Diálogos parte 2

Rafael estava sentado sobre um paredão de pedras, observando o vai e vem das ondas.

Tinham combinado de se encontrarem ali.

Mariane o avistou e andou calmante até às rochas. Ele que também já tinha percebido sua presença, desceu cuidadosamente com sua prancha embaixo do braço ao seu encontro.

_ Quase não acreditei quando vi sua ligação.

Mariane parecia confiante.

_ Você não acha melhor a gente procurar um local mais reservado?_ Ele completou olhando para os lados.

_ Não será preciso nada disso, Rafael, pois o que tenho pra falar é bem rápido e direto_ tentando acabar com todas as esperanças que pudessem existir.

Rafael fincou a prancha na areia.

_ Mas antes eu preciso que me diga se não deixou nenhum objeto pessoal seu na casa da minha tia_ Acrescentou, deixando ele intrigado.

_ Não... Minhas coisas estão no carro... Mas porque a pergunta? O que isso tem a ver com a sua vinda até aqui?

Mariane pareceu satisfeita com a resposta.

_ Porque assim fica melhor... Pra que você não precise voltar e ir logo embora direto daqui!

_ Você tá me expulsando? _ Ele quase sorriu _ Não pode fazer isso!

_ E porque não?

_ Porque quem me convidou a ficar não foi você mas a dona da casa.

_ Eu Tô falando sério! Rafael.

_ Olha_ Tentou se explicar _Se foi por causa daquela sua amiga, eu juro pra você que não houve nada naquele quarto. Tanto eu quanto ela dormirmos feito uma pedra a noite inteira!. Não precisa mesmo ficar com ciúmes, Mariane.

_ Você sabe perfeitamente que não tem nada a ver com ciúmes. Pelo o amor de Deus, Rafael!

Ela Revirou os olhos.

_ É... Acho que também não..._ Ele com certa ironia _ A questão aqui parece mesmo ser outra... Bem mais complexa... Mas... totalmente nítida!

Ela sabia de que ele se referia. No entanto se fez de desentendida. E ele prosseguiu

_ Não se esforçe tanto... Porque deu pra perceber nos primeiros cinco minutos que bati os olhos em vocês dois.

_ Eu realmente não faço a mínima ideia do que você tá falando.

_ Por favor, Mariane... Você sempre foi péssima em fingir._ Sorriu_ Mas é sério! Não precisa mais... Não quando isso já está bem claro pra mim... Você e o seu primo estão namorando... Só não entendi porque estão fazendo isso escondidos! Não existe lei contra isso que eu saiba... Seu pai não iria gostar, é verdade! Mas não chega a ser uma coisa do outro mundo.

Mariane o encarou.

_ Eu não preciso dos seus conselhos... Então não pense que vai me ganhar mostrando que se importa com isso...Eu sei lidar com o meu pai.

_ Não estou tentando ganhar ninguém... Estou apenas sendo sincero... Apesar de não parecer, eu realmente me importo com você! Me preocupo com você! É por isso que acho que devia contar pro seu pai logo... Afinal, você e o Alexandre Já estão até dormindo juntos... E se acontecer o que já aconteceu de novo, pelo menos seu pai não vai ser pego de surpresa e dizer que nem sabia que você estava ficando com alguém.

De repente aquelas palavras não pareceram ser as melhores para serem ditas e nem ouvidas, e Rafael tentou concertar quando notou a besteira que fez.

_ Eu não quis dizer isso, Mariane, me desculpe... Eu ...

_ Você já falou_ Ela disse com um nó na garganta _ Não tenta contornar que fica pior....

_ Eu sou o cara mais idiota do mundo..._ Como pra si mesmo_ E você Tem mesmo toda a razão em me odiar... Mereço de verdade cada olhar de desprezo  desde quando tudo isso Começou... É inacreditável esse meu grande potencial de decepcionar tantas vezes você.

Um silêncio onde só o som da maré se misturava com o barulho dos ventos.

_ Eu não odeio você _ Ela disse.

Ele a olhou com um certo brilho e quase agradeceu.

Apesar do quanto ela já tinha sofrido no passado, estava sendo honesta.

_ Eu só estou com raiva... Por você ter aparecido e... E por achar que ainda podemos voltar a ser um casal depois de tudo o aconteceu... Tem situações que não se apaga como se tivesse errado uma palavra no corretor, Rafael... Não é tão simples assim.

Ele a olhou como se pedisse desesperadamente o seu perdão e depois baixou a cabeça.

_ Eu sei ... Desculpe_ Mais um silêncio quase eterno _ Então..._ Sem coragem de encarar_ Você está gostando dele? Assim... Muito?

_ Você precisa mesmo ir, Rafael._ Foi só o que ela disse_ Por favor. Se você gosta de mim como diz, vai pra casa. Não tem nada pra você fazer aqui.

Mariane notou os olhos dele lacrimejando mas manteve -se firme.

_ Eu espero... _ Falou com tristeza na voz _ Eu espero sinceramente, que seu primo trate você melhor do que eu fui capaz... Mas não pense, Mariane, jamais! Que vai ser fácil, te ver com uma outra pessoa. Porque Isso aí já seria pedir demais.

limpou uma lágrima rapidamente com a intenção de que ela não percebesse.

_A gente teve uma vida boa juntos..._ Ela disse com um certo carinho_ Só que já passou... Precisa seguir sua vida... Precisamos seguir com as nossas vidas, Rafael. Não está sendo saudável pra nenhum de nós dois esse tipo de coisa. Tem que parar com isso.

_ Eu sei disso. Não sou tão sem noção assim... Mas é que..._ Pensativo_ É que eu tenho a impressão, que essa história não acaba por aqui... _ Ela o olha intrigada e ele continua _ Que verdadeiramente, a gente ainda vai sentar e rever todas as possibilidades...

_ Rafael...

_ Não, escuta, deixa eu terminar... Algum dia, não sei se daqui um ano ou dez, vamos ter essa mesma conversa, e eu terei finalmente, a chance de me retratar com você... E nesse dia, você vai ver como fui honesto e que  realmente não sou o mesmo há muito tempo... E sabe porque tenho essa certeza? Porque uma história como a nossa, será difícil reviver com outras pessoas... Foi muito forte pra não ter significado nada, Mariane, e acabar assim... Mas tudo bem! Se esperei até agora, consigo esperar um pouco mais.

Ela balançava a cabeça negativamente com dó de Rafael pois ele falava com muita convicção. Continou:

_ Eu sei que parece loucura... Mas é o que eu sinto e não posso fazer muito contra... _ Ele pensou e pouco e continuou firme_ Eu vou embora, mas quero que saiba que não desisti. ... Tô indo! Sabe onde me encontrar.

Pegou sua prancha e saiu diante dela sem dizer adeus, todavia no meio do caminho como se lembrasse de algo virou-se e falou:

_ Se tivesse visto o seu presente de aniversário... Mas você sequer deu -se o trabalho de procurar abrir o embrulho.

Terminou a frase e saiu visivelmente chateado dirigindo-se ao seu carro que estava estacionado à alguns metros perto dali.

Mariane permaneceu quieta pensando em tudo o que houve.

Ficou observando até Rafael seguir com o Troller verde e virou as costas fitando as nuvens que passavam calmas na imensidão do azul.

Lembrou de tudo que ele disse, cada palavra sobre eles ainda ficarem juntos.

Definitivamente um anúncio do futuro que ela jamais gostaria que acontecesse.
############

Um estrondo quase ensurdecedor, vindo de alguma parte da praia, assustou Mariane de um modo que ela pôs as mãos no peito dando um salto.

Alguns banhistas que na areia ou que simplesmente nadavam correram em desespero, em direção de onde tinha surgido o feroz estampido.

Mariane assistindo toda aquela aglomeração sentiu-se temerosa.

Decidiu então acompanhar as pessoas que corriam rumo a estrada sem ao menos ter idéia do porquê e de quê fugiam, se é que fugiam.

Na verdade ninguém estava fugindo só estavam a correr curiosos com o que tinha acabado de acontecer na estrada.

Mariane correu e se deparou com um grande caminhão de carga parado bem no centro da rodovia atrapalhando o tráfego, enquanto o seu motorista botava as mãos na cabeça desesperado pedindo por socorro.

Não era pra menos, ele tinha acabado de acertar em cheio um Troller verde perolizado.

Mariane entrou em pânico, quando viu uma prancha partida em dois espalhada pela a rodovia.

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