Capítulo XXXI







A P R I L


QUANDO EU ACORDEI, MEU ROSTO estava pressionado contra um travesseiro pesado e cobertas grossas me imobilizavam sobre o colchão. A claridade era forte, capaz de afugentar meu sono e arruinar meu bom humor — definitivamente, eu havia esquecido de fechar as cortinas na noite passada. Eu abri os olhos de má vontade e, por vários segundos, não reconheci meu próprio quarto: as paredes estavam erradas, muito próximas uma da outra, e minha cama estava de ponta a cabeça.

Demorei um bocado para me dar conta de que eu não fazia ideia de onde estava.

Isso até Hunter atravessar a porta do banheiro com passos apressados, nu da cintura para cima, vestindo apenas uma calça de moletom.

O barulho de gavetas se fechando se tornou tão alto, tão urgente, que eu me lembrei.

Puta que pariu.

Eu dormi na casa do Hunter.

— Nós temos que sair daqui. — Ele jogou uma muda de roupas sobre a cama e arregalou seus olhos azuis para mim. — Vista isso. Agora.

Bem lembrado.

Eu continuava nua embaixo do cobertor.

Vesti o blusão de lã que ele separou e usei uma de suas cuecas como shorts, sentindo meu coração bater como louco no peito.

Que jeito de acordar.

Não que Hunter estivesse melhor do que eu, claro.

Enquanto eu tentava domar meu cabelo, Hunter pegou as chaves do carro sobre a cômoda, agarrou a jaqueta de couro e desceu uma camisa branca sobre as costelas — o rosto dele estava amassado de sono e seus olhos estavam avermelhados como se tivessem enfrentado uma noite mal dormida.

— Depressa — ele me chamou, passando pelo batente da porta. — Vamos sair pela cozinha.

Eu ouvi o som de vozes abafadas, o tilintar de chaves e os latidos poderosos de um cachorro no hall.

A sensação era de que a casa poderia ir ao chão a qualquer momento.

Quando eu finalmente alcancei as escadas, a porta da frente se abriu em um solavanco e um cachorro escuro como a noite enorme disparou da entrada para a sala estar, perseguido por uma criança em uma capa de chuva. Em seguida, uma mulher passou pela porta segurando uma mochila infantil — tinha um rosto jovem, mas podia ser a mãe do Hunter.

— Julie, você vai molhar tudo — avisou, pendurando a pequena mochila no hall de entrada. — Julie!

Atrás dela, uma senhora mais velha abandonou um par de malas no chão. Ela retirou um casaco pesado e seu olhar atravessou o corredor para cair sobre Hunter.

A jaqueta! — Ela arfou, segurando Hunter pelas lapelas aos pés da escada. — Não deixe ele passar, Lizzie. Ele esconde os maços de cigarros nos bolsos da jaqueta, eu sei disso.

Lizzie, porém, não prestou atenção no chamado. Ela tinha me avistado no topo das escadas e me encarava sem esconder a surpresa.

Eu mesma não sabia como reagir. Não havia uma saída milagrosa para a situação e nenhuma palavra brilhante me vinha à mente — pega em flagrante com roupas emprestadas e praticamente engasgada com a minha própria língua, eu teria mais chance de me safar se tivessem me jogado na cova dos leões.

A gargalhada de Hunter atravessou meus ouvidos quase tão alta quanto os latidos do cachorro.

— Bom dia, Nana. — Ele sorria com as mãos atrás da cabeça, enquanto a senhora revistava os bolsos de sua jaqueta como se fosse da polícia. — Vejo que você voltou mais cedo.

A mulher mais velha, Nana, ajeitou a jaqueta sobre os ombros de Hunter e, mais uma vez, se dirigiu a Elizabeth:

— Pelo menos, ele não está com bafo de fumante.

Naquele momento, meus pés cederam sobre o degrau de madeira e eu cambaleei para frente, provocando um rangido ruidoso.

Puta que pariu.

Os olhos claros da mulher dispararam certeiros como uma flecha. Eu estava meio escondida atrás de Hunter, mas ela não teve dificuldade de entender o que tinha acontecido entre nós. Nana lançou um olhar de soslaio ao neto e a expressão em seu rosto se tornou ainda mais severa, se é que tal coisa era possível:

— Parece que alguém pecou noite passada.

Misericórdia.

Eu quis morrer.

Hunter, como era de se esperar, parecia muito mais relaxado que eu.

— Mãe, Nana — ele disse às mulheres no corredor, estendendo uma mão para trás, para que eu a segurasse. — Essa é a April. Ela é a irmã do Cole, da banda.

Desci os últimos degraus e me posicionei ao lado de Hunter aos pés da escada:

— É um prazer conhecê-las — murmurei com um sorriso pequeno, de coração aos pulos. — Eu não queria interromper o café da manhã de vocês. Eu deveria ir.

Elas não ouviram boa parte do que eu havia dito.

A atenção de todos tinha se voltado para a menininha que vinha correndo em nossa direção. Eu não consegui entender muito bem o que ela gritava por causa do enorme cão que a seguia — seus latidos roucos me fizeram recuar alguns passos sobre a escada, segurando o corrimão com dedos trêmulos.

Cada som era como um novo martelar na minha cabeça.

— É só ouvir a voz dele que ela vem correndo. — Elizabeth sorriu para mim, mas logo se dirigiu ao filho: — A capa de chuva. Cuidado!

Hunter se abaixou por um momento e, quando voltou à posição original, segurava a irmã risonha em seu colo. Ele puxou o capuz da capa de chuva amarelo, descobrindo o rosto sorridente da menina e revelando um par de olhos azuis intensos.

— April, quero que você conheça a Julie. — Ele sorriu ao lado do rostinho que era uma cópia do seu. — Minha irmã.

A visão aqueceu meu peito e fez um sorriso caloroso se espalhar pelos meus lábios.

Oi, Julie. Eu sou April.

Um rubor saudável coloria as bochechas de Julie. Ela tinha seus cabelos pretos repartidos ao meio em um penteado e dentinhos lindos, exatamente como na foto pixelada que vi no celular de seu irmão. A julgar pelo seu tamanho, a menina devia ter uns cinco anos. Ou talvez não. Eu não sabia muito bem como as crianças funcionavam — provavelmente, a última vez que vi uma tão de perto eu tinha a mesma idade.

— E como se diz, diabinha?

Ele a segurava de maneira que nossos olhos estivessem quase da mesma altura. Julie me encarou cheia de hesitação e, por um momento, foi como se todos no corredor esperassem por sua resposta.

Até o cachorro, que não parava um minuto, estava quieto.

Não faz mal. — Hunter quebrou o silêncio, tranquilizando a menina. Ele havia mudado o peso dos pés, discretamente se colocando entre nós como uma barreira protetora. — Ela é um pouco tímida, só isso.

— Tudo bem — eu disse baixo. — Eu fui uma garota tímida também.

Quando o brilho de entendimento iluminou os olhos de Hunter, minha atenção foi para a menina de capa de chuva em seus braços. O rostinho dela estava aninhado ao peito do irmão e suas íris azuis me observavam com curiosidade.

— Você disse que tinha um desenho para mostrar. — Eu me lembrei dos seus gritinhos animados de momentos atrás. — Posso vê-los?

Aparentemente, os desenhos, sim, eram um assunto excelente.

Julie se remexeu inquieta no colo do irmão como se pedisse para descer. Assim que suas galochas vermelhas tocaram no chão, ela estendeu a mão para mim. O convite me surpreendeu. Eu não sabia o que eu estava esperando, mas certamente eu não imaginei que fosse tão fácil fazer amizade com uma criança.

Por alguns segundos, eu me permiti entrar em pânico.

Meus olhos foram para Elizabeth, sua mãe, quase como se buscassem por permissão.

Quando vi seu sorriso discreto, aceitei a mãozinha e Julie me puxou até a cozinha. Encontramos uma folha de papel ofício pendurada na porta da geladeira, presa por uma porção de ímãs coloridos ao alcance dos olhos da menina. Ela usou sua mão livre para apontar os animais desenhados em giz de cera, pulando sobre suas galochas como se não aguentasse a emoção:

— Esse é o coelho e a coelha e a grama e a casa e o sol.

Céus.

Todos sorriam em seus desenhos, até mesmo a grama e o telhado da casa.

Por um momento, eu me esqueci do medo que sentia de sua avó e das roupas ridiculamente largas que pendiam sobre meu corpo.

— É lindo, Julie. — Consegui abrir um sorriso, embora minha garganta estivesse apertada. — Obrigada por me mostrar. Você desenha muito bem.

A garotinha seguiu me explicando suas artes em um só fôlego e Hunter se aproximou de nós, afastando os ímãs de uma folha para observar melhor.

— Uma leitura impressionista do parquinho. Giz de cera sobre a tela. — Ele desdobrou o papel, alisando um vinco teimoso. — Você se supera a cada dia, Julie.

Nós estávamos agachados em frente a geladeira, provavelmente atrapalhando a passagem na cozinha. Eu ajudei Julie a se livrar da capa de chuva molhada e, assim que ela escapou de mim, Hunter segurou meu queixo com uma mão:

— Tudo bem?

Alguns pingos de água escorreram da capa de chuva e molharam minhas pernas desnudas.

— Sim, é bobeira.

Quando Hunter não deu sinais de que desistiria, senti uma pontada de dor no fundo dos meus olhos.

— É bobeira — insisti mais uma vez, sustentando um sorriso mínimo em meus lábios. — Eu tinha me esquecido como era ser criança.

Merda.

Era só o que me faltava.

Me debulhar em lágrimas na frente da família do Hunter.

Por sorte, o momento não durou muito. Nós ouvimos a mãe dele chamar de um cômodo conectado à cozinha, provavelmente a lavanderia:

— Filho, você usou a máquina de secar roupas?

Ele desarrumou os próprios cabelos e xingou baixinho como se não soubesse o que fazer primeiro. Eu abri um sorriso para mostrar que estava bem. Era realmente uma bobagem sentimental e passageira.

Depois de alguns segundos de hesitação, Hunter se levantou:

— Mãe, não mexa nas minhas coisas.

Ergui o rosto para acompanhar sua marcha até a lavanderia e os olhos da avó de Hunter cruzaram com os meus.

Se hoje em dia Nana conseguia impressionar, na juventude ela devia ter sido uma mulher fatal.

— Sente-se, April. — Nana puxou uma cadeira para mim enquanto passava pela mesa. Havia algo esquentando na frigideira e a aspereza em sua voz sugeria que não era um simples pedido. — Eu vou preparar algo para comermos.


• • •


— Nós chegamos mais cedo na estação de trem e a filha da Harriet Lowell, Bertha, nos deu uma carona. — Nana explicou enquanto abria alguns ovos sobre a frigideira. O óleo quente estalou alto e ela lançou um olhar sobre o ombro: — Isso foi uma coisa boa. Imagine só se esperássemos pela boa vontade do meu neto.

— Eu preparo seu chá com dois cubos de açúcar, vovó? — Hunter disse angelicamente.

Nana sorriu, parecendo muito satisfeita com a pergunta:

— Você sabe que sim.

Eu tive que agradecer mentalmente a ele por acabar com aquele assunto. A mesa de café da manhã estava começando a parecer um campo de batalha e eu não podia me dar ao luxo de negar aliados.

Hunter encheu a chaleira elétrica de água e voltou a ocupar seu lugar na mesa, piscando para mim.

Sim.

Por sorte, nós estávamos juntos nessa.

— Chá?

— Sim, por favor.

Ele depositou as xícaras sobre a mesa e duas fatias de pão pularam da torradeira: uma para cada um. Eu espalhei geleia de pêssego sobre a torrada enquanto o óleo fritava ruidosamente sobre o fogo e a voz do locutor da rádio preenchia a cozinha com as notícias matinais. Na cadeira oposta à minha, Lizzie cortava uma maçã em pedaços para a Julie, as duas sentadas à mesa entretidas em uma conversa de mãe e filha sobre a pequena viagem até a cidade vizinha com a avó.

Se o que Hunter havia me dito estivesse certo, Lizzie havia acabado de voltar de um plantão longo e devia estar morrendo de sono, mas teve a gentileza de se sentar conosco para tomar café da manhã.

— Então, April. — Ela sorriu para mim e eu vi em seus olhos uma versão amadurecida de Julie, de rosto um pouco mais fino, mas igualmente cheio de vida. — Hunter me disse que você está entre os melhores alunos da sua turma.

Retribuí o sorriso, usando a torrada para esconder minha boca.

— Desde a última atualização da lista, sim.

Não que isso fosse muito difícil, eu queria completar, mas não fazia ideia da posição que Hunter ocupava.

— Viu só, filho? — Lizzie ergueu as sobrancelhas para Hunter, sentado ao meu lado na mesa. — Isso deveria te motivar a estudar mais. Você acha que a April quer um namorado que leva bomba em física?

— Nós não estamos namorando, mãe.

Minha faca escapou entre meus dedos e caiu sobre a toalha de mesa.

Puta que pariu.

Obviamente eu não estava esperando um pedido de namoro, mas Hunter no mínimo poderia ter a decência de mentir. O choque geracional seria grande demais para que elas entendessem a natureza instável do nosso relacionamento. Eu não queria que Elizabeth pensasse que eu era alguma maluca que queria transar com Hunter sob o mesmo teto que ele dividia com a família e ainda por cima tinha o atrevimento de ficar para o café.

No caso, isso foi exatamente o que aconteceu, mas ela não precisava saber.

— Por que não? — Julie perguntou preocupada, franzindo seus lábios em um biquinho adorável. Os cubos de maçã e banana jaziam esquecidos sobre seu prato dos Ursinhos Carinhosos, assim como seu pequeno sanduíche de geleia caseira.

Parabéns, Hunter.

Tente explicar o que estamos fazendo a uma criança de cinco anos.

Quando nenhum de nós respondeu, ela cobriu a boca para que seu irmão não pudesse ver e sussurrou do alto de sua cadeirinha:

Psiu, April. — Ela me chamou, inclinando seu corpo pequeno sobre a mesa. — É por causa do chulé?

Uma risada nervosa escapou de meus lábios enquanto meu rosto se aquecia de vergonha pela situação. Eu não colocaria as mãos no fogo por Hunter, mas de uma coisa eu tinha certeza: do jeito que eu adorava suspirar contra sua pele, se ele cheirasse mal, eu seria a primeira a saber.

Julie. — Hunter repreendeu, um dos raros momentos em que ele não estava com o rosto enfiado em um prato de ovos mexidos com bacon. — Quantas vezes eu já te pedi para não dizer às pessoas que tenho chulé?

Mãe e filha trocaram um olhar como se compartilhassem uma piada interna. Enquanto Julie se desmontava de rir, Elizabeth torcia o nariz teatralmente.

— Aconteceu uma vez, April. — Ele me explicou sem paciência. — Eu esqueci um par de meias sujas jogadas no chão e sou julgado até hoje.

— Mais de uma vez. — Lizzie corrigiu e seus cabelos escuros, meio presos em um penteado, se moveram sobre seus ombros. — Jules é minha testemunha.

Hunter continuou a se defender e eu saboreei minha torrada, envolvida pelo rumo da conversa que tomava a pequena cozinha. Embora o dia lá fora estivesse frio e nublado, a luz acinzentada entrava pelas janelas e iluminava paredes cobertas por ladrilhos brancos, móveis de madeira escura e uma mesa espaçosa, farta em comida e boas risadas.

Havia calor entre aquelas paredes, exatamente como eu tinha imaginado na noite anterior.

Quando a discussão evoluiu para algo além de roupas esquecidas fora do cesto, eu senti um roçar de leve na minha canela. Eu pensei se tratar apenas de uma impressão até que, no minuto seguinte, a coceira voltou e um focinho molhado encostou em meu joelho.

Eu gritei ao me levantar da cadeira, assustada demais para raciocinar, e um enorme cão de pelos escuros quase me derrubou para abocanhar os restos da minha torrada.

Julie gritou de alegria enquanto os outros o repreendiam.

Lua Nova era seu nome.

— Você está passando fome? — Hunter o segurou pela coleira com uma mão, mas o cachorro se soltou ansioso.

Lua Nova comeu minha torrada com voracidade e uma gargalhada surpresa escapou da minha boca quando ele passou a lamber meus dedos em busca de farelos. Eu embrenhei meus dedos em seus pêlos compridos, ganhando beijinhos e lambidas no rosto.

Que lindo, meu amor — eu disse em uma voz aguda. —Você é lindo, rapaz. Eu te amo. Eu te amo, ouviu?

Assim que consegui respirar novamente, meus olhos encontraram os Hunter. Por algum motivo, ele carregava uma expressão indecifrável em seu rosto enrubescido.

— Por que não me apresentou ao seu cachorro antes?

O par de patas pesadas empurrava minha barriga e ameaçava me derrubar a qualquer momento.

— April, eu te mostrei ontem à noite.

— Mas ontem à noite estava tudo tão escuro — eu disse praticamente sem fôlego. — Ele não parecia tão enorme...

Os cantinhos de sua boca se ergueram em um sorriso malicioso e foi a minha vez de ficar vermelha, abandonando o cachorro no chão.

Por sorte, as mulheres estavam distraídas com uma birra de Julie. A mais nova se recusava a comer o que tinha em seu prato, esperneando para descer de sua cadeira.

O que disse, amor? — Os olhos de Hunter brilhavam de um jeito que era capaz de fazer meu coração errar algumas batidas. — Você quer conversar sobre tamanhos?

— É melhor você parar — eu avisei firme, sem saber se ele era louco o suficiente para fazer isso na frente da família dele.

Quando Hunter finalmente pareceu ceder, sorrindo para mim, a voz de sua avó me chamou a atenção:

— Ela é uma Harrington, com certeza — Nana disse, de costas para nós.

— Na verdade, Wright — eu me aproximei da mesa, grata pela oportunidade para fugir de Hunter, puxando a minha cadeira para perto. — April Wright. Minha mãe adotou o nome do meu pai quando se casou.

Elizabeth se desculpou por Julie e disse que logo estariam de volta. Aparentemente, a menina precisava se arrumar para a pré-escola e já passava das sete.

Quanto a mim e a Hunter, nós teríamos uma palestra nos primeiros tempos — contanto que aparecêssemos em St. Clair até às dez, estava tudo certo. Por precaução, eu sairia da casa dos Campbell às 8 da manhã. Isso me daria bastante tempo para me arrumar e eu poderia ficar de bobagem até a aula começar.

Eu queria passar uma imagem responsável para a família do Hunter.

— É claro — ela concordou, ainda virada para o fogão. — A cidade toda ouviu falar desse casamento.

— A senhora conhece a minha mãe?

Nana parou de cozinhar por um momento e abaixou o fogo da frigideira para se voltar para mim:

— Eu sou Eleanor, querida — ela se apresentou e sua voz se tornou mais branda. — A senhora está no céu.

Eu me senti feliz, porque finalmente sabia seu nome e não precisaria chamá-la de Nana, porém igualmente miserável já que usar o pronome de tratamento correto seria um terror para mim.

Eleanor não parecia ser o tipo de pessoa que gostaria de ser chamada de você.

— E, não, ainda não tive o prazer. — A mulher deu as costas para mim, remexendo algo com uma colher de madeira. — Não vemos muitos Harringtons nessa parte da cidade.

Ao meu lado, Hunter permanecia tranquilo.

Ou ele era muito tapado ou eu estava me saindo muito bem com sua família.

Wright, April Wright — Eleanor me chamou. — Espero que goste de ovos mexidos com bacon.

Ela despejou o conteúdo da frigideira em uma bandeja de porcelana bem grande e pôs uma colher sobre a mesa para nos servirmos:

— É modesto, mas tenho certeza que será do seu gosto.

Em alguns minutos, nós três estávamos sentados à mesa, comendo ovos mexidos e ouvindo Lua Nova latir para a rua enquanto os primeiros acordes de alguma música dos Rolling Stones tocavam na rádio.

— A viúva de Neil Harrington continua morando naquele casarão perto da encosta?

Bingo.

Eu tinha razão em estar nervosa.

Se Eleanor conhecia a madrasta da minha mãe, ela definitivamente sabia dos excessos da minha família — não seria a primeira vez que a reputação deles me precedia. Eu vinha de uma longa linhagem de canalhas, afinal. O sobrenome do meu pai podia carregar suas próprias problemáticas, mas a marca que os Harrington deixaram na cidade era grande demais.

Eleanor não estaria errada se tivesse algum receio sobre meu envolvimento com o neto dela.

— Sim. — Sorri comedida. — Nós não temos muito contato, na verdade.

— E por que isso, querida?

A mulher estava distraída, derramando água quente em uma xícara de chá, mas eu pude sentir seu interesse pairar sobre o assunto.

— Nana — Hunter decidiu nos interromper pela primeira vez, suas sobrancelhas estavam franzidas em estranhamento. — Por que a senhora está fazendo tantas perguntas? Já te ocorreu que a April pode não querer falar sobre a família?

— Tudo bem. — Eu assoprei meu próprio chá antes de bebericar um gole. — A madrasta da minha mãe é uma pessoa complicada.

Naquele momento, uma voz proveniente dos pés da escada surpreendeu a todos nós:

— Vejo que começaram a fofocar sem mim.

Felizmente, Lizzie atravessou a porta da cozinha com um enorme sorriso, sem perceber o clima pesado que havia se instalado no cômodo. Ela carregava um cesto de roupas entre as mãos e praticamente correu em direção a lavanderia, seguida de perto pelo Lua Nova.

— Filho, ligue a torradeira. — Ela beijou o topo dos cabelos de Hunter ao passar. — Eu vou colocar a roupa na máquina e já volto.

Embora eu sorrisse, o maldito nervosismo não me abandonava por nada.

Eu era uma pessoa naturalmente vaidosa. Buscar a aprovação de desconhecidos era como um esporte para mim: eu podia conquistá-los e descartá-los em um piscar de olhos. Tudo não passava de um capricho, um pequeno jogo que eu jogava comigo mesma.

Em ocasiões raras, porém, eu conhecia alguém que realmente queria agradar.

A família de Hunter, por exemplo: quando eu acordei naquela manhã, eu não fazia ideia de quem eram aquelas pessoas; agora, eu precisava que elas gostassem de mim.

A sensação era terrível. Eu poderia deixar aquilo me dominar e arruinar minha vida. Se a ressaca já não fosse ruim o suficiente, uma hora conversando com a avó de Hunter seria o suficiente para me fazer pagar por todos os meus pecados.

Os dedos de Hunter se entrelaçaram aos meus sob a mesa e um aperto tranquilizador me fez sorrir.

— Minha mãe é filha da falecida esposa de Neil Harrington, que morreu dando à luz — comecei devagar, quebrando o silêncio. — Quando meu avô se casou com Vivienne, ela e minha mãe não tinham muito em comum além do apreço por ele. Meu avô morreu e as coisas continuaram como sempre foram. A madrasta da minha mãe não é próxima de nós.

Eleanor apertou os olhos claros para mim e bebeu um gole de seu chá sem demonstrar um pingo de compaixão. Eu tinha a sensação que nenhuma frase deixava a minha boca sem ser esmiuçada por ela atrás de sentido — seu cérebro era como uma máquina da Segunda Guerra Mundial, trabalhando para decifrar códigos e eu era o inimigo enviando ameaças veladas, usando meus bons modos para ofendê-la de alguma forma.

Meu vocabulário era rebuscado demais, meu sotaque era esnobe.

Eu me senti inadequada, muito formal para alguém que estava sentada em uma mesa de café da manhã, vestindo nada a não ser um blusão de lã e um samba canção.

— Sinto muito, querida. — Elizabeth apareceu finalmente, afagando o topo dos meus cabelos.

Ela se sentou ao lado de Eleanor, em uma cadeira de frente para o filho.

— Não tem problema, de verdade. — Minhas mãos envolveram a xícara para aproveitar o calor. — Nós realmente não éramos próximos.

Conversar sobre minha família era sempre desagradável.

Nós nunca fomos bem tratados por aquelas pessoas. Eu cresci sabendo que meus pais estavam sozinhos no mundo — eles só tinham um ao outro e, mais tarde, a mim e ao meu irmão. No máximo, tinham alguns bons amigos para jantar fora e visitar nas férias, mas nada além disso.

Quanto à madrasta de minha mãe, ela era uma pessoa detestável e eu a odiava, mas algo me dizia que falar mal da própria família não inspiraria a confiança de desconhecidas e, muito menos, me faria ganhar a simpatia de Nana.

Então, não me restava muito o que dizer.

Eleanor me condenaria de um jeito ou de outro.

Eu estou morrendo de fome! — Lizzie serviu um pequeno prato para si, livre para comer agora que a filha havia se distraído com a televisão da sala. — Por favor, não parem por minha causa.

Por algum motivo, os olhares fulminantes de Eleanor fizeram meus lábios se afrouxarem em um sorriso. Puta merda. Eu estava rindo de nervoso e meu colapso chamou a atenção de todos na mesa.

Hunter me lançou um olhar preocupado. Ele devia estar se perguntando se eu ainda estava bêbada.

— Me desculpem. — Escondi meus lábios atrás da xícara de chá, sentindo meu rosto queimar. — Eu tenho uma lembrança do meu avô que sempre me faz rir.

— Bom, conte mais — Nana me instigou.

Hunter repreendeu a avó com um olhar, mas eu dei de ombros um pouco mais calma.

Tentar agradá-la era uma causa perdida.

— Nós costumávamos ir à cidade passar o fim de ano com meu avô quando eu era pequena — eu comecei, pousando minha xícara no pires de porcelana. — Minha mãe gostava muito daquela casa, ela pensava que seria bom para nós se criássemos memórias boas no lugar em que ela cresceu. Em uma das nossas últimas visitas, nós ficamos para uma festa de natal. Havia mais de cem convidados, mas meu avô tirou um tempo para recepcionar os netos.

Nessa hora, eu me endireitei sobre a cadeira, porque a parte importante da história estava para começar:

— Eu me lembro que ele estava descrevendo o paraíso para nós: "No céu, todos teremos o que comer. Todos teremos um teto. Nada faltará. Nós seremos todos iguais". Basicamente, o que ensinam a qualquer criança — eu disse, olhando para os rostos à mesa como se tivesse alguma ideia do que era o cristianismo.

Embora um pouco desconfiada, Eleanor prestava atenção na história.

Eu respirei fundo, me dando conta da vergonha que eu estava prestes a passar.

— Infelizmente, na mesma época, eu havia acabado de aprender o que era comunismo — confessei, limpando a garganta. Lizzie assentiu de olhos arregalados. Ela parecia entender para onde a história caminhava, assim como Hunter, que ria do meu lado. — Eu tinha feito essa pergunta ao meu pai semanas antes e ele me explicou de um jeito bem simples para que eu, no auge dos meus sete anos, pudesse entender. Enfim, quando meu avô terminou de explicar... Eu me lembro de ter perguntado: "Vovô, no céu seremos comunistas?".

A explosão de risadas na cozinha me encorajou a continuar. Eu mesma estava rindo, conformada com a situação, relaxada o suficiente para falar besteira como se estivesse entre amigos.

— Meu avô ficou sem palavras por um momento, o rosto dele todo vermelho com aquele bigode branco... — Eu puxei a respiração, meio engasgada. — Ele começou gaguejar muito bravo comigo e me explicou que não... Eu tinha entendido tudo errado.

Nós seremos comunistas... — Eleanor repetiu, limpando as lágrimas, sem fôlego. — Neil Harrington... Ah, querida! — Ela alcançou minha mão. — Eu só posso imaginar.


• • •


Julie e eu estávamos no quintal. Ela me mostrava pequenos potes de planta e sujava seus dedinhos com a terra molhada, rindo das minhas brincadeiras. Debaixo de sua capa de chuva amarela, havia um agasalho azul como seus olhos.

Eu descobri que era fácil fazê-la sorrir.

De novo — ela pediu no meu colo.

— De novo?

Depois de uma conversa descontraída, Eleanor havia subido as escadas com um par de malas e Lizzie se retirara para dobrar roupas na lavanderia.

Se os meus cálculos estivessem corretos, Jules seria levada para escola a qualquer momento. Eu havia decidido que não faria mal passar um tempinho com ela antes de me despedir — não que eu tivesse outra escolha, claro: ver aquela mãozinha estendida na minha direção sempre abalaria todas as minhas convicções.

Julie, chega — Hunter disse ao se aproximar, abrindo a porta de vidro da sala. — Você vai se atrasar para escola. Entra e lava as mãos.

Eu fiz uma careta para as ordens e as galochas vermelhas de Julie pousaram no chão.

Nós observamos a pequena capa de chuva atravessar a sala, desaparecendo no interior da casa e Hunter fechou a porta atrás dela.

— April, você deve estar congelando. — Ele segurou meu rosto entre as mãos e aproximou nossos corpos, na intenção de me aquecer. — O que você estava pensando quando veio aqui fora?

Pela primeira vez, o frio do quintal me incomodou.

Eu vestia apenas uma cueca tipo short e um blusão de lã masculino, roupas emprestadas por Hunter.

A visão devia ser um escândalo para os vizinhos.

— Me desculpe — disse baixinho.

Apesar de tudo, eu não queria causar problemas para Julie.

Quando estávamos aconchegados o suficiente, os olhos de Hunter desceram pelo meu rosto. Ele capturou meus lábios e me beijou devagar, sua pele muito quente em comparação a minha. Uma de suas mãos subiu por dentro da minha blusa e agarrou meu seio em uma carícia delicada.

Eu tive que me afastar antes que fizéssemos algo de que nós poderíamos nos arrepender depois.

— Você conversa como se ela fosse uma adulta — Hunter quebrou o silêncio, engolindo em seco e respirando fundo. Eu observei seu pomo de adão descer sua garganta enquanto ele encarava minha boca. — Ela gosta disso.

A voz dele soava rouca aos meus ouvidos.

Era uma delícia.

— Eu nunca tive irmãos mais novos ou primos dessa idade — eu sorri trêmula, negando com a cabeça. — Eu não sei como falar com crianças.

Eu tinha esquecido como era ser uma.

Hunter pareceu lembrar do que eu havia dito ao mesmo tempo que eu.

— Você está bem?

— Sim. — Merda. Meus olhos ardiam, cheios de lágrimas. Toda situação com Julie havia me pegado de surpresa. — Eu não consigo dizer "não" para sua irmã. — Tentei sorrir. — Quando eu me canso de brincar, eu me lembro como é a sensação.

Um dia eu tive o mesmo tamanho de Julie. Eu ri com a mesma alegria contagiante e confiei nas pessoas sem pensar duas vezes. Embora fosse fácil esquecer disso, eu fui uma criança feliz. Mas meu pai já tinha me carregado do sofá para a cama pela última vez e a minha mãe já não colocava minha comida e penteava meu cabelo há um bom tempo.

De um dia para o outro, eu cresci demais para ser cuidada e ter Julie ao meu lado tornava aquele sentimento agridoce ainda mais real — cuidar dela era assustador, claro, mas assustador do tipo bom.

Hunter tinha sorte de ter uma irmã mais nova como Julie.

— Você foi uma criança solitária? — Ele me surpreendeu com a pergunta, interrompendo meus pensamentos.

O quê? — Franzi a sobrancelha confusa e a minha visão se embaçou por causa do choro. — Não.

Eu me afastei mais na tentativa de me recompor e Hunter fez menção de entrar na casa, mas eu segurei sua mão no último instante.

— Você não precisa se preocupar com ela — murmurei, envolvendo seus dedos em um aperto cuidadoso. — Julie está bem.

Hunter me encarou sobre o ombro com o maxilar tenso.

Eu sabia que ele queria fazer perguntas para me entender melhor, mas conversar sobre Julie era mais importante — eu havia visto a preocupação em seu rosto antes e seu receio em me apresentar a garotinha: Hunter precisava saber que a irmã ficaria bem.

Por fim, ele pareceu ter tomado uma decisão, me guiou pela mão até um banco de concreto protegido da garoa insistente. Naquele canto do quintal, ele se sentou e me puxou para si, envolvendo minha cintura em um abraço. Meus dedos se embrenharam entre seus cabelos escuros e eu o senti respirar fundo, seu rosto afundado contra meu estômago.

Demorou um pouco para que ele finalmente se sentisse à vontade.

— Eu amo minha irmã, April.

Eu permaneci em silêncio, esperando que ele me contasse o que o perturbava, com medo até mesmo de respirar.

— Eu daria tudo para fazê-la feliz. — A voz dele soava abafada, quase mais baixa que os pingos de chuva. — Me mata saber que ela precisa dele.

Quem?

— Julie sempre vai precisar dele — Hunter disse em um tom ressentido. — E ele vai decepcioná-la. Ninguém nunca vai poder ocupar o lugar dele na vida dela. Isso me mata de verdade. Eu posso odiar meu pai, mas ela precisa dele.

Naquele momento, eu entendi o motivo de tanta mágoa. O pai de Hunter era um babaca. Hunter queria proteger a irmã de qualquer dor que aquele homem pudesse causar, mas era impossível.

— Me desculpe.

— Não. — Eu segurei seu rosto entre as mãos, meu coração doía no peito ao encarar seus olhos torturados. — Você é um ótimo irmão, Hunter. Seu pai? Depois de tudo o que você me contou? Ele falhou com vocês. Não o contrário.

— Eu sei.

— Você não falhou a sua irmã, está me ouvindo?

Hunter não conseguiu sustentar meu olhar por muito tempo. Ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos e eu fiz um carinho em seus cabelos.

— Às vezes é impossível parar de pensar nisso — ele disse, apertando minha mão livre e rindo fraco. — O quanto eles eram mais felizes antes de mim.

Parei o carinho.

— Seus pais?

— É verdade — Hunter insistiu. — Nas fotos dá para ver o quanto eles se amavam. Meu pai se achava um ótimo marido por deixar minha mãe terminar a faculdade e trabalhar. Ter um filho? Nem pensar. Ele não queria dividir a atenção dela com mais ninguém.

— Eu sinto muito.

— Eles se casaram jovens — continuou, sem me ouvir. — Parece que aconteceu cinquenta anos atrás, mas foi no início dos anos noventa.

— A sua mãe se saiu bem — eu disse, desesperada para aplacar sua dor. — Ela é uma ótima profissional.

Puta que pariu.

Eu estava chorando de novo, como uma grande otária.

As primeiras lágrimas desceram pelas minhas bochechas junto da chuva.

— Sim, mas não graças a ele — suspirou. — Eles continuaram juntos depois que eu nasci e meu pai se esforçou por um tempo, mas nunca conseguiu esconder o quanto eu não era desejado. Não quero que a Julie sinta isso. Eu mesmo cansei daquela merda inútil.

— Que loucura.

Minha voz embargada pareceu ter chamado sua atenção. Hunter ergueu a cabeça com as sobrancelhas franzidas, confuso com o som.

— Eu não sei o que eu faria sem você, Hunter — eu admiti baixo, me sentando sobre suas pernas. — Sua mãe e sua irmã te amam. — Meus dedos se entrelaçaram sobre os cabelos sua nuca, puxando seu rosto para mais um beijo. — Eu preciso de você.

Nós estávamos escondidos o suficiente para que a sua mão encontrasse seu caminho para debaixo da minha blusa. Ele apertou a pele nua do meu quadril e eu guiei sua outra mão sob o tecido de lã pela lateral do meu corpo até meu seio.

Eu quis beijar e tocar tudo que era proibido, mas um gemido escapou da minha garganta alto demais.

Puta merda. — Me levantei em um susto, minhas pernas fracas debaixo de mim. — Me desculpa.

Os latidos poderosos de Lua Nova atravessaram a casa e Julie apareceu na sala novamente, dessa vez, com uma pequena mochila nas costas.

— É melhor pararmos. — Minha respiração continuava alterada e eu sentia meu rosto quente. — Não preciso que a sua avó encontre mais um motivo para me odiar.

Nós entramos pela porta de vidro e caminhamos juntos até o corredor da entrada enquanto as tábuas de madeira rangiam sob nosso peso. O interior da casa era quente e seco, praticamente o oposto do clima horroroso que fazia lá fora. Hunter continuava ansioso ao meu lado, um pouco mais solto depois de nossa sessão de amassos. Eu sabia que ele não queria conversar sobre a irmã onde sua família pudesse ouvir e isso significava que qualquer distração era bem vinda.

— April, ela te adora — Hunter riu baixinho no meu ouvido, abraçando meu corpo por trás. — Ela até tirou as porcelanas boas do armário. — A vida havia voltado para seu rosto, mas sua voz continuava fraca. — Eu pensei que ela estivesse guardando aquele conjunto para uma visita da rainha Elizabeth.

— Que ótimo, eu fiz a sua avó usar louças caras.

Ela provavelmente me achava esnobe.

— É sério — Hunter continuou como se não tivesse me ouvido, feliz por não ser mais o assunto. — Você basicamente disse que Jesus era comunista e ela não te bateu com uma colher de madeira. — Ele riu de novo e completou depois de um momento: — Pensando bem, não repita isso. Você pode não ter a mesma sorte da próxima vez.

Nós ouvimos um pigarro e nos afastamos devagar, felizmente flagrados em uma posição menos comprometedora do que aquela em que nos encontrávamos momentos atrás no quintal.

Lizzie estava na porta da cozinha de braços cruzados e sorria para nós com autoridade:

— Hunter, a sua irmã está atrasada para escola.

— Nana disse que a levaria a pé.

Ele não moveu a mão sobre a minha cintura e eu estava rezando para que sua mãe não percebesse isso.

— Nana está cansada, filho — Lizzie disse mais baixo em advertência. — Elas nunca chegariam na hora se fossem a pé.

— Hunter? — eu testei, meio indignada.

Se aquela mulher me pedisse qualquer coisa, eu faria correndo.

Tá bom — Ele bufou para nós. — Quer que eu coloque a cadeirinha no carro?

— Isso. — O sorriso de Lizzie se renovou e seus olhos pousaram sobre os meus: — April, eu preciso terminar de dobrar algumas roupas. Por que não vem comigo?

Eu congelei na hora, sentindo Hunter igualmente tenso atrás de mim.

— É claro.

Lizzie me deu as costas, partindo na frente.

Por quê? — Hunter sussurrou, seus olhos azuis arregalados em surpresa.

Eu não sei — eu sibilei de volta, pressionando meus lábios contra os seus em um beijo. — Vai logo. Vai.





N/A (25.03.2024): Não acredito que finalmente postei esse capítulo kkkkk

Alguém me perguntou há umas semanas na caixinha do instagram como seria o relacionamento da april com a avó do hunter e eu quase caí pra trás kkkkkkkkk

Ah, nossa, na semana passada tb alguém tinha enviado uma mensagem no curiouscat mencionando o caderno de músicas do hunter e eu simplesmente n pude acreditar. Acho que eu estou manifestando as cenas pra vcs ou sei lá estamos conectadas !

Enfim, vocês acabaram de ler 6,5k de palavras! Obrigada por acompanharem até aqui! Quero muito ouvir suas opiniões sobre esse capítulo.

Qualquer erro, não hesitem em mandar mensagens!

Bjs

B.


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