Episódio 9


No episódio anterior:

- Flori vai à delegacia denunciar a mãe por assassinato;

- Levitraz leva uma surra de criar bicho, mas se vinga de sua agressora;

- Lucrécia tenta fugir do país com o passaporte da irmã, mas é detida no aeroporto.


Branca Helena foi sacolejada, beliscada, esbofeteada até acordar do sono induzido pelos médicos com litros de sedativo.

Vindo de muito longe, ou como se estivessem, ela e a pessoa que a tentava acordar, imersos dentro d'água, ela ouviu uma voz mimosa repetindo seu nome insistentemente.

– Branquinha, miguxa, acorda, louca!

Com esforço sobre-humano, abriu os olhos e viu uma franja enorme e dura balouçando-se ante sua vista embaçada e confusa.

"Quem será que me chega na toca da noite? Vem nos braços de um sonho, que não desvendei..." – citou com a voz engrolada.

– Branquinha, sou eu, Dudinha. Acorda, fofinha, acorda!

– Dudinha?

– Sim, Branquinha, sou eu, seu miguxo. A gente precisa sair daqui o quanto antes. – E já foi içando a amiga pelos braços. – Levanta, menina. Não faz corpo mole.

– Ai, Dudinha, me erra. Não vê que eu estou grogue, grogue?

– Mas, miguxa, nossa vida está em perigo.

– O quê? – Branca lutou contra o entorpecimento. – Que história é essa?

– Eu sei demais, entendeu? Eu vi demais naquela festa. E quem está atrás de mim, certamente virá atrás de você, achando que lhe contei tudo, já que você é minha melhor amiga.

Branca engoliu em seco.

"Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta, que impudente na Gávea tripudia?" E agora, Dudinha, o que a gente faz?

"Vamos fugir proutro lugar, baby, vamos fugir." – Até Dudinha já estava entrando na "vibe" da Branca Helena.

"Pronde quer que você vá, que você me carregue." – A outra completou.

– Então, vamos, morzim. Rápido.

– Espera, antes tenho uma coisa para lhe contar. – Branca tomou coragem para fazer a grande revelação.

– Você não pode ir falando enquanto a gente foge? – o lépido mancebo estava com a "tareco" apertado, que não cabia um cabelo.

– Não, o que eu tenho para lhe falar não pode ser dito assim... – buscou uma citação que introduzisse o assunto delicado. –"Existem certas coisas em nossa vida que têm um selo dizendo: Você só irá entender meu valor quando me perder, e me recuperar." Veja bem...

– É para hoje, né, Branquinha?! – Dudinha acabou se impacientando. – FALA!

– Tá bom, tá bom, eu falo. – Respirou fundo. – Dudinha você sempre me chama de amiga, mas acho que agora somos um pouco mais que isso.

– Era isso? Está certo, somos mais que amigos, somos como irmãos, pronto! Agora vamos, miguxa. – E olhava para a porta de instante em instante, desesperado.

– Dudinha, eu vou ser mãe. – soltou a bomba.

O lépido mancebo empalideceu mais do que o de costume.

– Não me diga que o pai é o Tavinho... – Dudinha temia ouvir o resto.

– Não, não vou dizer.

Dudinha respirou aliviado.

– Mesmo porque o pai pode ser você.


Ludmárcia finalmente recebera alta do hospital. Ainda fraca, começou a arrumar seus poucos pertences, para voltar para casa. Apesar de contente por deixar o hospital, ao mesmo tempo sentia-se melancólica. Ninguém estava ali para ajudá-la, para ampará-la. Nada mais solitário que uma doente dar baixa sozinha na conta de um hospital. Flori até agora não voltara. Disse que ia tirar Ivanir da cadeia e, já fazia horas, nem notícia. E, além do desconforto da sua situação de doente largada, ainda somavam-se a ansiedade por notícias e a apreensão de não as receber boas.

– E mamãe, meu Deus? Como estaria a pobrezinha? – Mais uma preocupação para lhe esquentar o juízo.

Por fim, resolveu não pensar mais, temendo ter outra crise nervosa e ficar louca de vez. Decidiu que se concentraria em arrumar de volta na bolsa as coisinhas pessoais que Flori lhe trouxera.

Estava assim dispersa nesse trabalho manual, quando ouviu uma voz máscula, forte, viril, voz de travesseiro mesmo, de galã de novela de rádio, pronunciar seu nome.

– Ludmárcia.

Sentiu sua alma descer para o dedão do pé, o coração ficar mais acelerado que enterro de pobre, as mãos suarem, as lágrimas inundarem os olhos, os cabelinhos da nuca se arrepiarem, o estômago assumir o lugar físico do útero, e sua memória auditiva reproduzir no silêncio de sua mente surpresa e maravilhada o tema do clássico "Suplício de uma Saudade", "Love is many splendore thing", com direito a coro e tudo. Lentamente, virou-se em busca da voz amada.

Parado na porta, Ivanir, mais charmoso, bonito e másculo do que nunca, agora que suas características natas eram acentuadas pelo semblante sofrido e os olhos marejados de emoção.

Nenhum dos dois resistiu, correram para os braços um do outro e se beijaram com sofreguidão e ardor, os dois imersos no amor mais puro que os unia para sempre num laço indissolúvel.

Um tímido pigarrear arrancou-os daquele voluptuoso idílio, daquele momento mágico e romântico, pelo qual esperaram tantos capítulos. Desgrudaram-se atrapalhados. Ludmárcia quase sangrando pelos poros da face de tão ruborizada. Ivanir mordendo os lábios, olhando para o chão, sem saber onde por a cara.

– Eheheheh! Que isso, gente?! Sou eu, Flori, amiga do casal.

Ao ouvir a amiga se referi a ela e Ivanir como casal, Ludmárcia sentiu um misto de alegria e de vergonha mortal, e teve ganas de correr para debaixo da cama.

– Só interrompi esse momento lindo... Ai, estou até emocionada. Olha, toda arrepiada. – Flori perdera completamente a noção de oportunidade e conveniência. – Achei tão lindo esse beijo desentupidor de pia de vocês!

– Flori, pelo amor de Deus... – suplicou a pudica mocinha, desejando naquele momento ser resultado do cruzamento de gente com tartaruga e poder afundar a cabeça no tronco, fazendo-a desaparecer dentro de si.

– Tá, tá bom, sua boba. Eheheh! Não está mais aqui quem flagrou. – E riu divertida e, claro, sozinha. – O que eu vim mesmo fazer aqui? Ah, sim, lembrei. Pois bem, só vim aqui para lembrar você, Ivanir, e avisar você, amiga, que a Dona Val quer reunir todos os personagens na mansão. Ela disse que tem um importante comunicado.

– Comunicado? – Ludmárcia estranhou. – Sobre o quê?

– Ela não quis adiantar, amor... quer dizer... – Ivanir pigarreou constrangido. – Enfim...

Flori com uma cara safada, prosseguiu:

– Ela quer que eu leve até o pobre do Dudinha em coma, já pensou?

– Meu Deus, o que de tão importante essa senhora tem a nos dizer? – Ludmárcia estranhou temerosa.


– Eu posso ser o pai dessa criancinha? Mas como, Bi? – Dudinha perdera completamente o chão.

– Mas os homens são mesmo todos iguais! – Branca se revoltou. – Eu sei que faz muitos capítulos que a gente... Enfim, mas também eu não esperava que fosse esquecida assim tão rápido.

– Eu me lembro de tudo. – Dudinha sussurrou, corando até o branco do dente.

– Humpf! Quem não te conhece, que te compre! – Fez um muxoxo, magoada.

– Mas, Branquinha, depois a gente discute sobre isso. Agora precisamos fugir. – Dudinha se alvoroçou.

– Deixar o seu possível filho para depois? Eu estou bem arrumada mesmo! Um foge para não assumir minha gravidez, o outro quer desconversar. – Branca afiou as garras, sentou-se na beira da cama. – Pra depois coisa nenhuma. "Nunca deixe para amanhã, o que pode fazer hoje."

– Mas, bicha, a gente tem que fugir agora, louca! Nossa vida corre perigo. – Já se podia notar certos sintomas de histerismo na face contraída de Dudinha e em seus gestos velozes. – Eu sei demais, Branquinha, eu ouvi demais.

– "Eu não quero nem saber quem envernizou a barata"! Só quero saber quem vai assumir a paternidade dessa criança. Sim, porque "pai é o que cria."

Dudinha parou um instante, respirou fundo e falou compassadamente:

– Amiga, deixa de ser burra! Tu é doida, é, criatura? Será que não estou falando Português? Eu sei quem matou o doutor, bicha, eu sei!

O queixo de Branca bateu no joelho.

– E a nossa vida está correndo perigo, a minha, a sua e a do bebê. Entendeu agora ou quer que eu desenhe? – Dudinha foi obrigado, naquela hora de sufoco, a abrir mão de seu jeitinho meigo de ser e falar grosso. – É por isso que a gente precisa sair desse hospital A-GO-RAAA!

– Vocês não vão a lugar nenhum! – uma voz soturna decretou da porta.

Dudinha literalmente se urinou todo de puro terror.


– Mas, para que aquela velha quer reunir todos os personagens dessa história, meu Deus?

– Ah, não sei, não, Ivanir. Só sei que precisamos urgentemente falar com a administração do Hospital para liberar minha filha e Dudinha. Coitado, esse ainda está até em coma.

– Que administração de hospital coisa nenhuma, amiga! – Ludmárcia inflou o peito de orgulho de seu amado. – Você está diante do dono desse hospital.

Ivanir engoliu em seco.

– E digo mais, a palavra dele aqui é lei, minha filha. – E para Ivanir. – Vamos lá, meu queri... digo, Ivanir, mostrar quem manda nessa birosca aqui.

– Ah, bom, se é assim... – Flori não cabia em si de alegria por finalmente pertencer às altas rodas Ovelhopolenses. – Coisa boa é ter boas relações.

Ludmárcia apenas sorriu ainda mais orgulhosa.

O pobre do Ivanir, já suando frio, é que não teve escolha a não ser seguir as duas. Ainda no corredor, ouviram vozes alteradas e um choro fino.

– O senhor não pode nos prender aqui! Isso é cárcere privado! "Há, sim, um direito do mais sábio, mas não um direito do mais forte."

Branca crescia, destemida, para cima do médico com cara de psicopata, enquanto Dudinha, todo mijado, encolhido num canto, se debulhava em lágrimas.

– Não adianta! Sem dar baixa na conta do Hospital, não sai daqui, não sai.

– "Devo, não nego, pago quando puder."Agora, o senhor, seu Doutor, o senhor é que não pode fazer o que está fazendo. Olha aí, – e apontou para Dudinha encolhido no canto do quarto – o menino todo mijado, se tremendo, um pobre desse que está traumatizado, o senhor me chega aqui tocando o terror. Isso é coisa que se faça?!

– Sem dinheiro, não sai! – O médico estava irredutível.

– O que é que está acontecendo aqui? – Ludmárcia adiantou-se. Tantos reveses lhe tinham endurecido a têmpera, principalmente, agora, ao lado do ser amado, sentia-se a mulher mais forte e protegida do mundo. – Quem é o senhor para falar assim com a filha da minha melhor amiga, hein?

– Eu? Sou o dono desse hospital. – Falou calmamente o médico.

– Eu não admito, nem aceito! O senhor não tem o direi... – Só então, Ludmárcia se deu conta do que ouvira. – É o quê? O senhor, dono desse hospital? – Olhou confusa para Ivanir, que baixou a cabeça. – Que brincadeira é essa?

– Não é brincadeira, minha senhora, eu sou o dono desse hospital com oitenta e tantos por cento das ações. E como tal, tenho o direito de exigir que um doente, e isso vale para a senhora também, só saia daqui, quando tiver acertado a conta, que isso aqui não é uma instituição filantrópica.

– Ivanir... – Ludmárcia suplicou, completamente sem chão.

Ivanir na maior saia justa suplicou ao doutor, humilhando-se mesmo sem um pingo de amor próprio.

– Poxa, Riba, quebra esse galho, cara...

– Quem quebra galho é macaco gordo. Comigo não, violão.

– Mas, Riba, é só para fiar, cara. Pendura aí na tábua de Moisés. Mês que vem acerto tudo, afinal de contas eu trabalho aqui, é só descontar do meu, não tem nem como dar calote, nem...

– Trabalhava!

– Oi? – Ivanir não entendeu, ou não quis entender.

– Isso mesmo, você trabalhava aqui. Você já teve curiosidade de sequer olhar sua folha de ponto? É uma vergonha! Vinha dia sim, oito não, mais folgado que palito em boca de banguela. Só nunca foi demitido porque era o sobrinho do dono. Mas na minha gestão acabou-se a bandalheira.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Ludmárcia, sempre muito nervosa, começava a se desesperar.

– Calma, amiga, calma. – pediu Flori.

– Ah, miserável! – Ivanir se desesperou também. – Pois muito bem, quero minhas contas. Senão ponho-lhe na justiça, ponho.

– Perfeito, pode passar no financeiro. – A calma do Doutor Ribamar era de enlouquecer qualquer cristão. – Do jeito que você faltou no último ano, não me admiro nada que você esteja é devendo a esse hospital.

– Isso é o que nós vamos ver.

– Eu vou com você. – Adiantou-se Ludmárcia.

– De jeito nenhum. Daqui a senhora só sai depois que quitar a conta do hospital.

– Mas, minha Nossa Senhora, ô homem desconfiado. O senhor fique sabendo que não sou dessas, não. Sou muito mulher para quitar minhas dívidas. E outra, sou rica, podre de rica, eu tenho dinheiro o suficiente para comprar cinquenta hospitais desse se eu quiser.

– Amor, ops, quer dizer... – Ivanir corou até o branco da calça com o deslize. – Ludmárcia, não se preocupe, deixe comigo que eu resolvo isso. Passo no financeiro, recebo as minhas contas, acerto a internação de vocês, e a gente vai poder sair daqui de cabeça erguida, sem sequer dever favor para esse morto de fome. Pode deixar, não demoro nem quinze minutos.

Meia hora depois volta Ivanir, mais murcho do que boca de velha.

– Então, tudo resolvido? Pois me dê aqui o recibo, amor, digo, Ivanir, que eu mesmo quero esfregar na cara desse doutorzinho. – Ludmárcia, depois de tanto sofrimento, começava mesmo a criar marra.

– Não deu... – grunhiu Ivanir, quase furando o peito com o queixo.

– Oi? O que você disse, meu bem, digo, Ivanir?

– O que eu recebi não deu para pagar a conta... – Nunca Ivanir passara por humilhação maior na vida. – Acho que você vai ter que completar...

– Completar? Como assim? Mas, Ivanir, você era o enfermeiro-chefe desse hospital... Quanto você recebeu?

– Quinze reais e trinta e cinco centavos. – E estendeu a mão com uma nota de cinco, outra de dez e algumas moedinhas.

O famigerado Dr. Ribamar explodiu numa gargalhada abafada.

– Quinze reais? – Ludmárcia tinha a impressão de estar num pesadelo. – Mas, Ivanir, isso não dá nem para o táxi.

– Você não tem aí para completar, não? – gemeu, mais desconfiado do que menino cagado.

– Não tenho nem o que um periquito roa! Não estou com minha bolsa. Meu Deus do céu, isso parece um pesadelo.


Cerca de 20 minutos depois, Ludmárcia e sua trupe saíam de cabeça erguida e pela porta da frente do HGO.

– Não se preocupe, amiga, pode deixar que vou lhe ressarcir do prejuízo.

– Que isso, Lud! Mais tem Deus pra dar, que o diabo pra levar.

– Oi? – Ludmárcia não captou de imediato a contextualização do ditado.

– E mais você já me deu. Eu só não me prontifiquei a pagar antes, na esperança de economizar... Eheheh! Você sabe como é pobre por um zero oitocentos, né? Eheheh.

– Hum, sei... – Por dentro Ludmárcia dava razão ao adágio popular de que "só se conhece uma pessoa depois de comer um quilo de sal com ela."

– Alfred! – Ivanir saudou de longe o motorista, feliz por ver alguém familiar.

Dudinha estremeceu de susto com a efusão do ex-enfermeiro-chefe.

– Que foi, denguinho? – Branca, que o amparava, quis saber. – Que tensão é essa? Anda uma pilha! "Relaxa e goza."

– Branquinha, e se continuássemos internados? Acho que ainda não estou bem. Ando tão nervoso.

Alfred aproximou-se lúrido, olhos assustados.

– Doutor Ivanir, o senhor teria um minutinho?

– Ora, Alfred, temos todos os minutos que você quiser até chegarmos à mansão. Cadê a limusine? Preciso de um banho o mais rápido possível para tirar os miasmas daquela cela de...

– Doutor, uma coisa muito desagradável aconteceu. – Alfred interrompeu.

Ivanir ficou imediatamente branco como uma vela de católico, já prevendo a desgraça.

– Meu Deus do céu, aconteceu alguma coisa com minha mãe? – Ludmárcia adiantou-se já com um olhar de alucinada.

– Não propriamente... – Alfred foi evasivo.

– Como "não propriamente"? Fala, criatura.

– Dona Ludmárcia, a senhora precisa ver com seus próprios olhos.

– VER O QUÊ? – Ludmárcia já gritava no meio da rua.

– Calma, amiga, calma!

– Eu quero ver minha mãe agora! AGORA! – Ludmárcia já estava num pé e noutro. – Cadê o carro, Alfred? Nos leve agora para a mansão. AGORA!

– Eu acho melhor ficar aqui... – Dudinha esquivou-se.

– Não, senhor, para ter outro piripaque? De jeito nenhum, vamos todos.

– Mas, Dona Flofi...

– Vamos todos. Já disse. Precisamos ficar unidos. – Flori decretou.


Mal a limusine cantou pneu na esquina da rua que levava à mansão, Ludmárcia, pescoço espichado, todos os sentidos em alerta, avistou ao longe a figura frágil de Dona Gertrudes, sentadinha no meio-fio, ao lado de uma pequena trouxa, cujo nó amarrava-a a um cabo de vassoura velho.

– Minha mãezinha! – Os olhos da mocinha se encheram de lágrimas. – Mas o que fizeram com a pobrezinha, meu Deus?

– Não acredito que eles cumpriram o prometido. – admirou-se Alfred.

– Eles quem, meu Pai? Alfred, pelo leite que você mamou, o que está acontecendo aqui?

Ivanir, vermelho e trêmulo de ódio, rangia os dentes e cravava as unhas no assento do carro.

– Eu não quis dizer nada, porque eles disseram que fariam, mas não acreditei. Preferi ir correndo falar com vocês.

– Mas eles quem, criatura? E disseram que fariam o quê, mestre do suspense? – No desespero, Ludmárcia deu-se ao luxo até de ser um pouco sarcástica.

– Eu não tive nada a ver com isso. Foram eles... – Alfred foi vago.

– Meu Deus, estou me sentindo em Lost. Ivanir! – Ludmárcia suplicou.

– Alfred, pelo amor de Deus, fala logo. – interveio Flori, já impaciente.

Nisso o carro estacionou com uma freada brusca.

– Eu não quero mais saber, não. Abre essa porta. – E, passando por cima dos que estavam entre ela e a porta do carro que a separava de sua mãezinha, distribuindo cotoveladas e pisões, indiferente aos protestos e pedidos de paciência, Ludmárcia desceu e correu ao encontro de Dona Gertrudes.

– Mamãezinha, minha bichinha, pelo amor de Deus, o que a senhora está fazendo aqui fora?

– Ô, minha filhinha, eu pensei que tivesse que voltar a viver na rodoviária de Serro Azul. – A pobre da velhinha já foi logo se desmanchando em choro.

– Mas o que aconteceu, mãe?

– Eles me expulsaram.

– Expulsaram? Como assim? Eles quem, mãe? – Ludmárcia pensava estar vivenciando um pesadelo do qual não conseguia acordar.

– Os novos donos da mansão!

– O quê? – Ludmárcia amarelou e só não caiu desfalecida porque os braços fortes, musculosos e másculos de Ivanir a ampararam.

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