𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟑 • Black russian
EPISÓDIO 4 — PARTE 1 — TEMP. 1
[BLACK RUSSIAN]
IRA ESTAVA AO LADO DE Thomas e Polly, todos caminhando para o Garrison onde John havia pedido por uma reunião de família.
De início, ela havia negado, dizendo que ela não tinha porquê se meter nela, mas Thomas e Polly afirmaram que ela tinha todos os motivos do mundo — principalmente se ela fosse fazer parte da família Shelby em breve.
Os sentimentos dela por Thomas cresciam a cada dia, e os dele por ela também. Mesmo que eles não haviam tido alguma relação física, isso apenas comprovou a teoria de ira que não era preciso esse tipo de interação para desenvolver sentimentos.
Polly abriu a porta da sala privativa, entrando primeiro enquanto Thomas a segurou para ira passar em seguida. Ela o agradeceu com um sorriso que foi minimamente retribuído. Ela sentou-se ao lado de Arthur, que prontamente ofereceu um copo de whisky para ela que negou. Arthur revirou os olhos de brincadeira, provocando Ira ao lembrar do quão fresca ela era quando se tratava de bebidas.
Ele fez o mesmo com Thomas, que surpreendentemente negou também, mas ele tinha mais assuntos para se preocupar no momento.
— Só tem um homem vigiando a casa, John — suspirou Thomas, entediado. — Qual o problema?
— Bem... — pigarreou, inquieto. — Tia Polly, sabe como tem sido para mim desde a morte da Martha.
— Deus leva os bons primeiro — disse ela.
— Achei que fosse Darwinismo — comentou Ira. — Teoria evolucionista. Os mais fortes sobrevivem.
— Papo científico ou não, não importa — disse John, cortando-a. — A verdade é que meus filhos fazem o que querem de mim. Correm descalços com os cachorros até tarde.
Thomas suspirou. Ele tinha mais coisas para fazer, não perder tempo com aquilo.
— Polly, dê dez xelins a ele para sapatos — pediu. — É isso, John?
— Tommy, seria melhor você não participar — cortou Polly, já irritada. — O que quer dizer, John?
Thomas se colocou ao lado de Ira, ainda em pé, uma mão em seu ombros enquanto o apertava delicadamente, como se ela fosse a única coisa que ainda o segurasse ali, já que ele tanto queria que ela participasse dos negócios da família.
— Os meus filhos precisam de uma mãe — decretou. — Por isso, me casarei.
Todos se entreolharam, em parte desconfortáveis e outra nervosos com o rumo daquela conversa.
— Essa pobre coitada sabe que vai casar com ela? — perguntou Polly. — Ou vai dar a notícia de repente?
John tomou fôlego, suando frio.
— Eu já pedi a mão dela, e ela aceitou.
— Acho que tem uma bomba prestes a explodir aqui — sibilou Thomas, um cigarro em sua boca enquanto acendia o fósforo.
John agarrou a caneca de cerveja, tomando um grande gole antes de falar:
— É a Lizzie Stark.
Imediatamente, todos ririam. Ira, que havia chegado há apenas alguns meses, já sabia de praticamente tudo que acontecia em Birmingham. Ela sabia bem quem era Lizzie Stark e seu ofício. Ela não pode deixar de rir junto com os outros. John deveria estar brincando.
— John — riu Polly, tentando falar. — Lizzie Stark é uma mulher forte e certamente provê bons serviços a seus clientes, mas...
— Não quero escutar essa palavra — exclamou John, irritado. — Entendeu? Não use essa palavra?
— Que palavra, John? — perguntou Thomas, fingido.
— Você sabe que palavra — tremeu.
Arthur riu alto, jogando o braço por cima do banco.
— Todos mundo sabe, porra.
— E eu quero que todos vão para o Inferno — avisou John.
— Meretriz? — disse Ira, divertida. — É essa a palavra? Que tal prostituta?
John tremeu de raiva. Ira podia ser nova entre eles, mas algo em Thomas estava orgulhoso da faísca de coragem dela. Não só ele, mas Arthur e Polly também. Arthur via em Ira algo com uma irmã descontraída e não frágil — diferente de Ada. E Polly via em Ira uma mulher com coragem que sabia bem o que queria da vida, quase como uma filha para si.
— Se alguém chamá-la de prostituta de novo, eu vou enfiar o cano da minha pistola na garganta dessa pessoa e fazê-la engolir essa palavra na base do tiro.
— Homens e seus paus nunca param de me surpreender — exclamou Polly, entredentes. — John, Lizzie Stark jamais trabalhou na vertical.
— Ela mudou! Está bem? — gritou ele. — As pessoas mudam. É como a religião.
— Lizzie Stark é muito religiosa, hein? — provocou Thomas.
— Não, ela não e religiosa, mas... — gaguejou. — Mas ela me ama. E escuta aqui, Tommy, não farei isso sem a sua aprovação. De todas as pessoas no mundo, eu quero que você veja como um ato de coragem.
— Aja coragem para isso.
Ira quase engasgou com a frase de Arhtur, ele disfarçando ao levar o copo de whisky aos lábios.
— Coragem é ir aonde nenhum homem foi antes — declarou Polly, seria. Então, ela riu. — E não será o caso com a Lizzie Stark, John.
Mais risadas, Arthur mal conseguindo se controlar.
— Escute, Tommy, dê a ela as boas-vindas à família — pediu John, os ignorando. — Como alguém que já teve uma vida dura. Pode ser? Porque preciso de alguém. As crianças precisam de alguém.
— E eu preciso de uma black russian — sibilou Ira. — A pancada com gosto de café.
Mas antes que um deles pudesse questionar Ira sobre o que ela estava falando, a porta da sala privativa foi escancarada por uma figura pequena e ágil. Ira achava Finn a criança mais fofa do mundo, vestindo um pequeno suspensório com uma boina igual a dos seus irmãos mais velhos — a definição de fofura, ainda mais com as bochechas rechonchudas.
— Tommy! Fomos atacados!
Nenhum deles estava preparado para ouvir aquele tipo de notícia. E Scudboat? Ele não estava na casa?
Thomas foi o primeiro a reagir, correndo para fora da sala, sendo seguido por Arthur e Polly. Ira, ainda em choque, foi segurada pela mão por Finn que a puxava para fora, todos em direção à casa de apostas.
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31.08.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Apesar de levar a Rússia no nome, exceto pela vodka, essa bebida nada tem nada a ver com o país do leste europeu. A primeira vez que essa bebida se apresentou para o mundo foi em 1949, e por ironia (ou não), a primeira pessoa a beber o Black Russian foi justamente um americano, em plena Guerra Fria. Tudo aconteceu no luxuoso Hotel Metropole, de Bruxelas, quando o barman Gustave Tops, em honra à embaixadora dos Estados Unidos, Perle Mesta, resolveu fazer uma bebida forte e com leve sabor de café.
-18 NÃO BEBAM!!!
Receita: 2 Vodca e 1 Kahlúa (licor à base de café).
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