51. RASURAS
Como membro da Casa Maximoff, participar de jantares como esse se tornou algo casual para mim. Faz parte da lista de coisas que devo cumprir por ser filho de quem sou e nunca foi um problema, já que costumo jantar com essas pessoas desde os meus sete anos de idade. No entanto, nunca percebi o quanto o clima é tenso até agora. Sempre estive alheio ao fato de que a conversa não flui a menos que o rei fale e as pessoas mal se olham, de uma forma que me faz pensar que não é apenas pelo protocolo. Somos todos conhecidos, mas, ao mesmo tempo, estranhos uns para os outros.
Ao meu lado, assim como eu, Miranda parece desconfortável. Ficamos quietos enquanto comemos, o que me permite escutar a conversa do outro lado da extensa mesa, entre o rei e o Lorde Baumann.
"Então Justin planeja se candidatar à Aureum College", Timotheo IV sorri de modo amigável para o rapaz que, da última vez que eu vi, era bem mais magro e baixo.
"Sim, majestade", sua voz também engrossou, passada a puberdade.
"E o que pretende cursar?" Tia Irene também resolve agir com a cordialidade de anfitriã.
"Estou entre medicina por querer me tornar um legista e direito por querer ser um perito criminal".
"Que agradável", escuto Cassiopeia ironizar com um murmuro do meu outro lado.
E acho que a nossa tia deve pensar o mesmo, porque o seu sorriso cordial vacila um pouco e ela nem se digna a pensar em uma resposta.
"Isso é interessante", o rei responde. "Seu tio e eu éramos colegas na faculdade de direito, turma de 2001. Veteranos da duquesa Maximoff, embora eu não tenha concluído o curso por razões maiores".
"Meu pai me contou", Justin responde.
"Lembro-me o quanto Timotheo e o primeiro Justin Baumann eram amigos", tia Irene arranja um jeito de voltar a fazer parte da conversa. "Seria ótimo se essa parceria entre os Greenhunter e Baumann fosse renovada com você e Niklaus na Aurem College. Afinal, sei que são amigos próximos".
Olho para meu primo e sei que há algo na maneira frustrada com a qual ele olha para a mãe, o que me faz deduzir que o plano dela não condiz com o seu. Ao contrário do que tia Irene espera, Nik deve querer permanecer morando com Elisabeth em Nova Iorque, onde se acostumou a ter uma vida mais livre, longe dos deveres reais.
Justin também deve saber disso, mas assente à rainha e murmura um:
"Claro, majestade".
No intervalo da conversa, os nossos pratos de entrada são levados e trocados pelos pratos principais. Enquanto começo a cortar a carne, ouço um novo burburinho surgir, agora envolvendo os Hendrick:
"Todos sabemos que um casamento é a melhor opção em tempos de crise", George Durkheim diz, como se ele tivesse alguma moral no quesito administração de crises, sendo que a realidade é que ele é o maior gerador delas da nova geração do Grande Conselho. "Talvez fosse bom para Milorde começar a sondar por uma noiva".
Tenho vontade de rir, assim como outros ao redor da mesa que sabem o quanto isso é fora da realidade. Uma noiva para Benjamin!
"Agradeço a preocupação, Milorde, mas faz apenas um ano e meio desde a perda de meus parentes e minha Ascensão. Ainda tenho vinte e um anos, então gostaria de continuar apenas focando em realizar o meu trabalho".
Além disso, ele deve preferir subir ao altar com um noivo, mas isso não é algo que podemos comentar quando Benjamin mantém sua sexualidade em segredo.
"De qualquer forma, acredito que teremos muitos casamentos pela frente, Milorde", acrescenta a velha Lady Hendrick, a fim de colocar panos quentes sobre a situação. "O Benjamin pode esperar um pouco. É a vez de Lorde Caellum e, em seguida, Lorde Travis".
"Isso é verdade, mas concordo com Lorde Durkheim de que casamentos nunca são demais", Lorde Ventura fala. "Em outros tempos, quase nenhum destes jovenzinhos estaria solteiro. Principalmente o príncipe-herdeiro".
Ao ser colocado na conversa, Theo engasga e tenta disfarçar colocando o guardanapo de tecido sobre a boca. No entanto, toda a atenção da mesa está sobre ele, o que visivelmente o incomoda. Ainda mais quando o assunto é casamento.
"Por que eu, principalmente?".
"Sua alteza ainda pergunta?" Lorde Ventura o rebate com certa ironia, mostrando a diferença entre a sua geração e a dele. O senhor do Condado Luna é irmão mais novo da avó do príncipe, o que lhe permite agir de forma tão direta ao questionar a solteirice do sobrinho neto. "Uma monarquia é baseada em família. Na sua idade, todos os seus antepassados já estavam casados e tinham filhos".
"Eram outros tempos", o príncipe responde. "Acabei de assumir mais responsabilidades, então posso deixar o casamento para depois. Quando conhecer a noiva, quem sabe".
"Você fala como se não fosse o homem mais desejado do país atualmente, já que seus irmãos estão comprometidos", Lady Ventura percebe.
Mas Theo não liga nem um pouco para isso. Ele apenas encolhe os ombros e sorri de maneira cordial.
"Por que nós não focamos nos casamentos que já estão para acontecer?" Elisabeth se pronuncia, dando o assunto por encerrado, ao que Timotheo parece agradecido quando olha para ela, o que é novidade. Se bem me lembro, os dois irmãos são como gato e rato.
"Tem razão", mamãe a ajuda. "Crystal e Travis em alguns meses; Miranda e Caellum em duas semanas. Não sei quanto a vocês, mas admito que estou ansiosa para um evento assim após tanto tempo. Ver meu filho casando...".
"Como se a noiva fosse a que desejou para ele", vovó Nancy retruca, amarga como sempre.
Paro de fingir que estou alheio à conversa e a encaro, tendo percebido o desconforto de todos, mas, principalmente, de Miranda. Estou prestes a mandar a etiqueta para o raio que a parta, pronto para confrontar minha avó sobre até quando pretende continuar tratando com hostilidade a minha noiva. No entanto, Katherine é mais rápida:
"Tem razão, ela é melhor do que eu poderia desejar, mamãe", sem olhar a Lady, a duquesa Maximoff responde. É Miranda que ela fita do outro lado da mesa, com todo o carinho possível. "Fico muito feliz que Caellum esteja prestes a casar com Miranda, que é quem ele ama. Além de mãe dos meus netos, é uma mulher forte, paciente, amorosa e melhor do que qualquer uma que eu poderia escolher para Caellum. Sou muito orgulhosa de estar prestes a recebê-la na casa Maximoff".
Noto o agradecimento no olhar da minha noiva e eu próprio fico mexido pelas palavras de minha mãe, que são desconcertantes para os demais.
"Obrigada, Milady".
"E como estão June e Caeli, falando em novos membros da Casa Maximoff?" Lady Hendrick ajuda a redirecionar o foco da conversa e, em se tratando de meus filhos, o clima levemente tenso rapidamente muda enquanto terminamos os pratos principais.
Quando a sobremesa é servida, eu chego a pensar que vamos conseguir terminar o evento sem que nada mais aconteça e justifique meu nervosismo e desconforto com relação a estar aqui hoje. No entanto, isso se prova ser cedo demais quando estou na metade do meu mouse de Pitaya e escuto:
"Então a Taylor realmente abdicou de seus direitos como herdeira...", George Durkheim, que parece sempre em busca de uma discórdia, acha por bem mencionar a filha rebelde de Lorde Johannes.
Visivelmente incomodado, o Baumann assente com uma expressão séria:
"Sim", ele diz. "Minha filha prefere ter uma vida longe dos holofotes e dos deveres da realeza".
"Isso é bom", afirma o Lorde Durkheim. "Ao menos garantirá que as suas encrencas não voltem a manchar a reputação dos Baumann. Ela retornou para Orion também?".
O maxilar trincado de Johannes acerca da insistência de George no assunto não parece um bom sinal, mas não acho que o Durkheim esteja tão preocupado com isso quanto os seus filhos, que parecem tensos.
"Sim, retornou", Johannes diz, olhando-o com frieza. "Mas não entendo o motivo de Milorde estar tão preocupado sobre Taylor quando não é nenhum exemplo de comportamento e, ao contrário dela, ainda é membro da realeza e do Grande Conselho".
É claro que George não gosta de ser contra-atacado, o que arma toda a cena de um possível confronto velado.
"Senhores...", sendo o anfitrião da noite, Timotheo tenta intervir. "Tenho certeza de que esses assuntos não são tão importantes para o jantar quanto parecem".
"Pelo contrário, alteza, talvez sejam", o pavio curto do Lorde Durkheim fala mais alto. "Sei que é isso que todos pensam sobre mim, embora nunca tenham dito".
"Pai...", David tenta inútilmente contê-lo.
No entanto, George continua olhando para cada membro do Grande Conselho como se os desafiasse.
"Era mesmo necessário dizer?" Lorde Ventura rebate. "Cada um de nós sabe seus pontos fracos e fortes. Você mais do que ninguém sabe a mancha que causou à Casa Durkheim nos últimos dois anos. É realmente necessário que falemos em eventos? Não cause uma cena agora, George. Fique quieto".
"Ora...", Lorde Durkheim faz que vai retrucá-lo também, mas é impedido por um arrastar de cadeira que reverbera por todo o salão.
"O que pensa que está fazendo?" Vovó Nancy soa horrorizada ao fitar minha irmã, porque ela acabou de quebrar uma das regras mais simples (e tolas) que devemos seguir ao jantar com o rei: ninguém sai da mesa antes dele e, se não pude evitar, deve ao menos pedir permissão a sua majestade.
"Estou me retirando", Cassiopeia responde, como se não fosse nada demais.
"Perdeu o juízo?" Vovó continua assombrada. "Não vai falar nada, Katherine? Sua filha está faltando com o respeito".
"Sente-se, Cassie e peça desculpas pelo importuno", mamãe age no automático, soando cansada.
"Na verdade, peço desculpas se fui imprudente, mas ainda gostaria de me retirar", Cassiopeia é impassível, tão tentada a criar sua própria cena quanto George Durkheim anteriormente.
"Aconteceu alguma coisa, Lady Maximoff?" Rei Timotheo se mostra preocupado ao fitar minha irmã.
Cassiopeia demonstra um pouco de submissão ao baixar a cabeça, mas suas palavras são claramente um ataque:
"Eu apenas estou farta das trocas de farpas. Estão me causando indigestão e não acho que preciso continuar aqui quando, assim como Taylor, abri mão de meus direitos de herdeira".
Simples assim, ela causa o caos.
Exceto por mim, Miranda, Cepheus e mamãe, todos os ombros demonstram a surpresa que é cabível a tamanho acontecimento com expressões de choque.
"O que disse?" A pergunta é feita pelo vovô Patrick, que não esconde a irritação pela maneira com a qual a olha.
"O que ouviu, vovô", Cassie não parece pressentir o perigo de falar isso para ele na frente de todos os outros membros do Grande Conselho ou simplesmente não se importa de causar o que nossos avós, com certeza, devem ver como uma humilhação. "Não disputarei o Condado Morfeu no futuro. Abri mão dos meus direitos como membro da realeza e, portanto, não acho que preciso continuar presenciando a maneira com a qual lidam uns com os outros. Com licença".
XxX
Não sei se o plano da minha irmã ao finalizar o jantar com uma bomba incluía ela ir embora sem sofrer danos por isso, mas Cassie não consegue escapar da fúria de Patrick Maximoff. Assim que a minha irmã se retira do salão, vovô pede licença e a segue e, como todos conhecemos seu pavio curto e histórico violento, não tardamos em imitá-lo.
De repente, estamos quase todos os Maximoff reunidos na sala privativa de tia Irene. A parte da família que também é Greenhunter ficou no salão para ajudar a conter os danos, mas estou com Cassie, Patrick, Nancy, mamãe, tia Irene e Cepheus.
O clima, como é de se supor, é de uma fervorosa batalha.
"O que diabos você estava pensando?" Vovô explode assim que pode, encarando Cassiopeia com fúria. "Largar mão de seus direitos de nascença e ainda anunciar isso como se não fosse nada demais, soltando a notícia em um jantar qualquer e para todos do Grande Conselho. Ainda mais faltando com o devido respeito ao rei e dando à corja algo com o que nos humilhar! Ficou maluca? Enlouqueceu?".
Qualquer pessoa com o juízo perfeito ficaria abalada de alguma forma pela maneira como ele grita, bufando feito um touro. No entanto, é de se concluir que Cassiopeia não tem o juízo perfeito. Ela se mantém altiva e o encara de igual para igual ao responder:
"Lamento que esteja decepcionado comigo, vovô, mas o senhor não tem nada a ver com o que aconteceu. Não é mais o duque de Morfeu, então, apesar de ser chamado de Lorde Maximoff por respeito, a decisão cabia unicamente a mim e à minha mãe".
"Que também é uma inconsequente!" Mamãe se torna o alvo de seu ataque. "Por que concedeu a ela este pedido sem escrúpulos? É claro que a sua filha não está batendo bem da cabeça! Abrir mão da família como se não fosse nada?".
Apesar de não terem o mesmo sangue, sigo pensando no quanto Cassiopeia e mamãe são iguais. Assim como minha irmã, Katherine encara Patrick com tranquilidade e postura de duquesa, sem se deixar levar pelas emoções que, provavelmente, sente acerca de ser repreendida feito criança pelo pai.
"Apesar do que não parece achar, Cassiopeia está em pleno uso das suas faculdades mentais e é uma adulta perfeitamente capaz de lidar com as consequências de suas escolhas. Eu não posso e nem vou dizer o que ela deve ou não fazer com a própria vida, ao contrário do que o senhor fez comigo e com a Irene. Se abdicar de seus direitos e deveres com a Casa Maximoff era o que ela queria, não vi problema em conceder. Afinal, que eu bem me lembre, o senhor sempre deixou claro que não a achava adequada para me substituir, embora nunca tivesse articulado um motivo que fosse bom o suficiente, além do seu machismo óbvio".
Quase deixo um assovio escapar. Nunca vi mamãe rebater vovô assim, exceto pela noite do jantar em que ficou contra ele sobre Miranda e eu fazermos um aborto.
O próprio Patrick parece surpreso, pois deixa uma risada irônica escapar.
"Não precisa me lembrar que, apesar dos meus esforços, eu nunca consegui fazer com que você desenvolvesse o pulso firme que o cargo de duquesa exige, Katherine. Isso por si só já é uma grande evidência do porquê acho mulheres inadequadas para tamanha responsabilidade, embora, por um tempo, tenha acreditado que sua menininha fosse menos fraca", ele rebate, deixando às claras suas opiniões asquerosas sobre gênero, que me fazem querer vomitar a seus pés ou bater a cabeça contra a parede. Qualquer opção dessas é melhor do que ouvi-lo, certamente. "Diga-me, duquesa", vovô se aproxima e encara mamãe de forma superior.
Com os saltos dela, os dois têm quase a mesma altura, mas é notável que, apesar de tentar se manter firme, mamãe se intimida com ele. Foi uma vida inteira abaixando a cabeça, afinal, mas ela se esforça para o encarar como igual, mesmo que suas mãos agarrem o vestido em um óbvio sinal de que está se exigindo como nunca para fazer isso. Ele continua:
"Como pretende agir, se seus dois filhos resolverem seguir os passos da irmã? Como vai manter a Casa Maximoff?" Há agressividade até na maneira como vovô fala. "Você só tinha dois deveres, Katherine. Dois únicos deveres: segurar as pontas no governo e garantir que os Maximoff prosperem, mas, na primeira oportunidade, fraquejou".
"Na primeira oportunidade?" Mamãe fica abalada, mas, acima de tudo, raivosa. "Com que direito o senhor está me criticando? Eu me doei a isso a vida toda, Patrick Maximoff. Busquei sempre ir além das suas expectativas porque é um machista hipócrita! Vivi sob as suas rédeas curtas e, mesmo após assumir o Condado, estive sob as suas asas. Mas agora, por uma decisão minha, quer me dizer que nunca fui uma boa duquesa?" Ela o imita ao rir com ironia. "Por acaso o bom duque é o traidor, usuário de cocaína, que de dia encena a família perfeita e à noite faz uma filha na amante?"
Por um momento, o silêncio e a tensão reinam enquanto os dois se encaram com fúria e, antes que qualquer um consiga prever, mamãe é atingida no rosto por uma bofetada. Mas não de vovô Patrick.
"Cale-se!" Vovó Nancy fala, e seu tom é assustador por não ser descontrolado. Ela é apenas fria. "Como ousa falar com seu pai assim, Katherine?".
"Ficou doida?" Disparo, saindo de meu torpor e me colocando entre ela e mamãe. "Mãe...", busco ver como ela está. Há o desenho da mão de vovó em seu rosto, além de um arranhão feio, como prova da violência do ato, mas Katherine não parece surpresa ou abalada como era de se pensar que deveria estar.
"Estou bem", ela fala. "Esta não é a primeira vez que sou atingida dessa forma, querido".
"Fala como se vivesse apanhando", desdenha vovó Nancy. "Se tivesse te batido um pouco mais, talvez não fosse tão fraca e mais como a sua irmã. Irene nunca foi uma decepção".
"Exceto quando a senhora achou que ela havia perdido o rei para uma menininha qualquer", mamãe soa como se estivesse imitando algo que ouviu em algum momento, provavelmente da própria Nancy. "Poupe-me, mamãe. É completamente narcisista! Só nos ama quando fazemos o que quer. Se desviamos um pouquinho disso, perde o controle e age assim. Deve ser por isso que o papai nunca a amou".
A mão de vovó é erguida novamente, mas dessa vez estou atento e seguro o seu pulso no ar.
"Não ouse!" Rosno, mal me reconhecendo de tanta raiva que me sobe.
Vovó me olha de maneira atônita.
"Sempre soube que Katherine colocaria tudo a perder com seus Sangues Ruins", ela murmura.
A maioria, com certeza, não deve saber o que ela quis dizer com isso. Mas eu sei, e por isso ouso sorrir.
"Será que não é o seu sangue venenoso que está nos ruindo, vovó?" Eu pergunto. "Que tal se este sangue ruim realmente fizer o que tanto temem e abdicar de seus direitos reais?".
"Não brinque com isso, moleque", vovô Patrick se faz ouvir outra vez. Furioso, ele passa por Nancy e me pega pelo colarinho, a fim de que a gente se encare. "Sua irmã já colocou demais a perder. É seu dever assumir o Condado".
"É?" Pendo a cabeça, não me importando nem um pouco com a maneira como ele me olha, como se estivesse se controlando para não me partir ao meio. "E se eu não quiser? Talvez seja isso que os Maximoff mereçam, afinal: o esquecimento. Seria, no mínimo, interessante ver a imagem que criaram ruir. Família?" Eu rio. "Vocês nunca formaram uma família. Não se importam com nada além de manter o lugar no Grande Conselho!".
"Bem-vindo ao mundo real, Caellum", vovô não se abala nem um pouco. "É para isso que sobrevivemos. Acha que as outras pessoas naquele salão se importam conosco? Pois acorde! É sempre questão de poder. Lembre-se da nossa história. Estamos onde estamos por mérito próprio e não vou deixar que coloquem tudo a perder quando já chegamos tão longe e falta pouco para sermos aqueles que lançam as cartas".
"O senhor nunca vai ficar satisfeito com o que já tem, não é?" Mamãe volta a se pronunciar, e noto que a marca na sua bochecha ainda está evidente. "Já tem os Feng e os Greenhunter... Não pode apenas deixar Cassiopeia em paz? Precisava mesmo causar toda essa cena pela decisão dela de não querer assumir um lugar que nunca desejou que fosse da garota, para início de conversa?".
"O que mais eu posso fazer, não é? Ela já virou as costas para nós e você a apoiou", vovô me larga e espalma meus ombros como se pudesse apagar o modo violento com que agiu anteriormente através desse gesto mais gentil. Depois encara Cassie e, embora não faça menção alguma de atacá-la outra vez, sei que o modo como ele a olha atinge minha irmã muito mais do que qualquer ato de violência física poderia atingir. "É a minha maior decepção, sabia? Simplesmente não entendo. Se não queria ser duquesa, por que não seguiu o plano? Poderia ser a próxima rainha, Cassiopeia".
Não entendo o que há entre os dois, mas certamente há alguma coisa implícita no que vovô diz. A maneira como Cassiopeia ofega, como se tivesse sido pega de surpresa, entrega que, talvez, ele tenha acabado de revelar o porquê da minha irmã ter mudado da água para o vinho com relação à Theo.
"Do que o senhor está falando?" Mamãe se pronuncia, deixando claro que não estava ciente disso. "Por acaso, tentou arranjar um casamento entre a Cassie e o príncipe Theo como fez com Irene no passado?" Ela soa horrorizada e procura o olhar da minha tia. "Você sabia disso?".
"É claro que não", tia Irene rebate. "O plano era que o Kyle assumisse o trono".
"Plano?" Não escondo o meu assombro. "Vocês tinham um plano contra o Theo?".
"Isso foi há muitos anos", vovô trata com desdém. "Não funcionou. Timotheo insiste no Sangue Ruim como sendo o herdeiro ao trono, o que, sim, me fez cogitar uma proposta de casamento. E eu nem precisaria me esforçar muito. Cassiopeia tinha um namorico com o príncipe, mas se recusou a firmar noivado".
"Nunca vou deixar que me use pelos seus interesses", minha irmã está cinza, o que demonstra que o assunto a enoja, mas permanece firme ao se fazer ouvir. "No que depender de mim, sua busca por poder acaba aqui, Patrick".
"Então você não me conhece, querida neta. Pode achar que está dando a última jogada ao abdicar de seus direitos e deveres conosco, mas não está. Aproveite enquanto pode. Suma, de preferência, mas assim como todos que carregam o sobrenome Maximoff, é uma das minhas peças e perceberá que nunca vai deixar de se mover neste jogo conforme eu quero".
Olá, pessoas!
Postei o capítulo na surpresa porque segunda não terei tempo. Eu poderia deixar para amanhã, mas admito que a ansiedade também falou mais alto. Assim como no famigerado capítulo 38, quando os Maximoff se juntam, ocorre um ponto de virada... Agora vocês tem uma ideia BEM grande do porquê que Cassiel não rolou no passado e, se relerem o capítulo 19, verão que eu dei um certo spoiler sobre isso mkshhssk
Enfim, dona Cassiopeia chutou o balde, seu avô a expôs, Nancy foi tóxica como sempre, Caellum descobriu que é veneno que corre nas veias dos Maximoff ao invés de sangue e ainda tivemos uma rodada de fofoca e farpas para o jantar. Ah, e a famigerada história da tentativa do Kyle ser rei... (que ele não faz a menor ideia kkkkk), mas dando uma colher de chá, agora que sabem que isso rolou, o diálogo da Cassie e do Theo no final do livro do Henry e da Mia ganha TODO o sentido (ou mais ou menos), assim como a entrevista do Theo lá no Guia, em que ele diz que tem uma cicatriz na sobrancelha porque brigou com o Kyle no soco. O que eu estou querendo dizer é que deixo muita coisa na entrelinha... e que o livro dos Cassiel vai ser um mar de sofrimento.
Até a próxima <3
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