𝔗𝔯𝔢𝔷𝔢 - 𝔐𝔢 𝔠𝔬𝔫𝔱𝔢 𝔬𝔰 𝔰𝔢𝔲𝔰 𝔪𝔞𝔦𝔬𝔯𝔢𝔰 𝔪𝔢𝔡𝔬𝔰 𝔢 𝔢𝔲 𝔲𝔰𝔞𝔯𝔢𝔦 𝔠𝔬𝔫𝔱𝔯𝔞 𝔳𝔬𝔠𝔢̂.

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Quando entraram na caverna de Glord foram contemplados pela escuridão, preenchidos pelo caos, abraçados pelo imenso abismo vazio que se encontrava indefinido e confuso. Repleto de silêncio em todo seu infinito.

Um grito lancinante tomou suas audições, ecoando pelo lugar. Como se todas as dores do mundo estivessem presas em somente um local naquela caverna. Em seu topo o céu enegrecido cobria seus corpos, escondendo-os nas sombras, não haviam estrelas para contemplá-los ofuscados apenas pelas trevas que os assolavam.

O ambiente lúgubre percorria suas visões, como se estivessem nos próprios abismos infernais, a iluminação da caverna era feita por tochas em todos os cantos, a névoa balançava pelas sombras formando figuras sinistras, monstros horrendos pareciam observá-los ao longe como se esperassem o momento exato que os levariam para os seus piores pesadelos. Completando o brumoso cenário.

Os olhos de Nathanael repousaram na silhueta encostada rente a uma rocha. O cão com três cabeças e uma cauda de serpente o analisava atento, engoliu em seco, seu coração palpitava com receio de continuar seu trajeto para dentro daquela imensidão tomada pelo breu.

- Não façam barulho, o mínimo de som que fizermos pode chamar atenções não desejadas. - Amis sussurrou, buscavam seguir as tochas que pareciam lhes guiar por entre aquela vastidão.

O ruído de correntes arrastando despertavam calafrios em todo o seu ser, os choros baixos de agonia repleto de gemidos e uivos prolongados ressoavam por suas paredes. Sentia o barulho do ranger de dentes, entremeados de ruídos de ferros que aumentavam os grunhidos latentes.

Em uma das proximidades, Brendan agarrou o braço de Nate ao ver as velhas fétidas e amedrontadoras com corpos de abutres e suas mamas pendentes, em suas unhas aduncas pareciam possuir resto de animais com o bico perfurando a pele, rasgando a carne putrefata.

- Não encarem. - Cochichou Eru - elas sentem o cheiro de nossos medos. - Completou temeroso. Nathan pode sentir sua pele pinicar com a força excessiva do melhor amigo.

Mais afastado as silhuetas pareciam expandir-se, mostrando a criatura com coração de ferro e as entranhas de bronze, em sua cabeça a coroa de arame perfurava sua pele tomada pelo escarlate que escorriam pelo rosto adentrando os buracos fundos pela falta de seus olhos. As correntes presas em suas pernas marcadas por profundos cortes rastejavam pelo chão, reproduzindo o som angustiante de seus murmúrios de dor.

- Sinto que vou vomitar. - A voz de Brendan se fez presente, comprimindo os lábios.

Nathan pensou em consolar o amigo, mas seu olhar atentou a Carin que parecia horrorizada ao fixar sua atenção no monstro um pouco à frente de onde eles ultrapassaram. Havia uma pedra erguida no qual um corpo estava preso, com seus braços e pernas amarrados, uma mulher alada encontrava-se de pé diante de tal cena. Seus cabelos completamente enrodilhados de serpentes, em uma das mãos estava o chicote repleto de escorpiões e archotes em chamas que colidiram contra o ser acorrentado. A risada tenebrosa, irradiava o terror e violência emanado com satisfação.

Engoliu em seco ao sentir seu corpo colidir contra algo, ou melhor, alguém.

Os olhos profundos e vazios o encaravam, um sorriso funesto rasgou a face. Em sua pele o sangue escoava rastejando por todo o tecido putrificado, cercado por vermes que se moviam por seu corpo. A roupa rasgada demonstrava os sinais de violência pelo qual a criatura havia sofrido. Em sua cabeça a falta do cabelo deixava parte de seu cérebro exposto, com o corte em sua bochecha mostrando seus dentes podres.

Estavam diante de Deimos, a personificação do próprio pânico.

- Há anos que não recebemos visitas em Glord. - A voz nociva firmou-se, repercutindo de forma tenebrosa por toda a caverna. Calando os sussurros de lamúrias e solidão.

Nathanael deu um passo para trás, procurando por Amis encontrando-o preso pelas sombras com seus braços e pernas acorrentados, e a boca amordaçada impedindo seus gritos de ecoarem para anunciá-lo das ações de Deimos ao aproximar-se do rapaz e engoli-lo no breu, arrastando-o para o seu pior pesadelo. Instaurando o medo daqueles que ousaram adentrar seu recinto.

Estavam presos dentro de um quarto, obscuro, cercados pela noite. Os braços de Nathanael ardiam acorrentados acima de sua cabeça, o fogo em brasa queimava sua pele enquanto os gritos angustiantes de dor refletiam de sua garganta que se arrastava pela tortura. Sentindo o tecido de sua carne derreter.

Brendan estava amarrado em uma cadeira, cercado pelo fogo que ofuscava seus olhos com o reflexo das chamas. Seu olhar tornou-se vazio, assombrado pelo passado de suas lembranças. As lágrimas caíam por suas bochechas descontroladamente, contorcendo-o por dentro. Carín foi trancafiada no aquário, completamente vazio, porém este possuía canos que perfuravam a parte de dentro para que a água entrasse com o giro da manivela.

No canto mais escuro do quarto estava Eru, abraçando o próprio corpo em pânico, os sussurros firmavam-se em seus ouvidos aumentando o sentimento de angústia e pavor que o recordava sua vivência na terra dos demônios. Amis tentava em vão, tirar suas correntes puxando os braços para que pudesse retirar os outros daquele estado catatônico, entretanto a figura feminina o fez parar, quando repousou os olhos em Morrígan que o encarava com um sorriso mórbido em sua direção. Seu olhar recaiu para o centro do peito de Mor revelando o buraco cravado onde deveria estar seu coração, desabando seu corpo ao chão gélido ao vê-la em tal estado.

A risada traiçoeira estalou pelo véu enegrecido, apunhalando o coração dos presentes, cegando-os naquele instante e os levando para o lugar mais tenebroso de suas mentes. O local onde seus demônios corriam e brincavam com os seus medos, arrancando suas dores e as pisoteando até o momento que estivessem contempladas por sua própria destruição. Afundados em seu próprio sangue, deixando eles duvidarem sobre as suas decisões e escolhas, ofuscando a luz que tentava brilhar inutilmente por entre sua imensidão obscura.

Não havia salvação, para aqueles que estavam condenados a viverem eternamente a sua pior memória que se encontrava enterrada no fundo mais obscuro de seus pensamentos. Mas, para Deimos o prazer estava no sofrimento que este arrancava de seus visitantes. Encurralando-os em seu próprio quarto e os aprisionando em seu próprio pânico.

Teriam apenas uma única maneira de livrar-se dele, encarando os seus pesadelos e dominando-os. Precisavam encontrar a sua coragem mesmo que para isso experimentassem a morte apenas uma vez, resistindo e transformando tal sentimento em uma escada determinados a subirem e não ousarem permitir que fossem aprisionados ao poço pelos seus passados.

Cada um deles estavam detentos em sua particular realidade.

Carin sentia a água adentrar o aquário inundando-a por inteiro, a água subia com maestria contornando seu corpo, a sensação de dejá vu a perfurava ao lembrar-se da guerra milenar retornando seus pensamentos para o tanque d'água onde passou anos presa, afundando-se em sua própria solidão e afogando repetidamente enquanto era imersa pelo líquido que tomava suas narinas e sua respiração, a sufocando. Suas mãos estavam inertes, presas a lateral do corpo, travada de suas ações e imobilizada pela dor que dilacerava seu coração ao recordar-se de quantas vezes emergiu e submergiu em meio ao tanque até seus pulmões arderem e a vida deixá-la. Estava constantemente entre a vida e a morte, porém seus inimigos riam enquanto ela clamava por sua liberdade, gritando em meio às ondas que balançavam e colidiram o mais fundo de sua garganta.

Amis ainda tinha a figura de Morrígan diante de si, esta que sangrava diante de seus olhos e o culpava por seu fim, por ter mudado o seu tempo. A deusa tinha lágrimas de sangue que escorriam por suas bochechas aproximando-se lentamente do possuidor que estava estático. Com as garras afiadas ela cravou a mão rente ao peito dele arrancando-lhe o coração repetidas vezes, o obrigando a sentir sua dor pelo protetor ter mudado o percurso de sua vida com suas ações errôneas e seu amor fadado ao fracasso.

Brendan sentia a fumaça adentrar seus pulmões ardendo as narinas e sua garganta, seus olhos marejados repousavam nas figuras de seus pais dilacerados pelo fogo, assombrando-o, as peles desconfiguradas e derretidas tocavam contra a sua, arranhando sua carne clamando por ajuda. Os gritos agonizantes soavam como grunhidos em seus ouvidos, seu olhar embaçado pelas lágrimas recaiu na figura feminina que o fitava ao longe. Celine, aproximava-se com um sorriso mortífero em seus lábios, porém a cada passo seu corpo se afundava sendo engolido pelas profundezas da água enquanto ele apenas observava a própria irmã afogando-se. Sentiu algo tocar-lhe os pés e ao abaixar o olhar o corpo pálido de Mabel flutuava diante de si. Desabando ao solo, os braços de seus pais o enlaçaram levando-o para as chamas. Culpando-se pelo destino cruel que levou sua família.

Para Eru, o cenário era outro, trancafiado entre a jaula e coberto pelas sombras que serpenteavam o seu corpo lhe causando náuseas. Ele não era mais Eru, o escoteiro de Amis, mas sim o guardião da terra dos demônios. Aprisionado por aqueles que deveriam temê-lo. Açoitado, e torturado pelos monstros que tiveram suas almas dilaceradas pelas trevas. Suas asas eram arrancadas, pena por pena, deixando a trilha de sangue que tomava o chão de pedra e em suas mãos as imensas agulhas perfuravam até estarem completamente expostas entre sua palma e seu dorso. Repetindo tal processo, dia após dia acostumando-se com a dor e a escuridão que agora parecia pertencê-lo. Tornando-se o prisioneiro de seu próprio reino.

O quarto de Nathanael parecia o mesmo de sua antiga moradia, podia escutar seu nome ser chamado e correu de encontro a mãe que possivelmente o esperava como todas as manhãs, mas aquela seria diferente. Ao encontrar a mulher com a pele roxa e ressecada evidenciando os ossos expostos, seus cabelos caíam de sua raiz tomando o chão, as olheiras profundas em seus olhos e o vazio que agora ali habitavam. Não havia mais brilho. Seus pés pararam e seu corpo retesou, comprimindo os lábios ao ver o sorriso agora de dentes podres em sua direção.

- Venha me dar um abraço querido. - A voz melancólica ecoou, erguendo os braços fracos que caiam com seus ossos quebrados. A enfermidade tornava-se cada vez mais presente.

Receoso aproximou-se a passos curtos, parando na frente da mulher que uma vez pareceu com sua mãe.

- Me prometa uma coisa querido. - Ela sussurrou próxima a sua orelha, causando-lhe calafrios - não deixe que ninguém se aproxime de você, você Nathan está destinado ao esquecimento. - Afirmou, rindo estrondosamente - morrerá nessa casa como eu e definhará até apodrecer, ninguém nunca te amará nem sua doce Celine.

Em um movimento brusco afastou-se assustado, observando a mulher horrorizado, de sua garganta a voz não saiu e as palavras ficaram presas. Engolindo o nó que criava, entalando-a. As lágrimas pesadas se formaram no canto de seus olhos e a dor dilacerou seu coração.

- Você permanecerá nesta casa após a minha morte, afinal você não tem ninguém além de mim Nate. - Sorriu com desprezo - sempre solitário, ninguém virá ao seu socorro, ficando esquecido nesse vazio. Assim como seu pai que morreu como um estranho em meio ao exército. Você se lembra, não é, querido? O motivo dele ter ido embora, porque o nosso garotinho problemático fazia coisas que nenhum humano normal conseguiria.

Suas pernas fraquejaram e com passos vacilantes para trás ele caiu, suas bochechas estavam inundadas e a dor estava explícita em sua feição. Solitário, ele ficaria sozinho pelo resto de sua vida.

- N-não... - Falou em sussurros, negando com sua cabeça. Não era assim que se lembrava de sua mãe, suas lembranças e de seus sentimentos.

- Você me prometeu, Nate, disse que ficaria nessa casa até seu último respirar. - Ela se aproximava lentamente do rapaz que abraçava as pernas temeroso. Um grito de angústia tomou sua audição, Brendan.

A figura do melhor amigo materializou-se em sua mente, relembrando-o do sorriso amistoso e as palavras que um dia lhe foram pronunciadas "Agora eu estou aqui do seu lado, sempre teremos um ao outro". Seus olhos se abriram erguendo o maxilar para a figura à sua frente que sorria amargamente. Precisava ir até Brendan.

Levantou-se determinado, a passos firmes caminhou para a frente da mulher que o analisava.

- Você não é a minha mãe, e eu nunca ficarei sozinho, pois tenho pessoas que sempre estarão ao meu lado e neste momento elas precisam de mim. - Bradou - Você está enganada, mamãe, porque eu deixei esta casa e fui atrás do meu destino assim como a senhora me pediu antes de sua partida. - Pronunciou voraz, notando o sorriso doentio sumir e a figura desvanecer pelas sombras, conforme a porta dourada erguia-se diante de si.

Nathanael girou a maçaneta entrando em meio a luz incandescente que o esperava, seus olhos acostumaram-se com o clarão focando na silhueta em meio às chamas, Brendan. Correu apressadamente em direção ao melhor amigo não se importando com o fogo queimando sua pele, precisava apenas estar ao lado dele.

Tocou seu ombro, e no mesmo segundo o olhar entristecido de Brendan o atingiu.

- Eu os deixei morrer, fugi como um covarde. - Sussurrou olhando para os corpos carbonizados - e Celine morreu por achar que eu não estaria mais ao lado dela, eu também a matei. - Declarou, a voz embargada.

Em um movimento rápido Nathan o envolveu em seus braços, abraçando-o fortemente.

- Você era apenas uma criança, Brendan, a culpa não é sua e nem de Celine. - Proferiu confiante, afagando os cabelos do rapaz - não se culpe, você não matou sua irmã e nós vamos encontrá-la e a trazer de volta para casa. Eu te prometo, eu estou aqui do seu lado e sempre irei estar. - Os braços de Brendan circularam Nate, afundando seu rosto em sua roupa permitindo-se chorar todas as suas dores.

As chamas apagaram-se, e os corpos sumiram em meio a fumaça sendo levados. A luz refletiu diante dos dois, inundando-os em sua vastidão, aquecendo seus corações. Precisavam ir em direção aos outros. Nathanael elevou-se estendendo a mão para Brendan que o olhou e sorriu em gratidão, segurando-a e subindo. Nathan passou os braços por cima dos ombros do amigo para confortá-lo.

Caminharam para a porta, levados para o próximo cenário encontrando Amis arrancando o próprio coração copiosamente. Ambos se aproximaram lentamente, Nathan tocou o ombro do possuidor que tinha os seus fixos no órgão em mãos.

- Você deu o seu melhor, e continua dando, por todos nós e por ela. - Murmurou de forma amável. - Guarde-o para si e mostre o quanto você ainda pode realizar grandes feitos, mostre para ela que o seu amor ainda está aqui dentro. - Disse espalmando sua mão no centro do peito do possuidor, que seguiu sua ação.

O coração desapareceu, junto ao buraco que estava cravado em si. Amis levantou e abraçou Nathanael.

- Obrigado. - Emitiu em agradecimento. - Precisamos ir atrás de Eru e Carin.

Ao encontrarem Carin, a mesma estava com a água completando todo o seu corpo, seus olhos estavam fechados e sua respiração trancada. Nathan aproximou-se e tentou quebrar o vidro, mas nada aconteceu.

- Ela precisa querer sair de lá. - Amis revelou temeroso, porém Nathanael reforçou o impacto despertando Carin que abriu os olhos fixando-os neles.

- Vamos Carin! Saia daí! - Brendan gritou, de modo a esperar que ela pudesse escutá-lo. - Estamos te esperando, venha se juntar a nós. - Pediu, colocando a mão contra o vidro.

Ela buscou forças para erguer sua mão, tocando a de Brendan pelo reflexo. Com um impulso levantou a outra pressionando ao aquário, suas garras formaram-se e ultrapassaram o vidro, estilhaçando-o em pedaços expelindo toda a água para fora. Seu corpo iria desabar, mas os braços de Brendan a seguraram, Carin tossiu retirando todo o líquido de dentro de si, o colocando para fora.

- Você conseguiu, estamos aqui agora. - Amis pronunciou, afagando seus cabelos.

- Eru, precisamos ir atrás dele. - Virou-se para o possuidor que confirmou.

As paredes escuras revelavam apenas o metálico da jaula, Nathanael viu o brilho da chave que estava sobre uma mesa ao longe andou apressado segurando o objeto em mãos e indo de encontro ao demônio que permanecia abraçado ao próprio corpo.

- Liberte-se disso. - A voz masculina ecoou pelas trevas, obrigando Eru a procurar o dono com o olhar, encontrando apenas a escuridão, entretanto o filete de luz irradiou próximo a grade de sua jaula. Engatinhou temeroso, próximo àquilo, encontrando o objeto. A chave que o soltaria de suas torturas. A palavra liberdade gritou em suas veias e com todas as forças que ainda lhe restavam ergueu suas asas dolorosamente, mantendo-se de pé e enganchando tal objeto em sua fechadura, abrindo-a.

Ao ultrapassar focou nas quatro figuras que o esperavam com seus braços abertos, com os olhos marejados Eru correu aos tropeços em direção dos amigos, abraçando-os e sendo envolvidos por seus gestos acolhedores.

Haviam conseguido enfrentar os seus medos, juntos.

Ultrapassaram a última porta e o lampejo de luz tomou suas visões, recobrando suas consciências.

Nathan puxou os braços, tentando soltar-se, as marcas enegrecidas surgiram em seus braços contornando-o até seus dedos explodindo em fragmentos coloridos estourando as correntes que mantinham ele preso. Seus pulsos ardiam, e sua pele queimava com a sensação de estar recoberta pelo fogo. Procurou os outros encontrando-os agora soltos.

Deimos analisou meticulosamente a cena, porém o rugido impregnou o local. A fera rompeu as sombras, tornando-se visível aos olhos dos presentes.

O majestoso urso negro, procurou com o olhar a figura de Deimos atingindo-o com fúria por suas garras monstruosas perfurando a pele. O grunhido de dor ecoou pelo vazio, obrigando-o a sumir pelas trevas e deixarem seus visitantes a sós com o animal que possuía o dobro do tamanho de todos.

Com um erguer, sua altura elevou ao firmar-se nas duas patas traseiras. A pelugem caiu ao chão, dando lugar para a pele negra tomada por longos cabelos castanhos e sedosos que caíram por suas costas, atingindo seu quadril. Seus olhos eram pretos como a própria escuridão e o vestido dourado balançava solto por suas pernas, a mulher sorriu mostrando ainda suas grandiosas presas.

- Peço perdão por minha demora, sou Molimo a guardiã de Glord. - Reverenciou-se cordialmente. - Deixe-me ajudá-los com seus ferimentos. - Em um ato ágil, suas sombras percorreram os corpos dos visitantes tomando-os e curando cada um de seus machucados, dissipando suas dores. - Me certificarei para que Deimos receba sua punição a altura do que lhes foi dado seus pesadelos. - Sentenciou. - Peço que me acompanhem, os levarei para a saída em segurança.

Um suspiro aliviado saiu dos lábios de Nathanael, ao seguir a mulher conforme via as criaturas sombrias se afastarem com a presença feminina que os guiavam para a sua liberdade daquele lugar abominável.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

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