[06] Good boy



Acordei com batidas insistentes na porta e tateei meu celular no criado mudo ao lado da cama para checar as horas e quase fiquei cego quando liguei-o e vi que a luminosidade da tela estava no máximo.

Seis e treze.

Mas que merda estava batendo na porta em uma hora dessas?

Levantei-me um pouco zonzo e passei as mãos pelos meus fios loiros, na tentativa falha de arrumá-los.

Caminhei até o banheiro e joguei uma água no rosto enquanto ainda escutava batidas na porta, e meio desajeitado atravessei o pequeno corredor e fui até ela, observando no olho mágico e me assustando com o que vi.

ㅡ Min Yoongi? Do que precisa? ㅡ Questionei, cruzando meus braços por conta do frio que entrava assim que abri a porta e vi seu corpo parado ao encalço da porta.

ㅡ Oh, desculpe-me por te acordar. ㅡ Pediu, ajeitando seus óculos com a ponta do dedo e me olhando com constrangimento. ㅡ É que eu precisava de uma ajuda com a matéria porque daqui uma hora vai ter prova. Você poderia em ajudar, por favor? ㅡ Sorriu quadrado, aparentemente envergonhado.

Tratei de sorrir para ele para tranquilizá-lo. Sei bem como é precisar urgentemente de algo e se sentir culpado por incomodar outra pessoa.

ㅡ Claro. Entre. ㅡ Abri mais a porta e caminhei para dentro devagar, sentando-me no sofá logo em seguida e esperando que ele fizesse o mesmo.

Ele apontou para o sofá, meio inibido, e então pediu: ㅡ Posso...? ㅡ sorriu meio tímido.

ㅡ Por favor. ㅡ Sorri fechado e no instante seguinte ele se sentou.

Yoongi é um tipo de gay encubado e nerd. Não há dívidas de que ele é bonito demais e parece ser romântico e inteligente pra caramba. Se ele estava pedindo minha ajuda, literalmente a prova seria difícil. E obviamente me procurou porque quando minha mãe morava aqui, espalhou para a vizinhança inteira que eu era muito inteligente e que tirava nota máxima em todas as matérias.

ㅡ Então, Yoongi, qual matéria precisa estudar? ㅡ Questionei, o observando atentamente.

ㅡ Matemática. ㅡ Disse e me surpreendi.

ㅡ Bela matéria. ㅡ Comentei e ele sorriu, deixando o clima mais leve. ㅡ Então, chocolate quente ㅡ eu disse e me levantei, recebendo um olhar confuso de Yoongi, mas não me importei em explicar à ele que sempre que ia estudar uma matéria eu bebia alguma coisa. Para português, chá de camomila; Para física, duas doses de tequila; Para matemática, chocolate quente e por aí vai.

O garoto com aparência de dezessete anos estava sentado como uma estátua sobre o sofá. Deu para ver que estava tenso.

ㅡ Gosta com canela ou sem? ㅡ Perguntei a ele quando havia acabado de preparar o chocolate quente.

ㅡ Sem. ㅡ Disse ele e se remexeu no sofá, finalmente saindo da posição petrificada que estava.

Levei a caneca até ele, que pegou-a entre as mãos pálidas como neve e me deu um daqueles seus adoráveis sorrisos gengivais.

ㅡ Gosto de beber uma bebida diferente para cada matéria que vou estudar. ㅡ Expliquei casualmente.

Ele levantou as sobrancelhas em curiosidade.

ㅡ O que bebe quando vai estudar filosofia? ㅡ Questionou, com atenção.

ㅡ Uísque. ㅡ Respondi.

Sua boca formou um O minúsculo e finamente cortornado.

ㅡ Qual é o tema da matéria? ㅡ Me aproximei mais de seu corpo, fazendo-o ficar incomodado. Então me afastei um pouco sem ele perceber.

ㅡ Função quadrática. ㅡ Disse, abrindo seu caderno na matéria, e eu sorri simplista.

ㅡ moleza. ㅡ Comentei, pegando o caderno de suas mãos. ㅡ Que letra bonita... ㅡ fiquei boquiaberto com a letra realmente bem grafada.

ㅡ O-obrigado. ㅡ Suas bochechas coraram de modo engraçado.

ㅡ Então, Yoongi, beba seu chocolate quente e mãos na massa. ㅡ Me levantei e fui diretamente para o chão, me sentando no chão, de frente a mesinha de centro e apoiando o caderno ali.

Observei bem aquilo e fiz um mapa mental de como iríamos estudar a matéria em menos de uma hora, e logo Yoongi se sentou à minha frente e eu começei a explicar. Rapidamente ele pegou a matéria e fixou tudo aquilo que aconselhei que fixasse.

O tempo passou rápido e quando me dei conta, já eram sete e dez.

ㅡ Nossa, olha só a hora! ㅡ Comentei com ele quando estávamos repassando as coisas mais importantes.

ㅡ Meu Deus! Tenho que ir antes que perca a aula. ㅡ Yoongi se levantou de supetão, inquieto e tateando os bolsos.

ㅡ Seu celular está na mesa. ㅡ Eu disse.

Me levantei também, enquanto Yoongi apanhava seu celular de modo tímido e desajeitado, e eu entreguei seu caderno quando já seguíamos até a porta.

ㅡ Sempre que quiser pode vir aqui, está bem? ㅡ Sorri para ele.

ㅡ Oh, sim, eu não dispenso. E muito obrigado mesmo. ㅡ Sorriu da forma mais grata possível. ㅡ E desculpa mesmo. ㅡ Quase implorou com o olhar.

Yoongi é adorável.

Abri a porta para ele, e no instante seguinte dei um pulo para trás, quase enfartando de susto.

Jungkook estava ali, prestes a bater na porta, com a mão em punho parada no ar.

ㅡ Oi. ㅡ Ele cumprimentou, enquanto moveu seu olhar de mim para Yoongi.

Só então notei o buquê de lírios em suas mãos grandes e algo se acelerou dentro de meu peito.

ㅡ Então, Jimin, eu já vou indo e muito obrigado mesmo. ㅡ Yoongi forçou um sorriso e o que fez em seguida me deixou estacado no chão.

Um beijo foi depositado em minha bochecha.

No instante seguinte ele fez menção de sair e Jungkook deu espaço à ele, o observando até que chegou na calçada, e então seus olhos escuros de voltaram até mim.

ㅡ Eu posso voltar outra hora se estiver atrapalhando vocês. ㅡ Disse, em tom ilegível.

Agarrei seu braço e o puxei para dentro, e logo depois fechei a porta, observando seu rosto bonito e sentindo algo ser aceso dentro de mim. Meu coração batia descompassado.

ㅡ Isso é pra mim? ㅡ Perguntei, um pouco inseguro, apontando o dedo para o buquê de lírios brancos.

ㅡ Sim. ㅡ Jungkook confirmou, um pouco atordoado, me entregando o buquê de modo desajeitado logo em seguida.

Eu sorri quando meu coração já começou a bater rápido. ㅡ É o primeiro que ganhei na vida ㅡ acariciei um dos lírios, vendo as folhas brancas amareladas brilhando com o reflexo da luz do dia.

No instante seguinte sua expressão se tornou surpresa e ele me olhou com atenção, mas o assunto em que tocou me deixou meio fraco. ㅡ Eu estava com saudades. ㅡ Seus dedos quentes acariciaram meu fios loiros e eu quase ronronei.

ㅡ Eu também. ㅡ Murmurei, sentindo seu carinho enquanto estava de olhos fechados.

Abri os olhos lentamente e o encarei, enquanto sua mão afagava minha bochecha e me deixava abobalhado, juntamente pela sensação avalassadora em meu estômago por seu rosto bonito estar tão perto, e eu fiz o mesmo, me aproximando do seu. Nossas respirações se misturaram e nossos narizes de roçaram levemente no momento em que meu estômago revirou, ansioso.

Ficamos assim por um instante, apenas roçando nossos narizes e um ponto em minha barriga ansiava para que nossos lábios se tocassem. A pontinha do nariz dele estava friazinha, e eu acabei sorrindo, achando meio engraçado, meio fofo.

ㅡ O que foi? ㅡ Vi seus lábios emoldurarem um bonito sorriso

ㅡ A pontinha do seu nariz tá friinha ㅡ falei, sorrindo mais ainda quando como resposta Jungkook soltou uma risadinha nasal.

E não demorou muito para que Jeon colasse seus lábios nos meus. Eram quentes e macios de um modo inexplicável... Chega a ser doce.

Percebei que, naquela porta de sala, não havia mais nada do que a adoração entre eu e Jeon, e nada mais que nossos lábios colados em um selhinho carregado de sentimentos intensos que não sei explicar. É algo que vai além de mim e do controle do meu corpo, que me sinto dependente e destinado a não viver ser.

Seus lábios se desprenderam dos meus depois de mais ou menos longos dois minutos, e seus olhos me observaram.

Não havia uma faísca de desejo, apenas o carinho inexplicável entre nós, como um arco que nos rodeia e nos protege. Uma radiação que tenho certeza que é capaz de destruir qualquer coisa ruim que quisesse nos atingir naquele momento.

Era só euforia, e eu não entendia isso. Mas, afinal, o que é a vida senão a passagem de momentos inexplicáveis? Tenho para mim que devemos preenchê-la de momentos bons. E é por isso que avanço uma vez, selando nossos lábios em mais um selhinho, depois outro, e outro, e mais outro. Calmamente, até que Jungkook me segurou pela cintura e colou meu corpo junto ao seu, extremamente macio pela blusa grossa de frio.

Sem percebermos estávamos nos beijando, explorando nossas bocas como marinheiros descobrindo a imensidão do mar, e trocando carícias com a língua.

Me afastei de seu corpo quando precisei tomar fôlego.

ㅡ Me desculpe, eu... ㅡ Jungkook tentou dizer.

ㅡ Shhhi ㅡ Apoiei meu dedo indicador em seus lábios e depois olhei em seus olhos lindos, depositando outro selhinho na pele fina e avermelhada que emoldura sua boca.

Me afastei, sorrindo bobo e observando os lírios.

ㅡ Obrigado, são lindos. ㅡ O olhei e aposto que meus olhos brilharam.

O sorriso fechado que recebi de volta quase fez meu cérebro derreter de vez.

ㅡ Vem, pode sentar aqui. ㅡ Indiquei o sofá para ele, logo depois atravessando a sala para guardar os lírios em um vaso.

Jungkook me seguiu, em vez de fazer o que sugeri.

Coloquei os lírios em um vaso de vidro transparente, em cima do balcão, e os ajeitei ali.

Senti uma presença atrás de mim, logo batendo contra o corpo dele. Suas mãos foram pousadas em minha cintura e ele me virou. Fiquei de frente para seu corpo, que estava junto ao meu. Ssuas orbes fitaram as minhas.

Pensei e esperei ansioso para que ele me beijasse, mas seu braço se moveu à minha esquerda e de repente suas mãos rodeavam um dos lírios brancos.

Sua mão livre moveu o cabelo atrás de minha orelha e encaixou o lírio ali na medida em que meu coração disparou mais uma vez.

ㅡ Adorável. ㅡ Ele sorriu fechado após beijar minha bochecha demoradamente, e me puxou para si, afundando-me em um abraço de urso carinhoso e perfumado. Aquele perfume que amo tanto, mas que não é comprado nem produzido pelas mãos humanas, pois é a essência dele. Só dele.

Bom, talvez a resposta para a pergunta que fiz a mim mesmo sobre quantas pessoas no mundo são como Jungkook, talvez seja uma. Só existe um dele, e enquanto o tiver para mim, eu serei feliz, assim como estou agora porque ele segurou meu rosto entre suas mãos com delicadeza e me observou como se estivesse com a pedra mais preciosa do mundo entre os dedos, o que me faz me sentir verdadeiramente especial de alguma forma.

ㅡ Você é mais angelical que um lírio. ㅡ Comentou, sorrindo bobo. Meus lábios refletiram o mesmo sorriso. ㅡ Mas tem o diabo nos olhos. ㅡ Disse e sorriu daquele jeito.

Balançei a cabeça e devolvi seu sorriso sacana.

ㅡ Você não tem jeito. ㅡ Comentei e me afastei logo em seguida, voltando para sala.

Me apressei para pegar as canecas sujas, pois de algum modo sentia que Jungkook não gostaria daquilo.

ㅡ Ele é um vizinho, e veio pedir ajuda com matemática. ㅡ Apressei em me explicar, antes que ele tirasse conclusões daquilo, carregando com cuidado as canecas até a cozinha.

Jungkook me olhou com tranquilidade.

ㅡ Realmente não precisa se explicar. ㅡ Disse com uma certa indiferença.

ㅡ Não estou me explicando, só... ㅡ Tentei achar algo para justificar, mas nada me veio em mente. ㅡ Bom, você gosta de chocolate quente? ㅡ Perguntei a ele.

ㅡ Gosto. ㅡ Respondeu, observando-me lavar as canecas.

ㅡ Vou colocar pra você. ㅡ Peguei uma caneca enxuta e me apressei para perto da panela.

ㅡ Não quero. ㅡ Disse firme e eu parei o que estava fazendo. ㅡ Vim aqui te convidar para ir em um lugar. ㅡ Explicou, pouco se importando com meu chocolate quente.

Meu coração disparou no peito como se fosse pular dali e sair perambulando pelos cômodos da casa.

ㅡ Onde? ㅡ Perguntei por trás do ombro, percebendo que Jungkook estava olhando para minha bunda, e então contive um riso.

Em seguida ele sorriu de canto e disse: ㅡ Gosto de proporcionar surpresas. ㅡ Fiz uma careta.

Na verdade, eu não gosto de surpresas, mas tudo que vem de Jungkook parece agradável demais, por mais que pareça, às vezes, loucura. Assim como se submeter totalmente à ele e sentir prazer nisso.

Sei que isso é algo que gosto de verdade, pois já tive uma pequena prova em seu quarto de hotel, mas mesmo assim não estou completamente convicto de que uma prática seria como o esperado. Não tenho tendência a gostar de dor, de torturas, e muito menos do que me causa medo. Mas de Jungkook eu gosto, e ele me causa um medo danado.

Tenho para mim que uma mente aberta é a chave para entender o BDSM, e eu quero entendê-lo.

ㅡ Eu preciso conversar com você antes de irmos. ㅡ Eu disse, subitamente interessado.

ㅡ Oh, tudo bem. ㅡ Concordou.

ㅡ Vem cá. ㅡ Fiz um gesto para que viesse e logo adentrei a sala depois de enxugar minhas mãos em minhas próprias roupas.

Ele se sentou no sofá oposto e me observou sério.

Encarei minhas mãos sobre o colo e pensei bem no que falaria.

ㅡ Eu quero... saber como... vai funcionar o contrato. ㅡ Entreguei de repente, me sentindo um pouco tímido por ceder tão fácil. Jungkook pareceu tranquilo enquanto me analisava.

ㅡ O contrato funcionará mediante a uma relação de dominação e submissão completa. ㅡ Começou a explicar. ㅡ Meu objetivo será fazer você descobrir o submisso que há em você, e ser o seu dominador durante o tempo que for conveniente para você, mas que terá de ser contado e cláusulado no contrato. ㅡ Disse e eu assenti.

ㅡ Tudo bem. Mas como funcionará exatamente essa relação? ㅡ Questionei, um pouco interessado demais.

ㅡ Não é algo que dê para saber com exatidão, mas o que estou propondo é algo de literal submissão em absolutamente tudo, com horários regrados e regras a seguir. E também algo onde tudo terá que ser comandado por mim, e regrado por mim. E caso haja desacato das regras, haverão punições ㅡ remexi no sofá, meio ansioso. ㅡ Mas sei dos limites que há, e tudo será feito com o maior cuidado possível e impossível, porque só há dois intuitos verdadeiros nessa relação. ㅡ Sorriu fraco quando pronunciou a última frase.

ㅡ Quais? ㅡ Observei seu rosto bonito, afetado pelas palavras tão sérias e importantes.

ㅡ Te mostrar o ótimo submisso que pode ser, e te ensinar a amar cada parte do seu corpo perfeito. ㅡ Respondeu e sorriu.

Juro que vi meu coração perambular por aí.

Me submeter à Jungkook parece algo irracional, e que não é de mim. Mas há algo em meu peito que diz que isso será como uma descoberta nova, de um eu interior, uma coisa que precisa aflorar. E eu gosto disso.

Eu gosto de quando Jungkook se demonstra sério demais, e se impõe, parecendo opressor e intimidador. A sensação dentro de mim é algo que não dá para explicar, e que até parece que não possui sentido, mas se tem uma das coisas que percebi sobre o BDSM é que tudo nele parece imoral e irracional, mas que na verdade só quem pratica e faz parte desse universo pode saber realmente o que ele é. Um novo universo, cheio de razões e sensações novas.

ㅡ Quando posso assinar esse contrato? ㅡ O olhei com determinação.

Um sorriso de canto foi desenhado em seus lábios.

ㅡ Amanhã. ㅡ Respondeu firme. ㅡ Hoje há algo que quero te mostrar. ㅡ Insistiu na ideia.

ㅡ Vou só trocar minhas roupas e já volto. ㅡ Avisei e me levantei de súbito, passando por ele, que se levantou também.

ㅡ Okay. Te espero no carro. ㅡ Disse.

ㅡ Ah, e... ㅡ Pensei por um instante se deveria contar aquilo. Juntei minhas mãos e entrelaçei meus próprios dedos, observando o chão. ㅡ Eu me toquei por você. ㅡ Entreguei tímido e observei seu rosto um pouco acima do meu.

De começo ele me olhou sério, e depois se aproximou, acariciando minha bochecha e em seguida meus cabelos.

Senti-me um gatinho e quase ronronei.

ㅡ Bom garoto. ㅡ Sorriu adorável.

Refleti o mesmo sorriso

ㅡ Agora vá se trocar. ㅡ Disse calmamente.

Lançei um sorriso tímido para ele e me virei depressa para ir para meu quarto.

Observei por trás do ombro seu corpo esbelto parado ao encalço do sofá e só consegui pensar uma coisa: "O que está acontecendo comigo?".

Sorri fraco e entrei no quarto.

🐥

O jk nesse capítulo 💜

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top