O cara

Não conheci até hoje ninguém que goste de fazer algum serviço no banco. Geralmente, as pessoas que lá trabalham não são muito prestativas e as filas longas nos aborrecem intensamente.

Sem contar as senhas, as portas com detectores de metais (super necessárias, admito), os serviços que às vezes estão indisponíveis devido à queda de internet e inúmeros motivos que não cabe elencar aqui.

Mas eis que nesta semana tive uma grata surpresa, uma lição de empatia que há muito não presenciava. Entrei no banco às pressas, já doida da vida porque nada estava funcionando naquele dia, joguei na caixinha dos metais minha carteira e chaves e entrei pela porta giratória, já cumprimentando os guardas como de costume.

Fui até a tela para retirar uma senha, mas como eu não era correntista do banco, tinha de apertar a opção de não correntista, num teclado analógico. Acontece que cada vez que eu apertava o número, nada acontecia na tela, era como se não estivesse funcionando. Pra não perder tempo, pedi gentilmente ao guarda se ele poderia me ajudar. Ele, não muito amável, disse que eu tinha que falar com "aquele cara lá", um senhor que estava sentado no seu devido posto de trabalho.

Foi então que a magia começou a acontecer. Fui até o "cara", cumprimentei-o e expliquei a situação. Ele levantou-se de sua mesa e me acompanhou até a tela, muito educado e polido. Mostrei que quando eu apertava nada acontecia, e ele, com um sorriso tímido disse: " Senhora, é que essa tela é touch screen", a senhora tem que apertar na tela". Ah, gente, essa tecnologia prega cada uma na gente! Fiquei envergonhada por ter sido pega no pulo por uma tecnologia que eu achava dominar, a arte de pegar senhas!

Mas não parou por aí, eu sentei pacientemente achando que ia demorar séculos para ser atendida, quando "o cara" disse que eu poderia ir até a sua mesa. Expliquei o meu problema e ele resolveu em menos de 5 minutos. Agradeci e saí satisfeita.

Onde pretendo chegar com essa história? Gente, a gente não vê mais empatia e gentileza atualmente, está tão raro! E isso me incomoda, a gente se surpreender com algo que deveria ser COMUM, que deveria ser ensinado em casa, na escola, enfim... precisamos de aulas que ensinem as pessoas a serem não somente pró-ativas, mas empáticas! Que se importem com o problema dos outros e que queiram fazer a diferença no mundo!

Sem dúvida, aquele era "O CARA!".

Por Fabi Lange Brandes

Crônica publicada em 20 de maio de 2017.

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