"As pessoas que têm medo de amar, são as mais capazes de amar."

POV's Alice Ferreira

Abro os olhos com Richard me despertando com alguns beijos no rosto e eu sorrio ainda se olhos fechados.

- Bom dia, princesa.

- Bom dia. - digo me espreguiçando e abrindo os olhos.

- Vamos descer pra tomar café? - ele pergunta fazendo carinho nos meus cabelos e me olhando.

- Acho melhor não, sua família tá aí e...

- Eles já foram embora, levei eles pro aeroporto quase agora.

- Que horas são? - franzo o cenho, confusa.

- Oito e vinte.

- E você já foi e voltou do aeroporto? - pergunto impressionada e ele sorri.

- E preparei o café da manhã.

- Olha só, estou impressionada. - digo me sentando na cama - Vou só lavar o rosto.

- Toma, veste minha camiseta. - ele tira uma camiseta do cabide e eu a visto já que eu estava apenas de calcinha.

- Obrigada. - digo assim que visto e ele fica me olhando com um sorrisinho no rosto

- Ficou linda em você.

- Eu gostei também. - sorrio olhando a estampa da camiseta e me levanto da cama.

- Tem uma escova de dente nova lá pra você, tá?

- Tá bom.

- Te espero lá embaixo. - ele rouba um selinho e sai do quarto, balanço a cabeça rindo, logo entrando no banheiro.

Escovo os dentes, lavo o rosto e penteio meus cabelos, fazendo um coque frouxo e desço até a cozinha, sorrindo assim que vejo Richard tirando o café do fogo.

- Achei que você tivesse alguém pra te ajudar nos afazeres de casa. - digo puxando a cadeira e me sentando.

- E eu tenho, tenho a Maria que me ajuda mas hoje ela tem uma consulta no médico, aí falei pra ela que não precisava vir. - ele me olha rapidamente mas logo volta a atenção para o café, o colocando na garrafa.

- Entendi. - observo a mesa farta - Quantas pessoas vão vir tomar café com a gente mesmo? - pergunto de forma divertida por conta do tanto de coisas que tinha ali, até parecia um café da manhã de hotel.

- Bom, eu não sabia do que você gostava, então na dúvida eu comprei tudo o que vi pela frente no mercado. - diz rindo.

- Não precisava disso. - digo de forma suave.

- Claro que precisava, se não você não vai querer voltar mais. - ele fala enquanto coloca a garrafa de café encima da mesa.

- Ah e eu vou voltar? - pergunto fingindo estar surpresa.

- Eu que pergunto. - ele se senta ao meu lado e me encara - Você vai querer voltar?

- Primeiro tenho que ver se aprovo esse café da manhã. - digo quebrando a tensão entre nós dois e pegando um croissant, o mordendo em seguida.

- E aí, aprovado? - pergunta me observando e eu fecho os olhos, concordando com a cabeça, demonstrando que tinha gostado.

- Muito bom! - digo assim que termino de mastigar.

- Vai tomar café ou suco?

- Suco.

Ele pega a jarra de suco e enche um copo, colocando encima da mesa, na minha frente.

- Obrigada. - agradeço e dou um gole no suco.

- É até estranho ver você sendo simpática assim. - ele diz segurando a risada e colocando um pouco de café pra ele.

- Hey, eu sou simpática, tá? - me finjo de ofendida e ele solta uma risada gostosa.

- Eu sei que é, é que comigo você é sempre marrenta.

- Não se sinta especial, eu sou assim com quase todo mundo. - digo séria e ele nega com a cabeça, rindo.

- Gosta de sonho? - ele diz pegando o prato.

- Nunca comi. - digo pegando um e mordendo em seguida - Puta que pariu, isso é muito bom. - digo surpresa.

- Eu adoro também, pena que nunca como por causa da dieta restrita.

- Poxa, eu gostaria de ser saudável assim igual vocês mas eu sou uma formiga, sou maluca por doce, então não vai rolar. - digo rindo.

- Eu gosto bastante também. - ele diz sorrindo.

- Que horas você vai pro treino? Não quero te atrasar.

- Fica tranquila, hoje eu vou só a tarde. Você vai pra faculdade hoje? - ele pergunta e eu solto uma risada.

- Tranquei a faculdade, comecei a fazer teatro.

- Uau! Desde quando? - diz surpreso.

- Faz uma semana só na verdade.

- E o Abel aceitou assim numa boa?

- Por incrível que pareça, ele me deu carta branca. - digo sorrindo.

- Que bacana, fico feliz por você.

  Terminamos de tomar café em um clima bem agradável, subi para poder vestir minha roupa e ir para casa, já que eu ia para a aula hoje.

- Vou ir me trocar. - digo pegando meu vestido e ele solta uma risada.

- Não precisa se trocar no banheiro, eu já vi tudo isso aí. - ele diz convencido e eu semicerro os olhos.

- Acabei de lembrar o motivo de eu ter te dispensado naquela primeira noite que te vi. - digo fazendo ele rir alto.

- Eu tô brincando... mas que é verdade, é.

- Mesmo assim, vou me trocar no banheiro.

- Tudo bem, senhorita. - ele diz com um sorriso no rosto, um tanto debochado.

- Obrigada pela sua camiseta. - o entrego assim que saio do banheiro e ele intercala o olhar entre mim e a camiseta.

- Fica com ela pô, ficou mais bonita em você do que em mim.

- Tem certeza? - pergunto desconfiada e ele concorda com a cabeça.

- Assim você tem algo pra lembrar de mim. - diz com um sorriso fofo no rosto.

- Só vou aceitar porque achei ela bonita e confortável.

- Tudo bem. - responde como quem não acreditasse em nada do que eu tinha falado.

  Vou até minha sandália e a coloco rapidamente, logo pegando minha bolsa.

- Vou te levar. - Richard diz pegando sua carteira e colocando no bolso da calça.

- Não precisa, eu chamo um Uber e...

- De jeito nenhum, foi eu que te trouxe e eu vou levar.

- Ok, senhor Montoya. - digo me levantado da cama e ele sorri, me puxando pela cintura e me beijando.

- Eu adorei a noite, foi incrível. - ele diz olhando em meus olhos e eu sorrio leve.

- Foi bem legal. - ele ri em seguida, provavelmente por perceber que eu evitei falar o quanto realmente gostei.

- Tudo bem, pro começo já tá bom. - fala tranquilo, ainda com as mãos em minha cintura.

- Eu também gostei, Montoya, satisfeito? - reviro os olhos e ele me dá um selinho.

- Melhorou bastante.

- Vamos? - o chamo, mudando de assunto.

- Vamos!

Fomos o caminho todo conversando, provavelmente por isso o caminho foi bem mais curto do que o normal.

- Está entregue linda, agradece o Abel por ele liberar a filha pra dormir na casa da amiga. - ele diz segurando a risada e eu semicerro os olhos.

- Você é engraçadinho, né?!

- Às vezes.

- Obrigada pela carona e obrigada pelo banquete de café da amanhã. - digo sorrindo largo.

- Isso era o mínimo que eu podia fazer depois de ter a honra da sua companhia. - sorrio com sua resposta.

- Ó, eita. - digo divertida, me referindo a um vídeo que está circulando pelas redes sociais.

- Crocante. - rimos juntos e ele acaricia meu rosto, me beijando em seguida.

Toda vez que nossos lábios se tocam, eu sinto algo diferente, não sei explicar ao certo, mas eu achava que essas coisas só aconteciam nos primeiros encontros e não é bem assim.

- Tchau. - digo baixinho assim que nos afastamos.

- Te vejo quando agora? - ele pergunta assim que eu tiro o cinto de segurança.

- Veremos. - pisco pra ele e saio do carro.

  Dei bom dia para o porteiro e sorrio assim que entro no elevador, lembrando do que tinha acontecido na noite anterior e assim que me olho no espelho, eu me julgo por estar sorrindo e trato de tirar aquele sorrisinho do rosto imediatamente.

- Bom dia! - digo para Abel que estava fazendo algo em seu notebook, ali na sala.

- Bom dia, Alice. - ele olha para o relógio e olha para mim - Como foi na casa da sua amiga?

- Normal. - franzo o cenho, me fazendo de desentendida - Vou subir.

- Já tomou café?

- Já sim, a mãe dela é uma fofa, fez um café da manhã incrível para nós. - sorrio e subo as escadas.

As vezes eu também me surpreendo em como eu posso ser sonsa, mas eu aprendi que o mundo é dos espertos e isso vem dando certo.

Tomo um banho demorado e coloco uma roupa confortável, me jogando na cama e pegando meu celular para checar minhas redes sociais.

Vejo que minha mãe tinha postado um story e sinto um aperto no peito antes mesmo de abrir, eu estava com tanta saudade dela mas não queria dar o braço a torcer.

  Sorrio vendo a foto que ela tinha postado, eu não sei se eu estou com mais saudade dela ou do nosso gatinho, Nino.

Recebo uma mensagem da Lara me chamando para nós sairmos hoje à noite e eu aceitei logo de cara, afinal a Lara tinha ficado sozinha naquele inferno de faculdade e eu me sentia na obrigação de sair com ela como quando eu ainda estava na faculdade.

Fico mexendo no celular até dar a hora de me arrumar para ir para minha aula. Eu estou bem empolgada com uma peça que estamos montando, ao que tudo indica eu vou ficar com o papel da protagonista, eu não estava esperando por isso assim tão rápido mas estou feliz de estar finalmente fazendo algo que eu realmente goste.