Entre sangue e lágrimas
Educação física nunca fora uma das aulas preferidas de Stiles, para ele era muito mais interessante ver outros suarem (no caso, outros poderia ser substituído por Derek) do que ele próprio. Sim, sabia que esporte era algo importante para a saúde e tal, ainda mais, sendo um pouco hiperativo (um pouco?!) talvez atividades físicas sejam necessárias... Mas o adolescente tinha outras formas de gastar sua bateria quase infinita de energia: passar noites em claro pesquisando sobre o sobrenatural e/ou fuçando os arquivos (confidenciais) do seu pai. Se meter em confusão também é um ótimo modo de se gastar energia! E vejam só, isso Stiles é quase um profissional!
O ginásio da escola estava logo ali, grande e reluzente ,efeito provocado pelas chapas de metal que constituíam grande parte da estrutura, pelo visto, tais metais eram especiais e mais resistentes, permitindo que o ginásio sobrevivesse a euforia esportiva de alguns de seus alunos, como por exemplo: Orcs, Trolls, gigantes, Goblings, entre outros seres que tenham super-força e que ao lançar uma simples bola, pode se equivaler ao lançamento de uma bala de canhão!
— Bom dia, meus caríssimos alunos! — uma cabeça de vaca (ou melhor, boi) falou. Era o professor Milo, ele tinha cabeça de vaca, só para enfatizar, afinal, ele era um minotauro. Stiles ainda estava se acostumando com aquilo, ver uma vaca(Boi! Era um boi!) falando mesmo que esse tivesse corpo humano, era muito estranho. Nunca mais veria um bovino da mesma maneira, graças a Milo.
Stiles, entretanto, não detinha a sua concentração total no professor, na verdade, seus olhos persistiam a vagar pela a turma de alunos para encontrar os vampiros punk-góticos. Ah! Lá estavam eles com suas roupas das trevas, maquiagem negra ou roxa e suas coleções de pincergs e brincos. Era fáceis de encontrar, de fato. A questão era como eles pretendiam iniciar um tipo de batalha ali? Ou melhor, nem tinha certeza das reais intensões deles. Bem, com certeza não pretendiam ter uma conversa amigável com Aby, com direito a chá e bolinhos, algo em que ambas partes iriam expor suas opiniões sem precisar atacar um ao outro fisicamente. Infelizmente, as pessoas não resolviam seus problemas com chá e bolinhos, o que era uma grande pena.
— Hoje iremos fazer alguns exercícios de yoga! — anunciou Milo mugindo alegre (deve ser algo normal para um minotauro fazer, não é mesmo?) — Assim relaxamos os nervos... Sinto que a escola hoje estava, digamos...
Os olhos negros do professor bovino se encontraram com Abraham, obviamente sabendo o que provocara a tensão nos seres sobrenaturais, não parecia, entretanto, acusar o humano, pelo contrário, sua postura demonstrava preocupação. Contudo, antes que pudesse explicar mais sobre a dita aula de "relaxamento", uma mão se ergueu do grupo de alunos: era um dos vampiros góticos.
— Professor... Eu não estou passando bem. — disse o garoto de roupa negra, maquiagem pesada (incluindo lábios com batom negro e uma base para o deixar ainda mais pálido).
— Como assim? — Milo soltou mais um pequeno mugido alarmado.
— Não tomei a minha... Er... Você sabe...
"Que descarado!" Stiles se conteve para não gritar "MENTIROSO" com direito a capslock e letras garrafais, pois era obvio que aquele cara estava usando de sua condição de vampiro par improvisar uma desculpa apropriada! Todos sabiam que os vampiros ali não ficavam buscando pescoços para morder e assim se alimentar. Não! Eles recebiam uma papa sintética (meio nojenta, deve-se enfatizar) que servia como suplemento e substituinte do sangue. Todo vampiro tem que tomar a sua dose de papinha diária senão poderia sofrer de inanição e aí sim começar a atacar pescoços indefesos.
— Esse é um ato muito irresponsável de sua parte! —comentou o professor meio touro já indo amparar o estudante supostamente faminto — Classe, esperem aqui enquanto o levo a enfermaria para que se alimente! Não façam nenhuma besteira, senão toda a turma ficará em detenção!
"Então esse é o plano?" analisou coçando o queixo, os vampiros se livraram do professor para que assim estivessem livres para fazerem seja lá o que for que irão fazer.
Stiles se sentiu meio como Moisés, quando esse abriu o mar vermelho, pois a turma (de modo muito semelhante) abriu espaço para que os dois grupos se mirassem frontalmente. Na cabeça do humano um locutor imaginário já anunciava a luta de UFC no octógono.
— Desse lado o grupo dos garotos vampiros que aderiram ao lado dark da força, se é que me entendem! — piscou o locutor fruto do delírio, também se encontrava nessa alucinação uma multidão que gritava, vaiava ou apoiava.
Um Derek vestindo apenas uma cueca negra (muito provocativa, por sinal), adentrou no octógono com uma placa segurada a cima de sua cabeça, com muito mal vontade. Ali estava escrito: 1 round.
— Desse outro lado os mocinhos da história, um grupo meio misturado e que, bem... Vocês devem acreditar quando digo que o garoto de queixo torto seria o líder! Não estou mentindo! Ele só parece meio bobo... Er... Ele É bobo, mas é um líder! E o garoto loirinho...Sim, esse de cabelos de anjinho, baixinho e... Não se deixem enganar com a aparência, pois é bem provável que não sobrevivas se o chamar de fofo! E bem... Tem esse garoto meio magrelo ali no canto, sinceramente não sei como ele poderá ajudar o grupo de lutadores, talvez oferecendo tolhas e água?
— Quem sabe eu não ofereça mesmo toalhas e água? — pensou em voz alta Stiles.
— Do que está falando? — questionou em um sussurro Danny que se encontrava ao seu lado — Não acho que esses vampiros queiram essas coisas...
Era perda de tempo explicar sua ilusão, ainda mais quando o vampiro líder se adiantou e falou:
— Eu pretendia que a nossa conversa fosse privada.
Com o queixo indicou o grupo que rodeava, de forma protetora Aby, este vestia a roupa de inverno da Educação Física, que consistia de um conjunto de calças folgadas e uma jaqueta de material leve, ambas de cor roxa com o brasão do instituto bordado do lado direito. Milo o proibira de usar coturno e a sua famosa toca durantes as aulas, de modo que Abraham se encontrava na sua versão cute. Talvez isso dessa mais coragem aos vampiros, já que o inimigo não parecia ser tão ameaçador...
— Quer saber? Você poderia pegar essa sua conversa e enfiar no orifício rugoso que tens bem no meio da sua... — Issac agiu com rapidez tapando a boca do pequeno caçador. A situação já era crítica, era melhor não colocar ainda mais lenha na fogueira.
O vampiro líder não parecia ofendido, apenas deu um meio sorriso arrogante, deixando, talvez de propósito, exposto seus caninos avantajados.
— Ora, não precisa ser violento...Oh! Esqueci. É assim que os caçadores são. Violentos. Então, só está manifestando a sua natureza, não é mesmo? Da mesma forma que fez com o meu companheiro na noite passada... — conforme falava, o vamp se transformava, de sua postura calma e cheia de si, agora mais parecia uma fera com dentes amostra e sibilando de raiva.
— Vocês todos são uns otários! — continuou apontando para o grupo de defensores de Aby, seus olhos principalmente se detinham na parcela sobrenatural — Como podem ficar ao lado dele! Em suas mãos tem sangue de nossa raça! Sabe quantos de nós os Van Helsing já eliminaram? Como...
— Opa! Tempo! — cortou Stiles fazendo um sinal com a mão semelhante que os treinadores fazem para pedir o dito tempo no jogo — Esse seu discurso era para nos fazer sentir culpado? Como se os vampiros fossem santos, não é mesmo? Nunca, ao logo da história da humanidade, os vampirinhos atacaram um humano inocente, sequer... Poxa, os caçadores surgiram unicamente por que nós humanos somos malvados e queríamos caçar criaturas pacificas, fofinhas e que peidam arco-íris?
— Hã? — o vampiro rosnou, mas agora seu rosto alvo estava corado, talvez devido a embaraço ou mesmo raiva que sentia no momento — Isso é passado! Hoje em dia é muito raro que um vampiro ataque um humano e...
— Pois é, como você mesmo disse: isso é passado. Vai culpar o Aby por ações que foram feitas pelos seus antepassados? Pois, eu mesmo posso te culpar agora pelas as mesmas coisas que sua raça fez contra a humanidade! Assim ficamos quites, ne?
— Não estou o culpando por ações só do passado... Tenho certeza que ele foi responsável pelo o que ocorreu ontem!
— Sério? — Ok, Stiles devia parar de falar, mas sua boca era como um outro ser independente, tinha vontade própria e também uma total alienação quanto o perigo que estava expondo o resto do corpo de Stilinski — Quais são as provas?
— Ele foi morto por uma estaca! — Como aquele vampiro em particular sabia dessas informações? Bem, pelo visto a fofoca sobrenatural se espalhava com rapidez e também se detinha nos detalhes dos acontecimentos.
— Oh! Nossa... Bastante original, não é? Afinal, não é como existissem milhares de livros, filmes e series que mostram pessoas matando vampiros com estacas, ne?
O vampiro estava tremendo, bem possível que Stiles devesse pensar em já escrever um testamento ou algo do tipo, pois o seu oponente estava ao ponto de "entrar em erupção" de fúria.
— Já chega! — disse Abraham se pondo na frente de Stilinski — Sim, minha família pode ter sido os pioneiros no uso das estacas para matar vampiros, mas isso não é o indicativo que precisamente eu tenha usado uma e matado algum ser sobrenatural.
— Até parece que vou acreditar nas palavras de um caçador!
E assim, sem mais nem menos, o vamp-líder-gótico atacou. Scott soltou algo semelhante a um uivo, reunindo seus guerreiros para o ataque. Os outros vampiros também avançaram e foram interceptados por Issac e pelos ramos de uma planta!?... Surgiu uma espécie de roseira gigante cheia de espinhos que capturou um dos inimigos, Flora mostrava o seu poder (Stiles só esperava que ela não fizesse o que tinha prometido a momentos atrás... Não queria ver uma carnificina!). Mas o líder tinha conseguido se livrar da linha de defesa inicial. Seu alvo era unicamente um: Abraham Van Helsing III.
Aby já estava em posição, vampiros se movem com tamanha rapidez que mais pareciam um borrão no ar, mas isso não parecia ser um obstáculo para o loirinho que, de olhos fechados se abaixou antes mesmo que o líder o alcançasse. Tinha previsto o movimento do seu oponente e se aproveitou dessa vantagem para antecede-lo. Com um movimento lateral com a perna fez com que o gótico caísse de cara no chão. Ele se virou, pronto para se levantar e contra-atacar... Fora demasiado lento, ou melhor, Aby já tinha previsto tal ação e novamente tomara a iniciativa. Saltou sobre o vampiro, posicionando seus joelhos sobre os braços do oponente. Imobilizando-o. Em sua mão empunhava uma lapiseira. Daqueles modelos de metal, você nunca imaginaria que um instrumento usado para escrita poderia parecer tão perigoso e fatal, mas pense segurar essa mesma lapiseira a centímetros de seu olho, pronto para fincar em sua orbita e indo mais além...
Abraham parecia ter essa estranha habilidade de transformar instrumentos inofensivos em armas.
— Aí esta... — arfou o vampiro, seus olhos de íris vermelha mirando intensamente Aby — O caçador... Sabia que você era um! Veja como age com instinto assassino! Você foi treinado para isso... Não adianta fugir! Faça! Me mate como fez com o outro vampiro!
Stiles, na verdade, todos, tinham paralisado e observavam a cena, abismados e receosos com o que iria ocorrer. Para a surpresa de todos Aby levantou a lapiseira e a lançou para o golpe derradeiro.
A lapiseira acertou o chão do ginásio, se estilhaçando no processo. Mas o humano ainda não tinha terminado, ele deu uma tremenda cabeçada no vampiro, de tal modo que sangue escorreu de sua testa, mas mesmo assim não retrocedeu, permaneceu com a testa ferida de encontro a testa fria e agora rubra do vampiro que o mirava confuso e surpreso.
— Você escolheu receber a mordida, não é? Tens orgulho de ser vampiro... Você acha que eu tive escolha em ser caçador? Nem tive a mínima escolha de escolher meu próprio nome que carrego como um estigma por onde vou! O que acha de passar sua infância sendo treinado para não confiar em ninguém... Trancafiado em um castelo, sendo forçado a aprender algo que eu não queria aprender: a matar! Não fale como me conhecesse... Não fale como conhecesse o verdadeiro fardo de carregar o sobrenome Van Helsing! Sabe o que é ter medo de si mesmo? De temer se tornar o que fora tanto tempo treinado? De viver sem saber se o que te ensinaram é verdade ou uma grande mentira! Você tem amigos, uma família entre o clã de vampiros, não é? Eu tive um pai que mais parecia um carrasco! Essa é minha oportunidade de ser um garoto normal! De ter amigos e família de verdade... De viver! Acha que iria querer perder essa oportunidade para me tornar o que mais odeio!?
Lágrimas. Lagrimas rolavam da face de Abraham e caiam sob o rosto atônico do vampiro. Era a primeira vez que viam essa faceta do sempre sério, ranzinza e bruto Aby.
O vampiro estava sem fala, era obvio que não esperava aquela reação. O loiro, por fim se afastou, liberando o líder, mas ficando ainda ali, sentando ao seu lado.
— Se quiser, pode me matar... Se isso te faz feliz. Já cansei de tentar provar a todos que não sou um caçador. Vocês insistem em me rotular, pois ... Essa é a sua oportunidade!
— Aby, não! — gritou Alison em desespero, ela mais do que ninguém compreendia o rancor e tristeza sentida por Abraham, em parte, pelo menos, pois seu pai sempre relutara a ensina-la sobre "os negócios da família"... Os Van Helsing sempre foram os mais tradicionalistas e rígidos, mas ela nunca imaginara que o pai de Aby tinha ido tão longe em seu treinamento.
— Não haverá nenhuma morte aqui!
Uma figura praticamente se materializou ao lado do loirinho e vampiro.
— Pietro? — balbuciou meio incrédulo, parecia ter despertado de um sonho ou melhor, um pesadelo.
— Meu senhor. — o líder, bem, agora ele não parecia muito bem um líder, estava com a cabeça abaixada em sinal de respeito para com Pietro que o ignorou, afinal, sua atenção estava toda voltada para o seu querido humano. Se ajoelhou para limpar as lágrimas que insistiam em rolar no rosto angelical.
— Não! — Aby o afastou — Você... Você também devia me odiar! — E sem mais explicação, se levantou e correu rumo a saída mais próxima. Stiles estava pronto para intercepta-lo, contudo ele mesmo foi interrompido por uma muralha de músculos, vestida com um casaco de couro.
"Oh! Fuck... O que Derek está fazendo aqui?".
— Será que isso vai se tornar rotina? Vocês sempre se meterem em confusão? — disse com um leve rosnado sem olhar diretamente para Stiles que, no momento, estava suando frio, afinal, já tinha uma certa ideia do motivo do aparecimento do seu namorado ali, estava encrencado...
— Pietro! — O dito vampiro se sobressaltou com o chamado do Hale, Beaumont ainda mirava a sua mão, a mesma mão que tentara acariciar Abraham e fora apartada bruscamente pelo mesmo. Tinha o punho cerrado e um olhar resoluto — Vá resolver o problema com o seu humano.
— Você nem precisava falar isso. — Pietro deu um meio sorriso, mas antes se voltou para o vampiro gótico — Espero que você tenha evidenciado como suas ações de julgamento foram precitadas e indevidas.
— Vai informar ao meu clã sobre o que fiz hoje? — sussurrou temoroso.
— Deveria? Ao menos que continue perseguir o Abraham!
— Quanto a isso, não precisa se preocupar meu senhor Beaumont... Eu já vi o meu erro.
— Quando Aby retornar, espero um pedido de desculpas adequado.
O vampiro assentiu, satisfeito Pietro sumiu em um borrão, iria usar a sua velocidade vampiresca para alcançar o seu humano fujão.
Stiles soltou um suspiro de alivio, pelo menos aquela questão tinha se resolvido sem muita perda de sangue... Um sanguinho aqui e acolá, mas não litros de sangue! De certa forma, fora uma grande vitória.
— E quanto a você... — Derek agora tinha voltando seus olhos que brilhavam em um tom amarelado.
— Poxa, olha a hora! — exclamou Stiles olhando para o relógio imaginário em seu pulso — Eu tenho um compromisso, sabe... Aula, estudar, essas coisas, se quiser me esperar depois das aulas para...
O Hale não tinha paciência para aquele tagarelar, pegou o seu humano e o lançou sobre o ombro. Stiles sentiu um leve deja vu nesse ato...
— Eu vou devolve-lo, não se preocupe. — disse Derek a Scott que já tinha começado a rosnar, provavelmente reclamando por ter um membro de sua "alcateia" capturado — Só tenho que tratar de assuntos sigilosos com o meu namorado... E não pense que está livre disso, minha irmã também vai te procurar para te fazer perguntas.
O rosnado de Scott foi substituído por um ganido assustado. Stiles rolou os olhos quanto aquela mudança de atitude por parte do seu melhor amigo.
E foi dessa forma que Stiles fora capturado e arrastado para um possível sermão de proporções épicas.
Mas, quem sabe... Não podia se aproveitar da situação? Um sorriso maroto se fez nos lábios de Stilinski enquanto formulava um plano de contra-ataque.
~~**~~** Palavras da autora **~~**~~
Primeiro peço desculpas pela demora, se estão me acompanhando (ou no facebook ou mesmo aqui nas "conversas" no meu mural) sabem quem estava (e ainda estou)em uma época de fim de semestre, conclusão de disciplinas da graduação e doutorado (pois sou doida mermo, faço dois cursos aos mesmo tempo!) então, estava com muito atarefada (senão dizer doida) e por isso sem tempo de escrever.
Agora tive um pequeno intervalo para respirar! Por isso consegui postar essa história!
Pessoal, nem se preocupem, eu não abandono as minhas histórias, se demoro a atualizar, tem sempre um motivo! Ok?
Obrigada por todos os comentários e incentivos! Mesmo... De coração! São vocês que me estimulam a continuar escrevendo!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top