Capítulo 38

— Tem certeza que foi uma boa ideia virmos sem avisá-la? — pergunto ao meu amigo, que para o carro alugado em frente aos portões de entrada da casa de sua mãe.

— Pode ter certeza de que não será uma surpresa. — Thony responde com um sorrisinho de lado. — Aposto que Deus já falou com ela que viríamos.

— Não duvido!

Anthony digita a senha de segurança no painel, em seguida coloca sua digital. O portão é aberto, permitindo nossa entrada. A propriedade dos Brown não é tão grande como as do Walker, porém é tão bela e luxuosa quanto. A grande diferença, é que a matriarca da família Brown é totalmente diferente da outra...

E como se realmente estivesse nos esperando, Giselle Brown está parada diante da porta, com um enorme sorriso no rosto. O carro mal estaciona, e ela já desce com rapidez ao nosso encontro.

— Meninos, que bom que chegaram! Estava me perguntando a que horas chegariam! — sou envolvida em seu abraço maternal. Tão doce e tão saudoso. — Alice, querida! Quanto tempo!

— Já faz algum tempo mesmo, Giselle! — correspondo o abraço. — Como é bom te rever!

Thony dá a volta no carro e cumprimenta a mãe.

— Como está a mulher mais linda desse mundo? — Giselle acaricia o rosto do filho antes de puxa-lo também para um abraço.

— Muito melhor agora, príncipe!

— Mãe, o que já conversamos sobre esse apelido? — Thony resmunga e eu dou risada de seu constrangimento.

— Não precisa ficar envergonhado, príncipe! — aperto sua bochecha, e ele revira os olhos.

— Onde está a princesinha da vovó? — a mais velha vai até o carro, olhando através da janela. — Oh! Ela está dormindo.

— Sim! Finalmente! — aproximo-me dela. — Veio acordada o voo todo. — abro a porta e peço que meu amigo retire Bonnie do assento de elevação que trouxe da Inglaterra.

Entramos na casa e logo nos acomodamos em nossos respectivos quartos. Bonnie dormiu por mais uma hora, e quando acordou, fez a maior festa ao ver a vovó Gi, como costuma chama-la. Conversamos durante todo o jantar. A matriarca nos contou as novidades e como estavam os negócios da família. Os Brown são donos de uma das melhores pâtisseries de Paris: Angelina.

A pâtisser, e também uma das mais atrativas casas de chá local, foi fundada pelo bisavô paterno de Anthony, o confeiteiro Anton Rumpelmayer, e por seu avô, René. Segundo Giselle, o nome foi escolhido em homenagem à Angelina, sua sogra e a avó paterna do Thony. O charme do local e a variedade de doces incríveis fizeram da Angelina o lugar para estar entre a elite. Proust, Coco Chanel e os maiores estilistas franceses se reuniram no famoso salão de chá.

Estive em Paris uma única vez, quando ainda estava grávida de Bonnie. Não preciso dizer que me esbaldei com as delícias preparadas na pâtisserie da família do meu amigo. Foi uma viagem memorável em todos os sentidos.

— Mamãe, estou com sono. — Bonnie diz entre bocejos.

— Ok! Então dê boa noite à vovó e ao titio. — digo, colocando-me de pé.

Minha filha se despede de Anthony e Giselle, que permanecem na sala de jantar. Bon deita na cama e eu me junto a ela. Desde o dia em que me pediu para contar uma história bíblica, há duas semanas, tenho feito isso praticamente todas as noites. Estava abrindo sua bíblia infantil quando escuto o celular tocar. Bonnie pega o objeto da minha mão assim que vê a foto do pai na tela.

— Bonnie Green! Me devolva o celular agora mesmo e me peça com educação! — ordeno com cautela e seriedade.

— Desculpa, mamãe! — ela me devolve o aparelho e pede educadamente. Após isso, entrego a ela, que atende imediatamente.

— Papai! — seus olhos brilham ao ouvir a voz de Oliver do outro lado da linha. — Está tudo bem! Foi legal. A aeromoça me deu um sanduíche de frango com maionese. — ela escuta mais um pouco antes de soltar uma gargalhada gostosa, que me faz sorrir. — Eu também já estou com saudades! — ela olha de soslaio para mim. — Ela também está! — após escutar mais alguma coisa que o pai diz, solta outra gargalhada, que me deixa curiosa. — Sim. Estou indo dormir agora. — silêncio. — Sim! Vou passar para ela. Beijo, papai! Também amo você! — ela entrega o aparelho para mim. — O papai que fala com você, mamãezinha. — recebo o aparelho e um beijo estalado na bochecha.

— Oi, Oliver! — digo assim que coloco o celular na orelha.

— Oi! Como foi a viagem? Chegaram bem? — sua voz é baixa e tranquila.

— Bom, ocorreu tudo bem! Foi tranquila e rápida. — acaricio o cabelo da minha filha, que deita em meu colo. — Tirando a parte em que uma certa mocinha não parava de falar, nem por um segundo. — Bonnie ri, assim como o pai.

— Fico feliz por isso! — o silêncio se instala entre nós, mas Oliver o quebra logo. — Então vocês ficarão aí por duas semanas mesmo? — seguro-me para não rir.

— Sabe que sim!

— Sim, sim! Perguntei só para ter certeza mesmo. — justifica-se. — Pegarei vocês no aeroporto, quando voltarem.

— Oliver! Acabamos de chegar, por favor! Não quero nem pensar em voltar. — reviro os olhos.

— Não diga uma coisa dessas! Minha filha está com você! — ele ri, e eu sorrio. — Falando sério, agora. — desfaço o sorriso. — Fiquei feliz quando disse que iria viajar. É bom! Faz bem para o corpo, alma e espírito. Certa vez, li em uma matéria alguns benefícios de viajar. Segundo eles, viajar mantem o coração saudável, colabora para a felicidade e ajuda a lidar com o estresse. Além do mais, Paris é uma bela cidade.

— Uau, senhor Google! Obrigada pelas informações! — dou uma risada baixa, percebendo que Bonnie acabou pegando no sono. — E sim! Paris é uma bela cidade!

— Sabe, de acordo com uma outra matéria que li, Paris é considerada a cidade mais romântica do mundo...

— É, essa eu já sabia, Mr G! — faço graça, mas ele permanece calado. — Ainda está aí?

— Sim, estou! Só estava pensando em algumas coisas. — Oliver solta um suspiro. — Acho melhor deixar você fazer a Bonnie dormir.

— Tarde demais! Ela já está dormindo há um tempinho. — sorrio, observando minha filha descansar tranquilamente.

— Oh!

— Falando nisso... — aproveito a oportunidade para colocá-lo contra a parede. — Eu sei o que tentou fazer ao dizer para Bonnie que eu também poderia ler a bíblia para ela.

— Ah, você sabe? — finge surpresa. — E o que eu tentei fazer?

— Sério? — ergo a sobrancelha. Ele vai querer fazer esse joguinho? — Você devia imaginar que eu não lia a bíblia há tempos. Então aproveitou a inocência da minha filha para que eu o fizesse. E quem sabe, dessa forma, eu ouviria a voz de Deus.

— Você é boa! — Oliver ri com vontade. —Bom, cada um usa a estratégia que tem em mãos.

— Sei!

— Mas e aí? Deu certo? — sua curiosidade é palpável.

— Er... — umedeço os lábios e seguro um sorriso. — Pode ser que tenha dado certo...

— Pode ser? Hum, não gosto muito de incertezas. Vou orar mais acerca disso. — apesar do tom brincalhão, senti sinceridade em suas palavras.

— Você ora por mim? — a pergunta escapa dos meus lábios.

— É claro que sim! Que cristão eu seria se não intercedesse por uma alma que clama por socorro. — a alegria sentida por milésimos de segundos é substituída pela leve decepção.

E você esperava o quê? Reviro os olhos mentalmente.

Quando volto a falar, minha voz sai mais baixa e desanimada do que eu desejava.

— Bem, eu disse que seria uma luta que não valeria a pena.

— E eu disse que você sempre valerá a pena. — mais uma vez suas palavras me deixam constrangida.

— Acho que é melhor eu ir dormir. A viagem foi cansativa e longa...

— Estranho, porque eu me lembro de ter escutado você falar exatamente o contrário há alguns minutos.

— Oliver...

— Não fuja, Alice! Eu só quero te ajudar. Por que isso é tão difícil para você? — sua voz se torna séria.

— Você já sabe a resposta!

— E tudo isso é mentira do diabo! A última coisa que ele quer é ver sua reconciliação com o Pai. Deseja mesmo isso? Deseja dar esse gostinho a ele?

— Não é tão fácil assim! — elevo um pouco a voz, mas Bonnie se mexe, e eu me recomponho.

— Tente! E deixe-me ajuda-la. — fecho os olhos.

— Eu irei tentar! — minha voz sai como um sussurro. — Prometo!

>>>><<<<

Dia oficial de publicar capítulo novo! 😍 Eu não sei vocês, mas comecei a perceber um climinha diferente por aqui... Será?? 🤭 Bom, o capítulo ficou menor do que os que eu costumava colocar, mas é porque o próximo será especial, e eu tenho uma leve impressão de que se eu colocasse aqui ficaria enormeeeee.

Ah! Estou pensando em continuar com a maratona também 🤩 Então fiquem ligados 😁

Att.
NAP 😘

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