O despertar de Eric


Cinco horas tinham se passado desde que Eric tinha sido levado para o quarto de Gabriel... Nenhuma notícia fora ouvida desde então...

Pablo estava sentado, encostado na parede ao lado da porta, esperando. Fora difícil convencer a sua filha a ir dormir em seu quarto, pois esta queria permanecer também de vigília.

–Se quiser pode ir dormir...Eu te aviso caso algo acontecer! Já passou da hora do almoço... Você deveria comer alguma coisa! –Falou Angel que também estava ao lado da porta, só que em pé.

–Você também não precisa ficar aqui... Ele é minha responsabilidade...

–Tolo, estou aqui por causa do Gabriel, o idiota do meu irmão as vezes não sabe dos seus limites... Estou esperando somente mais alguns minutos para invadir o quarto dele e o forçar a comer algo! Eu posso substitui-lo na cura! –Informou o adolescente, Pablo sorriu, era evidente a preocupação do mais novo para com o seu irmão mais velho, apesar destes só viverem brigando –E não precisa carregar essa carga de responsabilidade... Se eu tivesse em seu lugar também o levaria para alcateia para salva-lo...Aposto que se não fosse você, o idiota do meu irmão iria arranjar um jeito de traze-lo também!

–Provável... –Concordou assentido com a cabeça.

–Trevis, o nosso Alfa, ele agiu daquela maneira por que estava preocupado com a segurança da alcateia...

–Sim...Eu sei!-Pablo riu –E pensar que ele não queria ser Alfa...Está agindo tal como um!

–Verdade... Acho que ele nem percebeu isso ainda!

Os dois se calaram ao perceber a porta se abrindo, um Gabriel de aspecto cansado de lá saiu, Angel logo se aproximou dele para lhe servir de apoio. Pablo se levantou e ficou receoso de perguntar... Temia a resposta.

–Ele está bem... –Falou o curandeiro exibindo um sorriso fraco –Digo, eu consegui estancar os seus ferimentos... Lhe dei um chá de ervas que acelera a produção de hemácias para repor as células sanguíneas... Eu fiz a minha parte, mas agora é a vez dele...Vai depender dele para se recuperar...

–Entendo... –O Beta se sentia mais aliviado, sabia que isso não significava que ele estava salvo...Mas já era o começo...

" Do jeito que ele é teimoso...Vai se salvar!" Pensou otimista.

~***~

Seu corpo doía... Sabia disso... Mas o desconforto era suprimido pelo o local confortável em que estava deitado. Eric temia abrir os olhos, não sabia o que iria encontrar... Será que seus sentidos estavam o enganado? Qual foi a última vez que dormira em um local verdadeiramente confortável?

Mesmo temendo o que veria, abriu os olhos, lentamente e observou o que seria o teto feito de madeira de um quarto arejado e tranquilo.

"Onde estou?" Pensou, virou o rosto para o lado, nota uma escrivaninha com diversos livros empilhados misturados com vidros, béqueres, provetas e outros matérias de laboratório, ao lado tinha uma estante também preenchida de livros de temas diversos, desde medicina oriental, ocidental, bioquímica até romances homoeróticos e...

–Ah? Romances homoeróticos? –Quase se levantou devido a surpresa, mas se conteve devido a dor, de fato havia diversos volumes de romances com nomes que deviam ser censurados para menores de 18 anos! Aquela temática não condiziam com o ambiente.

–Que diabo de curandeiro é esse? –Resmungou. Sim, agora se lembrava, fora trazido a aquele local por aquela Beta... Rosnou, sim, se lembrava daquele jovem lobisomem de cabelos castanhos, encaracolados nas pontas com uma falsa feição de inocente...Aqueles olhos cor de mel exibiam um brilho misterioso. Eric balança a cabeça tentando dissipar aquela visão, não era para sentir fascínio e sim desprezo por aquele que o obrigou estar ali.

A porta do quarto se abre lentamente, Eric, rapidamente, fecha os olhos fingindo que estava dormindo. Concentrou seus sentidos na audição. Ouviu pequenos passos se aproximarem da cama.

–Shhh...Pupu! Não fale alto! –Reclamou a voz de uma criança.

"Pupu? Espera...Eu conheço esse nome!" Pensou o lobisomem. Sentiu alguém subindo na cama.

–Ele ainda não acordou? Sim, Pupu! Você está certo! Devemos cuidar dele! –Falou alto –Shhh...Temos que ficar quietos!

Eric conteve o riso, aquele dialogo era estranho... Abriu um dos olhos e se surpreendeu com uma garotinha engatinhado em sua direção com um lobinho de pelúcia em seus braços.

" É a menina que salvei"

–Pupu...Será que ele vai acordar logo? –Sussurrou para o bichinho de brinquedo sem notar que o dito "ele" já estava totalmente acordado e a observava.

–Quem vai acordar logo? –Falou Eric o que provocou um gritinho de susto da criança e logo a formou um sorriso.

–Senhor Eric! Você acordou! –Disse animada e logo saltou sobre o lobisomem, este a segurou, reprimindo um gemido de dor.

–Ola...P...Petúnia, não é? –Perguntou meio incerto.

–Aham! Sou Petúnia e Pupu! Não se lembra? –As feições animadas logo se desfizeram e se tornaram tristes.

–Ei! Eu não esqueci! Como iria esquecer de um garotinha linda e de seu inseparável amigo? –Sorriu, sempre gostara de crianças, eram honestas e ainda não tinham o coração corrompido pela a realidade do mundo.

–Ainda bem...Por que se tivesse esquecido eu iria ficar brava! –Fez biquinho.

Eric riu da atitude, mas mesmo o ato de rir doía...

–Senhor Eric...Ainda está dodói? Mesmo dormindo todo esse tempo? –Perguntou preocupada.

–Estou só um pouco dolorido...-Tocou o peito, agora notara que estava praticamente nu ao não ser pelas ataduras em diversas partes do seu peitoral e braços, além de uma cueca preta que usara, mas da cintura para baixo estava coberto por um lençol branco –Quanto tempo eu dormi?

–Muuuito tempo! Dois dias! –Falou a menina indicando com a mão, só que Petúnia levantou três dedos ao invés de dois. Eric sorriu e lhe deu um cafuné...Mas estava preocupado, tinha dormido tanto assim, não queria ficar muito tempo em um mesmo lugar...

"E se eles me encontrassem?"

Tentou dissipar sua preocupação...Pelo menos naquele momento.

–Então, você veio me visitar todos esses dias? –Perguntou.

–Sim! Mas eu vim escondida! Meu papai disse que não devia entrar por que você estava dodói...

–Seu pai...Sei...- " Aquele Beta metido...".

–Aham! Mas mesmo que eu não tivesse aqui papai ficava... O dia todo!

–O dia todo? Ele ficou aqui? –O lobisomem se surpreendeu, não esperava aquela ação...Afinal, pensara que o Beta o salvaria mas não necessariamente que se importasse. "Talvez ele só estivesse me vigiando...".

–Papai também ficava ao meu lado quando eu estava dodói... O dia todo!

–Ele parece ser um cara legal...O seu pai...

–Aham! Ele é o melhor pai do mundo! –Disse Petúnia sorridente.

"Acho que devo desculpas...Eu meio que o chamei de relapso..."

–Petúnia...O que eu lhe disse sobre entrar no quarto...-A voz de Pablo morreu em sua garganta ao ver, quando entrou no quarto, sua filha no colo de um lobisomem que supostamente deveria estar dormindo.

–Papai! Ele acordou! –Apontou para Eric como se enfatizar o fato.

–Estou vendo...-Disse o Beta após recuperar a fala, um momento de silêncio se instaurou no local. Petúnia olhou para os dois adultos ansiosa com que iria acontecer.

–Er...Se você acordou deve estar se sentindo melhor, não é? –Sorriu dócil, Pablo.

–Sim, acho que até já estou pronto para ir...-Disse Eric forçando se levantar.

–Ah? Ir? Para onde? –Pablo o impediu o empurrando para a cama –Só se for para o céu dos lobos! Ainda estas se recuperando!

–Eu estou bem! –Rosnou em resposta, mesmo que não tinha forças contra as ações do Beta.

–Francamente, quando é o seu aniversário?

–Ah? –Eric fitou o outro confuso –Por que queres saber?

–Para comprar um dicionário como o seu presente! É evidente que sua definição de "bem" não a definição comum!

–Tsc... Olha eu agradeço o que fez por mim, sério! Apesar de eu não ter pedido tudo isso...-Sua boca foi tapada pelo o dedo indicador de Pablo que se pós sobre o seus lábios.

–Primeiro, você ainda me deve desculpas! Segundo, só por que acordastes não significa que estas curado, suas feridas ainda estão cicatrizando, perdeste muito sangue! Terceiro, se queres ir embora deves provar para mim que estas realmente bom, e sinto muito...Você não passou no teste! –Tirou o dedo liberando os lábios de Eric.

–Quem te dá o direito de mandar em mim? Eu consegui andar vários quilômetros até aqui com estas feridas! Achas que não conseguiria andar mais alguns agora que elas foram tratadas?

–Sinceramente, acho que Gabriel esqueceu de tratar um ferimento seu...O do seu cérebro! Não acredito que alguém pode ser tão teimoso e burro assim!

–Agora está me chamando de burro?! –Rosnou tentando levantar novamente, Pablo subiu na cama e sentou sobre o seu colo.

–O que foi? Vai me bater? Por que não me empurra da cama e foge? –Desafiou. Eric o encarou em sua mente tal alternativa estava sendo debatida, olhou de relance para o lado e observa Petúnia, a menina abraçava o lobinho de pelúcia fortemente de encontro ao seu peito, apreensiva com o que ocorria.

–Tsc... –Eric virou o rosto para o lado –Como se eu tivesse condição de derrubar você... –Resmungou, a menina suspirou aliviada, isso significava que teria mais tempo com o seu herói!

–Sabia... –Pablo se aproximou , seus lábios estavam a poucos centímetros do ouvido do outro lobisomem, Eric sentiu o calor do corpo de Pablo sobre si, engoliu em seco – Eu nunca erro...-Sussurrou e se afasta rapidamente tendo um sorriso provocador em seu rosto.

Eric o encarou, rosnado. "Maldito, se aproveitando que estou fraco...Mas..." Moveu rapidamente o quadril, tendo em vista que Pablo estava sentado em seu colo, este se vê jogado para frente, de encontro ao peitoral de Eric.

–Ou posso ser a exceção a sua regra... –Disse o lobisomem com o mesmo sorriso provocador estampando no rosto, Pablo tentou esconder o rubor do seu rosto, por que aquele estranho sempre agia de forma imprevisível?

–Er...Desculpe estar interrompendo... Mas eu bati na porta e como não vi ninguém respondendo, entrei! –Gabriel disse, o curandeiro estava observando a cena já fazia um certo tempo –Devo lembrar que podem deixar um sinal de "não perturbe" na porta...Caso estejam...Tão ocupados assim!

Pablo se levantou rapidamente da cama, fazendo questão de ser bruto , se apoiando em algum dos ferimentos de Eric, arrancando gemidos de dor do outro.

–Não está acontecendo nada aqui...Gabriel! –Informou o Beta evitando olhar para o rosto do amigo.

–Sei...Pelo menos não façam essas coisas na frente da Petúnia! –Indicou a menina que ainda observava tudo de forma curiosa.

–Que coisas? –Perguntou a lobinha.

–N-nada! –Disse Pablo ignorando a pergunta e evitando que Gabriel pudesse falar mais –Vamos Petúnia... Temos que tomar o café da manhã!

–Ah...Podemos trazer algo para o Eric comer? –Petúnia sai da cama rapidamente para seguir o pai.

–Sim, querida...Mesmo que ele não mereça! –Falou olhando de relance para o lobo que apenas sorri em sinal de provocação.

–Vai estar envenenada? A minha comida? –Perguntou em um tom brincalhão.

–Não me tente...Eric! –Com isso Pablo, batendo a porta fortemente atrás de si.

Gabriel tenta conter uma risada resultante daquela situação.

–Você é o curandeiro, não é? –Perguntou Eric.

–Oh! Sim! Sou eu mesmo! Gabriel! –Falou animado.

–Quanto tempo...Até eu ficar 100% bom?

–Você é bem direto... Eu não posso afirmar com certeza, tudo depende de como o seu corpo se recupera! Enquanto isso relaxe, sim? Se irritar mais o Pablo, temo que iras ficar mais tempo aqui!

–Hum...-Eric parecia pensativo.

– Eric... Nesse meio tempo, vai ter que falar com o nosso Alfa... Er... Eu não contei a ele que os seus ferimentos, foram provocados por mais de um lobisomem...-O lobisomem forasteiro o encarou surpreso pelo o loiro ter descoberto aquela informação – Eu não quero invadir a sua privacidade... Contudo, acho que terá que contar o que realmente aconteceu com você... Pablo se responsabilizou por você, isso significa que se fores uma ameaça...

–Eu conheço as leias dos lobos...-Cortou Eric ainda tentando digerir aquela informação.

"Pablo...Por que está se sacrificando por mim? Você nem parece que gosta de mim!? Beta idiota...E estranho..."

–Eu vou falar com o seu Alfa... Vou contar a minha história, cabe a ele avaliar se sou uma ameaça...

Gabriel assentiu, gostando daquela resposta, logo voltou a sua atenção em examinar os ferimentos.

"Apesar de que...Eu me considere uma ameaça..." Pensou Eric preocupado com o seu futuro e de um certo Beta...


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