lewis.
─── Natasha eu-
─── James? Cacete!
─── Charles, o que aconteceu?
─── A fumaça pegou o James.
─── Saía daí agora!
─── Eu coletei o material, eu estou voltando e AH!
─── Que se foda. ─── A loira gritou, pegando uma arma de um dos seguranças que ficavam na sala, e saiu, indo em direção ao portal.
─── Natasha, você tá maluca?
─── Meu marido tá lá dentro! ─── Ela gritou, voltando a correr até o portal.
Natasha ignorou todos os protestos de Lewis. Quando ela finalmente adentrou ao local, seus olhos se arregalaram ao encarar o cenário que parecia ser pós apocalíptico. Haviam diversos soldados no chão, todos completamente destroçados e cheios de sangue. Ela procurou por seu noivo, e quando encontrou ele no chão, com uma criatura que parecia ser um cachorro, em cima de si, a loira não pensou duas vezes antes de correr e começar a atirar na mesma.
O braço de Charles estava ferido, e sangrando muito.
─── Natasha, você ficou maluca?
─── Vamos sair daqui, agora!
Ela gritou, continuando a atirar na criatura. Charles, com dificuldade, levantou-se com a ajuda da esposa e ambos começaram a correr para o laboratório novamente. Era possível ouvir outros rosnados, e sons de algo correndo atrás de si.
─── Fechem o portal, agora! ─── Ela gritou, assim que eles passaram pela rachadura. Lewis e o outro cientista mesmo com olhos arregalados, apertaram no maldito botão e a máquina ligou. Eles tomaram um susto ao ver que uma criatura passou pelo portal, mas Natasha e Charles foram rápidos o bastante para se trancarem dentro de uma sala.
Quando a rajada bateu no portal, foi possível ver as criaturas derretendo diante dela. Natasha somente conseguiu suspirar aliviada quando viu que o portal estava se fechando e os restos mortais das criaturas caíram no chão.
─── Charles. ─── Ela sussurrou, encarando o noivo de maneira preocupada.
Charles nada disse, apenas tirou uma cápsula de seu bolso e estendeu na direção da noiva. Ela pegou o objeto, observando com atenção as partículas que haviam dentro. Parecia uma mistura de fumaça e areia, vivas e muito raivosas querendo sair dali de dentro.
─── Seja lá o que isso for, eu só sei que faz um estrago horrível. ─── Ele sussurrou, desmaiando logo em seguida.
─── Skylar, olha para mim. ─── Robin tentou chamar atenção da garota que estava no banco de trás, prestes a ter um colapso mental de tantos pensamentos rondando em sua cabeça. Tudo estava fazendo sentido.
─── Eu poderia ter salvo a minha melhor amiga, Robin. ─── Ela disse, deixando a primeira lágrima escorrer de seus olhos. ─── Eu poderia ter salvo a minha amiga.
─── Skylar! ─── Robin gritou. ─── Não tinha como você saber a respeito disso. Até agora a pouco não sabíamos que a música poderia salvar uma pessoa.
─── Eu poderia ter salvo...
─── Nancy, para o carro. ─── Robin pediu.
─── O que?
─── O carro. Para a droga do carro em algum lugar. Ela precisa respirar, e não vai ser dentro de um carro em fuga que ela vai fazer isso.
─── Céus. ─── A Wheeler suspirou. ─── Aguenta um pouco, Sky. Só não pule desse carro em movimento.
─── Eu não estava pensando nessa ideia, mas agora estou com vontade. ─── A morena comentou encarando a paisagem de fora.
─── Ah mas você não vai mesmo! ─── A Buckley pulou em cima de Skylar, que estava no banco de trás tendo filosofias depressivas.
─── Tá maluca, garota? ─── Skylar gritou assim que sentiu o peso da adolescente colidindo com o seu. ─── Sai de cima de mim.
─── Nós vamos capotar montanha a baixo se vocês continuarem se batendo ai atrás. ─── Nancy gritou, e logo em seguida um chute foi desferido em seu braço direito. ─── Quem me chutou?
─── Wheeler, Buckley, Abraham? Alguém aí?
A voz de Dustin saiu através do Walkie Talkie. Skylar e Robin ao menos ligaram e continuaram a se chutar no banco de trás, restando para a pobre de Wheeler atender o chamado.
─── Dustin, como a Max está?
─── Fora de risco, deu tudo certo. Que gritaria é essa?
─── Skylar teve pensamentos autodepreciativos e Robin está a impedindo de se jogar do carro.
─── É o que?
Dessa vez, a voz de Steve saiu do aparelho.
─── Como assim se jogar do carro? Ela está maluca?
─── Sim ela está, e agora quem está pensando em amarrar ela em uma cadeira, sou eu.
─── Você está me enforcando, tira essa perna do meu pescoço! ─── Skylar gritou.
─── Tira você!
─── Onde vocês estão indo? ─── Nancy revirou os olhos, tentando fingir costume. ─── Estou na estrada.
─── Vamos para a sua casa, lá podemos ficar de olho nas duas.
─── Certo, vejo vocês lá.
Steve estava apoiado no carro, aguardando as três adolescentes chegarem até a residência. Ele estava assustado, ainda pensando a respeito da cena de minutos atrás que havia acontecido. Max estava com seus fones de ouvido, em um turbilhão de pensamento enquanto Kate Bush soava em seus ouvidos em um volume alto. Dustin estava roendo suas unhas, e Lucas estava ao lado da ruiva, deixando um singelo carinho na mão da mesma.
Os garotos ficaram aturdidos diante aos acontecimentos horas atrás. Max, por um pequeno triz, quase tornou-se uma das vítimas de Vecna. O Sinclair sentiu seu coração bater de maneira desenfreada, assim como Harrington e Henderson. Para Steve, presenciar aquela situação acontecendo com Max, já foi uma tortura horrorosa, tendo em vista que tinha um carinho muito grande pela pré-adolescente. E imaginar que aquilo provavelmente aconteceria com Skylar, o deixava tenso.
Gostar de alguém em pouquíssimos dias era impossível, assim como começar a sentir interesses amorosos. O Harrington sentia-se curioso para conhecer Skylar mais a fundo.
Ela era divertida, inteligente, legal, esquentadinha e muito bonita. Literalmente a garota dos seus sonhos.
Steve desejava que quando todo aquele pesadelo chegasse ao fim, pudesse ter uma oportunidade de chamar Skylar para sair, e, quem sabe, ser sua namorada em um futuro próximo.
O adolescente teve seus pensamentos interrompidos quando notou o carro de Wheeler estacionando ao lado do seu. O mesmo apertou suas mãos em ansiedade quando notou a Abraham saindo do carro com uma aparência abatida. Ele ia aproximar-se da mesma, para sei lá, dizer palavras de conforto. Mas a morena foi mais rápida e correu até a ruiva.
─── Max. ─── Ela murmurou, correndo até a ruiva.
Em apenas poucas horas juntas, Skylar considerava a pré-adolescente como uma irmã mais nova que nunca teve oportunidade de ter. Ambas compartilhavam a mesma situação de tensão pura, querendo ou não, encontrando um pequeno conforto nos pouquíssimos momentos em que estavam juntas.
Skylar parecia conseguir ver exatamente tudo o que nunca havia visto. E aquilo deixava a Mayfield confusa, porque ela percebia isso.
Assim que Max notou a face preocupada de Skylar, a garota nada disse, apenas caminhou rapidamente até a mais velha, e a abraçou. Todos ficaram em silêncio durante aquele momento, apenas encarando a cena consideravelmente triste e reconfortante.
─── Eu fiquei tão assustada quando Dustin me contatou gritando. ─── Ela murmurou. ─── Tão assustada.
─── Eu estou bem, já passou. ─── Maxine disse, tentando não chorar na frente de todos. ─── Eu estou aqui. Assim como eu fui forte, você também vai ser.
─── Eu acho que não. ─── A morena murmurou, deixando algumas lágrimas tímidas caírem de seus olhos. ─── Você exala muitas coisas positivas, inclusive a vontade exorbitante de viver. Eu admiro você tanto por isso.
Max exibiu um sorriso pequeno, tocando levemente no rosto de Abraham.
─── Eu também sentia isso que você sente. ─── Ela sussurrou. ─── Mas somente depois eu entendi que todos estão aqui fazendo o possível por mim. Não se trata apenas de cartas e entregar-se diretamente para a morte, coisa que o Vecna quer. Existem pessoas aqui que mesmo não se conhecendo muito bem, não pensariam duas vezes em arriscar-se para que o próximo fique bem. Espero que você entenda isso também.
Aquilo deixou Skylar sem palavras. A morena exibiu um sorriso singelo, ajeitando o fone de ouvido novamente em Max, deixando-a inerte na música novamente.
─── Acho melhor dormirmos todos aqui. ─── Nancy murmurou. ─── Está tarde, e precisamos ficar de olho nas duas.
─── É uma boa. Amanhã podemos ir atrás de Eddie. ─── Dustin sugeriu. ─── Acabamos ficando inertes a ele nesses últimos dias.
─── Beleza, mas antes preciso ir a um lugar. ─── Steve disse, tirando suas chaves de seu bolso.
─── Onde você vai?
─── Skylar precisa de um Walkman e ao menos umas três fitas da música favorita dela. ─── Ele comentou, prestes a caminhar até seu carro.
─── Ei, calma aí. ─── A morena impediu. ─── Steve, sério, não precisa. Não estou tentando ser difícil, mas minhas alucinações sequer começaram ainda. Amanhã podemos ir até minha casa e pegar isso.
─── E se o Vecna te atacar antes?
─── Ele não vai. ─── Ela disse. ─── Sério, amanhã eu vou lá na minha casa pegar. Se te deixar mais calmo, você pode até me levar.
Ele suspirou, desistindo da ideia e caminhando até a garota.
─── Nancy! ─── A senhora Wheeler apareceu na garagem, chamando a atenção de todos. ─── Não sabia que seus amigos viriam aqui.
─── Tem algum problema?
─── Claro que não. ─── Ela sorriu. ─── Venham crianças, saiam do sereno.
Eles caminharam para dentro da garagem, rumando até o porão da casa dos Wheeler.
─── Nunca te vi, querida. ─── A loira parou ao lado de Skylar, essa que sorriu forçadamente.
─── Ah, pois é. ─── Coçou a cabeça. ─── Me chamo Skylar Abraham, prazer senhora Wheeler.
─── O prazer é meu, lindinha. ─── Sorriu. ─── Fique à vontade!
─── Vamos? ─── Steve surgiu ao seu lado, tocando em suas costas, guiando-a para o porão. Ela apenas assentiu, passando a caminhar ao seu lado, ainda em silêncio.
─── Certo, hum. ─── Nancy parou no meio do porão, colocando suas mãos na cintura, enquanto parecia pensar em algo. ─── Precisamos fazer turnos.
─── Turnos? ─── Lucas perguntou.
─── A partir de meia noite, as alucinações da Skylar poderão começar a qualquer momento. ─── Ela disse, fazendo a morena dar uma leve tremida. ─── Pelo que contei, Max chegou a ter umas quatro vezes, então a Sky terá esse número, por aí.
Dustin suspirou, tirando seu boné.
─── Além disso, não podemos esquecer que a Max ainda corre risco. ─── Ela lembrou. ─── Somente encontramos uma forma de atrasar que o Vecna mexa com ela. Precisamos de extrema atenção nelas.
─── Certo. ─── Robin disse, jogando-se no sofá. ─── Como serão esses turnos? Estou com um sono desgraçado, mas farei um esforço.
─── Duas pessoas ficam de olho nelas por uma parte da noite. Lá pelas cinco da manhã podemos trocar novamente para que as duas pessoas iniciais possam dormir. ─── Lucas sugeriu.
─── Ok, quem se voluntaria?
─── Eu! ─── Steve levantou a mão, fazendo a morena fechar seus olhos com força, de pura vergonha, e encarar a parede ao seu lado.
─── Eu também. ─── Dustin também levantou a mão.
─── Certo. ─── Nancy assentiu. ─── Às cinco da manhã trocamos de turno.
─── Combinado. ─── Os dois garotos disseram ao mesmo tempo.
─── Será que agora eu posso tirar essa roupa? ─── Skylar levantou-se, apontando para as roupas de Nancy as quais ainda usava. ─── Isso está me pinicando.
─── Venham, suas reclamonas. ─── Nancy puxou Robin e Skylar para seu quarto. Ambas as garotas tomaram um banho refrescante e logo vestiram as mesmas roupas que estavam antes de ir até o hospital.
Quando chegou até o porão novamente, Skylar sentou-se no sofá, sem saber muito o que fazer. Wheeler e Buckley estavam no andar de cima pegando algumas coisas para passarem a noite. Max estava sentada em outro sofá, escutando música no volume alto. Dustin e Lucas pareciam conversar algo a respeito de Eddie, um assunto que não chamou muito atenção de Skylar.
─── Soube que você quis se jogar do carro hoje. ─── Steve sentou ao seu lado, estendendo uma lata de refrigerante na direção da adolescente. ─── Quer contar o motivo?
Ela pensou em apenas ficar em puro silêncio, mas achou melhor contar. Talvez devesse começar a fazer exercícios de desabafar com as pessoas para se sentir melhor.
─── Depois de descobrir que a música é a salvação temporária para não ser pego pelo Vecna, parei para analisar e, eu quase salvei a Chrissy. ─── Ela solta tudo de uma vez, gaguejando diversas vezes enquanto tenta formular a frase de maneira correta. ─── Momentos antes dela ir embora, perguntei se gostaria de dormir em minha casa para ouvirmos músicas juntas. Ela disse não.
─── E como você se sente com isso?
─── Péssima. ─── Disse. ─── Porque eu perdi novamente uma pessoa importante por falta de atenção.
─── Naquele dia em específico, você ainda não tinha noção que a música poderia salvar uma pessoa, Skylar. ─── Ele murmurou, exibindo sua voz rouca. A garota segurou fortemente seus braços, tentando sabotar sua cabeça a todo momento. ─── Você sempre se cobrou tanto assim?
─── Eu não sei, eu só... sempre absorvi o medo e seila... transformava esse medo em culpa. Sempre preferi sentir culpa do que medo.
─── Como assim? ─── Steve perguntou confuso.
─── Acho que devemos deixar esse assunto morrer, eu nem deveria estar te contando essas coisas.
─── Caso você não se sinta confortável em compartilhar, tudo bem. ─── Ele foi compreensivo. ─── Mas saiba que, desabafar nos ajuda a acalmar a mente. Quando passamos por diversos traumas e cobranças, consequentemente nos fechamos e impedimos que algo, ou alguém, entre em nossa vida e tente estancar aquela ferida aberta. Se abrir é um grande passo para você conquistar o perdão, e parar de sentir a culpa que você tanto sente.
Ela abriu e fechou a boca diversas vezes, beliscando-se porque ela sabia que Steve tinha razão. Desde o falecimento de Natasha, Skylar não contou o que sentia a ninguém, nem ao menos para a terapeuta da escola. Chrissy, que era o seu enorme amuleto da sorte, não sabia dos diversos pensamentos desgastantes que Skylar mantinha constantemente rondando em sua cabeça.
Quando seu pai recusou a conversar com a garota, ela calou-se totalmente, impedindo-a de viver corretamente. Skylar não se interessou por ninguém, desabafou com ninguém ou permitiu que alguém entrasse em sua pacata vida.
Ela não queria incomodar as pessoas. Nunca quis.
─── Eu me sinto culpada porque eu acredito que poderia ter salvo minha mãe. ─── Admitiu, brincando com as cutículas de suas unhas somente para não encarar o garoto bondoso a sua frente. ─── Naquele dia, quando cheguei em minha casa, de cara notei que ela não estava lá. Mas, como achei que estava na casa de uma amiga, eu somente disse ao meu pai e fui fazer minhas coisas. Quando ele chegou, e ela não estava em casa, acionamos o desaparecimento.
─── Na sua cabeça, o que você acha que deveria ter feito? ─── Steve pegou com extrema cautela as mãos da garota, impedindo-a de continuar machucando.
─── Eu sei lá, eu... ─── Sua voz embargou. ─── Eu teria ido atrás dela, talvez a encontrado ainda com vida. Céus, eu me sinto tão dolorida quando toco nesse assunto.
─── Você não é a culpada, Skylar. ─── Ele sussurrou, encarando-a atentamente. ─── Você mesma me disse que achou que sua mãe estava na casa de alguém, e creio que isso deveria ser comum na época.
─── Todas as noites eu tenho pesadelos com ela dizendo a mesma coisa de sempre. Ela sempre coloca a culpa em mim. ─── A garota se encolheu. ─── Eu acreditei fielmente nisso por meses.
─── Você por acaso sabia que ela desapareceria?
─── Não.
─── Ela estava com comportamento diferente?
─── Não.
─── Ajudou a procurar pela sua mãe?
─── Sim. ─── Disse rapidamente. ─── Foram horas de busca sem fim.
─── Aí está a resposta. ─── Ele segurou o rosto angelical com carinho. ─── Não há como você ter culpa nisso, Skylar. Não se machuque com isso.
─── É difícil, Steve.
─── Tente fazer esse exercício aos poucos, tudo bem? ─── Ele tirou uma pequena mecha de cabelo teimosa da face da garota. ─── Somente você sabe o que aconteceu, não se sabote com isso.
─── Por que você está sendo gentil? ── Ela perguntou de repente.
─── Você me deixa curioso. ─── Ele disse, deixando uma risada escapar. ─── Muito curioso.
─── Como assim te deixo curioso? Tem uma razão em específico?
─── Por conta da sua personalidade. ─── Ele disse, soltando uma breve risada. ─── Você é doce, gentil, brava quando quer, muito inteligente e ainda provou que é capaz de ser uma babá melhor que eu desses pirralhinhos.
─── Ah, para. ─── Dessa vez ela quem riu. ─── Você é a babá número um deles. Eles te amam.
─── Amam tanto que a Max me obrigou a levá-la até um lugar. Se eu não fizesse, ela me denunciaria. ─── Ele contou, fazendo uma careta.
─── Vocês são legais. ─── Ela murmurou. ─── Sabe, nunca imaginei que um dia iria caçar monstrinhos com Steve Harrington, antigo rei da escola, Robin Buckley da banda, Nancy Wheeler, a rainha do clube de jornalismo, Eddie Munson, o chatão do Hellfire Club e essas crianças. Essa experiência está sendo a coisa mais maluca que já me aconteceu.
─── Oras, eu também sou popular e você está listando os outros como mais importante. ─── Ele disse, como se estivesse ofendido.
─── Você era mais popular quando era um babaca total em 1983. ─── Ela disse, e o garoto arregalou os olhos. ─── Pois é, eu lembro. Que feio, Steve. Fazendo bullying com os coleguinhas.
─── Isso sim é um passado sombrio que eu não quero lembrar. ─── A garota riu, e Steve ficou igual um bobo observando a cena. ─── Você é bonita.
─── É o que?
─── Eu disse que tem um pelo na sua cara.
Skylar o olhou com tédio.
─── Eu sei exatamente o que você disse, babaca.
─── Perguntou pra que então?
Eles ficaram em silêncio. Skylar arqueou a sobrancelha, enquanto Steve não piscava os olhos.
─── Sendo bem sincero. ─── Ele disse do nada. ─── Vamos fazer um acordo.
─── E quem vai me obrigar?
─── Eu vou, senhorita Abraham. ─── Ele sussurrou, semicerrando os olhos. ─── trará grandes benefícios aos dois.
─── Hum. ─── Ela se endireitou no sofá. ─── Diga mais a respeito.
─── Quando esse caos terminar, eu prometo parar de ser tão sem vergonha. ─── Ela arqueou a sobrancelha. ─── Mas, você vai ter que sair comigo.
─── Não quero mais brincar.
─── Ah, qual é?
─── Eu nem te conheço, Harrington.
─── Por isso mesmo, vamos nos conhecer.
─── Não 'tô afim.
─── Trouxemos cobertores! ─── Nancy chamou atenção do casal. ─── Robin está vindo com alguns petiscos. Querem fazer algo ou preferem dormir?
─── Essa conversa não acabou, engraçadinha. ─── Steve disse, levantando-se e indo pegar um cobertor para Skylar. ─── É bom elas irem dormir.
Skylar suspirou fundo para não xingar o Harrington.
─── Eles não parecem um casal? ─── Dustin perguntou, e Skylar encarou o garoto que gargalhava. ─── Muito lindos, só não superam eu e a Suzie.
─── Dustin, fica quietinho, fica.
─── Max, vai dormir? ─── Lucas perguntou para a garota, e ela negou, voltando a fazer alguns rabiscos.
Skylar pegou o cobertor das mãos de Steve e caminhou até o lado da ruiva, sentando-se no pequeno sofá. A morena sentiu uma sensação anormal predominar em sua cabeça assim que bateu os olhos nos desenhos de Max.
─── Tá tudo bem? ─── A ruiva perguntou, tombando a cabeça.
─── Tá. ─── Sorriu. ─── Senti um mal estar.
─── Deita aqui. ─── Max apontou para seus ombros. ─── Irmãs que brincam com a morte.
─── Irmãs que brincam com a morte. ─── Skylar repetiu, deitando a cabeça no ombro de Max. A morena suspirou fundo antes de se entregar à alma não somente para o sono, mas também aos pesadelos.
Oie, se você chegou até aqui, não esqueça de deixar votinhos e comentários. Isso me deixa muito feliz, e também muito motivada a voltar muito mais rápido.
Ai gente, eu adoro essa conversa que o Steve teve com a Skylar. A evolução deles dois é linda demais, e vocês vão perceber isso nos próximos capítulos. Não sei se vocês perceberam, mas a Skylar é bem fechadinha e tem muito medo de se abrir com as pessoas... ela vai se soltar aos pouquinhos, e vai ser legal ver isso.
Eu tenho uma surpresa para vocês, hein? Atualmente estou escrevendo o capítulo 16, e se até domingo, data da próxima atualização, eu conseguir escrever até o capítulo 18 (pq são muito importantes para história) eu vou começar a fazer 3 ATUALIZAÇÕES SEMANAIS!!!
O próximo capítulo é bem tenso... foi difícil escrever ele :(
É isso, vejo vocês domingo, beijinhos da Anitta.
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