CONTO "Duas Vidas e Uma Guerra"
Autora: Stefani Pinheiro Paludo
2º lugar no Concurso Segunda Guerra Mundial - 3º concurso de contos do perfil Ficção Histórica BR
A História, como já diz o jargão, é contada pelos vencedores. Em "Duas vidas e uma guerra", a autora foge desse estereótipo e nos conta a mesma história sobre o ponto de vista de vencedor e perdedor.
Aliás, sobre a dicotomia vencedor/perdedor, é interessante que o conto nos mostra uma situação que iria se inverter tragicamente até o fim da guerra, com grandes chances de inverter, também, o estado de espírito demonstrado pelos dois protagonistas.
O ataque a Pearl Harbor já foi exaustivamente relatado, nos mais diversos meios, normalmente sob a perspectiva americana. Não são poucos os filmes e livros que retratam este particular episódio, responsável pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
StefaniPPaludo não se esquiva da perspectiva dos atacados, sob o ponto de vista de um soldado, mas acrescenta a ele o ponto de vista japonês.
Quem quer saber como se sentiam os japoneses, não é verdade? O tratamento que geralmente recebem nos trabalhos que abordam a Segunda Grande Guerra – principalmente os midiáticos – oscila entre apêndices dos alemães e grandes vítimas, como se os japoneses só tivessem aparecido no cenário bélico com os ataques a Nagasaki e Hiroshima.
Não se entenda aqui que houve qualquer tentativa de descaracterizar os ataques de que os japoneses, de fato, foram vítimas, e cuja necessidade e reais objetivos até hoje têm sido questionada por alguns historiadores. Não – a autora não vai tão longe na progressão do conflito. Ela fotografa apenas uma cena: o ataque a Pearl Harbor, e os sentimentos que o cercaram. Não há julgamento ali, apenas retratação.
E uma retratação bem fundamentada, diga-se de passagem, com detalhes sobre o doloroso modo de escape do soldado americano Stratton de um navio em chamas, a fotografia que Shiro tirou dos efeitos do bombardeio, a suspeita sobre o conhecimento antecipado dos americanos a respeito dos planos do inimigo, e até as laranjas abandonadas no momento da confusão.
O fato de saber que ambos os protagonistas existiram e que a maior parte dos detalhes inseridos no conto eram reais – conforme explicação nas notas finais – só vem a enriquecer o conto.
Duas vidas, dois militares prontos para defender suas pátrias. Dois destinos, igualmente cruéis, já que não há beleza em guerras.
Intercalando as visões dos dois soldados é que descobrimos que, apesar das diferentes nações, personalidades e crenças, não passamos todos de humanos, moldados pela sociedade que nos cerca e sujeitos aos traumas causados por nossa própria incapacidade de conviver sem conflitos.
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