𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑.
well, me and my ghost,
we had a hell of a time.
SIMON.
Simon Riley odiava a Flórida.
Aquela cidade o enlouquecia e ele odiava o clima, as pessoas e principalmente os lugares que precisava frequentar.
Para ele, a Flórida era uma droga.
Odiava cada parte do trajeto, cada segundo longe de Manchester, mas o fazia com fervor todas as vezes que precisava viajar até ela. A única parte que compensava em estar em lugar que odiava com todas as suas forças, era encontrar a única pessoa que fazia toda a diferença naquela cidade.
Porque quando Simon precisava esquecer de todo o terror que o rondava, ele ia até a Flórida.
Não era diferente dessa vez. Ele esteve fora por muito tempo. Os três meses em campo foram duplicados tornando-se 6 meses em uma missão com a força Tarefa 141. 6 meses em terreno inimigo, vivendo no limite, sem qualquer tipo de comunicação com o mundo real até que aquele confronto terminasse. O que significa seis meses sem qualquer contato com a única pessoa que Simon se comunicava fora da vida militar.
Antigamente, ele nunca tinha nada com o que se preocupar, nada para o que voltar. Em Manchester, toda a sua vida foi posta em caixas. Encaixotadas e guardadas para o caso dele ousar um dia reviver aquelas lembranças, aguardando o momento em que a tempestade passaria e ele acharia um rumo para o que confidenciou ao fundo de seu armário. Era certo que, para Simon Riley, aquele dia nunca chegaria.
Sem família para quem deixar suas memórias, não havia um real propósito para guardar parte de sua vida. Ele deveria descartar. Ele realmente deveria. Mas nunca teve coragem. Então Simon ignorava tudo, como sempre costumava faze, e fingia esquecer.
Um apartamento vazio em Manchester o espera todas as vezes e, durante muitos anos, Simon estava satisfeito com isso. Durante muitos anos, era apenas ele e seus demônios. Ele e sua auto depreciação, andando lado a lado todas as noites. Não havia um escape, ele nem ao menos achava que merecia um. Mas tudo mudou no exato momento em que ela entrou na vida dele e, desde então, Simon sentia uma necessidade, uma ânsia em seus ossos, em retornar para a Florida todas as vezes.
Ele chega em Destin em uma madrugada chuvosa. Ninguém o espera no aeroporto, nem ao menos há um uber pago por ela na porta. Claramente é porque ela não sabe que ele está na cidade. Simon não contou para ela que estava vindo. A essa altura, depois de tantos meses, ela até poderia pensar que ele estava morto ── tecnicamente, ele está. Simon Riley foi dado como morto anos atrás, mas essa é uma das várias coisas sobre si mesmo que ele não conta e acha que ela não precisa saber ── Entretanto, também não era fora do comum ele aparecer sem avisar.
Então ele mantém a linha silenciosa e espera que ela não surte quando ele aparecer na porta, usando roupas pretas e a balaclava no mesmo tom, aquela sem a placa de caveira que deixa apenas seus olhos amostra e que sempre a fazia comentar sobre o quanto achava a cor das orbes dele bonita.
O táxi o deixou na porta da frente da casa dela 30 minutos depois. A chuva diminuiu um pouco, mas ainda caía pequenas gotas em seu moletom, algumas também escorreram por seu rosto, porém Simon manteve a cabeça baixa ao caminhar pela calçada. Ele nota que ela cortou a grama do jardim recentemente e plantou flores novas. Os gnomos feios ainda estão lá, espalhados pela grama, agora formando um tipo de círculo em volta de um pato de borracha ── o humor distorcido dela continuava o mesmo de sempre.
Ele toca a campainha uma vez e depois dá duas batidas na porta. Nunca bate pela terceira vez. Sempre a deixa esperando que isso aconteça, mas nunca vem. É assim que ela sabe que é ele. É isso que a motiva a correr até a porta, seus pés quase deslizando pelo assoalho de madeira e parando poucos centímetros antes para se recompor e fingir que não esperou por isso por semanas ── inferno, ela esperou por meses. Ele a fez esperar por seis malditos meses.
Por isso Simon fica em silêncio quando ela finalmente abre a porta e o olhar dos dois se encontra. Ele não diz nada. Apenas permanece na frente da mulher familiar com as mãos no bolso do moletom, esperando que ela dê o primeiro passo. Simon sabe muito bem o que vem, e nem ao menos fica bravo quando acontece.
Ela dá um tapa na cara dele.
── Seu filho da puta, desprezível! ── ela exclama, sem se preocupar que todos os seus vizinhos estão dormindo naquela hora da noite, algo que o faz questionar como ela ainda não foi expulsa daquela vizinhança. O rosto de Simon se voltou para o lado direito com as pálpebras fechadas, enquanto ele discernia o que acabou de acontecer.
O tapa não foi tão forte ── Simon sabia que ela podia fazer pior ──, mas ainda assim sentia sua pele arder um pouco. A dor não era desconfortável e logo passou, como se nem tivesse existido.
Para um homem que já foi queimado, costurado, esfaqueado, torturado, baleado e enterrado vivo, um tapa mal doía.
── É bom te ver também, Florida. ── ele a cumprimentou com sarcasmo e um pouco de divertimento brilhando em seus olhos. Simon a fitou ── Posso entrar, amor? Ou você tem planos de me deixar na chuva como algum tipo de castigo?
── Eu deveria ── Florida passa o peso de um pé para o outro, contorcendo-se de forma impaciente, seus lábios comprimidos em uma linha fina de descontentamento. ── Mas acho que o tapa deve bastar essa noite. Da próxima vez, ── ela dá passagem para ele chegando para o lado. ── vou chutar você bem no meio das bolas, Simon Riley. Eu pensei que você estava morto.
── Você sempre sabe como fazer um homem se sentir bem-vindo, amor. ── Simon ironiza ao passar por ela, deixando sua mochila no canto, próximo aos sapatos na entrada.
── Eu pensei que você estava morto. ── comentou ela.
── Como você pode ver, eu não estou morto.
── Ainda ── A mulher bufou, irritada.
Ela caminha até a cozinha, passando por ele assim que fecha a porta. Simon aproveita para observar a casa e as pequenas mudanças que ela fez enquanto ele esteve longe. Quadros novos foram adicionados a parede de cor oliva, pinturas feitas à mão, todas feitas por ela. Há porta retratos, mas todos ficam nas estantes ou próximos da televisão.
Imagens dela com os pais ou com amigos. Sempre sorrindo, sempre parecendo tão feliz. As memórias estavam eternizadas naquelas molduras. Memórias que Florida não queria esquecer, memórias com pessoas que importavam pra ela, que a chamavam pelo nome real e não pelo apelido que ela ganhou no exército. Apelido esse que Simon era o único que ainda usava.
Ele não podia negar que às vezes sentia um pouco de inveja da forma como ela se adaptou tão bem à vida civil. Mesmo depois de quase 10 anos no exército, vivendo em campo, vendo várias pessoas que gostava morrer... Ela não havia parado no tempo. Não fez o que ele fez.
Na mesa de centro, havia um pequeno arranjo de flores amarelas, algumas revistas e livros e uma garrafa de vinho com uma única taça ao lado, sinalizando que ela teve uma noite longa. O sofá cinza era novo, mais espaçoso que o anterior e combinava com as duas poltronas e o tapete, era um ambiente simples e Florida deixou toda a casa com a sua cara. Toda vez que Simon entrava ali, tinha essa certeza.
── Não vai me dizer como foram esses últimos meses? ── Indagou ela, de forma amarga, no lugar onde estava na cozinha. Os passos pesados de Simon seguiram até aquele cômodo da casa que era unicamente separada por uma ilha de mármore.
O cheiro de chá havia inunda o ambiente, conforme Florida preparava duas xícaras. Sobre a luz amarela bruxuleante daquele ambiente, ele pode observar melhor as feições dela.
O cabelo estava mais curto, rente às bochechas. A franja permanecia a mesma, mas Simon sabia que ela a aparava todo mês para que não caísse sobre os olhos. Florida parecia cansada, mas nunca um cansada como anos atrás, como na época em que ela esteve no exército, correndo de um lado para o outro na base ou em um campo de batalha, garantindo a vida de vários soldados.
Não, ela realmente conseguiu deixar aquele tempo para trás. Aquela época onde o caos tomava conta de sua vida e ela mal conseguia dormir 8 horas por dia porque os pesadelos não deixavam.
── Você cortou o cabelo ── ele murmurou. Cruzando os braços, Simon se apoia no batente da porta.
── Não muda de assunto ── Ela o encara. Aqueles grandes olhos castanhos focados nele com tamanha seriedade. Qualquer humor desapareceu naquele momento, restando apenas a postura que ela assumia em um consultório médico. ── Fiquei preocupada com você. Não tive notícias suas por meses, Simon.
── Eu sei, mas não tive como entrar em contato nesses seis meses ── ele respondeu, afastando-se do batente e caminhando até ela. Os dois ficam frente a frente, a única coisa que os separa é a mesa de madeira. ── Estou aqui agora, e estou bem. Como você pode ver.
Pelo olhar que ela lhe lança, Simon sabe que as palavras dele não são suficientes. Entretanto, Florida o conhece há tempo suficiente para nunca pressionar. Ela nunca o pressiona.
Talvez fosse por isso que Simon sempre retornava para ela todas as vezes.
Desde que se conheceram anos atrás, ele ainda como sargento e ela como enfermeira, desde que seus caminhos se cruzaram, sempre foi assim. Eles não se tornaram amigos imediatamente. Simon não mantinha tanto contato com ela como mantinha com restante de sua equipe, mas suas idas recorrentes a ala médica proporcionaram uma amizade que se consolidou com o tempo.
Depois disso, veio algo mais.
── Tem novidades? ── Simon perguntou sentado em uma cadeira na ponta, enquanto ela entregou a ele a xícara de chá e puxou a que estava ao lado para se sentar ── Eu vi que você mudou algumas coisas na casa, colocou prateleiras novas na sala...
── É, eu fiz. ── Ela murmurou, levando a própria caneca aos lábios ── Pintei as paredes sozinha, troquei o sofá. Eu estava um pouco... inquieta.
Ele murmurou afirmativamente, observando os olhos dela vagando pela mesa, pela cozinha. Nunca permaneciam muito tempo sobre ele.
── E como anda o trabalho?
── Tranquilo. Tive alguns estresses, mas já passou ── Florida respondeu, mas algo ainda parecia perturbá-la.
Simon levantou a máscara, deixando apenas seus lábios à mostra. Flórida o encarou, semicerrando os olhos, erguendo uma sobrancelha e, por um momento, ele não entendeu o que ela quis dizer com aquele ato até ela falar.
── Eu não sou uma estranha, Simon. Eu já vi o seu rosto milhares de vezes ── comentou. ── Tire a máscara. Você está em casa.
Casa.
Aquela palavra o fazia estremecer. Aquele lugar não era sua casa, nunca foi. Mas fazia sentido ela dizer que ele estava em casa. Simon passava mais tempo ali do que em Manchester.
Além do mais, ele nem ao menos poderia comparar. Não saberia dizer o que era o real significado de casa. Ele teve uma com sua família, mas ainda não se sentia em casa quando seu pai abusivo estava lá todas as noites para fazer da vida dele e de seu irmão em um inferno.
Simon suspirou, soltando uma risada baixa e grave, balançando a cabeça de um lado para o outro como se não tivesse ficado incomodado pela escolha de palavras dela.
── Você está certa. ── ele disse, retirando a balaclava do rosto. Ela segue os movimentos dele com o olhar, sem desviar. As orbes acastanhadas fitam o rosto dele por minutos intermináveis, como se não pudesse desviar.
Simon ignora o desconforto que sente. A máscara se tornou uma parte dele, ficar sem ela a deixa exposto, quase vulnerável. A balaclava é como uma segunda pele, mas Simon acha que Florida sempre conseguiu ver abaixo de todas as suas camadas.
── Eu sempre estou ── ela respondeu, finalmente desviando o olhar. Segurando a caneca com as duas mãos, Florida a leva aos lábios e há um sorriso zombeteiro espreitando.
── A máscara... Força do hábito ── Simon comentou, seu sotaque de Manchester se tornando áspero e ele coça a barba por fazer com os dedos. Casualmente, ela o observa.
Durante um tempo, eles bebem em silêncio até ela preenchê-lo com um pouco de conversa fiada. Florida o atualiza sobre sua vida, sobre seus amigos do trabalho (uma saiu de licença maternidade na semana passada e outro descobriu que vai ser pai recentemente), sobre a única vizinha que ela gostava (a mesma que sempre fazia os melhores brownies com maconha que eles estavam comendo um pedacinho naquele momento) e sobre a semana estressante que teve no trabalho.
Simon não se aprofunda sobre sua missão, Florida sabe que ele não pode dar detalhes, por isso não insisti, mesmo querendo muito. No final, o que realmente importa pra ela é que ele esteja vivo e bem.
Não demora muito até que as duas canecas estejam totalmente vazias do chá, porém cheias de bebida barata, o tempo passa rápido. Mas Simon não pode negar que o silêncio se tornou um tanto estranho quando ela terminou de falar. Parecia que havia algo a mais.
Antes, não costumava ser assim. Mas durante cada minuto que passou ao lado de Florida naquela cozinha ele sentiu que algo estava fora do lugar. Ele demorou para perceber, achando que poderia ser as pequenas mudanças que ela fez na casa que agora estava afetando sua noção de espaço, porém ele notou, meio tardiamente, que ela parecia um pouco inquieta.
── Está tudo bem? ── Simon perguntou, enquanto eles lavavam as louças juntos. Ela havia deixado acumular a louça do dia inteiro, como sempre costumava fazer.
── Hum? ── Ela o encara piscando aqueles grandes olhos, parecendo atordoada, as bochechas levemente coradas por causa do whisky. ── Sim, por que não estaria?
── Você parece meio... distante ── ele comentou. Florida seca as mãos em um pano de prato e depois volta-se para ele.
── Estou como sempre ── responde a mulher, oferecendo para Simon o pano em suas mãos, ele aceita. ── Será que não é você que está um pouco afetado pela viagem? Foi bem longa. Deveria descansar.
── Viagens longas não são um problema pra mim.
── Até o mais forte dos homens precisa descansar de vez enquanto, Simon Riley ── ela retruca, sendo perspicaz como sempre.
Quando descarta o pano em cima da mesa, após enxugar todas as gotículas de água, Simon dá um meneio com cabaça.
── Pode ser, ── ele comenta. Florida faz menção de se afastar, sendo surpreendida quando Simon envolve a cintura dela e a puxa para perto com um braço forte ── mas eu tenho a minha própria maneira de descansar.
Ele diz aquelas palavras próximo ao rosto dela. Seu hálito quente contra a pele dele, fazendo-a se arrepiar, os olhos ainda arregalados pela surpresa. Quando finalmente relaxa, compreendendo as palavras dele, Florida dá a ele um curto sorriso conhecedor, mas nem ao menos alcança seus olhos.
As mãos dela repousam sobre os peitos dele, seu olhar pairando sobre algum ponto naquele meio, antes de se erguer. Ele está se afastando apenas o suficiente para poder olhá-la nos olhos novamente. Seus narizes quase se tocam.
── Simon... ── sai dos lábios entreabertos dela, e ele pensa que poderia ouvi-la chamando o nome dele pelo resto da vida.
── Diga-me o que está em sua mente, amor. ── ele pede, e o apelido carinhoso a faz derreter. ── Por favor.
── Não sei se posso continuar com isso, não dessa maneira ── ela sussurrou tão baixo que Simon poderia julgar ter entendido mal as palavras dela, porém estaria mentindo. Naquele lugar silencioso, ele não precisaria de muito esforço para escutá-la ── Não posso continuar vivendo assim.
── O que você quer dizer? ── indagou, olhando-a nos olhos. Ela suspirou como se fosse difícil demais falar.
── Eu quero mais... E-eu... ── ela gaguejou e engoliu o seco, desviando o olhar para o lado. ── Quero ser parte da sua vida. De verdade.
Simon poderia dizer que não compreendia o que ela queria dizer, poderia pedir que ela elaborasse mais, porém ele sabia. Aquele momento que ele mais temia havia chegado, o momento em que Florida cansou de enterrar os próprios sentimentos, cansou de viver na margem da vida de Simon, de ser apenas um porto-seguro quando ele precisava de abrigo, onde enterrava seus arrependimentos.
── Florida...
── Se isso vai levar a nada, não sei se posso continuar, Simon ── disse ela, continuando seu monólogo levemente embriagado. ── Se não me quer da forma que eu te quero, eu...
── Eu quero ── Ele a interrompeu. Simon não saberia dizer de onde veio aquela coragem para proferir aquelas palavras, porém o alívio que se apoderou dele ao dize-las se tornou muito bem-vindo. ── Eu sempre quero você.
── E eu sempre quero você, Simon ── ela respondeu. Os olhos brilhando, cintilando por causa das lágrimas não derramadas, e um pequeno sorriso nos lábios. Simon acariciou o rosto dela suavemente e a trouxe para mais perto.
Os lábios dos dois se tocam dando início a uma dança lenta, porém cheia de saudade. Ele sentiu falta disso, da sensação de a ter em seus braços, de poder beija-la sem pensar em mais nada a não ser no gosto de chá que suas bocas compartilham.
As mãos dele escorregam pelas costas dela, encontrando seu lugar nas coxas da mulher, erguendo-a como se não pesasse nada. Simon a coloca sobre a mesa da cozinha, sem quebrar o beijo que iniciou, deixando-o se tornar cada vez mais faminto, mais necessitado. Seus jeans estão se tornando cada vez mais apertados, desejando querer se libertar daquele confinamento, porém sem conseguir se afastar dela.
Ela arfa por ar quando os beijos descem pelo seu pescoço, onde Simon passa a deixar suas próprias marcas pela pele. Florida enfiou os dedos nos cabelos curtos dele, puxando completamente, mantendo a boca dele colada ao ponto logo acima de sua clavícula. Ele a segurou pela nuca para trazer equilíbrio aos dois enquanto ela estremecia, e ajustou a boca no pescoço da mulher. Quando Simon enfiou o nariz ali e roçou os dentes em sua pele quente, Florida ofegou e arqueou o corpo contra ele.
Ele não via a hora de ver aquela marca pela manhã.
Quando se afastou, arfando um pouco e sentindo-se ofegante por conta da necessidade crescente que sentia, os olhos dele encontraram os dela. As pupilas da mulher estavam dilatadas e seus lábios entreabertos, avermelhados e inchados. Em outro momento, Simon adoraria ver aqueles mesmos lábios ao em volta do pau dele, levando-o bem fundo, o máximo que poderia aguentar. Porém, naquele momento, Simon precisava do contato pele a pele. Ele ansiava por ela. Ansiava por cada centímetro do corpo de Florida colado ao seu.
Sua mão direita desceu pelo corpo dela, alojando-se no meio das pernas da mulher, porém sem quebrar o contato visual que mantinham. Ele puxou a calcinha que ela vestia para o lado e, sem rodeios, inseriu seu indicador dentro dela. A mulher gemeu no mesmo instante, se apertando em torno do dedo grosso e cravando suas unhas nos ombros de Simon. Ela estava tão quente e convidativa que o fez pensar em como seria quando substituísse seu dedo por seu membro, e isso foi o suficiente para fazê-lo pulsar.
Simon começou a movimentar o indicador, fazendo movimentos de vai e vem, e acelerando conforme os gemidos de Flórida se tornavam mais altos. Os olhos dela se fecharam quando ele adicionou um segundo, a cabeça se inclinou para trás e Simon se sentiu sendo convidado a marcar mais áreas no pescoço dela com seus lábios. Ele retornou até a pele quente com avidez, sugando a pele entre seus lábios enquanto a tocava com rapidez, tornando-se um tanto áspero ao desejar cada vez mais que a mulher atingisse seu orgasmo.
Ela entoava o nome dele em gemidos mal contidos com seus lábios entreabertos e seus olhos revirados. A mão que estava no ombro dele começou a apertá-lo com mais força enquanto os quadris dela se moviam languidamente em direção aos dedos dele, querendo alcançar o ápice mais rápido.
As paredes dela começaram a apertá-lo, tornando-se cada vez mais escorregadias, mostrando a ele que ela estava cada vez mais perto. Simon conhecia cada parte do corpo dela, cada detalhe. Ele mapeou cada pedaço de pele como se fosse a palma de sua mão, como se fosse um mapa do tesouro. Estava gravado no fundo de sua mente. Simon sabia do que ela precisava para vir.
Ele tocou no clitoris dela com o polegar, pressionando o suficiente para fazer todo o corpo dela travar. Um gemido alto e prolongado do nome dele se seguiu, preenchendo todo o silêncio do ambiente enquanto ela vinha nas mãos dele. A essa altura, Simon já havia se afastado do pescoço dela e a observava durante o orgasmo pensando que poderia emoldurar aquele momento se tivesse a oportunidade. Porém teria que se contentar em apenas guardar as expressões e os sons que ela fazia em sua memória.
Por isso, quando a respiração dela começou a estabilizar, Simon ficou descontente. Ele precisava de um pouco mais. No instante seguinte, ele se ajoelhou.
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FLORIDA.
A mente dela estava em pedaços. Porém quando teve um breve momento de lucidez para juntar as peças no lugar novamente, os lábios de Simon estavam em sua intimidade.
Sua costas encontraram a superfície da mesa e um gemido entrecortado saiu de seus lábios, enquanto Florida não conseguia decidir se o afastava ou não. As mãos dela foram aos fios de cabelo loiro escuro, puxando-os entre os dedos finos, sentindo Simon murmurando contra ela em sinal de aprovação. Instintivamente, as pernas dela sobre os ombros largos dele, chutando e estremecendo no instante em que a língua dele lambeu uma generosa porção de sua boceta. Ele a devorou como se o mero gosto dela fosse o suficiente para enlouquecê-lo.
Simon nem ao menos se preocupou em ser gentil ao apertar as coxas dela em suas mãos, segurando-a no lugar com força enquanto continuava a prova-la. Florida tinha certeza que teria marcas roxas pela manhã, mas sua mente estava muito confusa, tão confusa ao ponto de fazer aquela dor se tornar prazer. Prazer líquido que pesava ainda mais em seu estômago.
Pois tudo o que havia em sua mente era Simon. Simon Riley em toda a sua glória. Seus ombros largos e altura elevada. Simon, seu ex-companheiro de equipe e atual companheiro de cama, o mesmo que a comia na mesa da cozinha sem nenhum pudor. Ele era tudo o que ela pensava. Ele foi tudo o que ela pensou e desejou nos últimos meses e ele estava ali agora, em carne e osso, fazendo-a se sentir tão bem.
Florida gemia o nome dele milhares de vezes. Com a cabeça jogada para trás e os olhos bem fechados, ela não conseguia parar de repetir Simon ou de murmurar coisas sem sentido. Graças a isso, Simon apenas intensificava mais os seus esforços. Ouvir os gemidos dela era como músicas para os ouvidos dele.
A língua dele passou a explorar dentro dela, entrando e saindo, lambendo suas paredes como se tivesse encontrado a única coisa que poderia matar sua sede. Um gemido agudo saiu de seus lábios imediatamente, seguido por mais suspiros quando Simon começou a lamber seu clitóris desesperadamente, suas mãos se movendo para abrir bem suas pernas, segurando cada uma aberta com um aperto firme.
── Simon, é demais, oh Deus ── ela gemeu, euforia não filtrada percorrendo seu corpo enquanto a língua quente dele lambia seu clitóris sensível como um homem faminto, fazendo ondas e mais ondas de prazer.
Não havia nada como Simon Riley, mostrando o quão talentoso ele era com a língua, e quão facilmente ele poderia transformá-lo em uma bagunça trêmula de tantas maneiras diferentes. Florida já estava tão superestimulado, então cada troca de língua dele foi direto para o núcleo dela.
Ele pausou seu ataque impiedoso, levantando um dedo e deslizando-o lentamente para dentro, os olhos colados na forma como sua boceta o sugou avidamente. Ela estava brilhando, e enquanto ele enfiava o dedo para dentro e para fora, ignorou seus apelos crescentes no prazer alternado.
── Demais? Eu decido quando é demais ── Simon a lembrou com autoridade, aquela voz marcante que ele apenas usava em campo.
Fechando a boca contra o clitóris dela enquanto seus dedos a esticam brutalmente, batendo enquanto a excitação se acumula embaraçosamente em sua palma, pingando no chão. Mas seus olhos apenas escurecem, as pálpebras caindo pela metade enquanto ele geme contra ela, sentindo como suas coxas se fecham, tensas e trêmulas. Sua boca se abre em um grito silencioso, seu rosto contraído enquanto a espiral serpenteia cada vez mais. Doloroso e pressurizado. Florida tem medo de quebrar quando for liberado. Porra, ela já está se contorcendo, estremecendo enquanto o trovão se aproxima. Palmas com um estrondo ensurdecedor, um raio atingindo seu sangue enquanto um último impulso que sente por todo o corpo acende a tempestade.
Florida xingou em êxtase enquanto ele lambia e lambia seu clitóris do jeito que ele sabia que a faria tremer e chorar em breve. Não havia nada a fazer a não ser aproveitar todo o prazer que ele estava lhe dando, suas mãos encontrando âncora em seus cabelos loiros sujos enquanto o nome dele saía de seus lábios.
Sua voz engasgada na garganta, o corpo se curvando no balcão, as unhas cravando no ombro de Simon agora enquanto o raio a atinge no mesmo tempo em que um trovão ressoa do lado de fora. Riley só piora a situação enquanto trabalha contra, continuando seu trabalho, extasiado pelo rosto devastado que pinta acima dele. Ele poderia morrer feliz aqui mesmo, sua voz finalmente se libertando com um grito miserável, lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto choques ondulam seu corpo.
Simon conhecia seu corpo por dentro e por fora, sabia exatamente o que fazer para provocá-lo e, o mais importante, para levá-lo até lá. Então, ele não parou mesmo quando suas costas arquearam bruscamente, os olhos bem fechados enquanto seu clímax tomava conta como uma cachoeira em curso.
A felicidade nublou a mente de Florida, o corpo ficou flácido enquanto as ondas posteriores vibravam lentamente através de seu corpo. Alguns minutos se passaram antes que ela descesse do alto, dedos trêmulos soltando os fios de Simon aos poucos.
── Oh, merda ── ela choraminga, finalmente parando enquanto enrola violentamente a mão na gola da camisa dele. Querendo puxá-lo para mais perto, afastá-lo, mas está completamente presa. Congelado e à sua mercê. ── Porra, por favor.
Finalmente, finalmente , ele a libera e Florida cai de volta no balcão, soltando pequenos gemidos miseráveis a cada respiração. Simon mantém os dedos enfiados dentro dela, sua língua se torna suplicante e lânguida enquanto ele lambe o que resta de seu prazer. Lambe até ela chorar, dá uma patada na bochecha dele, pedindo ao homem que tenha um pouco de misericórdia. Ele o faz, eventualmente. Levantando-se dos joelhos e abaixando suavemente as pernas inúteis para longe dos ombros.
Simon pressiona contra ela, deixando-a sentir seu peso robusto enquanto a boca dele captura a dela em um beijo desleixado, aquecido e de boca aberta. Florida está fraca demais para fazer muito mais do que respirar o cheiro dele enquanto ele rouba mais dois, três, dez beijos. Como se ele estivesse faminto do seu toque, precisando absorver o máximo que puder, como se ela fosse desaparecer a qualquer momento.
Quando Simon se afasta, é de forma relutante. As testa dos dois se tocam, ambos estão ofegantes, mas ainda quentes, famintos um pelo outro. Florida mal desceu do alto quando o homem a segurou pelas coxas, a puxa para si e a ergue. Instintivamente, ela segura ele, envolvendo suas pernas em volta da cintura de Simon e deixando que ele a leve para onde quer.
A porta do quarto dela é aberta e chutada por ele para fechar quando eles estão dentro do cômodo. O tenente a coloca sobre a cama, onde apenas a luz da Lua, que adentra pelas persianas, é capaz de iluminá-los naquele momento. Por um tempo, Florida deixa seu olhar se demorar sobre ele, observando Simon sobre aquela nova luz. Não Ghost, não o seu antigo tenente. Mas sim Simon Riley. Sem a máscara, sem o uniforme. E ela pode ver brilhar nos olhos dele algo que se assemelha muito a adoração. Florida se convenceu a muito tempo de que aquilo foi apenas invenção da mente dela, fantasiando com o dia que Simon responderia aos sentimentos. Por isso, quando se entrega a aquele beijo, quando se entrega a ele, tenta não pensar tanto no quanto seu coração arde por Simon Riley a cada segundo.
Havia algo sobre ter Simon Riley em sua casa que mudava todo o ambiente. Cada detalhe parecia diferente sobre a luz matinal, fora do seu lugar habitual, e isso era... bom. Florida estranhamente gostava de como Simon conseguia entrar em sua vida e bagunçar tudo ao seu redor, desfazendo seus planos e desmanchando a rotina que ela havia construído.
Simon era uma pessoa silenciosa, Florida raramente o ouvia se aproximar. Além disso, ela morava sozinha, então estava acostumada com a quietude. Esse aspecto não mudava com a presença de Simon em sua casa. Entretanto, o ambiente em si parecia diferente. Desde sua confissão meio bêbada, Florida não sabia como agir naqueles momentos onde os dois não estavam explorando o corpo um do outro.
Por um lado, ela esperava que Simon tivesse esquecido, pois tinha medo dele decidir encerrar o que tinham ── mesmo que doesse muito para ela continuar assim, sem um avanço. Florida também não queria perdê-lo. Por outro lado, desejava que Simon dissesse algo, que confirmasse que sentia o mesmo, que dissesse que os dois poderiam ser mais do que apenas amigos com benefícios. Queria que ele agisse, mas tinha medo de não ser da forma que ela esperava, por isso seguia em frente como se nada tivesse acontecido duas noites passadas. Florida permitiu que sua vida continuasse, ignorando a forma como seu coração doía toda vez que olhava para Simon do outro lado da mesa de jantar.
Sua rotina sempre mudava quando ele estava presente. Simon se dedicava a se mostrar útil quando ela está fora. Ajudava em pequenos reparos, fazia o jantar, gravava os programas favoritos dela na TV quando ela não podia assisti-los... Eles se ajustavam um ao outro e preenchiam as lacunas. Era bom, mesmo que ele detestasse Destin e sempre tivesse um comentário ácido para fazer sobre a cidade ou sobre os vizinhos dela.
Florida esteve em vários lugares do mundo, viajou para cada pedaço de terra que poderia ser considerado familiar ou não. Conheceu o lado bom e ruim de cada país que teve o prazer de visitar. Porém, no final de tudo, ela sempre voltou para casa, para o lugar o qual pertencia. Destin foi onde ela cresceu. Onde seus pais se conheceram, se casaram e a tiveram. Foi onde tomou a maioria das decisões imprudentes da sua vida, como entrar para o exército depois de se formar na faculdade de medicina.
Ela foi, e ainda é, genuinamente feliz na Flórida, por mais que para muitos seja um lugar bem infeliz. Há muito superficialidade, a cidade fede a loucura, porém ela amava viver ali.
Para ela, muitas vezes também foi. Entretanto, ela não era o tipo de pessoa que deixava as memórias ruins superarem as boas. Florida não costumava guardar rancor ou remorso. Nunca foi o tipo de pessoa que ficava muito tempo com raiva de alguém ou que se importava com maldades direcionadas a ela. Várias vezes lidou com pessoas difíceis, tanto em sua época no exército quanto agora trabalhando em um hospital. Ela lidou com todos os rumores, todos aqueles que a chamavam de traidora ou falsa, e no fim todas aquelas pessoas ruins se tornaram ── ou se tornariam ── apenas borrões no seu passado. Ela era uma apaziguadora, uma colecionadora de boas lembranças. Era isso o que realmente importava. Era por isso que amava tanto sua casa e não dava importância aos pontos negativos.
Foi justamente por amar tanto aquele estado que ela recebeu o indicativo de chamada 'Florida". Se tornou tão comum que às vezes esquecia o próprio nome. Uma vez, haviam perguntado a ela o porque de gostar tanto de falar sobre a Florida e, com muita ironia em seu tom de voz, ela respondeu.
── Se o seu marido que estiver te traindo desaparecer totalmente por acaso, ── disse ela ── ninguém faz perguntas.
Por de baixo de toda aquela bondade, ela também tinha um passado sujo, cheio de marcas de sangue deixadas por todos aqueles soldados que não conseguiu salvar. Flórida era um estado belo, mas cheio de segredos.
Então, Florida se tornou seu segundo nome. Era uma cidade tão traiçoeira quanto ela.
Simon também não a deixava esquecer aquele indicativo. Ele ainda a chamava assim, apegado demais a aquele nome. Florida não se importava. Ela gostava, e reservava aquele nome apenas a ele. Ela sabia que ele odiava a cidade, odiava ter que deixar Manchester e quando se referia ao estado onde ela morava era sempre para fazer algum comentário depreciativo sobre o lugar. Porém, quando Simon estava falando sobre ela, tudo mudava.
No fundo de sua mente, Florida sabia que a relação dos dois foi consolidada com o prazer. Foi assim que ela começou de verdade. O sexo era a alternativa que os dois tinham de esquecer de seus problemas, de deixar adrenalina do campo de batalha fluir. Eles usavam os corpos um do outro para o prazer e os dois lados tinham noção disso. Foi o que eles entraram em acordo anos atrás. Não havia romance ou qualquer tipo de rótulo de relacionamento. Eles apenas se beneficiavam atraves do sexo e era apenas isso.
Porém, quando Simon estava ali, a segurando com tanta cuidado, se entregando a ela com tudo o que tinha, era fácil para Florida se esquecer que aquilo tudo era apenas um acordo. Era mais fácil ainda pra ela criar sentimentos, pois ela havia criado apego a ele e ao o que eles tinham a muito tempo. Tudo o que ela fez foi apenas guardar tudo o que sentia, porque sabia que, no momento em que dissesse a Simon que ela queria mais dele, que ela desejava tê-lo por completo, ele se afastaria totalmente. Simon sumiria da vida dela como o fantasma que era e Florida nunca mais o teria.
Se antes ela não o tinha por completo, depois de confessar seus sentimentos perderia as partes dele que conseguiu alcançar. E Florida não sabia como sua vida seria sem Simon Riley nela.
Por conta disso, engolia todos os seus sentimentos e os mantinha em segredo. Ela continuava o recebendo de braços abertos todas as vezes e aceitava todas as migalhas que ele poderia dar para ela. Entretanto, isso nunca afastou a sensação de que Florida nunca o conheceu de verdade. Florida poderia conhecer cada cicatriz, cada marca de nascença, cada mancha que havia sobre a pele dele, mas nunca o conheceu intimamente. Eles haviam se despido um para o outro milhares de vezes, mas apenas ela havia ousado despir parte de sua alma também.
Porque Simon era um fantasma e não se julgava digno de amor. Mesmo assim, Flórida o amava com tudo o que tinha.
Sempre beijando cada centímetro de pele retalhada que encontrava, se beneficiando não apenas do corpo dele, mas também do prazer que poderia receber, da luxúria que os rondavam, como agora.
As mãos errantes do tenente encontraram os quadris dela enquanto a mulher balançava sobre ele, subindo e descendo sobre o seu membro. Era 17hrs da tarde. O céu estava quase se pondo no horizonte, banhando o ambiente com uma luz alaranjada, e os dois estavam se deliciando com o corpo um do outro da mesma forma que fizeram várias vezes durante os três dias passados.
Simon apertou a carne tenra dela, apalpando-a com seus dedos grossos, guiando-a para cima e para baixo, seus quadris subiram enquanto ele arrastava os dela para baixo para encontrá-lo, batendo mais fundo a cada impulso para cima.. A cabeça dele estava jogada para trás sobre o travesseiro, expondo seu pescoço perfeitamente esculpido para ela, os lábios entreabertos e um gemido rouco o deixou. O lençol mau os cobrindo os dois naquele momento.
As veias em seus antebraços se esticaram enquanto ele lutava contra o desejo, controlando-se o máximo que podia.Ele a fez choramingar no ar enquanto sua cabeça caía para trás e seu corpo quase se arqueava dolorosamente com o arrasto de sua ponta alargada arrastando-se ao longo de suas paredes internas. Florida não iria durar muito mais tempo, e tudo bem, porque ele também não.
── Isso, ── Simon murmurou com seus olhos vidrados focados apenas nela. ── continue assim. ── Ele ainda manteve a compostura enquanto seus quadris avançavam, mas sua voz carregava um leve tremor para sinalizar que seu clímax estava próximo.
Lágrimas picam em seus olhos com a plenitude avassaladora que ela sente, suas unhas arranhando o peito dele enquanto inspira uma série de respirações agudas e entrecortadas pela boca aberta.
Assim como era esperado, os gemidos de Florida aumentaram uma oitava, mas estavam fora de seu controle. Seu corpo começou a tremer enquanto seu núcleo se torcia e se contorcia ao redor dele. Ela mal conseguia acompanhar porque seu corpo estava em boa forma e os músculos de suas pernas queimavam em protesto enquanto tentava manter o ritmo.
Florida grita o nome dele repetidamente, seu corpo se contorcendo com a pressão avassaladora que sente em seu abdômen até que ele finalmente afrouxa o aperto, permitindo que ela se afaste um pouco apenas para balançar para frente novamente, seu queixo caindo no peito enquanto engasga um gemido.
Tão perto. Tão perto, os pensamentos dela estão confusos, o toque dele como um fogo marcando sua pele enquanto ele pressiona os dedos com mais força, balançando a mulher a seu gosto. Naquele momento, Florida desaparece da realidade, soltando um grito silencioso e se deixando levar por cada onda de prazer que sentia. Suas pernas ainda estão tremendo enquanto tenta continuar se movendo.
No entanto, Simon a deixou cair sobre ele enquanto seus quadris continuavam a seus movimentos dentro dela, arrastando seu clímax o máximo possível até que ele finalmente se acalmou com um suspiro áspero.
── Foda-se. ── Os dedos de Simon quase machucaram a cintura da mulher com o aperto forte, deixando marcas de digitais para trás, enquanto ele se derramava dentro da camisinha.
Seus quadris ainda se sacudiam a cada poucos segundos, mas seu corpo estava exausto.
Por alguns longos instantes, eles permaneceram exatamente onde estavam, seus corpos quentes esfriando aos poucos, enquanto feixes de luz alaranjada banhava a cama king size, adentrando através da cortina azul na janela, conforme o entardecer surgia no céu.
Florida permitiu que sua própria mente se deixasse enganar, se permitiu fingir que sempre era assim, que as mãos de Simon alisando suas costas significava algo mais, que seus corpos sempre juntos era o encaixe perfeito porque os dois se amavam. Ela permitiu que seu corpo se enchesse de amor, que seu coração esquentasse apenas durante aquele momento onde o efeito daquele orgasmo ainda estava passando. Ela se deixou levar por aquela ilusão, aproveitando enquanto o gosto ainda era doce em sua boca.
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SIMON.
── Vou embora amanhã ── aquelas palavras, proferidas por Simon, quebraram todo o feitiço horas mais tarde. Os olhos dela se abriram, encarando a parede à sua frente enquanto sua cabeça permanecia apoiada no peito largo do homem, agora que estava deitada ao lado dele, um fino lençol cobrindo os dois.
O tempo pareceu parar por um momento, o silêncio se prolongou. Simon se odiou por desfazer o clima sereno que aquele quarto tinha. Era apenas os dois, momentos depois, descansando lado a lado. Entretanto, ele ainda pensava na conversa que tiveram dias atrás, na cozinha.
Eles não haviam tocado naquele assunto novamente, e Simon tinha medo de assustá-la caso o fizesse. Os dois haviam bebido, estavam sob o efeito daqueles brownie, e ele sabia que ela só confessou o que sentia a ele por conta do álcool. O furacão veio e passou, porém suas consequências ainda perpetuavam.
Simon não queria fazê-la sofrer, não mais. Também estava cansado de fugir de seus próprios sentimentos, cansado demais de viver da mesma forma. Ela estava mudando sempre mudando e ele continuava o mesmo. O mesmo homem preso aos seus medos, as suas falhas, aos seus traumas. Ele queria ── não, desejava ── poder ser o que ela precisava, mas não sabia como por isso em palavras. Simon era um homem de ação, não de palavras.
As pessoas com que esteve antes também eram todas pelo prazer, Simon nunca quis mais do que isso porque sempre achou que não poderia dar mais. Agora, todos os corpos que estiveram no corpo e na mente dele afundam no pântano.
── Price entrou em contato comigo hoje, precisam de mim na base. ── continuou ele.
── Pensei que você ainda tivesse 3 meses de férias ── ela comentou em um murmúrio baixo, parecendo ainda com medo de desfazer todo o encanto completamente, como se ainda tivesse algo para segurar.
── Era pra ser, mas essa missão é urgente. Eles querem toda a força tarefa em Londres amanhã de manhã ── Simon respondeu. ── Mas não devo demorar. Você nem vai sentir minha ausência dessa vez.
── Você disse o mesmo da última vez e eu não tive notícias suas por 6 meses, Simon ── Florida ergue a cabeça ao falar, encarando-o. Os movimentos de Simon em suas costas param. ── E você mesmo disse que essa missão urgente, duvido muito que dure menos que 1 mês.
Eles se encaram por um momento. Florida percebe que ele ainda está processando as palavras dela, pensando no que dizer. Quando Simon permanece em silêncio, ela deita a cabeça no peito dele novamente e suspira. Os movimentos dele retornam em suas costas, alisando a pele onde uma marca antiga reside, uma cicatriz irregular feita por uma faca pequena. Simon se lembrava daquele dia no campo como se fosse hoje. O momento em que o inimigo se aproveitou da distração de Florida e cravou a faca um pouco abaixo da costela dela, onde ele sabia que o colete não iria proteger.
Quando Ghost a viu cair, gritando de dor, tudo o que enxergou em seguida foi vermelho. Atirou contra ele várias vezes e correu na direção da mulher, assim que teve certeza que o inimigo estava morto. As memórias de como se sentiu naquele dia retornaram a sua mente, fazendo com que suas mãos a apertassem contra o seu corpo, buscando mantê-la mais perto, segura.
── Sabe por que eu sempre volto pra essa cidade mesmo odiando esse lugar? ── ele pergunta a ela, quebrando o silêncio e encontrando o olhar dela.
── Por que você adora as batatinhas fritas do Food Truck da Charlie? ── Ela arqueia uma sobrancelha para ele.
Simon grunhe, apertando a cintura dela e escondendo a risada. Ele revira os olhos, porém Florida ri com a reação dele.
── Por causa de você. ── Riley responde, fitando-a. ── É sempre por causa de você.
Ela ri, suas bochechas corando violentamente, e sentindo a profundidade daquelas palavras, o peso que elas carregam, os olhos dela brilham com lágrimas não derramadas. Seus dedos cálidos tocam o rosto dele e Flórida avança, conectando seus lábios em um selinho.
A mão de Ghost rapidamente afasta o cabelo do rosto dela antes de puxá-la para ele novamente, a boca dele inclinando-se sobre a dela enquanto aprofunda o beijo para um que é mais apaixonado do que necessitado.
É lento e doce, diferente dos beijos que eles costumam trocar. Há algo que vai além da paixão, além da necessidade de possuir o corpo um do outro e, quando se afasta, Simon sente falta dos lábios dela sobre os seus.
── Vou voltar para você, ── ele disse, buscando por o máximo de certeza em seu tom de voz. Suas testas estão se tocando e seus olhos fechados ── eu sempre volto.
── Promessa? ── ela perguntou, sua voz era um sussurro quase inaudível.
── Promessa. ── Simon respondeu ── Você já é parte da minha vida, Florida. Nunca vou te abandonar.
Esperando que ela entendesse a importância de suas palavras, seus lábios beijaram o topo da cabeça dela. Alisando seus cabelos ondulados com uma suavidade que não sabia que ainda existia em si mesmo. Quando seus olhos focaram no teto branco daquele quarto, Simon suspirou profundamente, relaxando sobre o colchão.
Ele odiava aquele lugar, odiava estar preso àquela cidade, odiava trabalhar a vida toda para pagar uma parcela do tempo em Destin, mas, era em momentos como aquele, que Simon percebia que tudo isso valia a pena. Se passar toda a sua vida preso na Flórida significava ter aquela mulher em seus braços todas as noites, ele aceitava esse fardo.
O amor o deixou assim, percebeu tardiamente. Quando precisava esquecer de tudo, afogar suas mágoas, enterrar seus demônios ele ia até ela. E, depois de todos aqueles anos juntos, estava tão claro quanto a luz do sol que sempre surgia após uma tempestade.
Simon Riley amava Florida.
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