51. Vamos sair: residencia Heinz (parte 3)


Elizabeth sentiu um soco no estômago, aquela garota seis anos mais nova do que ela dando uma lição de vida que ela jamais poderia ficar refletindo. Ela já havia aceitado a muitos anos o seu destino, essa era a sua vida, o que mais ela poderia querer?

- Ela terminou – Vivienne a despertou dos seus pensamentos.

- Olha só, levou trinta minutinhos. – disse tentando começar uma outra conversa.

- Você cronometra o tempo que eles levam para solucionar? – a ruiva franziu o cenho e pegava o brinquedo interativo para guardar.

- De certa forma, assim terei controle do nível de dificuldade que eles estão tendo. Uma coisa boba, não é? Mas gosto de saber como eles estão indo para evoluirmos.

- Não é bobo, é atencioso – a menor sorriu para ela.

- Então é aqui que as donzelas se escondem? – Kitty foi a primeira a voltar. – achei que teríamos uma piscina pronta. Cadê o famoso casal Caruby? Temos um final de semana inteiro para aproveitarmos, então quem será a primeira a se jogar na piscina?

Carole e Ruby desciam juntas.

- Percebemos e escutamos sua animação lá de cima Kitty, enquanto ajudávamos os outros a se ajeitarem. – dizia Carole indo se abaixar para falar com a Blues e depois o Archie.

- Já reabastecemos a freezer com bebidas e congelados – Ruby informava – e temos diversos brinquedos para os peludões aí e os outros.

- Perfeito. Vou só tirar a cobertura da piscina, rápido! – Elizabeth deixou as duas irmãs conversando com o casal de amigas e foi ajeitar o que havia prometido.

- Vejo que você e a senhorita Heinz estão se dando bem, talvez até demais – Kitty mexeu as sobrancelhas para cima e para baixo em sinal de brincadeira. – ela é um pedaço de mal caminho, maninha! Ai, ai, se ela tivesse uma irmã gêmea! – Vivienne começou a rir – O que foi? Qual é a graça?

- Nada maninha, você baba demais na Heinz!

- Mas não podemos culpar a Kitty, desde novinha que frequentava a casa dos Heinz, Lilibeth sempre teve muitos pretendentes de ambos os gêneros. – Ruby revelava o apelido como chamava a amiga, pegando uma lata de cerveja na geladeira das suas, gostava de algo artesanal.

- Ah, isso é verdade, quando conheci a Elizabeth fiquei encantada, porém de um tipo mais fraternal, pois como a Ruby falava tão bem dela e de como ela aprendeu muita coisa que sabia com ela. Minha visão não era a da famosa fatalidade com as mulheres ou algo do tipo. Mas uma Elizabeth mais preocupada com a família, amigos e bastante protetora. – Carole comentou, tomando um pouco do gole de bebida da parceira.

- Uau, assim vocês só irão alimentar o meu crush na Elizabeth – Kitty falava rindo.

O que foi acompanhado por todas ali. Vivienne chamou Archie e Blues para o andar de cima, enquanto Kitty permanecia conversando com as outras duas.

Elizabeth tinha colocado um som ambiente para todos da casa, separado uma bela playlist com alguns sons variados, iniciando com a música: "all about that bass"; "feeling good"; "The girl from Ipanema"; "At last" "Come away with me" "Como la cigarra"

A jovem anfitriã da casa estava fazendo um churrasco de frango, carne e queijo para os convidados, enquanto o pessoal estava na piscina. Kitty, aproveitando seus dotes de saber fazer drinques estava na cozinha do deck da parte externa, perto de Elizabeth. Archie que era o mais velho pulava na piscina com Henrique, Sophie, Carole, Ruby e Vivienne. A detetive Valquíria aproveitava para pegar um bronze nas cadeiras, por ouvir que todos a chamavam de rainha de gelo, apostava em pegar uma cor e mudar esse apelido.

- Lizzy, quando é que você vai parar de escutar essas coisas e por uma música mais agitada, amiga?! – criticava Henrique por ter um gosto distinto musical da outra.

- O que você quer dizer com isso, Henrique? Seu ouvido não aprecia boa música? – alfinetava a mais velha, enquanto virava as carnes.

- Lógico que aprecio meu bem, só não essas músicas agora em um momento animado na piscina! Eu vou mostrar o que é bom! – Henrique saiu da piscina, se secou, e transferiu o bluetooth do seu celular e colocou as primeiras músicas da sua playlist, começando com: "mañana",depois "Más, Más, Más" e "Despacito".

Carole e Ruby que já estavam do lado de fora na borda da piscina, começaram a dançar com os corpos colados. Henrique pegou Vivienne para dançar despacito, colocando o corpo da ruiva perto do seu, lembravam do tempo de quando eram jovens e os dois faziam algumas performances, o moreno adorava dançar músicas latinas, dizia que era o melhor estilo para se dançar e o mais "caliente" . Vivienne tentou recusar, mas o jovem insistiu, pois já tinha bebido algumas e estava animado.

O moreno rebolou e Kitty começou a rir da versão alcoolizada de Henrique. Tanto Vivienne e Henrique sabiam que esse estilo de música requer uma aproximação do corpo e diversas passadas de mãos. Mesmo que o amigo apenas fizesse sem nenhuma intenção maliciosa, ela acabava fitando aqui e ali Elizabeth na sua churrasqueira que a olhava de volta engolindo em seco. Porém, tentava e lutava avidamente para disfarçar e encerraram aquelas danças com "que se siente"

Ao final da música os dançarinos receberam aplausos e alguns assovios de Kitty.

- Excelente!! LINDOS! H² agora para de se esfregar na minha irmã e deixa eu ver alguma música para mim! – Kitty colocou "Closer" ela puxou a irmã para irem dançar com Henrique. Os três mais o casal de amigas Ruby e Carole eram os mais animados para dançarem. Isso fazia com que Archie e Blues ficassem pulando com suas patas traseiras e rodando. Kitty começou a cantar com seu jeito desafinado

https://youtu.be/9e9NSMY8QiQ

The doors are open, The wind is really blowing The night sky is changing overhead It's not just all physical I'm the type who won't get oh so critical So let's make things physical I won't treat you like you're oh so typical I won't treat you like you're oh so typical

Os risos das outras mulheres eram notórios pelos mais animados. Depois a música da lista de Kitty mudou para "I kissed a girl" o que fez Henrique comentar em tom de sarro que todos já sabiam do que ela gostava, estava bem explícito. As mais velhas olhavam para aquela cena dos três discutindo. Enquanto Elizabeth voltava para preencher os copos das duas mulheres. Ruby ajudou Elizabeth com outros cortes de carnes, embora ela e Carole estivessem adentrado em uma nova vibe de comida vegetariana não obrigavam que os outros assim o fizessem. Para esse desmame consumiam apenas derivados do leite.

Kitty chamou a irmã para por alguma coisa que ela gostasse e a primeira música a ser selecionada foi "Man Down"

Era uma letra que fez a detetive tirar os óculos de sol para prestar atenção na reação de Vivienne, depois a música mudou para uma versão de "Shallow" e finalizou com "Hopeless Wanderer". O pessoal passou a playlist para Sophie, pois agora todos queriam entender um pouco dos gostos musicais de cada um. Sophie pegou aquele aparelho e colocou "Queen of the night" , após a música, tocou "L'amour est um oiseau rebelle"

- Sophie é clássica demais, não esperava menos da mulher que mexe com a morte – brincava Henrique. – Vamos ouvir a detetive.

- Eu passo. – Valquíria falou de forma séria e rápida.

Até ser cutucada por Sophie que falou para ela tentar se enturmar um pouco e descontrair, além de que a outra estava curiosa com o que ouvia de vez em quando.

- Não escuto tantas músicas... – alertou a detetive indo ver o que colocaria e procurando alguma na sua lista de app musical.

- Desde que não seja tão fúnebre como a de Sophie, está tudo ótimo para mim – Sophie deu um tapa no ombro do amigo que adorava implicar com as amigas.

- Você não tem um bom ouvido para a opera, Henrique. – retrucou Sophie.

Enquanto eles discutiam sobre música, Valquíria colocava "The phantom of the opera" com uma versão de metal sinfônico para contrastar com o clássico de Sophie.

https://youtu.be/tL25rbnvM4o

- WOW – gritou Henrique chacoalhando a cabeça com o metal que acabara de ouvir – ela é com toda certeza um oposto mais animado de você Sophie! YEAH! – vibrou Henrique pela escolha da detetive que mostrava o quanto Sophie e ela podiam se complementar e as formas distintas de vibrações do clássico ao metal, afinal havia a versão em opera dessas músicas, apenas a detetive ouvia em sua forma metal sinfônico. E por último ouviram um "Vilja lied"

- Essa mulher é completa, se você não casar eu a pedirei em casamento – brincava Henrique com Sophie que ficou rubra como uma pimenta.

Valquíria não disfarçou o sorriso branco e perfeito, arqueando sua famosa sobrancelha. O que deixou Sophie ainda mais vermelha como os cabelos de Vivienne e Kitty.

- Agora faltam vocês duas aí – o moreno apontou para Carole e Ruby. – Pensam que vão ficar de fora?

https://youtu.be/yN_Bx6BaYfk

- Por vivermos juntas tem alguns anos, acabou que mesclamos nossos estilos e gostos. – iniciou Carole. – Essa música foi quando conheci a Ruby... "The loneliest Girl"

Depois foi a vez de Ruby colocar da mesma banda After the fire.

A tarde passou calma com mais algumas brincadeiras e piadas, outras bebidas, lançamento de frisbee, brincadeira com o slalom para os cachorros da casa bem como Archie e Blues. Para esse momento, Elizabeth dedicou um caça ao tesouro para a Blues treinar o seu faro, enquanto para o Archie devido a brincadeira pesada que acabara tendo com os outros, estava responsável por um tapete congelado de lamber. Border Collies e Goldens demandam perda de energias distintas e o estimulo naquela idade da pequena Blues era o essencial.

Já tinha um tempo que Bess treinava o "procura" com a Blues. A ideia era ela encontrar os petiscos escondidos por todo aquele jardim. Rapidamente a atenção da detetive foi capturada pela pequena border que farejava e buscava cada petisco, enquanto a outra monitorava seu tempo. Valquíria se aproximou de Bess, ficando ao seu lado e achando aquilo muito interessante.

- Cachorros possuem um faro impressionante, não acha? – comentou a detetive.

- Um fato curioso sobre os cães é quanto a sua capacidade olfativa, por exemplo, eles poderiam encontrar uma gota de sangue em meio a vinte piscinas olímpicas, por exemplo. – comentava Bess, enquanto seguia Blues, vendo-a encontrar cada petisco escondido atrás de vasos de plantas, enterrado numa parte do gramado, subindo e descendo umas escadas.

- É impressionante. O que mais há de curiosidades? – indagou a detetive.

- Bom, segundo algumas informações, os cachorros conseguem saber que estamos chegando em casa, pois o nosso nível de odor ele vai diminuindo e quando esse nível chega a um menor grau, eles associam que passamos muito tempo fora, ao horário que estamos chegando em casa. De forma mais clara, supondo que há uma barra com 100% do nosso cheiro que o cão sente. Devido a nossa rotina gastamos, hipoteticamente, 50% e também hipoteticamente quando atinge essa porcentagem sejam sempre as 18h. Logo, o cachorro irá relacionar que quando 50% do seu cheiro some na casa, é a hora de você chegar. – explicava Bess fascinada com o mundo animal.

- É mesmo um tanto lógico e prático! Eles estão certos em pensarem assim. – Valquíria a acompanhava um tanto reflexiva - Sabe, ando pensando em um projeto que envolva cães farejadores como uma equipe K-9. – comentava a detetive com os braços cruzados em uma postura sóbria - Deve ter ouvido nos noticiários sobre a Russia e a Ucrânia. Os ucranianos usaram um cão farejador batizado de Patron do esquadrão anti-bombas em Chernihiv no norte da Ucrânia. O cachorrinho ajudou a identificar mais de noventa bombas durante a essa tensão e louca guerra que está ocorrendo. Atualmente na nossa cidade não temos um esquadrão desses ou mesmo um grupo com cães de resgate e ando lendo sobre isso. Na identificação de pessoas, de armamento. Acha que pode me ajudar com algo? – as mulheres pararam de andar e se encararam. Elizabeth colocou a mão no queixo e fitava a Blues.

- Bom, pelo que andei sabendo um pouco do assunto, o programa "K-9 de busca e resgate com Cães" começou com o corpo de bombeiros unidos na cidade de São Paulo. É um treinamento árduo e meticuloso, é uma operação para pronta resposta de vítimas em situações de colapso, presa ou mesmo encarceradas. Será necessário um instrutor com conhecimento em situações desse tipo e que possam saber os níveis de treinamento. Principalmente a dessensibilização em diversos níveis de ambientes, situação de perigo – Bess percebeu que Blues tinha encontrado todos os petiscos e agora estava sentada na frente delas.

- A cadelinha de vocês é bem esperta, eu darei alguns telefonemas, você não estaria interessada em inscrevê-la nesse projeto? Apenas como um momento experimental. Para ver como podemos nos sair, o que acha? – Valquíria fez carinho na Blues que lambeu a mão da outra em resposta.

- Como a Blues é minha e da Vivienne, acredito que devo conversar com ela antes sobre isso, estaria de acordo? – a advogada a olhou.

- Sim, de acordo! É o tempo que organizo as coisas então, entrarei em contato com vocês para saber a resposta, tudo bem?

- Perfeito! – a loira disse por fim.

O jantar ficou de Henrique pedir três pizzas grandes com sabores variados e vinhos. Todos ficaram juntos até que Elizabeth teve que se ausentar, pois ela trabalharia ainda em alguns últimos slides para ser apresentado para a turma de pós-graduação em direito.

Batidas foram ouvidas e Vivienne trazia um chá de camomila para ela conseguir ter uma boa noite de sono e melhorar a quantidade de bebida. Elizabeth estava tão focada no seu computador escrevendo os últimos detalhes que não viu Vivienne entrar.

- Eu trouxe um chá para você – dizia a ruiva

- Ah, Enne, eu não escutei que entrou – a mais velha retirou os óculos arredondados de leitura que só utilizava nessas ocasiões e a fitou com um sorriso de lado. – Obrigada, não precisava se incomodar.

- Mas não foi incomodo. – dizia ao dar a xícara para ela. – O que irá apresentar amanhã?

- Isso? – apontou para a tela do computador – irei apresentar um pouco de seguridade social para a turma de pós em direito trabalhista que fará link com a disciplina de seguridade social. Infelizmente ou felizmente, a universidade ainda não encontrou nenhum substituto para essa disciplina e como há alguns anos atrás estive participando ativamente do quadro de cargos comissionados na Justiça Federal do nosso Estado, eles me acharam qualificada para expor um pouco sobre. Afinal, poucas pessoas gostam de se envolver com seguridade social por acharem demasiadamente complicada, mas no final tudo termina em aposentadoria, auxílio doença e etc – Vivienne prestava atenção no que a outra estava explicando – Então, é interessante para um advogado da seara trabalhista entender como funciona esses dois direitos tão próximos, assim está incluso na grade do pós-graduando esse requisito. Principalmente quando um trabalhador ele se machuca por alguma doença do trabalho ou até incapacitante, será pleiteado junto ao Tribunal de Justiça ou um auxílio doença ou casos de aposentadoria por incapacidade.

- Entendo, e o que irá falar sobre essa disciplina? – Vivienne se sentou no sofá que provavelmente seria a cama da mais velha naquela noite, supôs. Elizabeth saiu de sua cadeira e foi sentar perto dela.

- Eu tenho uma tendência a gostar de conectar os assuntos como uma verdadeira teoria das cordas. Muitas vezes não há direito sem contexto histórico, pois o direito começa a se impregnar e ter sua ascensão com a própria história. Então, é justo retomarmos um pouco de história.

"Durante o final do reinado da Rainha Elizabeth, por volta de 1601, a Inglaterra criou a "lei dos pobres" era um fundo com contribuição da sociedade, conduzido pela Igreja para ajudar aqueles que não tinham trabalho ou mesmo condição para sustentar seus filhos e familiares. Essa ajuda estava atrelada ao ideal de caridade religiosa. Então, o desenvolvimento da segurança social implementada a partir do Estado está atrelada ao próprio desenvolvimento dos modos de organização do Estado e do Direito Constitucional. Há autores que atribuem a Lex cássia terentia, por iniciativa de Caio Graco, 70 AC. A primeira norma de Seguridade social."

"Relação entre desenvolvimento da segurança social com os modos de organização estatal/Direito constitucional: O Estado liberal tinha por característica ser um Estado mínimo – liberdade individuais, o Estado deve se abster de interferir na sociedade. O sucesso profissional e o bem-estar familiar não eram objetivo do Estado, dependendo do mérito individual, ocorrendo a desigualdade das condições entre os cidadãos."

"O modelo do Estado Liberal foi substituído para o Estado do Bem-estar Social com objetivos de atender outras demandas da sociedade, além das necessidades elementares, especial no campo social, exemplo de previdência social, saúde, atendimento a pessoa carente. É possível afirmar que, até os primeiros anos do século XX, os Estados liberais, tendo o Reino Unido e os Estados Unidos como principais representantes, prevaleceram no mundo ocidental. No entanto, a Primeira Guerra Mundial (1914-1919) e a crise econômica de 1929 abalaram as estruturas político-econômicas vigentes até então. Assim, surgiu uma brecha para a ascensão de propostas alternativas."

"Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Estado norte-americano passou a aderir com mais intensidade aos ideais intervencionistas, adotando a doutrina keynesiana. Um modelo análogo foi idealizado pelo economista sueco Gunnar Myrdal e posto em prática por países europeus. Deu-se a esse modelo o nome de welfare state (em português, Estado de Bem-estar Social). Trata-se de um governo protagonista na manutenção e promoção do bem-estar político e social do país e de seus cidadãos."

"Enquanto isso, no território brasileiro, a primeira Constituição a conter o termo "aposentadoria" foi a de 1891 que concedeu a inativamente somente para funcionários públicos no quesito de invalidez. Assim, devemos ter em mente uma coisa que a seguridade social ela lida com três pilares, sendo a assistência social; a saúde e a previdência social."

Elizabeth acabou de explicar um pouco de forma breve o teor histórico da seguridade social e que focaria em um dos três pilares da seguridade social, no caso, a previdência social.

Vivienne estava encantada por escutar a outra explicando algumas questões da sua aula. Vasculhou os olhos mais uma vez por aquele cômodo e percebeu que logo mais ela iria ajeitar as coisas para ficar lá fora.

Batidas foram ouvidas, era Ruby.

- Lilibeth, não acredito que trouxe sua amiga para casa de praia para fazê-la ouvir seus monólogos de aula. – rolou os olhos e depois fitou Vivienne. – Ela fazia isso nos primeiros dias que começou a dar aulas. Você vê essa pose toda de confiante, mas sempre repassa um texto várias vezes para que não saía nada errado. E adivinha quem precisa ouvir tudo? A gente. – riu – fica tranquila que está excelente essa apresentação.

- Eu não estava obrigando-a ouvir, apenas respondi uma questão feita – tentou disfarçar.

- Eu sei bem como é o seu disfarce Heinz! Vamos, todos estão esperando e com toda certeza as crianças da pós-graduação irão ficar bem. E tenho pos visto que você deve ter feito uns 110 slides.

Elizabeth ficou calada.

- Eu sabia. – Ruby puxou as duas para fora do escritório. – Deixamos fora o material com as barracas caso você use.

Isso fez Elizabeth sorrir e inquirir para Vivienne:

- Você já acampou, Enne? – questionou a outra com certa curiosidade.

- Você parece uma caixa de aventuras, senhorita Heinz. – brincou a outra. – Mas não, nunca acampei na vida.

- Eu gosto de me conectar com a natureza. – dizia a Heinz.

- Então parece que você terá a chance de ser convidada para acampar Vivienne, Deus tenha piedade da sua alma. – Ruby sorriu e deixou as duas ali.

- Não ligue para ela, Ruby adora tirar sarro comigo. Isso porque a Izzy adora fazer isso.

- Ela sabe da existência de Izzy? – inquiriu em tom baixo e curiosa.

- Não, somente Niles sabe, pois nos viu nascer, todos que sabem disso moram na mansão Heinz e de lá não sai nada.

Elizabeth pegou a barraca que havia separado e foi para a parte dos gramados da casa com um belo visual.


Elizabeth  possuía diversos tipos de barracas algumas de teto expedition tradicional de 1,9m equipada para cinco pessoas da bluecamping. Esse tipo de barraca são para serem equipadas acima do teto do carro ideal para quem faz camping e viaja para alguns locais. Como ficaria no solo mesmo, optou por uma simples. Barraca camping air seconds da decathlon para oito pessoas. Uma barraca impermeável e não passando também raios UV. A barraca veio composta com varetas de fibra de vidro, teto duplo, resistente ao vento, habitáculo, e estacas. Elizabeth perguntou se a outra já havia montado alguma barraca na vida, a mais jovem, negou.

- Bom, terá sua primeira experiência. – falou com um sorriso.

Começaram com as estacas, sendo compostas por 14 unidades cada uma com 16 centimetros cada. Quatro das unidades ficaram para o piso, enquanto seis serão utilizadas para fixar as beiradas do sobre-teto no chão e mais quatro extras para as "cordinhas" do sobre-teto. Elas enterraram até a ponta da curva do espeque para não correr o risco do vento deslizar uma parte do sobreteto.

Enterrado as estacas, elas foram para os três agrupamentos de varetas de fibra de vidro com acabamento em aço. Há um elástico interligando as varetas de fibra de vidro o que facilitava para não perder nenhuma das partes, Elizabeth fez o procedimento com uma e Vivienne replicou na segunda, observando atentamente o que a outra fazia. Afinal, agora deveria interligar as várias varetas de cada haste, deixando as varetas presas umas às outras, ficando tudo pronto para começar a levantar a barraca.

O piso ou habitáculo foi estendido no chão, as varetas encaixadas umas nas outras foram posicionadas em seus lugares, as duas mulheres foram prender a haste de fibra de vidro no piso. Elizabeth mostrou onde ficaria o encaixe das hastes de fibra de vidro e qual parte deveria ficar o espeque.

A barraca estava sendo erguida, o habitáculo apresenta uma área telada bonita e generosa, favorecendo o vento. O acesso para a parte interna da barra é em forma de "U" e uma grande janela na parte traseira em forma de "u" invertido, também compõe a barraca dois bolsos para pequenos objetos nas laterais internas. Após tudo isso estava pronto.

Os cachorros sentaram perto das mulheres e Elizabeth trouxe umas madeiras para acender uma fogueira. Disse para a outra que tinha marshmallow para serem assados na brasa. Com pouco tempo aquele cheiro começou a atrair o pessoal que adoraram a enorme barraca e o fogo que estava sendo feito.

- Olha só, vocês não se incomodam de ficarmos com vocês? – indagou o amigo, puxando uma cadeira para sentar e um gravetinho para esquentar seus marshmallows

- Podem aproveitar do momento. – falaram ambas.

Todos se sentaram ao redor daquele fogo contando algumas de suas histórias fazia tempos que não se conectavam tanto com a mãe natureza.

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Como fora combinado, pela manhã Elizabeth já não estava mais lá, havia ido para a universidade dar aula. Apenas os convidados ficaram naquela casa. O café da manhã foi preparado por Vivienne que ficaria responsável, enquanto Henrique cuidaria do churrasco do almoço na parte da tarde e a noite a responsabilidade da comida seria de Sophie, as demais lidariam com a louça.

Pela manhã Vivienne se deparou com Valquíria e Sophie que já haviam levantado e Sophie decidiu ajudar a mais nova com a alimentação para não deixa-la lotada, enquanto isso Sophie pediu para Valquíria colocar a ração e o comer dos cachorros, Vivienne indicou como Elizabeth preferia fazer e Sophie comentou:

- A Albina gosta de cansar a atividade cerebral dos animais, acho uma forma fascinante de fazer essas criaturinhas pensarem. Ela faz alguns treinamentos com ele. – Sophie preparava umas torradas para o dejejum, enquanto olhava Valquíria colocar a ração da forma que haviam explicado.

- Acho interessante, é um desperdício o nosso departamento não ter investido em cães farejadores, poderia ser muito útil. – comentava a detetive acariciando os dois peludinhos. – falei isso com a Elizabeth

- Tenho certeza que é um assunto que ela gostou de discutir sobre e talvez vocês possam pensar em algo – Vivienne comentou, enquanto preparava um suco e olhava o café ficar pronto.

- Sim, certamente. – dividiu cada comedouro lento para os animais e fitou Vivienne – E agora, precisa de mais alguma coisa?

- Não, não, esse comedouro lento, apenas ajuda na digestão deles para não comerem rápido demais, Elizabeth já deixou o jardim pronto com atividades para eles fazerem e tem uma piscina de bolinhas la no fundo. – Vivienne colocava um copo de suco para Valquíria outro para Sophie e outro para ela mesma.

- Ela adora mesmo os animais. – Valquíria se aproximou da bancada pegando o seu copo e provando.

- Sim, desde que conheço a Albina ela sempre teve algum animalzinho por perto ou cuidando de algum. Na época a alguns anos atrás ela tinha o Joe. Um lindo Border tricolor, foi encontrado na rua. – Sophie tomava aquele suco de morango com hortelã, estava uma delicia. Ela partia algumas fatias de melancia e mamão para quem quisesse.

- Foi, ela amava muito aquele cachorro, foi uma fatalidade. – Vivienne tinha o olhar perdido, sendo percebido e analisado pela detetive.

- Bom dia, flores do dia! – chegava Kitty animada já pronta para tomar um banho de piscina. – Alguém aí vai para a piscina?

- Você não vai agora, tem que se alimentar! – Vivienne chegava para a irmã com um copo de suco feito por ela. A mais velha revirava os olhos e sentava para poder tomar o suco.

- Gente, vocês acordaram cedo demais, aqui ninguém sabe acordar tarde quando estamos aproveitando? – Henrique apareceu por último, afastando uma cadeira para sentar.

Conversaram e decidiram aproveitar o resto da manhã, Vivienne enviou uma foto de todos se divertindo com Archie na piscina para Bess, que já estava próximo ao horário de almoço e possivelmente o intervalo da turma. 


Ela respondeu no telegram com "Parece que todos estão aproveitando! E você, não está? Não vejo você na piscina com eles." Quando Vivienne leu essa mensagem, decidiu mandar uma foto sua com a Blues, estavam fazendo o treinamento que ela havia ensinado. Respondeu a mensagem com "Estamos treinando, mas quando alguém puder ficar tomando conta dela, para não cair e ocorrer alguma coisa, irei."

Elizabeth adorou receber a primeira foto de Vivienne com a Blues, de fato estavam lindas, ela sorriu ao ver tudo aquilo, desejaria voltar para estar com todos, principalmente para o lado de Vivienne. Contudo, ela não poderia ir, sua irmã que estaria lá, após finalizar essa aula, pois ela deveria entregar o carro para ela.

Mais uma mensagem parecia está chegando de Elizabeth para Vivienne, "Está gostando de treinar a Blues, gosto de ver assim. Mas não se preocupe muito com isso, leve tudo como uma brincadeira, é importante também para você aproveitar, existe muita coisa para se fazer aí, a praia é perto. Já andou de caiaque? Aposto que adoraria" Vivienne lia aquelas palavras e depois fez um vídeo de Blues andando e pulando para a piscina de bolinhas, estava toda animada, ela então respondeu a mais velha com outra mensagem "Não se preocupe, iremos nos divertir, por hora, quero criar um bom laço com a pequena Blues. Fiquei durante muito tempo no mar, porém não tive o prazer de fazer tal aventura com o caiaque. Quem sabe depois. Você já se alimentou, não está ocupada aí?", Vivienne via que ela estava online e parecia falar só com ela, pois rapidamente a outra aparecia com a característica de digitando. Não demorou muito para receber uma foto do que estava comendo.

"Estou em um restaurante perto da universidade, temos alguns minutos para fazer a refeição e voltaremos a aula. Combinei com a turma de almoçarmos por 30 minutos, ao invés de gastarmos 1 hora. Assim, posso liberar 30 minutos antes e não ficará tão tarde para a Izzy pegar a estrada. Não sabia que passou um tempo no mar, acho que deveria aproveitar isso, é divertido quando se faz com amigos. Eu terei que ir agora, podemos nos falar depois. Não esqueça de se divertir, Enne! Beijos para todos!" Foi o que a loira mandou e ela achou interessante como parecia ser cuidadosa e não ligava de conversar com ela.

Vivienne também tinha o contato de Izzy, mas falavam coisas pontuais sobre as agendas, reuniões. Hoje talvez fosse um dia que falassem mais, pois ocorreria a troca. Após algum tempo, Kitty iria pedir um Ifood para todos ali, só que seu cadastro e seu cartão estavam atrasados e precisava fazer um novo, assim pediu os dados da irmã. Seu CPF e o nome completo.

- Você quer ganhar aqueles cupons com entrega grátis fazendo uma nova conta no meu nome? – Vivienne revirava os olhos

- Vamos lá, Enne, não seja tão ranzinza. Eu vou pagar, só quero alguns descontos! – insistia a irmã com o celular na mão. Vivienne pegou sua carteira ainda contendo o nome de casada e deu para a irmã, assim ela teria todos os dados que precisaria.

- Vou retirar o frango para o H² fazer o churrasco, está no turno dele. – Vivienne se dirigiu para a cozinha dali e encontrou com Carole que preparava uns aperitivos diferentes para os convidados provarem ao estilo vegetariano a base de frutas, queijo tofu e soja.

- Oi Vih! Precisa de alguma coisa? – inquiriu Carole, enquanto lavava as frutas para começar a cortá-las.

- Oi Carol, nada, ia somente tirar o frango para descongelar para o churrasco para o Henrique preparar. – explicava, retirando as partes mais macias do frango para descongelar na bancada de mármore.

- Ótimo, estou fazendo algo diferentes para vocês degustarem também. Mas como foi sua noite, soube que dormiu com a Liz na barraca. Vocês são próximas?

- Bom, de certa forma sim, estou passando uma temporada na casa do Henrique que é vizinho dela e acabei sendo contratada no estúdio como o cargo de secretária pessoal dela. Isso acabou fornecendo uma aproximação entre nós. – explicava, enquanto ajudava a outra com os cortes das frutas.

Carole ouvia com atenção a fala da ruiva, mas sem desviar os olhos do que estava fazendo, odiava se cortar por bobagem.

- Em todos esses anos que moramos aqui na casa da Lizz, ela nunca trouxe ninguém ou amigos, sempre aparecia sozinha. Embora, soubéssemos dos inúmeros casos amorosos de uma noite – continuava a psicóloga e psicanalista – é bom vê-la conectada com outras pessoas e tendo laços sólidos.

Vivienne conseguia entender a razão das Heinz serem assim, o segredo que carregavam, mas quis saber a análise que Carole estava fazendo.

- O que quer dizer? – fitou a morena que parou o que estava fazendo para retribuir o olhar.

- A primeira vista o espectador poderia encaixar Elizabeth como uma narcisista apaixonada sem escrúpulos. Ela conduzirá você a acreditar que o que vale é aquele momento de prazer e que é uma pessoa que não considera os sentimentos dos outros, faltando-lhe empátia. Estando interessada no triunfo sobre a mulher que subjugam. Um tipo de histeria para o sentido clínico do que estamos falando. – continuava Carole.

- Pode explicar mais? – Vivienne quis saber mais.

- Sim, esse sentimento de busca pelo prazer, alguns filósofos falam sobre o hedonismo, no qual o prazer é o ator principal – Carole abria a massa que havia feito anteriormente com farinha de mandioca, ovos e aveia. Cortava o tofu e desligava do forno a proteína de soja. – Temos alguns exemplos na literatura, Don Juan, Casanova, o excêntrico Marques de Sade. Porém, cedo ou tarde, esse impulso de sedução compulsiva termina mal, com o acúmulo de frustração, vazio interior e talvez uma insignificância da vida, o que conduziria ao desespero.

Vivienne deu o goto em seco. Era a única que sabia que Elizabeth eram duas pessoas, logo a que estava aqui era Bess e a de quem estamos falando é de Izzy e ela queria entender mais sobre a gêmea devassa.

- Você disse que ela levava a acreditar nisso, correto? Por que? – Vivienne a olhava trabalhar na comida.

- Escute, Vivienne, eu não analiso meus amigos, apenas descrevi o que a primeira vista alguém de fora e que não convive com a Elizabeth pode pensar dela e seus inúmeros casos. – continuava a dizer fitando Vivienne. – Até mesmo as mulheres com quem ela dorme devem pensar que Elizabeth é o Casanova desse tempo, diversão, mulheres, sexo sem compromisso, prazer em tudo e uma pessoa que não liga para os sentimentos alheios.

Vivienne recordou de si nesse momento. Era isso que achava de Elizabeth ou melhor de Izzy, uma súcubo.

- Mas, toda história tem dois lados e Elizabeth não é só isso que ela mostra. É alguém extremamente cuidadosa, diferente do que as pessoas que a conhecem uma vez ou por uma noite. Assim, existem recalques e resistências, segundo a psicanalise, que só com o tempo e ela se permitindo se abrir que ela entenderá. Porém, é bom ver que ela está permitindo a entrada de amigos na sua esfera intima, além de nós. – estava feliz pela amiga.

Enquanto isso, Kitty, estava fazendo o cadastro com os documentos de Vivienne, assim a irmã poderia fazer o pedido de comidas e bebidas. Com menos de 30 minutos os entregadores chegaram e Kitty foi abrir a porta, deixando a carteira em cima de uma mesinha na área da piscina. Valquíria que estava ali perto, acabou olhando o nome da jovem Vivienne Lamartine Hoffman, sua sobrancelha arqueou, conseguiu decorar o CPF e pegou para devolver a Vivienne.

- Olha, estava na mesinha da piscina. É bom guardar, esses documentos dão trabalho para serem retirados novamente – falava a detetive.

- Você tem razão, mas precisarei fazer um outro em breve. – Vivienne pegava aquele documento e a detetive indagou por qual razão. – Pretendo me separar.

- Hum... Seu nome de casada é Hoffman, é casada com um dos filhos do falecido Hoffman? – a detetive sentou em um dos bancos próximo a ilha que Vivienne estava separando as carnes, Carole havia feito os bolinhos vegetarianos e colocava no forno. Esta já havia saído para se lavar, pois tinha se sujado um pouco, foi tomar uma ducha no andar de cima, deixando somente a detetive e Vivienne ali.

- Sim.. com Alexander Hoffman. – Vivienne odiava até pronunciar o nome dele.

- Parece ter tido problemas... – a detetive a sondava.

- Acho que nada que já não imagine... – Vivienne pausou – todo casamento sempre começa as mil maravilhas e com o tempo as mascaras caem e os segredos são revelados. – Vivienne, terminou de separar cada parte para entregar a Henrique.

- Que tipo de segredos? – Valquíria a olhou intrigada.

Henrique chegou, juntamente com Kitty.

- Vih, cadê essa carne, menina? A churrasqueira já está pronta e o fogo também. – O moreno olhava procurando o que desejava.

- Aqui, comprei acompanhamentos e algumas bebidas! – Kitty colocou as sobremesas na geladeira e os frios iria partir para colocar em cada recipiente. A bebida também levou para a geladeira as frias e as outras deixou fora.

- Podemos continuar a conversa depois, Val? – Pediu Vivienne devido a toda a turbulência que estavam.

- Que conversa? – Kitty chegou por último com a pequena Blues no colo adormecida de tanto brincar na piscina de bolinhas.

- Vivienne contava algumas razões do seu divórcio com um dos Hoffman. – Valquíria fora objetiva.

- Ih Val, essa história até eu estou querendo saber e ela não libera! – revirou os olhos. – Acredito que depois de algumas bebidas, essa menina libere a razão.

Valquíria encarava para Vivienne que parecia está sem graça, certamente não havia contado para ninguém ainda o motivo de sua separação. Embora, de todas as pessoas, Valquíria começasse a juntar as peças.

Blues foi colocada na cama para descansar um pouco, enquanto Archie continuava elétrico. As mulheres foram se bronzear, Henrique fazia o churrasco e Kitty preparava novas bebidas com ingredientes que havia solicitado e os que tinham na casa. Rapidamente chegou as 17 horas e nada de Elizabeth voltar. Izzy mandou uma mensagem para a Vivienne informando que agora que iria sair de casa, perguntou se todos precisavam de alguma coisa, comida ou algo do tipo. Vivienne negou, apenas disse para ela ficar alerta na estrada.

Demorou algumas horas para Elizabeth chegar, precisamente as 20 horas quando a garagem foi aberta, a casa toda era aos risos e Archie que havia latido no início reconheceu a outra e ela falou diretamente com ele.

- Calma garotão, veja só, sou eu. – demorou um tempo passando uma das mãos nele e se dirigiu para a cozinha. Dali era possível ver boa parte da piscina, onde todos estavam reunidos. Archie, não seguiu a mulher até aquele cômodo e resolveu deitar. Vivienne que estava se aproximando percebeu que o cachorro não ficou como uma sombra, como costumava ficar em Bess.

"Realmente, o Archie sabe quando é a Bess e quando é a Izzy" – pensou.

Izzy, abria a geladeira e retirava uma Heineken, abriu e começava a tomar, havia colocado três pizzas na bancada quando viu a ruiva sentada.

- Você já vai beber? Você se alimentou? – indagava a ruiva que só via Bess beber de quando em quando, ao menos quando era solicitada para fazer o acompanhamento, enquanto Izzy, já estava com uma cerveja na mão, sem ter comido nada.

Ela pediu para a outra esperar enquanto tomava aquela garrava de Heineken de uma vez, apreciando o quanto estava gelada. Ao finalizar, colocou na pia de mármore, lavou as mãos, e retirou um pedaço de pizza de champingnon, deu uma mordida, engoliu e respondeu a outra.

- Sim, estou me alimentando! – brincou e esboçou um sorriso. Vivienne revirou os olhos. – Você se divertiu? Soube que foi intimada a fazer isso.

Lembrou que tudo o que conversava com uma a outra mais tarde iria saber. Apenas fez que sim com a cabeça e saiu da bancada dizendo que iria fazer algo de verdade para ela comer.

- Mas pizza é algo de verdade. – protestava a outra.

- Você se alimenta sempre ruim assim? – Vivienne a olhava pegar outra cerveja na geladeira, e rapidamente retirou da sua mão. – Se alimente, coma direito e aí você bebe, vamos.

- Você ouviu a madame – aproximava Kitty – cancerianos sabem como ser mães. Exercem isso naturalmente que não percebem. Então, se você  não quer receber mais reclamações, sugiro que comece a comer – Kitty se aproximava, indo pegar uma bebida.

- E você também já se alimentou para beber? Talvez cancerianos pareçam mães, por haver pessoas tão irresponsáveis quanto vocês duas no que diz respeito beber sem comer. – Vivienne estava de braços cruzados.

- Hum.. isso é pizza? – dizia a outra ruiva olhando todas as embalagens.

- Servida? – Elizabeth dizia ao comer outro pedaço.

Vivienne revirava os olhos. O aparelho telefônico de Vivienne que havia sido mudado pelas irmãs gêmeas acaba de vibrar, ela foi ver quem era e a mensagem no seu telegram dizia: "Estão todos bem aí? Izzy chegou? Ela ainda não me avisou, na certa deve está bebendo nesse exato momento." Vivienne abriu um sorriso discreto que foi rapidamente percebido por Izzy que encarou por algum tempo e depois voltou a comer, mas ainda olhando de soslaio como a outra respondia.

Vivienne então falou "Sim, ela acabou de chegar e você acertou completamente. Estava bebendo cerveja, mas estava tentando fazê-la comer primeiro." Ela enviou a mensagem e Kitty levava as pizzas para os outros membros da casa.

Vivienne estava ajeitando outros aperitivos para acompanhar, preparava uma tábua de frios, pedaços de queijos, azeitonas, palmito, fatias de pão italiano, salame e outros; havia ainda nachos com molhos e guacamole para quem quisesse ainda. Naquele momento só estava Izzy e ela, quando a outra falou bem baixinho em seu ouvido.

- Você gosta de falar com a minha irmã, não é? – se afastou, enquanto terminava o pedaço de pizza que estava comendo.

- O que quer dizer com isso? – Vivienne se virou e a fitou intrigada, não conseguiu entender a pergunta.

- Nunca vi você sorrir daquela forma quando fala comigo ou com outra pessoa, inclusive qualquer outra pessoa que está aqui nessa casa ou seus familiares. Mas você recebeu uma mensagem dela agora pouco, não foi? – Izzy se aproximou para poder ver o celular de Vivienne e a tela de conversa – e você sorriu. Você sorri diferente para ela.

Vivienne ficou constrangida, ela não sabia que sorria quando recebia uma mensagem de Bess, muito menos que sorri diferente, era algo totalmente involuntário e na certa não perceptível ou consciente para si.

- Seu silêncio mostra que você não sabia disso. – Izzy não quis se exibir ou provocar a outra. Pelo contrário, ela não brincaria em algo envolvendo a irmã. Ela tomou uma postura séria diferente da que normalmente agia com Vivienne, o que fez a ruiva lembrar da Bess. – Você de fato não deve ter consciência de como haje perto dela, mas aconselho tanto para você, quanto para nós, pensar um pouco.

- O que quer dizer? – Vivienne queria de fato entender. O que Elizabeth estava insinuando para ela?

- Eu não posso analisar você e entregar para você, não porque eu não queira, mas porque isso seria uma quebra do seu próprio entendimento. – Izzy se aproximou e colocou amigavelmente a mão no ombro da outra. – Eu não posso dizer o que estou entendendo disso tudo, você precisa percorrer essa estrada sozinha.

O silêncio dela fez com que Elizabeth pegasse algumas bebidas e fosse se juntar aos outros, falando um agitado "Olha quem voltou!".

Vivienne estava reflexiva sobre aquelas informações e o aparelho vibrou em seu bolso, sim, saber que a mensagem provavelmente era da Bess, a fazia abrir um sorriso involuntário. Bateu na testa como um gesto de censura e demorou um pouco para verificar aquela mensagem, levando a tábua de frios que havia feito.


26 de fevereiro de 2018 - músicas

Europa tour version

Nina Simone

Stan Getz & Astrud Gilberto

Etta James

Norah Jones

Mercedes Sosa

Rolf Sanchez e Bilal Wahib

Rolf Sanchez

Luis Fonsi

Rolf Sanchez.

Tegan and Sara

Katy Perry.

Rihanna

Floor Jansen

Mumford & Sons

Diana Damrau

Elina Garanca

Floor Jansen and Henk Poort

Floor Jansen

Caroles & Tuesday

27 de fevereiro de 2018

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