43 - Seguindo em frente - parte I

O que devo fazer para esquecê-lo e seguir adiante?

Já passou quase um mês desde que terminamos e não consigo deixar de pensar em Benjamin.

Isso me deixa extremamente ansiosa e irritada, o que de certa forma não é um bom sinal.

Por esse motivo eu voltei para o meu apartamento com a desculpa de que precisava estudar, mas na verdade, foi apenas para ficar sozinha por um tempo.

Não quero correr o risco de tratar mal meus pais ou alguém próximo a mim por culpa dessa tristeza toda.

Pelo menos já não tenho mais pesadelos com o acidente e isso é algo para ser comemorado, não é mesmo?

É como se o capítulo tivesse sido realmente encerrado no dia da audiência.

O problema, é que ao fechar esse capítulo com Travis, outro ainda muito pior foi aberto, uma versão estendida de como minha vida é uma porcaria.

Na maior parte do dia me sinto cansada e com vontade de chorar, e no tempo que sobra, estou ou dormindo ou estudando para as provas finais que estão me consumindo pouco a pouco.

Minha cabeça dói de tanta informação que tento enfiar no meu cérebro, mas não posso correr o risco de reprovar. Não depois de ter conseguido um histórico de notas beirando a perfeição.

A única vantagem de passar horas e horas com a cara enfiada nos livros, é que me distraio da ideia de que Benjamin não está aqui comigo.

É engraçado como esse apartamento se sente vazio depois dele ter passado tantos dias me acompanhando, vendo filmes, comendo besteiras e fazendo coisas das quais só de lembrar minha pele inteira se arrepia.

— Que se exploda. -Jogo meu caderno de qualquer jeito em cima da mesinha de estudos abarrotada de materiais, canetas e bugigangas.

Deito na cama por cima do edredom mesmo e tento descansar um pouco já que obviamente não estava conseguindo me concentrar na matéria.

Fecho os olhos e faço um exercício de respiração que minha psicóloga me ensinou para tentar me tranquilizar.

Embora a decisão de terminar tudo com Benjamin tenha partido de mim, me sinto incompleta sem ele, porque durante toda a nossa vida fomos amigos inseparáveis e isso é o que mais me machuca.

Sempre estive acostumada a tê-lo ao meu lado para o que fosse, dormimos juntos tantas vezes sob a luz das estrelas e agora que paro para analisar tudo o que vivemos, tenho que confessar que estava bem na cara que ele nutria sentimentos por mim.

Me enganei redondamente ao acreditar que depois que terminássemos, eu voltaria ao que era antes de descobrir que também o amo.

— Sou uma idiota. -Sussurro para o fantasma da nossa relação que habita esse apartamento comigo desde que voltei.

Quem dera se ele me respondesse e me dissesse como eu tiro todo esse peso dos meus ombros e toda essa dor do meu coração ...

Eventualmente acabo pegando no sono depois de divagar por horas sobre o que poderia ter sido ao lado de Benjamin.

O alarme do meu celular apita pela terceira vez e aperto o botão de soneca em vez de aceitar que não voltarei a estudar e desligá-lo.

Esfrego os olhos com força e foco a vista no teto do quarto que agora está escuro.

Quantas horas eu dormi?

Definitivamente preciso fazer algo útil com a minha vida.

Tomo um banho, visto um pijama confortável e reviso meu celular mais uma vez para me certificar de que não tenho nenhuma ligação perdida dos meus pais.

Eles ficaram preocupados com a ideia de me deixar vir para cá sozinha, no entanto, sabiam que isso era o melhor para todos e me deixaram voltar com a condição de que eu ligaria todos os dias e se não ligasse eles viriam até aqui para ver se estou bem.

Para mim foi o acordo perfeito.

Envio uma mensagem para os dois avisando que estava dormindo e acabei de acordar para preparar algo para comer.

São quase oito horas da noite e meu estômago ronca em reclamação por não tê-lo alimentado a tarde toda.

Deixo o meu quarto e vou até a cozinha parando pensativa na frente da geladeira.

Encaro o seu interior por alguns minutos como se mágicamente uma comida fosse aparecer ali na minha frente e de repente a maçaneta da porta da sala começa a girar atraindo a minha atenção. Meus batimentos cardíacos se aceleram tanto que será um milagre se eu não tiver um infarto.

Pego uma faca na gaveta e aponto para a porta me preparando para arrebentar quem quer que esteja querendo invadir minha casa.

— Muito bem, já chega de choradeira! É sexta feira a noite e você precisa sair, Violet! -A voz de Brenda ecoa dentro do meu apartamento e levo uma mão ao peito enquanto que seguro o balcão de mármore com a outra.

— Mas que droga garota, você me assustou! -Grito e ela me fita com uma expressão arrependida.

— Oh, pensei que estava no seu quarto, por isso entrei gritando para que não se assustasse... -Murmura com um sorrisinho envergonhado.

— E funcionou muito bem, não é mesmo? -Censuro com as mãos ainda tremendo pelo susto. - E o que deu na sua cabeça em entrar assim do nada? E se eu estivesse pelada ou sei lá?

— Você tem as mesmas coisas que eu aí embaixo, Vi. Não veria nada diferente do que vejo todos os dias quando me olho no espelho. -Aponta para a minha virilha e cruzo as pernas em um movimento involuntário o que lhe faz soltar uma gargalhada me deixando ainda mais irritada.
— E se eu tivesse te ligado antes, é bem provável que você inventaria mil e uma desculpas para não me receber.

— Primeiro, isso não é verdade, você sempre será bem vinda. E segundo, como diabos conseguiu a chave da minha porta? -Pergunto com as mãos na cintura.

— Pedi para os seus pais e eles acharam uma ótima ideia eu vir ver como está. -Revela sem nenhuma gota de vergonha na cara.

— Ótimo. Me lembre de ter uma conversa séria com aqueles dois. -Sussurro para mim mesma.

— Agora se arrume que estamos indo ao cinema. -Brenda se joga no sofá e pesca uma balinha de menta no frasco em cima da mesinha de centro.

— Não estou afim de sair.

Me sento ao seu lado e ela me lança um olhar determinado.

— Eu não me lembro de ter perguntado se queria sair. -Debocha e levanto uma sobrancelha incrédula. O que deu nessa garota hoje? - Vamos Vi! É sexta-feira, você passou a semana inteira enfiada nesse apartamento definhando como nunca. É hora de voltar à vida.

— Brenda, é sério. Não vou sair. -Insisto e seu rosto endurece.

— Violet Conner Cross, você vai se trocar, colocar uma roupa decente e vai sair comigo ao cinema sim! Já tem dias que não saímos juntas... sinto falta da minha amiga, poxa. -Seus olhos se enchem de lágrimas e me sinto uma completa idiota por ter deixado-a de lado durante esse tempo todo.

Minha amiga não tem culpa do que me aconteceu e não merece sofrer os danos colaterais do meu término.

— Ok, você venceu. Me espera aqui. -Suspiro antes de me levantar e ir até o meu quarto.

Coloco uma calça jeans e uma blusa de frio fina, hoje a noite está inesperadamente mais fresca do que o normal e não tenho a mínima vontade de congelar na sala de cinema.

Passo um perfume e nem me dou o trabalho de me maquiar.

Pego tudo o que preciso, dinheiro, chaves, celular e volto para a sala com uma carranca no rosto.

— Que gata é essa meu Deus? -Seus olhos me analisam de cima a baixo.

— Pode parar por aí. Sei que estou horrível.

— Não está não! Agora vamos que a função está quase começando. -Sou puxada porta afora e em minutos estamos dentro do seu carro.

Brenda não quis ir na minha moto porque segundo ela está muito frio e ela não veio vestida para isso.

Em partes a garota até que tem razão pois o vestido e sandálias que cobrem vastamente o seu corpo torneado não seriam uma boa combinação com a alta velocidade e o vento que está fazendo.

Chegamos ao cinema e vamos direto comprar as entradas para o filme.

Percebemos que falta pelo menos meia hora para o início da função, então aproveito para comer algo antes de desmaiar de fome.

Peço um burrito de costela defumada e Brenda opta por uma porção de batata frita.

Enquanto comemos, ela explica mais ou menos sobre o que é o filme e escuto atentamente. Ela não parou de falar durante todo o caminho em como queria vir há dias e não conseguia ninguém para acompanhá-la.

— Por que não chamou Beck? -Indago mordendo o último pedaço da tortilla.

— Ele está muito ocupado com as provas e hoje sua mãe lhe pediu ajuda com uma mudança ou algo assim, não entendi muito bem para dizer a verdade.

— Oh...

— É, oh. Além do mais eu queria vir com você Vi. -Repete e me sinto mal mais uma vez.

— Bom, estou aqui. -Jogo todo o lixo fora. — Vamos? -Paro ao seu lado até que ela se levanta da mesa e rumamos para a entrada da sala onde será exibido nosso filme.

Aqui nesse cinema, à diferença do que estou acostumada a frequentar, os lugares são numerados de modo que eu fiquei com o número trinta e cinco e minha amiga com o trinta e seis, bem no meio da sala.

Entregamos nossas entradas para o garoto encarregado de revisar e ele destaca o canhoto nos entregando a parte que nos corresponde como sempre.

Nos dirigimos pelo corredor e empurramos a porta para entrar na sala escura.

— Vi, preciso ir ao banheiro... bebi quase um litro de água antes de ir até a sua casa e estou com a bexiga quase explodindo. Vai entrando que eu já te acompanho, ok? -Minha amiga solta de repente e nego com a cabeça.

— Por que não usou o banheiro no meu apartamento?

— Porque naquele momento eu não estava com vontade de fazer xixi, oras! Agora entra logo que eu já volto. -Ela praticamente escapa até o banheiro e entro na sala rindo de como ela é maluca.

Procuro o lugar com o mesmo número que o meu e quando o encontro, me jogo na poltrona vermelha coberta pelo típico tecido aveludado.

Coloco o copo de refrigerante no apoio e aviso meus pais que estou no cinema além de pedir que eles não entreguem mais a chave para ninguém a não ser que seja de extrema urgência.

Sei que Brenda fez isso com a melhor das intenções, mas mesmo assim não quero ter meu apartamento invadido por uma pessoa aleatória cada vez que eles acharem que estou mal.

Recebo apenas um emoji de joinha como resposta.

Bem maduros da sua parte.

As poucas luzes que ainda estavam acesas para auxiliar a encontrar os assentos são apagadas deixando a todos na penumbra e os trailers começam a ser reproduzidos na enorme tela à nossa frente.

O filme já está quase começando e nada da minha amiga aparecer.

Envio uma mensagem para ela e nada.

Estou a ponto de me levantar e ir atrás de Brenda, quando sinto uma presença se sentando na cadeira vazia ao meu lado.

— Até que enfim, Brenda. Achei que tivesse ido junto com a descarga e já estava quase indo atrás de... -Alguém que definitivamente não é a minha amiga faz um som com a garganta e paro de falar no mesmo instante.


NOTA DO AUTOR

OKAAAAAAAAAAAAYYY ESTAMOS NO FINALZINHO E EU NEM TÔ ACREDITANDO MDSSSSS
Calma gente que o livro não acaba aqui kkkk
O capítulo ficou muito grande então como sempre, dividi em dois!
Já já posto a segunda parte e o final de verdade pq ainda tô revisando.
Passei a tarde inteira escrevendo e tô quase chorando aqui socorro...

Espero que gostem
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Amo vcs 😍
Bjinhosssssssssss BF 💜💜💜💜

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