Capítulo 7 - parte 4 (em revisão)

Jantaram em silêncio e com uma certa cumplicidade semelhante ao passado. Conversaram, riram e Cíntia foi gentil e amorosa, como se estivesse iniciando o namoro. Ela sentiu a aproximação de Arthur e isso aqueceu o seu coração, na esperança de que, no futuro, pudesse haver um recomeço.

Se ele sonhasse com seus motivos... mas ela não podia abrir o jogo, não naquele momento. Uma coisa era certa, nunca mais repetiria o seu erro, nunca mais... se tivesse a chance de retornar.

Quando terminaram de jantar, ele arrumou a louça, carregou o seu carro e aproximou-se dela para se despedir. Seu rosto era belo e sereno. Cíntia ergueu a mão para a sua face, acariciando-o e ele aproximou-se para um abraço.

– Prometa que vai cuidar de si – pediu Arthur. – Se não por mim, prometa pelo nosso filho.

– Prometo – respondeu baixinho. – Prometo por nós três. Amo você e vou fazer de tudo para que, no futuro você tenha motivos para voltar a se orgulhar de mim.

Beijou-o já com saudades, sabendo que ia demorar muito a ter aquele homem mais uma vez nos seus braços, isso se algum dia conseguisse.

― ☼ ―

Arthur chegou à casa dos pais e o filho veio correndo para o seu colo, feliz.

– Você demorou, papai.

– Passei em casa para pegar coisas suas e minhas, filho – explicou o pai. – Trouxe até sua bicicleta. Mamãe estava lá e papai precisou de conversar muito com ela.

– Ela não tratou você mal, né, pai?

– Não, meu amor, não tratou. Ela nunca mais vai tratar o papai mal, ok? Eu não quero que você fique zangado com sua mãe porque ela tá sofrendo muito, entendeu? – pediu o pai. – Ela precisa muito do seu carinho e seu amor, filho.

– Tá bom, papai, eu prometo – disse o filho, suspirando. – Eu também amo a mamãe, mas não gostava do que ela fazia com o senhor.

― ☼ ―

Arthur foi para a beira da piscina fumar e beber o seu whisky. Sentou-se em uma espreguiçadeira e estava recostado com todo o conforto quando o telefone vibrou.

A primeira coisa que viu foi o saco das risadas e, embaixo, a mensagem:

– "Salve, delegado. Vim anunciar uma trégua de algumas semanas para as festas de fim de ano. Soube da sua separação. Que show de porrada hein? Aquele lá nunca mais se mete com uma mulher casada. Curta a sua amante graciosa que você ganha mais com ela, muito mais. Felicidades e até Janeiro."

Arthur enrugou a testa e olhou duas vezes para a mensagem, espantado. Sacudiu a cabeça e ia guardar o telefone no bolso quando surgiu outra:

"Mulher Maravilha: Olá gato misterioso. O que está fazendo? Está ocupado?"

"Arthur D.: Oi, Mulher Maravilha. Kkkkk. Você me acha mesmo um gato é?"

"Mulher Maravilha: Acho você um supergato. Então, onde está e o que está fazendo?"

"Arthur D.: Estou sentado em uma espreguiçadeira na beira da piscina da casa dos meus pais tomando um whisky, fumando um cigarro e relaxando. E você?"

"Mulher Maravilha: Hum... isso é muito bom, tirando o cigarro. Eu estou na minha cama bem aconchegada porque o ar tá ligado e tá muito calor aqui em Copa."

"Arthur D.: Você mora em Copacabana, é? Eu moro na Tijuca."

"Mulher Maravilha: Mas você está no seu pai!"

"Arthur D.: Separei faz pouco tempo, esqueceu? Mas eu já morava aqui na Tijuca. Minha casa ficava a pouco mais de um quilômetro daqui."

"Mulher Maravilha: Você está bem? Separação não é uma coisa legal para nós, ainda mais para os filhos. Sua esposa é muito bonita e seu filho também. Andei vendo seus álbuns de fotos."

"Arthur D.: Ele está aqui comigo até as coisas se resolverem."

"Mulher Maravilha: Vocês eram casados há muito tempo?"

"Arthur D.: Dez anos."

"Mulher Maravilha: Caraca, vocês devem ter casado muito cedo porque eu lhe dou, no máximo, 27."

"Arthur D.: Kkkkkk. Casei com 20, mas namorei ela desde os 17."

"Mulher Maravilha: Então deve ter sido seu primeiro amor!"

"Arthur D.: O segundo, na verdade. Você é bem curiosa."

"Mulher Maravilha: Ai, desculpe. É que histórias de amor me fascinam e emocionam. Eu tive um grande, grande amor quando era menina, apenas 13 anos, mas acho que todas nós garotas tivemos."

"Arthur D.: Quem não teve? Kkkkkkkkkkkk. Foi nessa idade que conheci meu primeiro amor. Eu daria tudo por ela, tudo. Eramos amigos de infância, colegas de escola e foi meu primeiro beijo. Quando a família mudou e ela foi embora, eu cheguei a ficar doente. Só mesmo a minha esposa que me fez superar isso."

"Mulher Maravilha: Que lindo, Arthur! Como era ela?"

"Arthur D.: Quem, a Maria? Ela era linda, na verdade nem sei se era para os outros, mas, para mim, não existia no mundo nada mais lindo que ela. Tinha cabelos vermelhos, cor de fogo e olhos azuis que ficavam verdes quando me olhava. Seu nariz era arrebitado e possuía algumas sardas que a tornavam ainda mais linda. Era magrinha, alta, seios pequenos é claro, por causa da idade, inteligente como poucas eu vi e companheira como nada mais existia. Onde eu estava, ela estava perto. Tudo o que eu fazia e aprendia, ela fazia junto, ou tentava, porque nunca foi muito boa em lutar, mas aprendeu a dar uns tabefes em alguns garotos que a incomodavam. Eu a amava muito. Céus, Mulher Maravilha como eu amava. Bem sei que era coisa de criança, mas era tão forte que penso nela até hoje!"

"Mulher Maravilha: Meu Deus, Arthur, como eu gostaria que um homem bonito assim como você tivesse sentido e falado de mim com tanto carinho como você, quando fala dessa Maria! Você me arrepiou e fez chorar!"

"Arthur D.: Você acha? Com certeza alguém deve amá-la assim."

"Mulher Maravilha: Não sei. Sabia que também sou ruiva? Desculpe, claro que não pode saber."

"Arthur D.: Daria tudo para vê-la de novo, mas acho que nem a reconheceria, depois de quase 17 anos! Nessa idade as meninas mudam muito. Acho que é por isso que sou louco por ruivas, então cuide-se comigo, kkkkkkkkk."

"Mulher Maravilha: Será que ela sentia o mesmo por você, será que ela nunca mais pensou em outro homem como pensava em você? Sabe, eu jamais esqueci meu primeiro amor. Você me lembra ele porque ele também era loirinho e do tipo forte."

"Arthur D.: Epa, então também vou ter que me cuidar com você, kkkkkkk"

"Mulher Maravilha: kkkkkkkkkk."

"Mulher Maravilha: E você, Arthur, está sozinho?"

"Arthur D.: Mais ou menos. Uma colega me ajudou muito e eu meio que fiquei com ela. Não temos um compromisso sério, mas tá rolando alguma coisinha. Eu combinei que antes de assumir nova relação preciso colocar minha cabeça no lugar."

"Mulher Maravilha: :-("

"Mulher Maravilha: Colega é mais fácil, kkkk. Vocês fazem o quê?"

"Arthur D.: Somos policiais."

"Mulher Maravilha: Gosto de policiais. Acho-os másculos."

"Arthur D.: Engraçado, mas ouvi isso de uma mulher faz pouco tempo."

"Mulher Maravilha: Sério? Kkkkkkkk posso saber quem é essa?"

"Arthur D.: Sério, uma ruiva bem misteriosa, por sinal."

"Mulher Maravilha: Teria essa dama misteriosa sido o motivo para você não ter tomado uma decisão com relação à sua colega?"

"Arthur D.: Pior que é isso mesmo, Maravilha. Bem que podia dizer seu nome. Não gosto muito desses apelidos."

"Mulher Maravilha: Não, também vou bancar a ruiva misteriosa. Pelo jeito você tem uma queda grande por elas."

"Arthur D.: Eu não tenho uma queda. Tenho um tropeço fenomenal um tombo infinito, em especial quando ela me dá uma sensação forte de intimidade, como se eu a conhecesse desde sempre. Vai ver, de forma inconsciente ela me lembra a Maria."

"Mulher Maravilha: E se eu me chamasse Maria, Arthur?"

"Arthur D.: Você se chama?"

"Mulher Maravilha: Não gosto de Maria."

"Arthur D.: Bem, Maria Maravilha, kkkkkkk, vou me recolher porque estou cansado. Um beijo para você."

"Mulher Maravilha: Para você também, gato. Se cuida."

Arthur guardou o telefone no bolso e aproveitou para um último cigarro. Olhou para o maço e decidiu que se esforçaria mais a parar e arrastaria Anabela com ele nessa empreitada.

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