Capitulo 16
-Cris... e-eu não sei o que dizer... eu só...
-Não precisa dizer nada Amélia, -Sou interrompida pelo homem na minha frente- eu só queria ser sincero como você...
-Tudo bem. -murmuro ainda atordoada pela declaração.
Ninguém nunca tinha dito coisas assim para mim, nem mesmo Alex.
Sinto que devo responder algo a ele, eu também preciso de Cris, mais do que ele imagina. Decido que vou dizer como me sinto também, mas quando tomo fôlego para soltar tudo de uma vez, uma música começa a tocar.
-Droga, é meu celular, tenho que atender Amelia, é do hospital, me desculpe.
-Que isso Cris, atende logo!
Ele tira o elegante aparelho telefônico do bolso do paletó e aperta a tecla verde para atender a ligação.
-Alô. Sim, ele mesmo. O QUÊ? Eu não acredito que ele fez isso! Estou indo agora mesmo para o hospital. Adeus.
O homem está furioso, ele quase quebra o celular no meio antes de guardá-lo de volta no bolso. Não quero me intrometer, mas estou muito preocupada com que algo possa ter acontecido a Joe.
-Está tudo bem Cris? -pergunto relutante.
-Tudo bem? O seu primo só foi até o idiota do seu ex e por pouco não bateu nele! A policia está no hospital nesse exato momento registrando queixa contra Pat!
-Eu não acredito! Eu vou matar meu primo!
-Vamos, temos que ir ao hospital.
-Cris, eu não posso sair assim sem mais nem me...
-Eu sou o chefe e você está indo comigo. Ponto final.
Ver Cris tão alterado me deixou tão assustada que apenas segui o seu comando no piloto automático, mas quando estiver mais calma, colocarei alguns limites, pelo bem dos dois.
Saímos às pressas da sua sala e Marcela ao ver Cris praticamente me arrastando pelo braço, arregala os olhos aterrorizada.
-Amélia está tudo bem? -ela pergunta com duplo sentido.
-Marcela, cancela todas as minhas reuniões até amanhã. Não voltarei à empresa hoje, nem Amélia. Por favor faça uma nota de esclarecimento para sua ausência e coloque algo como emergência.
-Amélia? -a secretaria insiste.
-Está tudo bem Marcela, temos que sair urgente, eu te explico depois tá?
Marcela não parece contente com minha resposta, pois segura firme no meu braço me impedindo de seguir. Percebo que ela não vai me deixar sair até que eu diga algo mais convincente.
-Sr. Swansen, por favor, vá chamando o elevador, eu vou em dois minutos.
Cris me olha desconfiado, mas se dirige até o elevador sem dizer nada.
-Marcela, olha agora não é o lugar nem o momento, mas sei que você não vai me deixar ir se não te explicar o que está acontecendo. Olha eu e Cr..Senhor Swansen, estamos meio que saindo. Nós nos conhecemos antes de ele vir trabalhar aqui, e viramos amigos, agora simplesmente começamos a sair, mas ninguém pode saber porque tanto meu emprego como o dele está em risco, e a consequencia o seu também, então por favor não diga nada a ninguém!
-OH MEU DEUS! Que alegria Amélia, estou tão feliz por vocês, o senhor Swansen estava tão sozinho...
Ela começa a falar mas eu não tenho tempo para jogar conversa fora.
-Olha, tenho que ir até o hospital, meu primo e seu namorado sofreram um acidente, preciso ir ver como estão, mas depois prometo que te conto mais detalhes.
Deixo a pequena secretaria boquiaberta e quase corro até o elevador. Ao chegar vejo que Cris não está sozinho.
-Martha.
Cumprimento à vaca loira.
-Para você é senhora Martha, querida.
A vaca me corrigiu? Que megera!
-Como ia dizendo Cris, precisamos nos reunir urgente, você já sabe para quê e eu realmente preciso que você esteja lá esse dia. O seu pai iria gostar. - ela diz tocando o bíceps de Cris e vejo ele se estremecer. Que vadia!
-Não se atreva. - Cris rosna para a loira platinada tirando sua mão do braço como se fosse algo horrível.
-Tudo bem, espero sua ligação.
A vaca parece que está com o desconfiometro quebrado, só pode!
Somos salvos pela campainha do elevador que hoje está com um timming perfeito. Entramos e Cris aperta o botão de fechar a porta nem esperando saber se a vaca loira iria descer também. Melhor assim.
-Me desculpa por isso.
Ele diz olhando para frente com o rosto sério.
-Não se preocupa, essa vaca loira parece que não se encherga.
Quando vejo, as palavras já tinham saído da minha boca. Mas ao invés de ser repreendida pelo meu chefe por falar assim da mulher, ele solta uma gargalhada estrondosa me contagiando no caminho.
-Ah Amelia... eu te adoro!
Ele o que? Oh meu Deus! Ele percebe o que acabou de falar e descemos o resto dos andares em um silêncio incômodo. Hoje foi um dia cheio de surpresas. Definitivamente.
Saímos do elevador e vamos direto para o seu carro. Cris explica qualquer coisa para o guarda e saímos sem problemas pelas avenidas até chegar ao hospital. No caminho Cris continuou em silêncio, mas dessa vez ele parecia estar pensando em algo que parecia lhe incomodar. Eu preferi deixá-lo tranquilo com os seus pensamentos, mas não resisti e acabei colocando minha mão na sua e trazendo ambas até a minha coxa. Pude ver que ele esboçou um pequeno sorriso de canto de boca e automaticamente sorri também.
Quando finalmente chegamos ao hospital, Cris estava um pouco mais calmo. Entramos e fomos direto ao quarto de Joe, as enfermeiras já conheciam Cris, e pelos olhares sonhadores que dirigiam a ele, elas também não eram imunes à sua beleza.
Entramos no quarto e a cena que nos recebeu era aquela típica "rir para não chorar": Pat estava sentado em uma das poltronas algemado enquanto dois policiais o cercavam um de cada lado. Joe estava deitado na cama aos prantos e literalmente vi seus olhos brilharem quando o irmão passou pela porta.
-Alguém pode por favor me dizer o que diabos está acontecendo?
Cris exigiu enquanto encarava meu primo.
Joe arregalou os olhos já prevendo a bronca que o namorado levaria.
-Cr-Cris, eu... eu não podia deixar ele sair daqui assim, ele quase nos matou! Quando vou ao restaurante, ele estava todo feliz tomando café e sendo ajudado por uma enfermeira qualquer... eu só...
-QUE MERDA VOCÊ TEM NA CABEÇA PATRICK? VOCÊ PODE IR PRESO CACETE!
Uau!E eu que pensei que meu namorado estivesse mais calmo.
-Cris, não se esquece que ele é meu primo.
Falei simplesmente. Não porque ele fosse meu namorado, eu iria deixá-lo gritar assim com Pat. Eu até o entendo. Alex é um completo idiota.
Cris sai da sua névoa de raiva e lembra que eu estou ao seu lado. Seu olhar de espanto quase me faz rir.
-Meu Deus, anjo. Me desculpa, é que pode não parecer mas eu me preocupo como esse cabeça oca do seu primo, droga!
Ele me diz tudo isso enquanto me abraça e deposita um beijo na minha cabeça e eu? Bom, eu quase choro por saber que ele se preocupa com Pat.
Dou uma espiada pelo quarto e vejo quatro pares de olhos nos espiando. Um deles (os de Joe), olham de mim para Cris com um mixto de confusão e talvez... preocupação? Eu não sei.
Eu conheço a história do homem que me abraça enquanto fusila Pat com o olhar, e entendo que Joe deve estar preocupado com o irmão saindo de novo com alguém. Lanço um olhar que espero trasmita tudo o que sinto e que ele fique tranquilo, pois não penso desapontá-lo.
-O que vai acontecer agora oficial?
Pergunto a um dos policiais que mantém a mão bem apertada na sua arma (que espero seja de munição de borracha).
-Bom, por hoje, o senhor Patrick vai ficar livre, teremos que esperar para ver se a vítima vai prestar queixa, como não foi um ato em flagrante.
-Tudo bem. -respondo nervosa ainda abraçada a Cris.- Podemos ir embora então?
-Sim, estávamos esperando algum parente, e Patrick, já sabe, mais de 200 metros, evite problemas.
-Sim, oficial. -meu primo responde acuado.
Os dois armarios ambulantes finalmente liberam Pat e saem do quarto deixando olhares de "segurem seu primo" e "não duvidaremos em prendê-lo".
Agora é a minha vez de dar sermão. Falo quase meia hora sobre a irresponsabilidade dele e todos incluindo Cris se surpreendem com minha explosão. Pat é minha única família e não deixarei que ele faça besteiras.
-Vamos Amélia, acho que Pat já entendeu o recado.
Cris tenta me acalmar.
-Eu vou parar, mas só porque ele está pedindo. -aponto para o meu namorado.- Mas fique sabendo primo, que se você for preso, eu irei ficar muito decepcionada com você. Espero que agora pense antes de fazer besteira. Vamos Cris, tudo isso me deu fome.
Me despeço de Joe ainda perplexo e dou um beijo no rosto de Pat, de certa forma para que ele saiba que por mais que esteja com raiva dele, eu sempre vou apoiá-lo.
Cris apenas acena com a cabeça para os dois marmanjos e saímos do quarto.
Ainda estou preocupada com meu primo, se Alex decide prestar queixa, teremos que contratar uma advogado e seguir um processo. E não tenho nem tempo, nem grana para isso.
Caminhamos no piloto automático até a saida do hospital, ambos mergulhados nos próprios pensamentos, até que algo ou alguém parado na porta me chama a atenção.
-Alex?
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