capítulo único

O que era para ser apenas um jantar na casa da minha namorada se tornou uma confusão.

    Eu e a Sun estamos em um relacionamento sério há dois anos e já passamos por muitas coisas juntos. Como todos sabemos, é normal um casal discutir de vez em quando, mas dessa vez... Passamos do limite.

    Tínhamos jantando normalmente, quando estávamos a lavar a louça alguém tocou o interfone e ela foi logo atender. Neste curto período seu celular começou a tocar sobre a mesa, claro quê não atendi, decidi esperar que ela voltasse para avisar. Porém aquele número continuou ligando, dando um total de seis chamadas perdidas.

    A minha curiosidade falou mais alto que minha noção.

    O celular da Sun não possuía senha então apenas deslisei um dedo sobre a tela e ele desbloqueou. Aquele número que a ligava sem parar estava salvo como "Kyung Moon Oppa". Fiquei sem reação naquele momento. Quem era esse tal Kyung Moon? E por que está salvo como "Oppa"? Ela não tinha irmãos ou primos com aquele nome.

    E mais uma vez me deixei levar pela curiosidade, agora, juntamente com uma pequena desconfiança, esta que eu tentava ignorar apesar de tudo.

    Eu odiava pensar coisas ruins sobre a minha namorada, ela sempre foi tão doce comigo, tão dedicada ao nosso relacionamento... Só de imaginar que ela poderia ser o tipo de pessoa que traia a confiança de alguém me doía o coração. Mas ainda assim...

    Comecei a ler as mensagens.

"Você está livre depois do almoço?"
"Estou sim." Ela respondeu.
"Poderia vir até meu apartamento? Estou de folga então tenho mais tempo para fazer aquilo que combinamos."
"Sério?! Obrigada. Quando eu sair do trabalho irei direto para o seu apartamento."

    Meu sangue ferveu enquanto sentia meus batimentos acelerarem.

    — Ela... Está me traindo? — As palavras mal saíram de minha boca.

    — Voltei Joongie! Era apenas a vizinha me entregando as correspondências que foram parar na casa dela por engano... — Nenhuma reação tive ao ouvir a voz dela ecoando pela casa silenciosa até chegar na cozinha.

    Levei meu olhar até ela e coloquei seu celular na mesa.

    — Quem é Kyung Moon? — Ela se mostrou surpresa ao me ouvir fazer aquela pergunta.

    — Você estava mexendo no meu celular? — Ela não parecia ter ficado nervosa por causa do quê eu fiz.

    — Sun... quem é esse cara?

    Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando manter a expressão neutra em seu rosto...

    — Um amigo, amor. — Voltou me encarar.

    — Um simples amigo te chamaria assim pra ir na casa dele sabendo que você é uma mulher comprometida? — Olhei para o celular na mesa e deslizei até as conversas antigas daquele contato. — Vocês estavam se encontrando quase todos os dias, me pergunto motivo.

    — Amor, não é o quê você está pensando.

    — Então me explique o que está acontecendo.

    — Eu... Não posso dizer agora. — Dei uma pequena risada repleta de nervosismo.

    — Não pode ou não quer? Sun, vamos ser sinceros. Se você está se encontrando com esse tal Kyung Moon com outras intenções apenas me diga.

    — O quê?!

    — Assuma logo que está tendo um caso.

    — Você ficou maluco? Isso tudo o quê diz não faz o menor sentido Hongjoong!

    — Então me deixe refrescar sua memória! — Saí detrás da mesa e andei em sua direção. — Há mais de uma semana você diz estar ocupada com seu trabalho para nos encontrarmos e em momento nenhum eu reclamei disso. Mas agora eu descobri que em todo esse tempo enquanto você me evitava você estava de encontrinhos com outro homem!

    — Você é um idiota Kim Hongjoong! — Gritou e saiu para a sala, respirei fundo e fui atrás dela.

    — Sun Hee!

    — Já perdi a paciência com você Hongjoong, se gritar meu nome mais uma vez... — Segurei seus braços tentando ter sua atenção.

    — Então vai ser assim? Não vai admitir? — Meus olhos se encheram de lágrimas. — Como você pôde depois de tudo? — Ela se soltou e me empurrou com força.

    — Hongjoong para! Como você ainda não confia em mim depois da droga de dois anos de namoro?! — Seus olhos se encheram de lágrimas dessa vez, fazendo meu peito doer. — Você acha mesmo que eu sou uma qualquer que brinca com o coração das pessoas?

    — Eu não queria dizer isso...

    — Mas foi exatamente o quê você fez parecer! Você está duvidando de todo o amor e respeito que eu tenho por você por causa de algo que você entendeu errado! — As lágrimas cairam de seus olhos e ela os limpou rapidamente. — Eu não iria te contar, mas agora nada tem importância de qualquer modo. — Ela segurou meu pulso e me arrastou até seu quarto.

    Abriu seu quarda-roupa e tirou de lá e um enorme urso de pelúcia, o jogando contra a parede logo em seguida.

    — Kyung Moon é um amigo meu de infância. Ele trabalha com costura então eu pedi a ele para me ensinar a como fazer uma pelúcia. Eu queria te dar algo feito pelas minhas próprias mãos... Era seu presente de aniversário.

    Me odiei tanto naquele momento.

    — Ele estava ansioso para saber qual seria a sua reação ao ver o presente. For isso não parava de me ligar.

    — Sun... Eu me sinto péssimo por ter te acusado de... Me perdoa, eu prometo que nunca mais irei agir de forma rude com você. — Tentei me aproximar mas ela recua.

    — Claro que você não vai fazer mais... Porque eu estou terminando com você.

    — Por favor, não faz isso. — Um nó se formou em minha garganta.

    — Eu estou profundamente decepcionada com você.

    — Amor...

    — Vai embora Hongjoong! — Apesar de ter falado firme eu sabia que ela estava triste, eu podia ver a dor através de seu olhar.

    Respirei fundo e decidi obedecer, mas antes, peguei o enorme urso de pelúcia e encarei Sun pela última vez antes de sair de sua casa.

    Depois que cheguei em casa tomei um banho e me sentei na cama encarando o urso. Ele me lembrava ela em seus grandes olhos negros e o sorriso fofo. Aquilo foi demais para mim. Comecei a chorar pondo para fora toda a dor que sentia, eu já não me importava se os vizinhos iriam me ouvir.

    Eu tinha magoado a mulher que eu amava e a única que realmente me amou.

    Me deitei na cama e abracei com força o urso, deixando minhas lágrimas molhar seu corpo fofinho.

[...]

    Era a terceira vez que eu ligava para Sun em meio a madrugada chuvosa. Quando a ligação estava quase caindo ela atende.

    — Hongjoong, me deixa dormir. — Falou com voz de sono.

    — Sun...

    — Hmm? — Resmunga.

    — Eu não deveria ter brigado com você. Eu fiquei com ciúmes e acabei falando besteira... Eu sei que isso não é desculpa para te acusar daquela forma, mas... — Passei as mãos pelo rosto. — Eu fiquei com muito medo que você me trocasse por outra pessoa e acabei perdendo a noção.

    Ouvi ela suspirando do outro lado.

    — Hongjoong, eu nunca iria te trocar, já conversamos sobre isso antes.

    Graças ao meu antigo relacionamento eu acabei desenvolvendo uma insegurança.

    A garota que eu namorava antes me achava grudento de mais. Isso por que eu sempre gostei de demostrar afeto a todo momento quando estávamos sozinhos. Sempre fui muito carinhoso mas após ouvir que esse meu carinho estava a enjoando eu comecei a parar de fazer algumas coisas.

    Como se fosse pouco, eu cheguei no apartamento da minha ex para fazer uma surpresa já que eu havia voltado de viagem antes do esperado, e acabei me deparando com a cena nada agradável dela com o "amigo". Aquilo acabou comigo.

    Eu me culpava por nosso relacionamento não ter dado certo, achava que o erro estava em mim... Até eu conhecer a Sun.

    Nossas mães tinham se tornado amigas graças a umas aulas de yoga, e em meio a encontros de família acabamos virando amigos. Ela me ajudou bastante conversando comigo, até que o tempo foi passando e nós nos apaixonamos.

    Para mim Sun é... como anjo. Ela me ajudou no meu pior momento, sempre dizia quão carinhoso eu era e como ela amava isto em mim. Nossas personalidades eram muito parecidas. Apesar de tudo ter dado certo nesses dois anos eu ainda não tinha superado totalmente a trauma do meu antigo relacionamento.

    — Eu sei... Acha que pode me perdoar algum dia?

    — Vem até aqui em casa amanhã pra gente conversar, aí eu te dou uma resposta.

[...]

    O dia foi cansativo, talvez pelo fato de que eu não dormi à noite. Meus olhos doíam de tanto que eu havia chorado de madrugada.

    Eram quatro da tarde quando saí do trabalho. Fui pra casa, tomei um banho e depois de arrumado, dirigi até a casa da Sun.

    Respirei fundo e toquei o interfone, não demorou muito para que ela viesse abrir a porta para mim, sem sequer olhar em meu rosto. Ela se sentou no sofá e eu me sentei ao seu lado sem saber o quê dizer. Depois de um curto momento eu tomei coragem.

    — Você disse que ia me dar uma resposta. — Me virei para ela. — Eu irei entender se você ainda estiver com raiva e... Ainda não quiser voltar comigo. — Me doeu ao pensar naquilo. — Mas preciso saber se você pode me perdoar pelo que fiz.

    Ela enfim se virou para mim. A expressão de preocupação em sua face me fez me sentir pior. Eu sabia que não estava no meu melhor estado naquele dia. Bem, ninguém nunca disse que passar a noite chorando fazia bem pra aparência de qualquer forma.

    — Me dá mais uma chance e eu prometo não fazer besteira de novo.

    — Joongie... — Ela me chamou pelo apelido, significava que não estava mais com raiva.

    Ela levou sua mão até minha bochecha e fez um carinho ali.

    — Por favor não apareça com o rostinho abatido na minha frente assim que eu choro... Eu te perdôo.

    Segurei seu rosto e dei um beijinho em seus lábios, em seguida beijei sua testa.

    — Por que não me disse que estava tudo bem pelo telefone?

    — É melhor fazer isso de perto. — Passou seu polegar em meus lábios limpando a provável mancha de seu batom. — Você foi sincero em suas desculpas, e eu aproveitei para te chamar pra passar o resto do dia comigo, já que é seu aniversário.

    Abri um pequeno sorriso emocionado.
    — Eu amo você.

    — Eu te amo mais.

  Quando a noite vinha caindo e começou a chover novamente, eu e a Sun ficamos juntinhos debaixo do cobertor assistindo os doramas que ela tanto gostava.

  As vezes nos deixamos levar pelas emoções e deixamos a noção de lado, sem nem ao menos pensar duas vezes ou procurar saber se aquilo realmente é o que parece. Infelizmente equívocos acontecem, mas farei de tudo para que mal-entendidos como esse não ocorram nunca mais.

  Eu amo a Sun e ela me ama.
  E nunca mais duvidarei disto.

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