Capítulo 4 (rascunho)
"Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho."
Mário Quintana.
Jantaram juntos e em paz, mas Arthur não tirava a namorada da cabeça e isso refletia-se no seu semblante quieto. Ele não era o único, porque a Mariana, muito extrovertida por natureza, também ficava ao seu lado, quieta e calada. Menos de uma hora depois, bateram à porta com força, insistindo. Otávio levantou-se e abriu para se deparar com Anna de olhar desesperado e lágrimas escorrendo pelo rosto.
– Me ajudem, pelo amor de Deus – pediu, soluçando e muito aflita. Estava de tal forma fragilizada que até a respiração era irregular e não conseguia falar direito.
Arthur ouviu a voz dela e saltou da cadeira, seguido da prima. Abraçou-a e puxou para dentro. A garota agarrou-o com força a começou a soluçar ainda mais alto. Arthur tentava acalmá-la, secando os seus olhos e Mariana pegou um copo com água, estendendo para a amiga. Arthur fê-la sentar na sala, enquanto a tia dele trouxe um calmante leve.
– Tome isto, filha – ordenou, estendendo o comprimido. – É fraquinho e vai ajudar com a aflição. Agora tente respirar fundo.
– Obrigada – disse a moça, pegando o comprimido com as mãos a tremer e tentando acalmar a respiração.
– Respira fundo, meu amor... isso, de novo, mais uma vez... isso, melhorou, agora conta pra gente o que aconteceu.
– O meu pai decidiu me prender em casa até irmos embora e ameaçou me agredir mais de uma vez. Ele está louco de raiva de ti, Arthur. Nem a minha mãe conseguiu segurá-lo e por pouco que eu não levei uma surra.
Irado, Arthur levantou-se, pronto para agir. A seguir, pensou nela e acalmou-se, sentando e abraçando-a de novo.
– Desculpa, amor, sei que é teu pai, mas, se ele tocar em ti, acabo com a raça dele e vai precisar de ficar muito tempo no hospital.
– Eu não quero mais aquela vida, meu amor, eu não quero mais ser estúpida com as pessoas só para não fazer amizades; me salvem dele. Me tirem daqui!
Ricardo, intrometeu-se, autoritário:
– Arthur, primeiro tu vais te acalmar. Entendo perfeitamente os teus sentimentos, mas espancar o pai dela não vai resolver nada e ainda podes ter problemas legais – disse, muito sério. – Anna, se te levássemos conosco, seriamos procurados e presos por sequestro, ainda por cima de menor. Não podemos seguir por esse caminho.
– Mas podemos fazer a denúncia às autoridades competentes tal como o priminho falou – comentou Mariana muito séria. – Agressão é crime e prisão domiciliar também.
– É, mas isso pode ser demorado – comentou Ricardo, pensativo.
– Não, não será – retrucou Otávio, decidido. – Tenho um excelente advogado que é amigo de alguns juízes. Ele me deve uns quantos favores e amanhã cedo vou ligar para ele. Acredito que basta um rico susto para o pai dela cair na razão e nada melhor que um bom advogado para isso.
– Ótimo – disseram Sara e Tanira ao mesmo tempo. Depois, Sara acrescentou. – Arthur e Mariana, levem a Anna lá pra cima para ela descansar e se acalmar enquanto nós conversamos sobre isso. Dormir um pouco vai ajudá-la muito. Talvez seja bom o Zé ou o mano irem conversar com o pai e a mãe dela.
– Tá, tia, obrigado.
Mariana e Arthur levaram a garota para o quarto dele e deitaram-na na cama. Ambos pegaram bancos e sentaram-se ao lado com Mariana pegando a mão dela e Arthur fazendo cafuné.
– Obrigada – disse a moça, com a voz fraca. – Vocês são os melhores do mundo e eu tive muita sorte de conhecer vocês.
– Nós também tivemos muita sorte de te conhecer, minha amada. Agora descansa um pouco.
― ☼ ―
Após conversarem, acharam prudente deixar as coisas acalmarem-se um pouco para que não fosse necessário o uso da violência, uma vez que o pai da garota não era um modelo de homem razoável.
Uma hora depois, quando o pai e tio do Arthur levantaram-se para finalmente irem falar com a família da Anna, alguém voltou a bater à porta, mas não era uma batida insistente como foi a garota. Ricardo fez sinal para o cunhado, preparando-se para tudo, uma vez que viram o quão violento o pai da menina podia ser. Ele só não tinha a menor noção do perigo que corria enfrentando aquela família, mas a violência não era uma boa solução. Quando abriu, viram a mãe da Anna e não o pai, o que, na opinião do Ricardo, facilitaria as coisas para uma conversa mais civilizada.
– Boa noite – disse ela, com um sorriso meio sem jeito –, desculpem incomodar, mas sou Laura Evans, mãe da Anna. Ela saiu de casa correndo e acredito que tenha vindo para cá. Eu gostaria que ela voltasse comigo para casa.
Ricardo observou a mulher, agora olhando de perto, e notou por que motivo a filha era tão bela. Ela era alta e muito esbelta, com o rosto semelhante ao da filha embora os olhos fossem azuis e os cabelos bem loiros. Apesar de tudo, não era páreo para a menina. Suspirou e disse:
– A sua filha estava passando mal de tão aflita, senhora Evans...
– Pode me chamar de Laura, apenas Laura – interrompeu a mulher, preocupada. – Ela está bem, onde ela está?
– Bem, Laura, a sua filha estava desesperada, beirando o pânico, e fez denúncias muito graves...
– Olhe, sei que o meu marido é difícil de lidar, mas aquilo foi da boca pra fora, senhor...
– Ricardo, Ricardo Alencastro. – Virou-se para a esposa. – Tanira, podes chamar o Arthurzinho?
– Bem, Ricardo, como eu ia dizer ele deve ter dito aquilo da boca pra fora, apenas para intimidar porque eu jamais permitiria que o pai a agredisse.
– Ele mostrou ser violento; quase agrediu a própria filha e ameaçou o meu filho com intenção de bater nele. Para sorte do seu marido, o Arthur é muito controlado e pacífico; do contrário, ele estaria no hospital em estado muitíssimo grave, pode ter a certeza disso.
Arthur chegou e olhou para a sogra. Ele estava muito zangado, mas ela era gentil e procurou controlar-se. Mesmo assim, a primeira coisa que disse foi quase agressiva:
– A senhora tem ideia do estado em que a Anna ficou?
– Faço uma ideia, filho...
– Não, não faz. A minha tia precisou de lhe dar um calmante, dona Laura. Caramba, a senhora é americana e deixa o seu marido fazer o que fez? – replicou, tentando manter a calma. – Onde estão os vossos princípios?
– Olha, Arthur, eu vou acalmá-lo, prometo.
– Eu disse que ia chamar as autoridades competentes, dona Laura, e estou muito inclinado a fazer isso ainda amanhã de manhã cedo. O meu tio até já ofereceu de chamar um advogado amigo dele...
– Não vejo necessidade de chegar a esse ponto, Arthur – interrompeu a sogra, preocupada. – Eu vou convencer o meu marido, mas me deixe levar a minha filha para casa.
– Ela acabou de adormecer e não estava nada bem, senhora. A minha tia é psiquiatra e deu-lhe um leve calmante, então eu vou fazer a seguinte sugestão: ela vai dormir aqui, junto com a minha prima, e amanhã a senhora e seu marido vêm aqui pegá-la. Mas claro que espero que ele mostre um mínimo de arrependimento e civilidade.
– Acho isso muito sensato, Laura – comentou Otávio entrando na conversa. – Assim ela estará melhor e vocês terão a cabeça fria, não só vocês, mas todos nós e só teremos a ganhar co isso. Além do mais, pode ficar tranquila quanto à sua filha que será muito bem tratada como tem sido durante estes últimos dias. Todos nós, aqui, gostamos muito dela.
– Muito bem – disse Laura, concordando. – Também considero isso sensato e positivo para ela. Talvez essa distância do pai por esta noite a ajude a ficar mais tranquila. Peço que nos desculpem por termos estragado o vosso Natal. Boa noite.
– Tudo bem. Boa noite.
– Pai, desconfio que aquele diabo não tem a consciência limpa em se tratando de polícia.
– Também achei isso – disseram os quatro adultos ao mesmo tempo.
– Bem, eu vou cuidar da Anna. Boa noite para vocês.
Arthur deitou-se ao lado da namorada e Mariana foi para o quarto dela. A garota teve um sono agitado nas primeiras horas e ele cuidou dela com todo o carinho até que a moça adormeceu e caiu em um sono profundo, aconchegada no ombro do namorado.
― ☼ ―
Anna abriu os olhos e sentiu-se relaxada, renovada. Logo deu-se conta de que estava aconchegada no ombro de alguém e reconheceu o namorado, dando um pequeno sorriso. Ficou deitada, apreciando o rosto sereno e adormecido, apaixonada. Com a ponta do dedo fez um carinho suave nos seus lábios e Arthur abriu os olhos. Virou o rosto para o lado e deparou-se com o sorriso dela e os olhos brilhantes, apesar de terem algumas olheiras pela noite mal dormida. Sorriu de volta e beijou-a.
– Estás melhor?
– Sim. O que aconteceu?
– Tu não estavas bem e a minha tia te deu um calmante leve – disse ele, acariciando a sua cabeça. – E podes ficar tranquila que ela é médica, então sabe o que faz. Depois, a tua mãe apareceu e falamos com ela. Eu disse que, se te prendessem em casa, denunciaria. Eles virão mais tarde. Vem, vamos tomar um banho e descer para o café.
Com melhor aspecto, a moça apareceu na copa e sentou-se à mesa ao mesmo tempo que o namorado e a prima, que entretanto se levantara, arrumavam as coisas. Enquanto comiam, o resto da família foi aparecendo e acompanhando-os. Depois, Arthur e Mariana levaram a moça para o jardim e sentaram-se à beira da piscina apreciando o frescor da manhã.
Quando tocaram à campainha, Arthur achou conveniente deixar o tio ou o pai abrirem a porta e esperou até serem chamados. Anna pegou a mão dele, preocupada. Arthur beijou-a e disse:
– Não tenhas medo que nós te protegeremos, vamos.
Na porta, os pais da garota falavam com os tios e as coisas estavam tranquilas. O casal aproximou-se e a mãe pegou a mão da filha, puxando para si.
– Vamos para casa conversar, filha.
Com um último olhar para o namorado Anna saiu acompanhada dos pais e Arthur ficou nervoso, preocupado. Mariana pegou a sua mão e puxou-o, dizendo:
– Vamos caminhar na praia, priminho. Sei que vai dar tudo certo e sinto alguns pensamentos assassinos nessa sua cabecinha linda.
Foram andando na direção oposta da casa da Anna até chegarem ao fim da enseada, retornando. Quando chegavam perto da casa deles, encontraram a moça, toda sorridente. Ela correu até ao namorado e abraçou-o, beijando-o logo a seguir.
– Ele não vai mais me impedir, meu amor – disse, ofegante de tanta emoção. – A minha mãe ameaçou ele feio, mas ele não quer que tu vás na nossa casa e devo retornar cedo.
– Tudo bem, meu anjo, pelo menos estaremos juntos. – Abraçou a namorada e murmurou no ouvido, manhoso. – Eu te visito de noite. Escalar aquela parede é mais mole que sentar no pudim.
Anna deu uma pequena gargalhada e, irradiando alegria, começou a caminhar junto com os primos, continuando a passear pela praia, entrando na água e divertindo-se os três. De tardezinha, voltaram a correr juntos e despediram-se após os exercícios, mas Arthur cumpriu o prometido e visitava a namorada todas as noites, dormindo com ela até antes do amanhecer.
As festividades de ano novo foram tranquilas e a garota conseguiu autorização para passar com eles. Três dias depois, o primo Marcus chegou do acampamento e deu de cara com Anna e Arthur abraçados em um beijo apaixonado, deixando cair tudo no chão e olhando para eles de boca escancarada. Mariana que vinha entrando na sala caiu na gargalhada com a cara do irmão. Após o choque inicial, os quatro passaram a se divertir juntos.
Assim, os dias iam passando até que chegou a hora de Arthur e os pais voltarem. Todos despediram-se, tristes, mas o jovem tinha uma certeza profética de que a encontraria de novo e repetiu isso diversas vezes.
― ☼ ―
Durante o mês de Janeiro, Arthur conversava muito com a Anna, que usava o telefone da prima, uma vez que o pai dela era irredutível quanto a isso.
O mês estava no fim quando Mariana ligou e disse:
– "Priminho, tenho uma notícia ruim."
– Oi, Nanica, o que foi?
– "Hoje de manhã, a Anna e família desapareceram. Acho que o pai mudou mais cedo, no meio da noite e sem aviso prévio. Agora mesmo tem uma transportadora empacotando as coisas deles."
– Bem, não podemos fazer nada a não ser ter um pouco de fé. Beijo, anjo.
– "Beijo."
Chateado, Arthur trocou de roupa e foi correr. Assim, pelo menos aliviava a tensão. Ele sabia que ia sentir muita falta de falar com ela, mas ainda acreditava que voltaria a encontrar a namorada.
Os dias foram passando e a saudade dela apertava cada vez mais. Faltavam duas semanas para as aulas iniciarem e Arthur estava cada vez mais triste, tendo uma parte da sua fé no reencontro bastante abalada. Apesar disso, tentava continuar acreditando nela. O problema mesmo era a saudade forte demais.
Naquela tarde, saiu para correr. Com pressa, já começou mal fechou a porta da garagem. Quando passou o muro e virou para a esquerda de modo a subir a rua, viu uma pessoa correndo na sua direção, só que estava tão perto que não foi possível desviar e o pobre coitado foi "atropelado" pelo transeunte, caindo ambos.
O jovem sabia que foi sua culpa e apressou-se a dizer, enquanto sentava e procurava se orientar para ajudar o sujeito:
– Mil perdões, eu estava sem atenção e a culpa foi toda minha... Anna!
– Arthur! – gritou a garota.
Ambos levantaram-se e abraçaram-se com força, dando um beijo bem longo.
– Anna, meu amor, que saudade! – exclamou, louco de felicidade. – Eu sabia que a gente ia se encontrar, tinha a certeza! Estás morando aqui em Porto Alegre?
– Sim, moro aqui pertinho, amor. A minha mãe deu um aperto no meu pai e ameaçou separar e me levar para os Estados Unidos. Agora vou morar aqui. Ele faz as viagens que precisar e retorna. Tu moras aqui?
– Sim – disse ele, pegando a mão dela e puxando para casa. – Vem, hoje só quero saber de ti, meu amor. Amanhã, a gente corre junto.
O casal entrou, conversando e namorando bastante, aproveitando para ligarem para a Mariana. Quando anoitecia, os pais chegaram e ficaram contentes em ver a garota, em especial pelo ar de felicidade do filho.
O casal passou a se ver todos os dias, mas Anna optou por esconder dos pais, com medo de uma reação dele, apesar de estar fora do país e só voltar em três semanas. Ambos corriam todos os dias. Arthur descobriu que ela estava em uma escola perto da dele e isso era ótimo.
Como os pais de Arthur trabalhavam o dia inteiro, o casal tinha a sua intimidade garantida durante as tardes.
– Quero me casar contigo, meu amor – disse Arthur certo dia, quando terminavam de tomar banho.
– Bah, Arthurzinho, temos apenas dezesseis anos...
– Bem, na verdade tenho dezessete, mas tu não estavas aqui quando fiz aniversário – brincou o namorado. – Eu não disse agora, meu anjo, mas sei que quero casar contigo, ter um filho e ser muito feliz contigo ao meu lado pelo resto da vida.
O ano letivo, o último do ensino médio para Arthur, começou e ele sentia-se na mais pura felicidade. Estudava com afinco para passar no vestibular em ciências da computação e corria todos os dias com a namorada, além de participar de alguns campeonatos de atletismo pela escola. A meio do ano, a mãe dela descobrira sobre os dois, mas acobertou a filha.
No final do terceiro bimestre, Arthur e alguns alunos da equipe de atletismo foram convidados a competir contra uma escola do interior e ficaram ausentes por dois dias. Quando ele voltou, a primeira coisa que fez foi procurar a namorada na escola dela, mas Anna não apareceu. Como ele conhecia algumas amigas da namorada, procurou-as e ficou sabendo que a garota não aparecia há dois dias, desde que ele viajara para Bajé.
Com cuidado, correu até à casa dela e, oculto por alguns arbustos, aproximou-se de forma a não ser visto pelo pai. Nesse momento, Arthur gelou ao ver a placa de "vende-se".
Correu até à entrada e espreitou pela janela; a casa estava vazia. Desesperado, deu meia volta e retornou para casa, sempre na esperança vã de a encontrar. Aquilo, para o jovem, foi o fim do mundo.
― ☼ ―
Embora tivesse perdido o interesse em tudo, ele continuou focado na sua meta de vida e passou no vestibular, tal como planejara. Também foi quando escreveu a sua primeira história, meio tosca e muito triste, história essa que guardou apenas para si, mas isso fez com que desejasse escrever mais e passou a fazê-lo regularmente, melhorando aos poucos. Essas histórias ele guardava no seu computador, mas nunca as apresentou para publicação. Fazia isso apenas para aprimorar a sua escrita. Por outro lado, setia um alívio forte quando escrevia e punha tudo para fora.
No final do primeiro ano da faculdade e quase por acidente, conheceu uma garota. Ela era muito loura, de cabelos longos, brilhantes e ondulados. Os olhos amendoados, bem verdes, pareciam duas esmeraldas e o rosto ovalado tinha feições perfeitas com um nariz fino, bem-feito e lábios vermelhos que eventualmente deixavam aparecer duas fileiras de dentes muito alvos, quando sorria. Era magra, com o corpo cheio de curvas, cintura fina, seios bonitos, embora não muito grandes e pescoço fino e longo. As mãos era delicadas, com dedos longos de aristocrata e devia ter apenas um ou dois centímetros a menos que Arthur. Ele adorava garotas altas.
Foi a primeira garota que lhe despertou algum interesse após mais de um ano de solidão. Ela era tão linda, mas tão linda que nem a Anna era páreo. Luana, esse era o seu nome, tornou-se sua amiga e, nas férias, começaram a namorar. Arthur gostava mesmo dela e sentia-se bem, voltando a ser uma pessoa alegre. Apesar disso, jamais se esqueceu da ex que desapareceu no ar. Muitas vezes, quando corria, pensava na Anna, a sua companheira de corrida, e as lembranças aqueciam a saudade do seu coração, como se ela corresse ao seu lado. Mesmo sabendo que provavelmente jamais a veria de novo, ele sempre corria imaginando a moça ao seu lado. Isso ajudou-o a superar e a aceitar a Luana de coração.
No final do ano seguinte, por um descuido de ambos, Luana engravidou e acabaram por se casar, apesar de ainda serem muito jovens. Quatro anos depois, Arthur foi convidado a fazer um doutorado na Inglaterra. Devido ao pai ser descendente de ingleses, o jovem pediu dupla cidadania, mas adotou o sobrenome original da família, uma vez que, quando o bisavô emigrou para o Brasil, foi aportuguesado para Alencastro.
Quando Arthur retornou, comprou uma casa em Niterói, perto dos primos e instalou-se lá, mas as suas pesquisas levavam-no a viajar muito para Londres, quando foi convidado a lecionar na universidade de Oxford.
Ele aceitou e a família mudou-se mais uma vez para o Reino Unido, passando as férias em Niterói, férias essas que a filha, a pequena Karol, adorava porque tinha os primos para brincar, dois filhos do Marcus e três da Mariana.
Os anos passaram e Arthur ficou famoso com as suas pesquisas, tendo vários livros publicados nas áreas de robótica e inteligência artificial, mas também publicou alguns dos romances que escreveu, embora usasse um pseudônimo e ficou famoso no Brasil como romancista. Como ele dizia, era um famoso, porém desconhecido, pois ninguém sabia quem era. Por conta disso, passou a escrever com mais frequência e, um certo dia, escreveu a história dele e da Anna, mas bastante fantasiada para não parecer real, embora a moça, onde quer que estivesse, reconheceria sem dificuldades o grande e inesquecível romance que os dois viveram por quase um ano impresso naquelas páginas que ele traduziu para o inglês e também publicou em uma plataforma independente.
Quase duas décadas depois, Luana começou a emagrecer e cansava-se com facilidade, preocupando o marido que a levou para fazer um checkup completo. A doença cruel foi detectada, mas já era tarde e entrara em metástase, levando a vida da doce Luana em pouco tempo e deixando uma família muito triste.
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Karol tornou-se administradora das publicações do pai e entrou na universidade no Rio de Janeiro, morando em Niterói na casa do pai e trabalhando na empresa dos primos como sócia.
Já Arthur continuou lecionando após o período de luto, até que, anos depois, pediu demissão e decidiu viajar por dois ou três meses para depois encontrar a filha em casa e passar uns tempos com ela.
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Bajé – Cidade no interior do Rio Grande do Sul, no sudoeste, a pouco mais de trezentos e cinquenta quilômetros de Porto Alegre.
Metástase é quando um câncer já se espalhou para outras partes do organismo, atingindo outros órgãos. N. A.
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