20| Capítulo Vinte

Mais uma vez eu não sabia onde por as mãos. Itan havia me oferecido uma carona para voltar para casa, depois de muita insistência da sua parte aceitei, mas me encontrava na mesma situação da última vez. 

— Pode subir — ele avisa após ligar a moto, tinha acabado de por o capacete que ele trouxera, como se planejasse já me levar embora. Subi na garupa da moto, meu corpo perigosamente próximo ao de Itan. Respirei fundo e inspirei tentando relaxar. — E pode segurar em mim, não precisa ter medo — ele vira seu rosto de lado com o capacete para falar, mas mesmo com sua permissão, me sentia relutante. — Acho melhor você se segurar bem em mim, quero te levar em segurança para casa.

— É so dirigir com calma e atenção, se quiser posso fazer isso — respondo em tom de brincalhão logo atrás dele.

— Quem sabe da próxima vez — ele arranca com a moto, e em um reflexo seguro firme em sua cintura, o vento gelado da noite me acertava de leve, visto que Itan era atingido em cheio, andar de moto me trazia uma sensação boa, me sentia viva, livre, me vi sorrindo na garupa da moto de Itan pelas ruas iluminadas de Paradise.

Ele estacionou em frente de casa como da primeira vez.

— Obrigada pela carona — agradeço saindo da moto.

— Obrigado por me ouvir, foi bom conversar com você pessoalmente — ele fala suave.

— Sempre que precisar sabe onde me encontrar — sorrio fechado para ele, devolvendo o capacete que acabara de tirar.

— Até mais, Sarah!

— Até mais, Itan!

Quando cheguei em casa meus pais já tinham jantado, tive que comer comida esquentada. Meus pais quiseram saber porque tinha demorado e quem havia me trazido, e sem a intenção de esconder, revelei que estava conversando com Itan, pois ele estava precisando, meu pai escutou meio desconfiado, quanto a mamãe achou ele um cavaleiro por ter me trazido.

— Esse rapaz é o tal filho da Berenice? — meu pai quer saber.

— Sim — mamãe responde por mim.

— Ele é só um amigo, pai — respondo antes que novas perguntas surgissem e já trato de mudar de assunto. — Mas me diga uma coisa que é realmente importante: o senhor foi consultar hoje? — pergunto me lembrando que ele prometera que iria ir.

— Fui sim, o doutor me passou alguns exames para fazer, de endoscopia, de sangue... E antes que diga alguma coisa pode ficar tranquila meu bem, que eu irei fazer. 

Assinto satisfeita, meu velho só agia sobre pressão. Mas a verdade era que eu estava realmente preocupada com ele, fazia dias que eu não o via se alimentando bem, e por mais que dissesse que estava ótimo seu semblante dizia ao contrário, ele parecia mais pálido e cansado, tinha medo que tivesse contraído alguma doença, mas não queria pensar isso. Não era nada demais, convenci meu cérebro afim de não se preoucpar mais.

Quando subi para meu quarto e fui para o banheiro tomar banho, fiquei relembrando da minha conversa com Itan, ele sentando ao meu lado, confidenciando seus sentimentos e emoções, era como se tivesse vendo sua parte vulnerável da qual não mostrava com frequência, mas que no momento estava precisando. Lembrei do que ele falou sobre querer ganhar seu próprio dinheiro para se mudar e de repente veio um estalo em minha mente.

Sai do banheiro determinada em mandar-lhe uma mensagem. Eu tinha me lembrado do que David dissera sobre senhor Darius precisar de alguém como entregador.

Oi, Itan 

Olá, Sarah

Estava pensando você falou que equeria ganhar seu próprio dinheiro, não é? Me lembrei que meu amigo disse que nosso patrão possivelmente precirá de um entregador, você poderia falar com ele, ele é bacana poderia te contratar 

Uau, isso seria demais, iria me ajudar bastante! Obrigado Sarah por compartilhar essa informção, com certeza irei falar com o senhor Darius

Sorri ao ler a mensagem. Seria legal ter Itan trabalhando ao nosso lado, esperava realmemnte que desse certo. 

Já está indo deitar?

Estou na cama, mas não pretendo dormir agora

Quer brincar de eu nunca?

Eu nunca brinquei disso 

Eu já kkkk 

Solto um pequeno riso nasalado ao ler sua mensagem. Então começamos a brincadeira após Itan me explicar como funcionava e ficamos conversando, até eu pegar no sono e nem ao menos perceber.

Sábado era dia de acordar cedo também, meu celular despertava ao meu lado, me sentei na cama e limpei meus olhos com as costas da mão, desliguei o despertador que ecoava cada vez mais alto, vesti meus chinelos e segui para o banheiro. Como estava um pouco fresco vesti uma calça jeans e uma blusa meia estação branca com listras rosas e brancas na horizontal, penteei meus cabelos e fiz um coque soltinho, uma maquiagem de leve e busquei pelo meu celular novamente, abri o aplicativo de mensagens e percebi que nem tinha terminado de responder Itan direito, também reparei em uma mensagem de David.

Adivinha????

Ele me mandou a mensagem cheia de pontos de interrogação, lembrei na hora da sua prova.

Passou????

Mandei para ele ansiosa.

Enquanto descia para tomar café a mensagem dele veio.

Siiiiiimmmmmm

Ahhhhh parabéns amigo, sabia que ia conseguir

Estou tão felizzzzzz, temos que comemorar. Pode vir aqui em casa mais tarde?

Vou siim, amigo

Cheguei a cozinha, meus pais já estavam sentados a mesa, os cumprimentei como de costume e após comermos fomos juntos para a padaria, ela não era tão longe de casa, então dava para irmos de a pé sem problemas. Estava com a minha touca na cabeça atendendo os diferentes clientes que entravam na padaria para comprar em sua maioria pães franceses, mas também tínhamos pães de queijo fresquinhos que mamãe já tratava de preparar, sonhos, bolos, pudim, biscoitos, cupcakes, mousses, além dos doces vendiamos diferentes tipos de salgados. Tudo muito gostoso e delicioso, a padaria Doce Sonhos era muito bem frequentada pelas pessoas do nosso bairro, eu gostava de trabalhar aqui tanto quanto na Darius.

Eu estava colocando alguns sonhos que mamãe tinha feito de brigadeiro no balcão de exposição tranquilamente, quando me levantei tive um pequeno sobressalto ao ver Itan parado ali logo em frente ao balcão.

— Que susto! — coloco a mão em meu peito sentindo as batidas um pouco agitadas do meu coração.

— Sou tão feio assim, Sarah? — Itan arqueia uma sobrancelha em minha direção, logo depois faz uma cara triste fingindo estar ofendido.

— Eu não quis dizer isso — falo desconcertada pela situação. Ele me observa com aqueles olhos jabuticabas que pareciam me queimar, pois senti as minhas bochechas esquentando. — O que você deseja? — pergunto para ele, tentando soar natural, mas quase gaguejo no processo, era a primeira vez que Itan aparecia aqui na Doce Sonhos.

— O que eu desejo? — seu olhar se tornou ainda mais intenso em meu rosto, suas pupilas pareceram se dilatar. Respirei profundamente, sentindo meu coração ainda bater fora do ritmo no peito, mas algo me dizia que ele não estava assim devido ao susto de poucos minutos atrás. Ainda olhava para o garoto a minha frente esperando ele dizer alguma coisa.

Nesse instante papai apareceu vindo da porta lateral que dava para cozinha, ele nos olha, encara Itan por um instante e o lança um bom dia antes de colocar mais pães franceses para vender, o menino a minha frente faz um gesto rápido com a cabeça em direção ao meu pai o cumprimentando. Depois volta sua atenção para mim, pigarriando antes de fazer seu pedido.

— Um café expresso e um desses sonhos que você estava colocando ali — ele fala para mim e eu assinto indo preparar o café dele. Papai volta para cozinha. — Eu fui na Darius hoje e não te vi lá, pedi de você para seu amigo.

— Ah, sim, aos sábados eu trabalho ajudando meus pais — respondo sem olhá-lo concentrada no café.

— Ele me falou a onde ficava a padaria então vim conhecer. Aquele senhor que me encarou é seu pai?

— É sim! — respondo o olhando de relance.

— Sabe aquela cantada seria perfeita para você — ele fala olhando os doces do balcão.

— Qual? — me viro para olhá-lo.

— Aquela do seu pai é padeiro — ele fala rindo.

— Você tem razão — rio lembrando da cantada clichê. "Seu pai é padeiro? Por que você é um sonho." — Mas ninguém nunca me passou ela.

Rimos.

Entreguei o copo de café expresso para Itan, e o sonho em uma caixinha de plástico.

— Obrigado! — ele agradece após pagar e pegar os itens.

— De nada, volte sempre! — respondo a ele com um sorriso largo no rosto. Itan sorri para mim antes de se virar e sair pela porta da frente. Tenho uma pequena nostalgia de Derek saindo por aquela mesma porta, mas balanço a cabeça para espantar aquele pensamento. Derek fazia parte do meu passado que não queria retonar, queria de alguma forma trancar todas memórias que inevitavelmente me invadiam para não ter que pensar de jeito nenhum nele. Mas eu sabia que o tempo estaria ao meu favor, e que minhas lembranças com Derek se tornariam cada vez mais distantes.

...

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