02 de janeiro, 2019 - Quarta (18h47)→ (parte 3 de 3)
Hey, readers ^_^
Agradeço por você seguir lendo esta história, mesmo com os picotes que estou fazendo... ó_ò
Os tempos estão complicados de várias formas, então precisei mesmo fazer isso.
Como leitora, eu não gosto. Mas como escritora, sei que é necessário.
Me perdoem.
E por isso digo: AGRADEÇO POR VOCÊ SEGUIR LENDO ESSA HISTÓRIA ❤️
E quem mais agradece é o Isaac. Ele sabe que VOCÊ não o abandonaria. ❤️❤️❤️
(continuação... parte 3 de 3)
A única que deixava a tristeza vazar abertamente era a pobre mãe da megera.
"Eu não acredito que você disse isso, minha filha... Não foi assim que te criei, não foi..."
"Eu te odeio, velha imunda!", gritou a Sônia, sentando no chão e puxando os cabelos. "Odeio você, odeio meu irmão inútil, odeio esse enrustido mentiroso, odeio esse viadinho que se finge de santo! Odeio todos vocês! Eu odeio essa vida, eu odeio aquela praga de moleque que só sabe soltar catarro pelo nariz! Odeiooo! Não foi assim que planejei viver, não foi! Não foi assim, merdaaaa! Me mata logo, Deus! Me mata!"
Ela estava se contorcendo. E vê-la daquela forma foi horrível, pois a única coisa que passou por minha cabeça foi: "será que também faço assim?". Senti medo. Eu não me vejo quando estou tendo crises, então não sei se fico tão medonho como ela ficou. O rosto distorcido, nem dando sinal da beleza altiva que ela tem – e odeio admitir.
Dona Rosa saiu correndo e voltou com dois comprimidos nas mãos.
"Aqui, querida, tome isso... Você precisa se acalmar, por favor!"
Eu achei que a Sônia fosse dar um tapa na mão dela e jogar os remédios para longe, mas ela começou a chorar como criança e os engoliu sem reclamar. O choro aumentou, e o Claus agachou ao lado dela, levantando-a no colo sem esforço. Do jeito que tudo aconteceu, com os remédios certos já prontos e com o irmão pegando-a com aparente habilidade, imagino que aquele tipo de cena tem acontecido com certa frequência desde que ela voltou. Quando a Dona Rosa nos conta que ela está bem, mas teve apenas uma "pequena crise", deve ser algo do tipo.
Eu não quero ser como ela. Ver aquela cena me deu medo. Por um momento me vi no chão no lugar da Sônia, e neste mísero instante eu deixei de sentir raiva dela. Tive vontade de chorar junto, pois de alguma forma sei como é estar abraçado pela própria escuridão.
Definitivamente, não quero decair tanto a ponto de ficar daquele jeito.
Enquanto eu assistia à cena dela chorando nos braços do irmão, minha consciência deu o ar da graça, e pensei: "Se eu quiser mesmo fazer aquele curso para ajudar as pessoas, vou ter que lidar com esse tipo de situação..."
Enquanto o arrepio passava por minhas costas, o Claus se afastou com ela. Antes de entrarem no quarto, a voz da Sônia me alcançou:
"Eu dei para o Nicolas algo que você nunca vai conseguir, moleque".
Ouvi o Claus mandando ela ficar quieta, mas o ácido já estava correndo por minhas veias. Ela provavelmente falava do Lucas. E, de fato, eu nunca poderei dar ao Nicolas um filho caso ele resolva dar um irmão para o Pinguinho. Ele é um ai tão incrível que chega a ser fácil imaginá-lo com mais crianças, sorrindo e brincando com elas.
E eu não entro nessa equação.
"Zak, olha pra mim", ele pediu, me puxando para fora daquele devaneio amargo. "Não de ouvidos a ela, ok? Não precisa ficar assim."
Ele passou o polegar em minha bochecha, e só então percebi que havia lágrimas ali. Fique com raiva de mim mesmo por dois motivos: primeiro, por permitir que aquela mulher me levasse àquele estado deprimente diante de todos. Segundo, por sequer ter percebido que eu estava chorando. Mas não era um choro pra valer. Foram só aquelas lágrimas intrusas, e depois parei. Respirei fundo e pedi licença, indo até o banheiro limpar o rosto. A sorte é que não tinha ficado vermelho.
Assim que voltei, a Dona Rosa estava sendo consolada por meu primo e pelo Nicolas. A Jaqueline ainda estava com o Lucas num dos quartos, e o Claus logo veio ficar conosco.
"Aêêê, mãe... Ela apagou que nem criança".
Dona Rosa continuava secando as lágrimas que continuavam a cair.
"Desculpem por vocês terem visto isso... Eu achei que ela ficaria na cama o tempo todo, mas ela quebrou a promessa... Ah, desculpem de verdade! Ela não era assim antes. Minha menina sempre foi uma princesinha tão doce! Não sei nem dizer quando foi que essas coisas começaram a acontecer..."
"Xiii, nada a veeer, mãe... A senhora que não enxergaaava, mas ela era terrííível desde seeempre, hein! É que depois de aduuulta ela parou de fingiiir, tá ligado? Comigo ela não era docinha nããão..."
Fiquei sentado na mesa da cozinha enquanto a Dona Rosa se acalmava. Eles ficavam falando coisas genéricas do tipo: "Não fica assim, logo ela melhora", e também: "Pede para ela falar sobre isso ao psicólogo semana que vem". Do canto onde eu estava, apenas os espiei, quieto.
Depois disso não ficamos muito tempo lá. No carro, o Lucas assisti a um desenho no celular da Jaqueline. Ele usava fones de ouvido, e estava com uma expressão serena, mas era evidente que estava amuado. Ela contou que ouviu tudo do quarto, mas que o Lucas não ouviu nada. Ele percebeu que havia algo acontecendo, mas ela fez de tudo para distraí-lo.
"Fiquei chocada com as coisas que ela disse", comentou quando chegamos no Pântano dos Mosquitos. "O motivo de ela ter engravidado... Nicolas, como você foi capaz de cair numa armadilha tão besta e trepar com aquela demônia?"
Ele ouviu a pergunta com a expressão séria, apoiando as muletas na parede enquanto se sentava com cuidado.
"Vem cá Lu", chamou, pegando o filho no colo. Recolocou os fones no filho, e deu play em outra coisa. "Esse é o único erro do meu passado do qual não me arrependo".
Dizendo isso, beijou o topo da cabeça loira do Lucas.
"Eu sei, Nick. Não foi isso que eu quis dizer. O Lucas também foi uma luz na minha vida depois que nossos pais se foram". Ela olhou para mim. "Desculpa, Dáki... Acho que tá todo mundo meio exaltado, hoje. Acabei falando o que não devia na sua frente..."
"Eu não existia na vida de vocês nessa época. Não tem que pedir desculpas..."
"É sério, Dáki, fui muito insensível..."
Dei um riso sem graça.
"E outra, já tenho quase vinte e um anos. Preciso aprender desde já a ter um mínimo de maturidade emocional, né..."
Minha cunhada se transformou da água ara o vinho. Bateu as palmas das mãos e se aproximou:
"Ah, bem lembrado! Já é nessa sexta, né? O que vamos fazer para comemorar?"
Encolhi os ombros.
"Não tô com clima de comemorar nada... Vamos só ficar aqui e fingir que nada aconteceu, ok?"
"De jeito nenhum! Vamos comemorar seu aniversário, Dáki!"
Eu não estava confortável com aquilo. Era bem evidente que a Jack havia se agarrado a esse assunto para disfarçar o anterior, sobre o Nicolas ter caído na armadilha e engravidado a golpista que achava que ele era milionário.
Quando eu pensei que o clima ia ficar ainda mais com cara de velório, eis que meu namorado diz:
"Eu vou fazer o bolo. Faz tempo que não cozinho nada por causa dessa perna, mas o bolo pro Zak não vou deixar de fazer. Escolha o que mais gosta, Zak".
Ele também agarrou o assunto para fugir do outro, e de repente eu era o foco da conversa. Meu primo também entrou no meio:
"Esse aqui nunca foi de comemorar muito. A avó dele parecia querer fazê-lo sentir culpa por ter nascido".
"Ai, Jon, não fala besteira. A gente vai dar a maior festa que você já teve, Dáki".
Meu coração disparou. Levantei da cadeira e segurei-a pelos ombros.
"Pelo amor de Deus, não faz isso... Se tiver mais do que só a gente eu juro que me tranco no quarto, e só saio de lá quando todos forem embora!"
O Jonas riu.
"Eu não disse?"
"Jack, por favor... Não tô pronto pra uma festa de aniversário..."
"Eu sei, bobo... Não falei que vou convidar uma galera. Mas vamos preparar tudo o que você gosta de comer, e você chama alguém só se quiser, pode ser?"
Minha alma foi voltando para o corpo aos poucos, e voltei a me sentar como se tivesse corrido uma maratona.
"Se é assim, tudo bem..."
O Lucas foi incluído na conversa, pois o Nick retirou os fones dele falando sobre minha festa de aniversário. Ele ficou mais animado que eu, perguntando se teria "parabéns". Disseram que haveria, mesmo eu desejando que isso não acontecesse.
Sempre evitei aniversários. A minha sorte é que, por ser em quatro de janeiro, época de férias, nunca fui na escola nesse dia. Se fosse em qualquer outro dia a Hellen certamente teria dado um jeito de o pessoal levar ovos podres para me infernizar a vida – já que ela mesma fazia isso todos os anos. Minha pior lembrança disso é quando ela estourou o ovo apodrecido em minha cara, e eu acabei vomitando na calçada por causa do cheiro ruim e gosto pior ainda.
Por este motivo não é nada estranho se eu lhe confessar que estou com medo dessa sexta-feira, não é? Não acho que os gêmeos vão fazer isso, mas v que meu primo lembra do que a Hellen fazia e decide dar continuidade à tradição de merda?
Ah, e tem o assunto sobre o Nicolas e a Sônia que ele parece sempre fazer de tudo para fugir. Já perguntei para ele como foi, e ele sempre diz que vai contar um dia.
Minha curiosidade briga com o receio de saber. É horrível. E sei que nem tenho o direito de ter ciúme porque a gente nem se conhecia quando aconteceu. E também porque fiz pior ao cair numa armadilha ainda mais besta com a Hellen, transando com ela. Às vezes nem acredito que de fato fiz isso... Parece irreal, sabe? Mas aconteceu, e me sinto um otário por isso. Um bêbado dopado com maconha fazendo merda com a vizinha que odeia. É possível soar mais horrível que isso? Ao menos ela teve a decência de vestir em mim um preservativo.
Que ano estranho foi esse, amiga... Que ano estranho. Quanto mais penso, mais absurdo fica.
E ainda por cima veio aquela ideia de psicanálise e psicologia.
Parece que o destino tomou todas e está curtindo com minha cara, me fazendo engolir cada cuspida que de para cima.
Estou meio apreensivo nesse início de ano. A virada foi melhor do que minha imaginação poderia supor, mas o almoço na Dona Rosa trouxe aquelas informações que ainda não digeri bem. Esse elefante branco está dormindo no meio de nossa sala, guardando sobre ele a conversa encoberta da víbora ter trepado com o Nicolas porque ela queria engravidar e ser sustentada por um ricaço. Espero que o Lucas realmente não tenha ouvido nada, e torço para que ele não descubra essas coisas ao logo da vida. Já não chega eu ter descoberto, através do homem que infelizmente cedeu a mim os genes, que minha mãe tentou me abortar e não conseguiu.
Quero que o Lucas tenha só memórias boas. E não sei se tenho o direito, mas... Eu gostaria de fazer parte delas de agora em diante.
Bom, vamos ver o que esse ano vai trazer pra mim. Estou apreensivo só de imaginar meu aniversário depois de amanhã, imagine o resto, amiga.
Que sua bênção me dê forças... Aiai.
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KISSES~KISSES
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