Elas subiram até o quarto de Chaeyoung e fecharam a porta, a mais velha falou primeiro.

- Por que diabos eu não sabia que você quase teve um filho?

- Hum? Não estou entendendo, pensei que íamos conversar sobre Jen.

- Primeiro me responda isso.

- Lisa te contou? Eu disse a ela para não fazer isso, é constrangedor. Isso foi no meu primeiro ano de universidade e sim, sou quase mãe, só que no final das contas não era meu, só isso, eu não queria te contar nada porque sabia que você ia me dar uma palestra e honestamente você me assustou.- A homem mais velho bateu na cabeça dela com a mão.

- Por não me contar. Você deveria confiar em mim, que éramos melhores amigas, Jisoo.

- Chae, eu estava com medo de te contar e como mencionei; é vergonhoso. Não é que eu não confiasse em você, é que eu sabia que você ia me dizer que a culpa era minha, preferi contar para a Lisa, quer dizer, algo parecido aconteceu com ela.

- Você deveria ter me contado, eu ficaria mais preocupada com o que você sente do que com qualquer outra coisa.

- Eu te falei, bom, algo assim, só que houve um susto. Essa foi a segunda vez, a terceira foi que eu falei para sua esposa, naquele momento você teria me mandado fazer vasectomia.

- Eu teria sugerido mas não ia te forçar, a decisão é sua. Por outro lado, acompanhei você no seu exame de fertilidade, caramba, você não quis me contar outras coisas me ofende.

- Nem me lembre disso, é só que quero esquecer. - Kim balançou a cabeça.

- É que Jisoo, quando te acompanhei foi porque aquela menina disse que achava que estava grávida e você se assustou, não sei porque você concluiu que era estéril, deveria ter se assegurado antes de fazer isso. Para piorar a situação, você fez isso mais vezes, até com minha própria filha. - Ela se aproximou de Jisoo chateada, a mais nova ficou alerta esperando um insulto ou uma pancada - Com minha filha... Você gosta mesmo dela? Ou você vai tratá-la como elas? Porque se for esse o caso, é melhor você ir para o inferno, Jisoo.

- Não, reconheço que não me comportei como deveria com Jennie, ultrapassei esses limites, fui irracional por não ter dito mais uma palavra para você.

- Merda, é só dizer que você estava com calor, você já me contou coisas piores. - Chaeyoung justificou olhando com a sobrancelha levantada para Jisoo.

- Ah, o que você disser. Mas estou me apaixonando por ela, não posso garantir que estou porque ela mal despertou esses sentimentos em mim, mas seria bom se você me desse uma chance, não agora, quando ela completar 18 anos, eu quero fazer isso direito porque gosto e me importo.

- Eu queria mandar você se foder, queria mesmo. Mas não farei isso, a decisão é da Jennie, não minha ou da minha esposa. Eu acho que você sabe.

- Eu sei, preciso conversar com ela sobre isso. - Ela se aproximou do ouvido da garota mais velha para sussurrar. - Então você me deixa ficar com ela?

- É isso que estou tentando te dizer, mas se você fizer alguma coisa com ela, eu corto suas bolas. - Ela avisou sem graça, ela não estava brincando.

- Ugh, ok, eu não vou fazer isso. - Jisoo murmurou, cobrindo a virilha com a mão, como se a morena fosse fazer algo com elq naquele momento. - Desculpe por tudo isso, você me deixou cuidando dela e eu fiz um monte de coisas estúpidas. Eu não deveria, me desculpe.

- Não se preocupe, desde que você não faça outra coisa, não preciso ficar com raiva de você. Embora isso não signifique que estou perdoando você, também não ficarei zangada com você. - Ela apoiou a mão no ombro de Jisoo - Quando ela tomar uma decisão quero que você saiba que é só dela, não colocarei mais minhas mãos nas decisões dela se elas não estiverem prejudicando gravemente a sua vida, como neste caso; Eu sou a mãe dela, fiquei preocupada, você é minha melhor amiga, mas ela, minha filha, teve que pensar fora do nosso vínculo. Fiz o que achei certo para ela, mas o que ela decidir com você daqui para frente não é da minha conta, se ela quiser algo com você será responsabilidade de vocês duas, Tudo isso continua me incomodando, mas vou tolerar.- Ela expirou com relutância.- Não tenho certeza se isso fez sentido para você, mas tudo bem. Só não faça sexo até que ela tenha pelo menos 18 anos, ou vou te chutar.

- Sim senhora! - Afastou-se da mais velha para imitar uma saudação militar. A morena tentou não rir, mas foi impossível, ela parecia ridícula fazendo isso com um curativo no nariz e outro na bochecha.

- Deus, Lisa te deixou tão horrível? - Chaeyoung perguntou zombeteiramente.

- Cale a boca, já me perguntaram se eu entrei em brigas clandestinas. - Ela rosnou irritada enquanto Park ria ainda mais.

[...]

- Um mês, mais de um maldito mês e ela não falou comigo, Somi. Ela me mandou para o inferno. - Jisoo ficou um pouco animadae seu escritório, olhando pela quinta vez naquela manhã no bate-papo com a menor, a garota nem havia respondido a sua saudação de aniversário, mas ela a tinha visto.

- Não se aproxime, você vai me bater, o espantalho. - Somi fez uma cara de nojo e se afastou três passos de Jisoo.

- Foda-se! Não estou jogando, isso realmente me mandou para o inferno.

- Ela nem te contou, afinal, você quer ir beber?

- Você acha que vou resolver meus problemas assim? Como você pode pensar?

- Eu convido.

- É por aí que você deveria ter começado. - Ela desligou o celular e recostou-se ainda mais na cadeira. - Vamos terminar de trabalhar.

Somi aceitou e saiu do escritório, teve que voltar para sua mesa.

[...]

Durante o dia Jisoo não obteve resposta e, quando menos esperava, uma ligação interrompeu seu sono.

- Jen? Vamos ver Kim, não responda agora, ela fez você esperar um mês, vamos lá, não seja tão- Foda-se minha dignidade! – Ela atendeu a ligação ouvindo o silêncio do outro lado, talvez ela tenha ligado por engano.

- Jisoo, venha até minha casa em 5 minutos, nada menos. - Ela desligou sem esperar resposta. E como uma mestra completa, Jisoo levantou-se da cama o melhor que pôde e começou a se vestir para ir até lá, não era tão longe, mas ainda assim era impossível chegar lá em 5 minutos, a não ser que ela não se importasse sobre leis de trânsito.

Ela não sabia como, mas chegou. Ela viu Jennie na entrada do lado de fora da casa dela.

- Ei, é perigosa ficar sozinha aqui, são 23h...

- Não é tão tarde e obrigado por se preocupar. - Desconforto, foi perceptível em ambas. Ela olhou para Jisoo, que continuou a olhar para ela com adoração.

- Loiro realmente combina muito com você.

- Sim, eu queria experimentar, acho que me serviu bem. - Jennie suspirou e se levantou para encarar a mais velha, ela tinha que lhe dar a resposta. - Pensei muito nisso, demais. Percebi muitas coisas; boas, ruins, não importa. O importante aqui é que eu decidi te perdoar, eu sei que você decidiu não me contar tudo para me proteger de alguma forma e para proteger você, principalmente. Eu sei que você também queria uma resposta para começar bem, como algo certo, como namoradas e Jisoo, isso seria ótimo, seria mesmo...

- Isso é um sim? – Jisoo perguntou com todo entusiasmo na pergunta, seu olhar de felicidade dizia muito, mas antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Jennie falou.

- Não, na verdade não. Eu só queria te dizer que te perdoei, mas francamente não pode ser nosso, e não, mamãe Chae não tem nada a ver com isso. Eu pensei isso sozinha, claramente você é uma idiota que não sabe o que quer e eu não posso ficar com alguém assim, seu ciumes foi fofo, mas não é isso que procuro com alguém, então eu acho melhor manter as coisas como estavam antes de eu chegar na sua casa. Eu gosto de você, mas você não é para mim. - Ela mordeu o lábio e olhou diretamente para a mulher mais velha que chorava sem saber, ela estava imóvel. -  Pensei muito nisso, acredite. Sinto muito, espero que se nos encontrarmos novamente tudo ficará melhor.

Sem mais delongas, ela voltou para dentro de sua casa. Quando fechou a porta, ela e agachou atrás dela, enterrando o rosto no meio dos joelhos, algumas lágrimas escorrendo de seus olhos sem permissão.

Ela não era a única, Jisoo ainda estava inerte em seu lugar, isso seria o seu fim? Ironicamente, ela acreditava no carma. Jisoo caminhou mecanicamente até seu carro, ligou o rádio e para sua sorte estava tocando Wind Flower de Mamamoo, o destino estava lhe dando muitas facadas ao mesmo tempo.

- Isso é um adeus para nós? Seremos nós as únicas que sofreremos? Como uma flor que desabrocha, tudo vai melhorar a cada dia... - Ela cantou, afundando no banco do carro enquanto observava o semáforo mudar de cor pela terceira vez, ainda não conseguia acreditar no que lhe contaram.

Nossa, muitas coisas aconteceram nesses meses.