Capítulo 3 - parte 6 (não revisado)
O grande computador de Leo VIII "assustou-se" muito com os visitantes, pois mal enviou a mensagem, eles contataram a outra nave. O seu setor lógico levou-o logo a concluir que, contra todas as probabilidades medidas e calculadas, ele detectaram a transmissão, o que os colocava em um nível tecnológico "A", o mais alto deles.
Para piorar as coisas, os seus rastreadores de longo alcance mostraram uma nave menor, mas mesmo assim enorme, dirigir-se em direção ao quarto planeta.
Decidiu que não mandaria mais mensagens.
― ☼ ―
Passaram seis horas até que uma pequena nave auxiliar da Jessy pousou no hangar da Dani. Mal abriu a escotilha, Daniel entrou nela, acompanhado de seis técnicos e especialistas, além de vinte ninjas armados até aos dentes. A equipe sentou-se em um dos salões de passageiros e Daniel foi para a ponte.
– Vamos.
– Pode Sua Excelência Imperial dizer para onde?
– Não acredito que estejas zangado comigo, mano – disse o primo, um tanto espantado. – Principalmente depois de todas as sacanagens que me armaste.
João sorriu.
– Desculpa, Dan, mas parece que vais para a guerra! Claro que não estou zangado. O que tem de errado estar marcado de batom da noiva?
– Nada, afinal eu não devia estar muito diferente quando me chamaram. – Deu uma risada alegre. – Só não me esqueci de passar uma água no rosto. Vamos pousar bem em baixo de nós, como te falei antes. Mantém os campos de força ativos.
João deu as instruções para o piloto e chamou o primo para olhar as imagens.
– Estudei-as muito enquanto vinha para cá. Como a ordem de não mergulhar continuava valendo, tive tempo de sobra para isso, já que gastamos uma hora na velocidade da luz.
– Encontraste alguma coisa?
– Sim, isto. – Mostrou um ponto preto na imagem tirada dos telescópios da nave. Passou a ampliá-la e Daniel deu um assobio baixo ao ser do que se tratava.
– Como eu supunha. Este sistema não está deserto não, João, mas os seus donos são por demais retraídos.
– Achas que são postos de observação?
– Mais do que isso mas, por enquanto, desejo não divulgar as minhas suposições, já que se tratam de ideias de pouco fundamento, quase que pura especulação.
– As tuas especulações, até agora, nunca erraram. Por que não forçamos a entrada?
– De modo algum. Nada de hostilidades. Vamos analisar as naves tantorianas.
Pousaram a cem metros da mais próxima e desceram para a superfície arenosa e tórrida daquele mundo inóspito. Um vento quente chegou-lhes ao rosto, fazendo todos suarem na mesma hora.
O grupo olhou para a frente, do alto de uma pequena duna. Eram centenas de cilindros, todos depositados ali. Vários rombos de um metro de diâmetro mostravam a forma como aquelas naves foram abatidas.
– São raios térmicos de funcionamento semelhante aos nossos e devem ter uma potência incrível – observou um dos especialistas da área. – Olhem o grau de penetração do calor no casco. Ele derreteu em muitos lugares. Um laser comum não faria isto.
– É verdade – confirmou o imperador. – Vamos procurar as que parecem mais novas.
Após caminharem por uma hora, localizaram uma nave que não deveria estar ali há mais de um ano, pois o casco ainda tinha poucas marcas da destruição pela areia e vento. A nave, um cilindro roxo de sessenta metros por vinte de diâmetro, estava em péssimo estado e devia ter marcas de mais de vinte tiros.
– Tchê, para estas canoas dos batráquios, bastaria um só tiro desses para acabar com ele – afirmou João. – Mas receberam cerca de uma vintena, até onde posso ver. Foi um ataque maciço e com intenções de aniquilação.
– E verdade – respondeu Daniel, lacônico. – Vamos entrar por um dos buracos da frente que é mais rápido.
Ao penetrarem na nave, depararam-se de cara com vários esqueletos. Foram caminhando pelos corredores inclinados e subindo por escadas em caracol, muito apertadas, até chegarem à sala de comando. Em quase todas as poltronas havia esqueletos.
– João, tu és o especialista em computadores, então vê se consegues retirar as células de memória. Precisamos de saber como foram abatidos. Sargento, pegue os seus homens e busque os recipientes para guardarmos o material.
– Sim, Almirante – disse o sargento. – Posso solicitar ajuda dos guardas?
– Pode, já que não creio que corramos algum perigo. Se isso acontecer, teleporto todos para a nave auxiliar. Oriente o piloto a se manter bem alerta.
― ☼ ―
Agora, o observador cibernético já sabia quais eram as intenções dos desconhecidos: obter informações nas naves abatidas.
Com isso, pôs-se em alarme total e preparou-se para atacar. Mal começou a ativar os reatores, recebeu uma mensagem do quarto planeta:
"Fique apenas em obervação. Os estranhos não devem ser atacados a menos que atirem primeiro. A sua leviandade é imperdoável. O senhor foi detectado. Silêncio total. Fim."
A máquina suspendeu o alarme e desativou os reatores.
― ☼ ―
– Almirante – a imagem do Nobuntu surgiu flutuando sobre o relógio dele. – Acabamos de detectar uma erupção energética nas imediações. Logo depois um sinal vindo do quarto planeta e retornou tudo ao normal.
– Onde foi isso, Nobuntu?
– Desculpe, senhor, mas não foi possível apurar o local, apenas que foi nas suas imediações. A lógica me diz que foi na pirâmide, mas também pode ser uma estação no subsolo. Senhor, recomendo que saiam daí e retornem para a segurança da nave.
– Vamos manter o cronograma, Nobuntu. Deixa os campos de supercarga desligados para eu poder saltar com a tripulação em caso de emergência.
– Sim, senhor – disse Nobuntu. – Campos desligados.
– Obrigado, Desligo. – Daniel começou a meditar sobre o ocorrido, sem chegar a uma conclusão. Virou-se para um dos técnicos e disse:
– Moacir, tente fazer uma varredura do subsolo e verifique se existe algum maquinário, especialmente raios gravitacionais dirigidos e irradiadores.
– Sim, senhor – disse o oficial, saindo com o equipamento na mão.
Logo depois, o sargento apareceu com algumas caixas. Quando Daniel viu isso pela janela, pegou o rádio:
– Sargento, traga para dentro apenas duas – ordenou. – As demais ficarão para outras naves.
– Daniel – chamou João. – Os verdinhos têm um sistema de armazenamento de imagens onde gravam o que se passa dentro e fora das naves durante os combates. São semelhantes aos chips de memória do século XX e XXI. Ficam perto do posto do comandante. Vê se os encontras.
Daniel olhou para a cadeira do comandante. Naquela cabine apertada, ficava ligeiramente acima das demais. Ele sabia disso porque já esteve dentro de uma delas várias vezes durante a invasão de Terra-Nova. Tranquilo, caminhou para lá. O corpo do tantoriano estava caído sobre a mesa em meia lua que permanecia à frente da nave. Era apenas o esqueleto e os restos esfarrapados do uniforme. Usando a sua faculdade telecinética, afastou o cadáver de cima da mesa e encontrou de cara o que procurava. Com cuidado, retirou os dois chips.
– Como poderemos ver isto?
– Na Jessy tenho equipamento capaz de ler isso. Retirei emprestado de um museu e adaptei o circuito para o formato deles.
– Ótimo, vou colocar na caixa. – Disse Daniel, que notou que o primo já retirara os blocos de memória do computador, similares aos antigos hard disks.
– Estes já estão nas caixas.
– Sargento, leve estas duas caixas para a nave auxiliar. Tenha cuidado que isso é um tanto quanto frágil em caso de queda. Nós vamos para a próxima nave. O meu comunicador emitirá um sinal de goniometria.
– Sim senhor. – O homem retirou-se e o imperador procurou mais uma nave.
Levaram quatro horas e desmontaram oito naves. Quando terminaram, voltam para a Jessy A 1 cansados e cheios de calor. O ar-condicionado dentro dela foi uma benção para a equipe, suada e esfomeada. Moacir aproximou-se e disse:
– Senhor, não há nada no subsolo em um raio de cem metros.
– Obrigado – respondeu Daniel. – Vá descansar que o senhor deve estar estafado.
– Obrigado, Almirante.
– Gente, sei que estamos todos cansados e com fome, mas vamos tratar das coisas primeiro – disse para o grupo. – João, tu deixas a nossa turma na Dani e segues com este material, já que no caminho podes almoçar. Procura conseguir dados das imagens primeiro e manda-me o que conseguires. Enquanto isso, nós vamos para o décimo planeta. Em função da distância, não nos resta alternativa a não ser mergulhar. Vocês não mergulham, pois quero que pensem que as naves auxiliares são incapazes de voar acima de c. Enquanto isso, a Jessy desloca para o lado oposto do sol, aguardando novamente.
– Ok, bebê. Vamos nessa.
A esfera de cinquenta metros subiu com uma aceleração elevada e deixou a equipe na Dani, seguindo para as suas atribuições. A primeira coisa que eles fizeram foi almoçar um pouco. Após, Daniel subiu para a ponte.
– Coronel, marque rumo para o décimo planeta, mantendo a órbita oculta.
– Sim, Almirante.
– Para não perdermos algumas horas, dê um mergulho rápido para lá.
O décimo planeta estava em oposição ao oitavo, do outro lado do sol, o que implicaria em uma viagem de, pelo menos, cinco horas em sub-luz. A Dani deu um rápido mergulho, para emergir na sua órbita, a cinco milhões de quilômetros.
A equipe do observatório começou a trabalhar, enquanto o Daniel ordenava.
– Comandante, faça sair todas as naves auxiliares e mande mapear o planeta. Que mantenham os campos de supercarga ativados e fujam ao menor sinal de ataque. Quatro destroyers devem sair e fazer escolta, mas não devem atacar em hipótese alguma, apenas proteger as naves com os seus campos de força, se é que precisam.
– Confirmado, Almirante.
As naves saíram para cumprir a sua missão. Na dúvida, todos estavam com os campos de força a plena carga.
― ☼ ―
Também nesse mundo, uma base acompanhava a estranha nave, já avisada pela central do sistema. O computador observava a persistência e meticulosidade desses seres tão parecidos com os seus construtores.
Viu as esferas pequenas saindo e quatro outras com o dobro do tamanho acompanhá-las.
Fez um exame leve sobre todas as naves, para não chamar a atenção, e tomou um susto ao analisar o potencial bélico das esferas maiores. Era praticamente idêntico ao gigante que os acompanhava.
Constatou, portanto, que eram naves de guerra. As ordens recebidas foram de só agir em caso de ataque, mas mantinha-se em prontidão rigorosa, com um pedido de socorro preparado, pois sabia que nada poderia contra uma única daquelas quatro naves. Os seus campos de força eram assustadores.
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