Capítulo XXV [PARTE UM]
A P R I L
QUANDO CHEGUEI EM CASA no início daquela noite, os corredores estavam escuros, preenchidos por uma quietude fantasmagórica. Uma luz suave escapava sob a fresta da porta do escritório, onde meu pai trabalhava e fazia telefonemas. Descalcei os sapatos ainda no hall de entrada e subi as escadas em silêncio, agarrada a meia dúzia de sacolas barulhentas. Pisei em cada degrau com cuidado exagerado e andei junto a parede, misturada à escuridão. Fiz tudo certo, mas nenhuma precaução foi suficiente para despistar Paige Wright.
Assim que fechei a porta do meu quarto atrás de mim, o ranger de uma maçaneta se abrindo no andar inferior me fez gelar. Naquela casa antiga, qualquer som mais alto que a queda de um alfinete era capaz de viajar pelo silêncio — eu conhecia o gemido das tábuas velhas sob meus pés e o barulho de cada dobradiça enferrujada.
Deixei as compras espalhadas no chão e me preparei para escutar as duas batidas ritmadas contra o batente. Eu havia passado a tarde fora com minhas amigas, mamãe provavelmente só queria checar se estava tudo bem.
Quando comecei a achar que havia me enganado, sua voz abafada atravessou a porta:
— Posso entrar?
Girei a maçaneta e a luz amarelada dos abajures projetou sombras por todo corredor e iluminou o rosto da minha mãe. Seus olhos verdes escondiam um sorriso e seus cabelos, castanhos como os meus, oscilavam sobre seus ombros em ondas meticulosamente modeladas.
— Fique à vontade — abri a porta o suficiente para lhe dar passagem e fui atingida pelo cheiro de cigarro impregnado em suas roupas.
Mamãe prometera milhões de vezes que pararia de fumar, mas continuava a fazê-lo secretamente. Não era um hábito exatamente fácil de esconder: o que os olhos não viam, o nariz sentia.
— Não vai sair hoje? — Paige deslizou para dentro, uma passada elegante atrás da outra — Eu queria falar com seu irmão, mas ele foi embora mais cedo.
Meu rosto se entortou em uma careta assim que ouvi seu nome.
Quando me despedi das meninas, dei uma desculpa qualquer para não acompanhá-las até o pub. Não queria ver meu irmão. Eu e Cole não havíamos trocado uma palavra desde a nossa última conversa pela manhã — a discussão parecia ter acontecido fazia uma eternidade: ele me disse para não aparecer no show porque minha presença apenas o prejudicaria.
Eu não era muito fã da ideia de ser um fardo para alguém.
— Cole parecia nervoso. É uma grande noite, não é? Os meninos ensaiaram tanto! Juro por Deus, todo aquele barulho quase... Quer dizer, a música! — uma risada curta escapou de sua garganta — A música quase enlouqueceu seu pai.
No momento em que avistou as sacolas de compras amontoadas no chão, minha mãe congelou.
— Você fez compras — seus olhos se arregalaram de leve — Que ótimo.
Me deitei sobre a cama, de costas para as almofadas, observando-a contar o número de bolsas.
— Renovei o guarda-roupas — sorri com a mentira — O que achou?
Paige se aproximou devagar, sentando-se ao meu lado, e um suspiro escapou de seus lábios:
— Será mais difícil do que eu imaginava.
Sua atenção pairava sobre as estampas das sacolas e insígnias de marcas.
— O que vai ser difícil?
— April, minha querida — disse, pesarosa — Queria falar com você e seu irmão juntos, mas parece impossível reunir os dois em um ambiente — ela hesitou, como se repensasse a própria escolha de palavras — Eu e seu pai. Nós estamos passando por uma fase difícil agora. Financeiramente falando. O trabalho do seu pai...
— Você vai me pedir para maneirar nas despesas.
Paige me encarou.
— Sim — sua voz era baixa, mas tensa — Por enquanto.
Eu assenti, desconfortável sob seu olhar. Estava tão acostumada a vê-la perambulando por aí agarrada a uma taça de vinho, provocando meu pai com ironias, que me assustei com a firmeza incrustada em suas íris esverdeadas.
Paige Wright jamais me deixava esquecer que ela era a adulta da situação, mas dificilmente usava sua autoridade maternal.
— As sacolas não são minhas, mãe — confessei, sem jeito — Não todas. Eu e as meninas passamos em algumas lojas. Como elas não teriam tempo de passar em casa antes do show, eu me ofereci para guardá-las aqui em casa — ergui os ombros — Não tem problema, de verdade. Posso pedir ao senhor Caldwell para me levar de carro ao centro. Eu comprei alguns livros, mas posso devolvê-los.
— Não — ela apertou minha mão entre as suas — Não os devolva. Fique com os livros. Compre os livros que precisar para a escola — seus olhos cravaram nos meus — Estude. E não arranje desculpas para pular refeições. Coma — frisou — Só evite gastar dinheiro com futilidades a partir de agora.
Concordei com o queixo.
Talvez ela mudasse seu posicionamento se soubesse que nem todos os livros eram do colégio.
Meu olhar caiu para nossas mãos entrelaçadas sobre a cama e um pequeno sorriso cresceu em meus lábios.
— Certo — ergui meu rosto — Sem futilidades. Acho que isso significa nada de piercings nos mamilos para mim, não é?
Ela estreitou seus olhos para mim e pequenas rugas se formaram nos cantos de suas pálpebras:
— Engraçadinha.
Não passou despercebida por mim a força que sua mão fez sobre a minha.
Uma risada nervosa irrompeu do fundo da minha garganta e fez meu peito estremecer:
— Ainda bem que isso não aconteceu.
Depois que paguei a conta na lanchonete, eu definitivamente não arrastei as meninas comigo para um estabelecimento mal iluminado e insalubre, espremido entre as ruas imundas do centro — o único estúdio que tive certeza que não pediram para minha identidade —, e perfurei meus mamilos por uma mixaria. E é claro que Jackie não aproveitou a situação para fazer outro furo na orelha e não incentivou Zoe a fazer seu primeiro piercing.
Sob nenhuma circunstância isso havia acontecido.
— Nada vai mudar — Paige suspirou, retomando o assunto — Eu terei que adiar as reformas da loja por um tempo, talvez vender algumas coisas. Mas nós temos fundos. Seu pai vai resolver tudo.
Mamãe não costumava entrar em detalhes dessa forma. Ela parecia nervosa, seus olhos esverdeados fugiam dos meus e sua mão livre brincava com o brinco em sua orelha.
— Eu já entendi — me soltei de seu aperto — A senhora demorou bastante para vir falar comigo.
A linha tensa em sua testa se desfez e ela murmurou, surpresa:
— O que você quer dizer?
— Que vocês não são tão discretos quanto pensam que são.
Ela riu, mas eu falava sério.
O clima em casa estava angustiante, carregado com a apreensão dos meus pais. Mamãe havia se esforçado para me convencer do contrário, desviando minha atenção com agrados e frivolidades, mas algo estranho estava acontecendo. Meu pai poderia ser rígido com Cole, mas levava mais do que algumas reclamações da escola para fazê-lo explodir daquela maneira.
— Não vai mesmo ver seu irmão? — quebrou o silêncio depois de algum tempo — Acho que significaria muito para ele se você fosse.
Inspirei fundo, preenchendo meus pulmões com decisão.
— Vou ficar em casa.
Paige franziu as sobrancelhas.
— Que estranho — um sorriso hesitante deslizou por seus lábios — Por acaso isso tem a ver com aquele bonitinho? Qual era o nome dele mesmo?
Meu Deus.
— Mãe.
— O de olhos azuis — ela provocou — Hunter, não é? Filha, você não pode esperar que os homens façam tudo.
Não conseguia ouvir aquilo sentada.
— Meu Deus, mãe — me pus de pé, atravessando o quarto.
— Se vocês estão brigados, não deixe isso estragar sua noite — disparou — Apareça lá. Deixe que ele saiba que você chegou. Cumprimente a todos e mantenha seu queixo erguido. Você sabe bem como fazer isso, filha. É seu ponto forte — ela deu um pulinho, ajeitando-se pela cama — Ah! Ignore-o. Isso o deixará louco.
— Mãe — eu ri, descrente — Isso funcionou com o papai?
Merda.
Meus olhos se arregalaram.
Não foi o que eu quis dizer.
— Seu pai nunca foi como os outros, April — ergueu uma das sobrancelhas — Mas se você acha que esse garoto é remotamente parecido com seu pai...
— Meu Deus — arfei — Nada a ver. Mãe, quer parar?
— Você que tocou no assunto! — sua risada se misturou a respiração — Eu só estou dizendo: o que quer que seja, não vale a pena. Tome controle da situação. Seja corajosa. Não se recolha em um canto e se faça de coitadinha. Você nunca deve deixar que um homem saiba que te atingiu. Nunca dê a ele esse gosto.
— Acha mesmo que eu devo ir? Não era para nós economizarmos?
— É um dia importante para seu irmão — minha mãe se levantou da cama e o tecido leve de seu vestido acompanhou o movimento — Já que ele preferiria morrer a me ver lá, seria bom ter um de nós na plateia, apoiando a família. Além do mais, eu crio vocês como iguais. Não quero te ver deprimida em um canto enquanto os garotos se divertem. Cole sai muito mais que você e não tem a menor noção de dinheiro, era com ele que eu deveria ter a conversa sobre gastos.
Reprimi uma risada.
Quando se tratava de dinheiro, minha mãe arranjava todo tipo de exceção para gastá-lo. Ela não gostava de conversas profundas e também não era a melhor ouvinte, mas fazia questão de nunca deixar nada faltar. Assim que completei idade o suficiente para deixar os brinquedos de lado e me interessar por roupas, ela me ensinou que não existia tristeza que não pudesse ser curada por um bom banho de lojas.
— Entendi.
— Bom, faça o que quiser — ela passou por mim, pronta para sair pela porta, mas no último segundo, voltou com seu cenho franzido e parecia ter mudado de ideia: — Não tudo. Sem exageros. Você sabe economizar — ergueu seu dedo em riste para mim — E nada de usar o cartão do seu pai! Se precisar de dinheiro...
— Tenho dinheiro — eu a interrompi — Não gastei tudo.
Minha mãe sorriu satisfeita.
— Ótimo.
H U N T E R
O mundo ao meu redor se movia mais rápido do que eu podia acompanhar. Eram corpos suados, sorrisos bêbados e álcool por toda parte. Muito barulho, muita gente. Uma situação fora de controle. Meu coração martelava no peito enquanto eu observava a multidão.
Cada escolha que eu havia feito se desdobrava em infinitas linhas de probabilidades diante dos meus olhos. Não existia escapatória. O medo havia criado raízes em meus pensamentos e empesteado minha mente com armadilhas. Não conseguia parar de pensar em cenários hipotéticos em que o plano do Cole de negociar com a maldita gangue dava errado.
O suor escapava pelos meus poros como pequenas agulhas. Seja pelo nervosismo ou pelo calor, minha nuca estava úmida. Merda. Nunca vi o pub tão cheio. Meus amigos estavam por toda parte, rindo, fazendo brincadeiras. Nenhum deles fazia ideia do que estava para acontecer.
Pelo menos, não havia sinal algum dos caras tatuados da outra noite.
Sem a ameaça presente, eu estava livre para especular. Em silêncio, tentava descobrir o que caralhos Cole havia planejado — da última vez que chequei, ele estava misturado à multidão, socializando como se nossas vidas não corressem perigo.
O cara não batia bem da cabeça.
Não era possível que eu fosse o único a perceber isso.
Para começar, a solução que ele encontrou para o problema do dinheiro roubado foi absurda. Não entendi como, mas a ideia foi aprovada por todos e rapidamente se tornou popular: havia um pote transparente cheio de dinheiro passeando pelas mãos dos presentes, como naquele filme Empire Records — assim, quem quisesse tinha a opção de doar e ajudar a arrecadar dinheiro para as atividades da fraternidade.
Puta que pariu.
Eu tinha certeza de que aquele pote estava cheio de moedas e notas de uma ou duas pratas, mas, quanto mais eu olhava, mais estúpida a ideia me parecia.
Foda-se se as pessoas adoraram.
— Parece que você vai vomitar — Zack dispensou cumprimentos.
Ele se postou na minha frente, obstruindo minha visão do resto do pub. Não achei que o veria até a hora da apresentação. Zack deveria estar envolvido nos detalhes do show, distribuindo ordens por aí, e não jogando conversa fora comigo. Tinha um copo de cerveja na mão e franzia testa para mim, mais desconfiado do que preocupado.
Respondi mais alto que a música:
— É muita gente.
— É — ponderou — Acho que nunca nos apresentamos para um público tão grande.
Tinha muita gente da nossa idade. Eu não conhecia todos, mas com certeza eram todos de St. Clair. O que havia começado com algumas mensagens no grupo do colégio havia se tornado um imenso projeto de divulgação da The F Word em poucas horas.
Se não fosse uma ocasião tão inoportuna, eu estaria feliz em tocar para uma plateia daquele tamanho.
— Bebe isso — Zack me empurrou um copo igual ao seu em dado momento.
Mesmo apreensivo, aceitei a bebida.
Eu precisava dessa dose. Minha língua estava áspera dentro de minha boca, seca como o deserto do Saara. Ao contrário do que eu imaginava, não fui corajoso o suficiente para encher a cara assim que cheguei. Nós ainda tínhamos um show para apresentar e beber até perder os sentidos não me ajudaria em nada.
Nós viramos os copos ao mesmo tempo e o álcool desceu queimando pela minha garganta. Merda. Talvez eu já estivesse um pouco alto. Eu não sentia mais o peso do meu corpo a um bom tempo e aquela dose foi direto para minha cabeça.
— Valeu.
Zack deu de ombros, olhando para o fundo de seu copo. Ele estava quase indo embora, quando se virou para mim:
— Você reparou em alguma coisa estranha ultimamente?
Franzi o cenho.
Você quer dizer, além disso?
Quando não respondi, o vocalista insistiu:
— É o Cole, ele tem agido estranho — arqueou as sobrancelhas, sugestivo. — Meio elétrico, desconectado. Só... Estranho.
Merda.
Nunca fui muito próximo daquela dupla, mas sabia que eles eram melhores amigos de infância. Se Zack não fazia ideia de que Cole era um traficante, não era da minha conta..
— Ele está ocupado entre os ensaios da banda e os problemas da Thomas — ergui os ombros — É isso?
Zack ri curto, conformado. Deu um tapa no meu ombro e disse:
— Só vê se não vomita em ninguém.
Uma risada sem humor escapou dos meus lábios.
Medo de palco era uma das minhas últimas preocupações no momento.
A P R I L
A noite estava tão fria que chegava a machucar meu rosto. O céu estava limpo, sem estrelas, um breu total acima da minha cabeça. Apesar do burburinho incessante dos bares próximos, um silêncio arrepiante preenchia cada canto escuro daquela rua deserta. Eu andava pelo asfalto, passos largos e apressados, atenta até o mais sutil dos movimentos vindos das sombras — minha mão estava agarrada às chaves dentro da bolsa, só por precaução.
Eu estava no quarteirão do pub. Mais precisamente, atrás dele. Meus olhos varriam as paredes à procura da placa que indicava o backstage. Havia trocado mensagens com Jackie minutos atrás e concluí que seria melhor poupar esforços e entrar direto pelos fundos: a porta principal estava cheia, transbordava de tanta gente, eu jamais conseguiria chegar até o interior do estabelecimento sem uma ajudinha.
Por mais estúpido que fosse, não me arrependi de aparecer ali de última hora.
Não queria desperdiçar a noite trancada em casa. Até minha mãe falou que seria patético! Assim que ela saiu, tomei um banho rápido, escolhi minhas melhores roupas e entrei em um táxi. Cole poderia pensar o que quisesse: eu não estava no pub para vê-lo, queria assistir a banda. Zack e Finch me adoravam, com certeza gostariam de me ter na plateia, me divertindo com as meninas.
Também tinha Hunter.
Eu não sabia se ele queria me ver ou não. Depois dos nossos últimos desentendimentos, Campbell havia se transformado em uma incógnita para mim: em um minuto, sussurrava obscenidades no meu ouvido e, no próximo, entrava em seu carro e desaparecia no estacionamento. Eu não fazia ideia do que ele pretendia fazer, nem para onde nós caminhávamos, mas seu autocontrole recém adquirido era, naquele momento, o inimigo número um da minha vida sexual.
Sério.
Até quando Hunter planejava ficar bravo comigo?
Não para sempre, eu esperava.
Havia menos de três dias desde a última vez em que estivemos juntos e, mesmo assim, eu sentia falta — era bom que um orgasmo demorado estivesse agendado nos planos de Campbell para um futuro próximo ou então eu seria obrigada a procurar uma maneira de me aliviar sozinha.
Piadas à parte, eu estava estressada.
Meus únicos momentos de escape eram aqueles que eu passava em seus braços. Tinham o cheiro de sua pele, o calor de seu corpo e o peso de suas mãos. Nossas carnes se fundiam em uma só e minha alma buscava a sua — simples assim, eu tinha certeza de que Hunter era meu. Aqueles instantes não duravam muito, mas deixavam uma impressão forte em meus pensamentos.
E eu precisava sentir aquilo de novo.
Logo.
Um suspiro de alívio escapou de meus lábios.
Finalmente, a placa do backstage. Eu saquei o celular do bolso e conferi o visor: nenhuma mensagem nova. Que surpresa. Minutos atrás, havia pedido às meninas para que abrissem a porta para mim, mas antes que pudesse obter uma resposta, o grupo caiu no silêncio.
Encarei a porta de ferro à minha frente. Tratava-se de uma passagem larga, iluminada por uma luz fluorescente, ladeada por caçambas de lixo.
Não custava tentar.
Levei minha mão fechada em punho até a superfície metálica e bati três vezes. A porta estremeceu, fez um barulho horrível. Se alguém estivesse do outro lado, com certeza teria me escutado.
Quando eu estava começando a considerar bater uma quarta vez, a porta se abriu.
Era Seth Montgomery.
— Oi! — disse de sobressalto, aliviada por encontrar um rosto conhecido — Seth, oi.
Ele não parecia particularmente feliz em me ver.
A julgar pela expressão em seu rosto, talvez nem tivesse me reconhecido. Seus olhos claros estavam levemente caídos e seus cabelos acobreados, rebeldes, se espalhavam sobre sua testa. Vestia um casaco jeans por cima de uma camisa branca e larga, estampada com um desenho antigo da Hanna Barbera, Os Impossíveis. Não precisei olhar para baixo para adivinhar que usava uma calça de moletom cinzenta e um par de Vans nos pés.
— Qual é a senha? — sua voz soava rouca, arrastada.
Franzi a testa.
— Senha?
— Todo mundo que quer passar, precisa dizer a senha — Seth apoiou uma das mãos no batente e se inclinou na minha direção: — Você não vai receber tratamento especial, April.
Eu assenti e dei um passo adiante.
Ele esperou.
— Que tal... "Se você me deixar aqui fora, congelando por mais um segundo, eu vou te dar um chute no saco"?
Seth sacudiu a cabeça e soltou um suspiro conformado:
— Você é muito ruim nesse jogo.
Minha ameaça funcionou bem rápido: ele abriu a porta e saiu do caminho para que eu pudesse passar.
Entrei apressada, fugindo do frio, e olhei ao redor.
O camarim estava vazio, nenhum sinal dos meninos. Além das paredes cobertas por uma camada de sujeira e graffiti, havia dois sofás surrados posicionados sobre um tapete persa, disposto no centro do cômodo. Garrafas vazias e bitucas de cigarro estavam equilibradas sobre toda e qualquer superfície visível.
— A mesa de centro é nova — Seth fez um gesto para o móvel de madeira gasta e se sentou em uma poltrona igualmente decrépita — Bom, quase nova. O espelho também. Achei largado em uma esquina e trouxe para cá.
Eu assenti, escondendo as mãos nos bolsos. O camarim tinha uma temperatura agradável em comparação a rua, mas meu corpo ainda tremia de frio, tentando se aquecer.
— Nem dá para perceber.
Meu comentário lhe arrancou uma risada.
Seth se inclinou sobre a mesinha e seus cabelos ruivos foram banhados pela luz amarelada que provinha das luminárias do camarim. Seus dedos distribuíram um tipo de erva ao longo de um papelzinho branco. Havia também uma porção de outros objetos espalhados sobre o tampo: um estojo de metal, um dichavador e um isqueiro — ao que tudo indicava, eu havia o interrompido antes que pudesse fechar o beck.
Ele ergueu seus olhos para mim e suas mãos pararam de trabalhar contra o papel por um instante:
— Você se importa se eu...?
Demorei um segundo inteiro para entender.
— Não — ergui os ombros sob a jaqueta — Por mim, tudo bem.
Dei as costas para Seth e procurei algo para me ocupar, arrastando meus coturnos contra o chão acarpetado.
Não havia muito para se fazer atrás do palco. Bisbilhotar pela cortina parecia ser a única opção remotamente divertida para passar o tempo. Eu alcancei o tecido grosso e escuro que separava esse cômodo do palco e, por uma brecha estreita, espiei o interior do pub. A música estava alta lá fora, as conversas também. Havia gente demais na platéia, não queria arriscar sair e me perder de todos — as meninas prometeram me encontrar ali antes do início do show e eu esperaria por elas.
Elas não deveriam demorar muito.
— Cadê Docinho e Lindinha? — Seth quebrou o silêncio — Vocês não andam juntas?
Lancei um olhar por cima do ombro. Ele continuava concentrado em bolar o beck, seus cabelos acobreados se espalhavam por seu rosto salpicado por sardas.
— Elas chegaram mais cedo — expliquei.
Seth liberou uma risada curta. Um som cansado, misturado a respiração.
Antes que eu pudesse perguntar o que havia de tão engraçado, a porta que ligava o camarim ao resto do pub se abriu em um rompante violento.
Hunter Campbell irrompeu do corredor como um animal. Colocou seu corpo para dentro de uma vez só e seus olhos percorreram o camarim de cima a baixo, até que finalmente me encontraram. Seu rosto estava tenso enquanto seu peito subia e descia em uma respiração descompassada.
— April — ele fechou a porta atrás de si e se aproximou cauteloso — O que você está fazendo aqui?
Meu coração batia forte, espalhava calor por todo meu corpo. Não esperava encontrá-lo tão cedo. Merda. Ele não parecia feliz. Se Hunter quisesse discutir, como fizemos no estacionamento, nós protagonizaríamos um desastre — dessa vez, eu não estava pronta para uma segunda rodada.
Em silêncio, eu o observei quebrar a distância entre nós. Eram movimentos lentos e calculados, Hunter não tirava seus olhos de mim nem por um segundo. Ao invés de fúria, um brilho selvagem cintilava em suas íris azuis.
Me encarava como se eu estivesse em chamas.
E eu me sentia queimar.
— Não podia perder isso — minha voz era baixa, assim como a dele.
Hunter concordou devagar.
— Cole disse que você não viria.
Nós estávamos próximos, separados por menos de um metro. Eu podia ouvir sua respiração alterada, seu cheiro invadia meu nariz — queria chegar mais perto, mas algo me dizia que essa seria uma péssima ideia.
— Cole não manda em mim.
Um clique de metal atravessou o cômodo, seguido pelo barulho surdo de algo caindo sobre o tapete. O clima entre nós estava tão carregado de tensão que me esqueci de Seth. Ele limpou a garganta e disse:
— Já estou indo embora.
Minhas bochechas arderam de vergonha enquanto Seth se dirigia até a saída. Ele atravessou o camarim na maior tranquilidade e desapareceu na noite congelante com um isqueiro na mão e um cigarro entre os lábios.
Antes de fechar a porta atrás de si, lançou um último olhar para dentro e piscou para mim.
Por Deus.
Hunter não se incomodou, sequer deu sinais de sentir falta do amigo. Em questão de segundos, a decisão voltou a iluminar seus olhos azuis e ele me tomou pelo pulso:
— Vamos — marchava em direção a porta, me arrastando consigo — Você não pode ficar aqui.
Travei meus pés contra o chão e resisti à sua força. Meu sangue corria quente em minhas veias, mal conseguia ouvir meus próprios pensamentos.
Isso não podia ficar assim.
— Me solta — rugi feroz e desvencilhei de seu aperto — Babaca. Você está agindo assim por causa de hoje mais cedo?
Hunter espiou o corredor por uma brecha e depois voltou a me encarar. O rosto dele estava pálido, a raiz de seus cabelos escurecida de suor. Parecia selvagem. Irracional. Totalmente perturbado.
— Você não deveria ter vindo.
Que porra ele tinha na cabeça?
— Não pode me expulsar, Campbell — arfei — Se você quer ficar com outra garota, que se foda. Eu não me importo. O que eu quero é assistir ao show, eles são meus amigos também.
O desespero em seus olhos parecia se agravar a cada palavra pronunciada por mim. Ele encurtou a distância ridícula que nos separava e suas mãos deslizaram do meu pescoço à minha nuca.
Aos poucos, a agonia em seu olhar deu lugar à firmeza.
— Me escuta, April — sua voz atravessou meus ouvidos baixa e enrouquecida — Você precisa sair daqui.
Nunca vi Hunter daquele jeito antes.
Me encarava determinado, como se buscasse por uma confirmação. Suas íris azuis viajaram da minha boca até meus cílios, então desceram a curva do meu nariz e voltaram para meus olhos. Ele afundou seus dedos em meus cabelos, me segurando como se precisasse confortar a si mesmo.
— Você usou bala? — franzi a testa — Vou matar o Seth.
Será que ele estava alucinando? Essa era a única explicação plausível para seu comportamento. Se nós perdêssemos o show porque Hunter estava enxergando diabinhos pelos cantos, eu ficaria muito puta.
Minha pergunta pareceu irritá-lo. Assisti o momento em que suas sobrancelhas enegrecidas se encresparam:
— Não.
Eu estava igualmente estressada.
— Então, qual o problema?
O cheiro de álcool em seu hálito não me enganava: Hunter estava no mínimo embriagado. Eu não sabia o quanto a bebida havia prejudicado seu juízo, mas estar bêbado não era um motivo bom o suficiente para me mandar embora. Eu queria uma resposta, ele me devia uma. Nada poderia me distrair: nem sua respiração ofegante, nem seu hálito quente, que batia em meu pescoço.
Inferno.
Nós estávamos tão próximos que eu conseguia enxergar as fissuras gélidas em suas íris azuis. Eu o observei umedecer seus lábios e mirar os meus. Devagar, uma de suas mãos deslizou pela minha cintura. Não resisti ao seu toque, mas também não relaxei — por mais intoxicante que fosse, eu não podia abaixar a guarda.
Eu ainda estava no controle.
Estava, não estava?
Aproveitando-se minha distração, Hunter inclinou seu rosto para mim. O peso de sua mão na minha cintura, seus dedos embrenhados no meu cabelo, seu calor inebriante: essa combinação me deixava zonza. Minhas pálpebras pesaram enquanto meu corpo, quente e entorpecido, vibrava sob seu toque.
Céus.
Toda vez que ele me segurava desse jeito, o resto do mundo se tornava uma realidade à parte.
Quando eu já tinha esquecido o que fazíamos ali, seus lábios macios se afundaram em meu pescoço. Minhas pernas estremeceram e meus dedos se agarraram a sua blusa enquanto Hunter raspava seus dentes contra minha pele, percorrendo minha garganta. Ele depositou um beijo na linha do meu queixo e seu nariz roçou contra o meu.
Por entre meus cílios, de olhos quase fechados, ele parecia mais lindo do que nunca. Havia uma ruguinha de concentração entre suas sobrancelhas e a apreensão de mais cedo sumira.
Seu maxilar se moveu sob a pele, tenso.
— Eu senti falta disso — disse rouco.
Concordei em silêncio, embriagada por sua presença.
Era tão gostoso senti-lo perto de mim.
Por que paramos?
Hunter tomou meus lábios de novo. Era um beijo cheio de necessidade, exigia tudo de mim: meu corpo, meu fôlego, minha alma. Ele afundou seus dedos em meu cabelo e os puxou firme. Meus olhos se reviraram sob as pálpebras cerradas e eu ofeguei contra sua boca — o mundo girava ao meu redor enquanto minhas pernas fraquejavam.
Antes que eu precisasse pedir, Hunter entendeu a mensagem. Ele me arrastou consigo até as almofadas cor de vinho e separou nosso beijo apenas para se sentar sobre o sofá velho. Eu o observei por um momento: seus cabelos desalinhados, olhos escurecidos de desejo e maxilar apertado em uma linha deliciosa. Um sorriso safado deslizou pelos meus lábios. Posicionei um joelho de cada lado de seu corpo enquanto suas mãos deslizavam por minhas pernas e me puxavam para seu colo.
Não tive tempo de dizer nada.
Hunter me beijou faminto. Abri os lábios e deixei sua língua quente e úmida deslizar contra a minha. Minhas mãos subiram pelo seu peito e minhas unhas fizeram um caminho lento até sua nuca.
Eu arfava por ar. Encaixei meu quadril contra o dele e pressionei, devagar. Queria senti-lo. A palpitação entre as minhas pernas era quase insuportável. Hunter percebeu minha intenção e me afastou gentilmente:
— Assim não.
— Você merece uma tortura — meus dedos se agarraram aos cabelos de sua nuca, eu os puxei e Hunter deixou sua cabeça tombar para trás — Não acha?
Um grunhido baixo escapou do fundo de sua garganta em resposta. Eu ri, deliciada com a visão de seu pescoço desnudo. Aproximei meus lábios de sua pele e plantei um beijo em seu ombro.
— Seu nariz está gelado — ele murmurou rouco.
Não dei importância.
Continuei a minha trilha, inebriada pelo seu cheiro.
— Suas mãos — reclamou — Ai. Você está toda gelada, April.
A voz dele era tão irritante.
Eu o beijei, faminta. Hunter correspondeu do jeito que conseguia, atordoado. Queria que ele mudasse de ideia e me comesse no banheiro.
— April — ele ofegava — Aqui não.
Ele me encarava com olhos azuis carregados de decisão e suas mãos estavam fechadas ao redor dos meus braços — seu autocontrole era infinitamente melhor do que o meu.
— Estraga prazeres.
Eu tentei colocar distância entre nós, mas Hunter não permitiu que eu fosse muito longe: seus dedos se afundaram em minhas coxas e mantiveram meu corpo próximo do seu.
Aos poucos, minha respiração se tornou uniforme.
Nós tínhamos alguns minutos antes do resto da banda aparecer. Se ele não queria arriscar ser flagrado transando no sofá, tudo bem, eu podia respeitar isso. Pelo menos, Hunter havia parado de surtar — qualquer coisa era melhor do que assisti-lo naquele estado deplorável — e distraí-lo com uma sessão de amassos não era exatamente um sacrifício. O desgraçado me desejava, deixara isso claro em seu beijo, mas ainda escondia algo de mim.
Não queria ser a próxima a surtar, mas — antes de me distrair com um beijo — ele havia tentado me expulsar. Se eu não pensasse com a buceta, eu teria dado um tapa na cara dele e exigido uma postura coerente.
Porra.
Por que ele tinha surtado? Por que ele não me queria ali?
Era alguma garota?
Meus ombros enrijeceram e, de repente, até encostar nele pareceu errado.
Se Hunter percebeu minha hesitação, não comentou. Agarrou meu queixo entre os dedos e me trouxe para perto. Uma ruguinha cresceu em sua testa enquanto seus olhos azuis pensativos se perdiam em meu rosto. Fechei os olhos sob seu toque e senti seu polegar descer pela ponte do meu nariz.
— Está com frio?
Não respondi.
Não achei necessário.
Minhas pálpebras continuavam cerradas em concentração. As batidas do meu coração eram fortes e vigorosas contra minhas costelas. Não fazia ideia do que aquilo significava. Hunter se inclinou para mim e depositou um beijo no canto da minha boca. Mordiscou meu lábio inferior e o puxou entre os dentes. Mais um selinho.
Fazia o que podia para descontar sua frustração.
Agia como se o resto do mundo estivesse em espera.
— Eu precisava disso — disse, contra minha pele — Você não faz ideia.
Hunter estava distraído entre me beijar e arrastar seu nariz pelo meu pescoço.
Era fácil me deixar levar quando ele me tratava assim.
Meus olhos estavam fechados, minhas mãos espalmadas sobre seu peito. Eu estava tão confortável que me deixei relaxar até demais. As palavras escaparam da minha boca como se não fossem minhas:
— Eu quero meu encontro.
O camarim caiu no silêncio absoluto. Eu mesma estava em choque, sem acreditar no que havia dito. Conseguia ouvir a minha respiração descompassada, a música distante do pub e as conversas abafadas, mas nada de Hunter. Ele estava muito quieto debaixo de mim.
Depois de alguns segundos, Hunter ergueu suas íris azuis para mim e piscou devagar.
— O quê?
— Um encontro — repeti no automático, mais enfática do que achei que fosse possível — Você disse que, se ganhasse a aposta, me levaria a um encontro. Bom, eu quero um encontro. Me peça.
Primeiro, ele inspirou fundo. Me encarava em uma agonia muda, difícil de entender. Quando eu estava prestes a perguntar se havia dito algo de errado, ele fechou os olhos. Com força. Esfregou as mãos ao rosto e grunhiu em um tom quase inaudível:
— Puta que pariu — disse para si — Por que agora? Justo agora?
Mal conseguia me mover. Minha coluna estava muito reta e meus ombros, retesados.
— Bom — disse seca, apoiando meu peso sobre meus joelhos — Não sabia que era uma hora ruim.
Meus pés não chegaram a tocar o chão. Hunter se inclinou para mim, tinha as sobrancelhas unidas e seus dedos se afundavam em meus braços:
— Não — murmurou — Fica.
Algo em seu olhar eriçou os pelos da minha nuca. Eu cedi aos poucos e suas mãos me puxaram para perto, me acomodando em seu colo.
Maldito.
Quando comecei a desconfiar que Hunter tinha desistido, ele quebrou o silêncio:
— Eu sou louco por você, April — seus olhos queimavam sobre minha pele — Completamente louco. Não paro de pensar em você. Seu cheiro, seu gosto, o som que você faz quando goza. Eu não consigo te tirar da minha cabeça. É um inferno, April — sua voz soava rouca — Você é complicada para caralho. Sabia disso?
Meu coração batia rápido demais, minhas mãos tremiam. Não consegui absorver metade das palavras que ouvi. Meu estômago estava embrulhado. Talvez eu vomitasse.
O que ele estava dizendo? Eu era complicada demais?
Ele gostava de mim ou não?
Hunter deve ter notado meu nervosismo porque emendou rapidamente:
— Eu quero te levar a um encontro, April — envolveu minhas mãos sobre seu peito, seu coração disparado contra minha palma — Quero fazer mais do que isso. Queria resolver as coisas entre nós, mas tem muita merda acontecendo agora e...
— "Muita merda"?
Ele abriu os olhos, surpreso. Hesitou por um momento e seu pomo de adão desceu em silêncio.
— A banda — respondeu, piscando várias vezes — Nós nunca nos apresentamos para tanta gente.
Assenti, ainda atordoada.
Nunca estive tão vulnerável na presença dele. Minhas bochechas ardiam enquanto meu estômago se revirava, frio. Não conseguia entender como ele estava tão confortável em dizer o que sentia. Eu estava apavorada, sentia meu sangue correr disparado pelas minhas veias, mas não tirava minhas mãos dele: me agarrei ao seu moletom, aos seus ombros firmes, e tentei me acalmar.
Hunter subiu seus dedos pelas minhas coxas nuas e um sorriso delicioso tomou seus lábios.
— Eu te digo que sou louco por você e é assim que você reage? — falava baixo, colado ao meu ouvido — Se eu soubesse que isso era tudo que eu precisava fazer para você calar a boca, teria feito muito antes.
Uma risada nervosa escapou pela minha garganta.
— Cretino.
Antes que o próximo xingamento chegasse a minha língua, suas mãos se embrenharam em meus cabelos e sua boca se moldou a minha. Ele me beijou. Minhas costas foram de encontro ao sofá e seu corpo cobriu o meu, ávido por mais.
— Que inferno — Hunter praguejou contra os meus lábios.
Franzi o cenho, sem entender.
O barulho de conversas alteradas atravessou o corredor, abafado pela porta do camarim. Mesmo à distância, Zack falava mais alto do que todos os outros: além de sua voz, reconheci a gargalhada inconfundível de Jackie e os gritos bêbados de Finch.
Eu ri baixinho, empurrando Hunter pelo estômago. Me sentei, ajeitando meu cabelo, enquanto ele se acomodava sobre almofadas.
A porta se abriu, batendo forte contra parede, e revelou um Finch sorridente. Atrás dele, Zoe, Jackie e Zack. Tudo parecia bem, mas eles caíram no silêncio assim que nos viram. Eu não entendi o porquê. Minhas roupas estavam no lugar, cada um sentado em uma extremidade do sofá — da última vez que chequei, não havia nada incriminatório em dividir um sofá.
Quando pensei que as coisas não poderiam piorar, meu irmão entrou no camarim. Primeiro, ele olhou para mim, depois Hunter. Em questão de segundos, seu rosto endureceu e suas mãos se fecharam em punhos.
Segui seu olhar e quase ri de nervoso.
Hunter me encarou, confuso.
— Que foi?
— Seu rosto.
Hunter se voltou para trás, procurando o maldito espelho. Assim que encontrou seu reflexo, seus olhos se arregalaram: havia marcas de batom espalhadas em seu rosto e por todo seu pescoço — inegavelmente, uma obra minha.
— Seu filho da puta — meu irmão rugiu.
Tudo aconteceu tão rápido que mal pude acompanhar. Cole disparou para dentro do camarim, empurrando todos que estavam em seu caminho. Hunter pulou sobre o sofá, colocando o móvel entre eles, e almofadas voaram para todos os lados. Eu me encolhi em um canto, tentando me proteger.
— A MINHA IRMÃ NÃO — Cole vociferou, passando por cima do sofá em alta velocidade.
Enquanto todos os outros gargalhavam, Zack tentava segurar meu irmão. Era como assistir Tom & Jerry. Eu me coloquei de pé e tentei intervir, mas de nada adiantou.
— BABACAS — gritei em plenos pulmões.
Aquela situação era ridícula.
Eles que se matassem.
N/A: Saudações, comunidade Zapping Zonica!!!1! A terceira série reinou nessa cena final !
O QUE ACHARAM DO CAPITULO????
QUEM AÍ ACERTOU??? (sobre a enquete do instagram de quem falaria a tal frase do encontro, etc)
Enfim, foram MUITAS emoções diferentes nesse capítulo, eu sei. Preparem-se porque a parte dois vem aí e também é tensa.
E sempre imaginei que conseguiria enfiar todos os acontecimentos que planejei pro 25 em uma parte só, mas não rolou. Quer dizer, meu deus, 18 páginas no word. Decidi entregar logo pelo menos essas cenas que consegui fechar. É provável que eu retire quando decidir reler e perceber que ficou confuso HAUHUHAUAHUAH (isso totalmente deve acontecer)
Gente, sobre esse capítulo: se BS fosse série, eu super faria uma compilação de cenas "hunter campbell mentindo por 7 minutos seguidos" UAHUAHUAH cara, ele é mto mentiroso pqp TE AMO HUNTER MAS VC SABE QUE É!!1!
Enfim, espero que tenham gostado. Não revisei o capítulo, então se houver algum erro gramatical ou estrutural ou se simplesmente tiver algo confuso, me avisem! Obrigada por lerem até aqui.
Beijinhos,
Babi
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