𝟬𝟬𝟮 ، UNFINISHED DRAWS.
CAPÍTULO DOIS :
DESENHOS INACABADOS.
─── VOCÊ TÁ INDO na casa da Joyce? ─── Andy perguntou do balcão da cozinha, logo após seu pai sair do telefone, enquanto comia seu café da manhã ── baseado em cereal, leite e alguns pedaços de maçã ( seus amigos achavam nojento, mas ela achava a medida exata de comida para aguentar até a hora do almoço ).
O Hopper, que terminava de abotoar o uniforme, ergueu o olhar e a fitou com os olhos semicerrados, estranhando a atitude alheia, já que ela parecia se recusar a falar com ele desde a noite anterior.
─── Vou, por quê?
Ela deu de ombros, limpando os vestígios de cereal dos lábios e se levantando, indo por a vasilha na pia. ─── Eu queria saber se posso-
─── Não, você tem aula. ─── ele interrompeu antes que ela tivesse a chance de terminar, acendendo um cigarro e pegando as chaves do carro.
─── Eu só quero ver como ela e o Jonathan estão! Além do mais, ainda falta uma hora até a primeira aula e não é como se fosse tão longe, eu posso facilmente ir de bicicleta ou você pode ir me deixar lá-
─── Jesus Cristo, tá bem! Você não se cansa?! ─── ela deu um sorriso de lado, encolhendo os ombros. ─── Eu tô indo agora e não vou esperar.
Com o aviso, Andy correndo até a porta para pegar a bolsa e saiu da pequena casa, abrindo o porta-malas da viatura para colocar a bicicleta lá atrás. A morena entrou no veículo logo atrás dele, colocando o cinto de segurança e ligando o rádio antes de levar um leve tapa na mão após ficar pulando entre as estações sem parar.
─── De onde você arranja tanta energia depois de ter ido dormir tão tarde?
Ela fez uma careta, mudando mais uma última vez antes de ficar quieta pelo resto da viagem, ouvindo a rádio falar sobre o desaparecimento de Will.
─── Quando entrarmos lá, não quero que diga nada que vá deixar Joyce mais nervosa do que ela já tá, entendido?
─── Eu sei. ─── Andy respondeu, o fitando com a sobrancelhas franzidas. ─── Eu não sou insensível.
Quando eles chegaram na residência dos Byers, Jim desligou o veículo e saiu, sendo seguido pela Hopper mais nova até a porta, que foi aberta quase que imediatamente por Joyce.
─── Estamos esperando há seis horas! ─── foi a primeira coisa que ela disse quando fitou o delegado, que deixou Andy entrar primeiro e fechando a porta quando passou.
─── Eu sei, vim assim que pude.
─── Seis horas!
─── Peço um pouco de confiança, ok? Procuramos a noite inteira. Fomos até Cartersville.
─── E?
─── Não encontramos nada.
A mais velha passou a mão pelo rosto, em um misto de ansiedade e nervosismo, o que Andy compreendia totalmente; ela acenou levemente para Jonathan, dando um pequeno sorriso simpático que foi retribuído por igual pelo rapaz.
─── Flo disse que você recebeu uma ligação...?
─── É. ─── ela respondeu fracamente, apontando para o aparelho.
A dupla adentrou mais a casa, Andy parando perto de Joyce e Jonathan enquanto seu pai examinava o telefone queimado.
─── A tempestade torrou isso aqui.
─── A tempestade?!
─── O que mais seria?
─── Tá- tá dizendo que isso não é estranho? ─── a Byers questionou.
─── Não, é estranho. ─── o delegado falou, pondo o fone de volta no gancho.
─── Não podemos rastrear a ligação? ─── Jonathan perguntou. ─── Contatar a...
─── Não, não é assim que funciona.
─── Mas deveria, você é o delegado... ─── Andy falou baixo, recebendo um olhar de advertência de seu pai, que se encostou na parede contrária.
─── Uhm, você tem certeza de que era o Will? Flo disse que você só ouviu uma respiração.
─── Não, era ele. Era o Will. Ele tava assustado e então alguma coisa- ─── falou com a voz embargada, tentando fazer com que o delegado acreditasse.
Andy olhou por cima do ombro ao sentir uma corrente de ar bagunçar seus fios, vendo que a porta de um dos quartos estava entreaberta. Os outros três não pareceram se importa muito com a presença dela ── Joyce e Hopper ainda discutiam enquanto Jonathan apenas esperava por alguma resposta ─── então ela decidiu dar uma rápida olhada, não aguentando ficar parada ali por muito tempo.
Ela parou em frente à porta que lembrava ser de Will ── uma vaga lembrança da única vez em que esteve naquela casa quando ainda era criança, para o aniversário de Jonathan ── e a empurrou levemente, encontrando-a vazia. Não que ela esperasse alguma coisa chocante, mas os instintos falaram mais alto.
Ao se virou para ir embora, notando que seu pai estava saindo, Andy levou a mão ao pescoço ao sentir um formigamento estranho no local. Ela o seguiu até a caminhonete, limpando a garganta e respirando fundo enquanto observava a fachada dos Byers, em um misto de confusão e tristeza pelo o que estava acontecendo com eles.
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ANDY CAMINHAVA PELOS CORREDORES com os fones sobre a cabeça tocando Michael Jackson, as mãos dentro dos bolsos do casaco e o olhar fixado no chão, evitando encarar qualquer um que estivesse à sua frente. Mesmo que as chances fossem poucas, ela tinha medo de que eles pudessem estar lhe encarando.
Era assim que ela imaginava que as pessoas de sua escola iriam agir quando voltassem das férias de verão. Andy achava que dois meses não eram suficientes para esquecerem um assunto tão grande assim ─── eles ainda comentavam sobre o professor de música que flertava com uma aluna do primeiro ano.
─── Olha por onde anda. ─── um rapaz reclamou quando Andrea tentou desviar de um grupo de garotas e acabou batendo nele, respirando fundo e seguindo seu caminho.
Vendo Barb e Nancy na esquina do corredor, ela abaixou os fones e acenou para as garotas com um sorriso largo em seus lábios, que foi morrendo aos poucos quando viu que elas estavam na presença de Steve, Tommy e Carol.
─── Hey, Andy. ─── Tommy cumprimentou com um aceno, o que fez a garota revirar os olhos.
Ela deu um pequeno sorriso para suas amigas, continuando seu caminho para a sala se dar o trabalho de parar perto deles. Uma mão segurou seu pulso levemente, fazendo-a parar, e ela ergueu os olhos, vendo que havia sido Steve Harrington. Ela o fitou em silêncio, o que pareceu seu resposta o suficiente para ele soltar seu braço e dar um passo para longe dela.
Desde o incidente do refeitório na semana passada, quando a Hopper mais nova quase quebrou o nariz de um dos jogadores do time ── por acidente, ela falou, depois de limpar o iorgute do suéter ── em sua frente, Steve ficou receoso em trocar qualquer palavra que fosse com ela, com medo de ser uma próxima vítima. Não que ele fizesse isso antes, já que evitava zoar a garota nova, diante da amizade dela com a Wheeler.
─── Não vai falar com suas amigas, Andrea? ─── Carol perguntou, enrolando uma mecha de cabelo no dedo.
─── Eu não tinha a mínima idéia de que havíamos nascidas juntas. ─── ela respondeu com uma falsa surpresa e sorriso que outras pessoas que não a conheciam bem poderiam dizer ser genuíno, mas quando se era direcionado à Carol, não se tinha tanta certeza. ─── Não se preocupe, Carol. Minha amizade com elas está boa o suficiente, não precisarmos estar grudadas o tempo inteiro.
─── Steve vai dar uma festa mais tarde. ─── Nancy interveio antes que a situação ficasse mais agressiva, tocando o ombro da morena. ─── Você não quer vir?
─── É, Andy, vai ser bom fazer alguns amigos. ─── Tommy incentivou com um sorriso de lado, chamando a atenção da Hopper novamente.
─── Eu sinto que perco cada vez mais neurônios a cada minuto que passo ao seu lado. ─── ela sussurrou, tão baixo que ele quase não ouviu.
─── Andy...
─── Ah, desculpa, erro meu. ─── ela ergueu as mãos na defensiva, ajustando os fones e dando alguns passos para trás enquanto se afastava. ─── Eu esqueci que não posso usar palavras difíceis perto dele. Mil desculpas, Tommy.
Os dois se fitaram por um momento, Tommy irritado enquanto Andrea tentava saber como Nancy conseguia ficar perto de pessoas como eles.
─── Deus, que horror. Olhem. ─── Carol falou, olhando para Jonathan, que prendia um papel no quadro de avisos, provavelmente um folheto sobre o desaparecimento de Will.
Andrea fitou a garota por um momento antes de negar levemente e se afastar com pressa, colocando os fones no ouvido novamente e indo para a sala, procurando uma mesa vazia para sentar.
Não demorou muito para o sino tocar e os alunos começarem a encher a sala, incluindo Nancy e Barb, que logo buscaram assento perto de Andy, que rabiscava seu fichário.
─── Aquilo era necessário? ─── Nancy questionou baixo, olhando para a amiga.
─── Tommy e Carol me atormentam desde que cheguei, mas se eu retribuir se torna um problema?
─── Eu não tô falando disso, Andy! Eles não disseram nada demais, só estavam tentando ser legais.
O professor entrou, colocando sua pasta na mesa. Andy respirou fundo, erguendo levemente a sobrancelha.
─── Se eles são tão legais assim, nem imagino o que falaram sobre o Jonathan depois que eu saí... são um bando de idiotas, isso sim. ─── ela sussurrou, abaixando o lápis e observando o desenho feito.
Parecia ser uma floresta atrás de uma casa ── ou uma cabana, o que quer que aquilo fosse, ela não conseguia reconhecer bem o local, nem mesmo as manchas estranhas que pareciam sujar o piso, como se fosse musgo, alguma sujeira grossa ou algo semelhante. Não era nada parecido com os rabiscos que Andrea costumava fazer para passar o tempo, nem mesmo o estilo, mas mesmo não se importando com o rascunho, ela não pôde deixar de se perguntar o quê significava aquele pequeno espaço vazio na folha, bem no centro.
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ANDREA CHEGOU CANSADA DEPOIS de um dia cheio de aulas e provas, notando que estava sozinha em casa ── como de costume; mesmo antes de Will desaparecer, era comum para ela ficar em casa sozinha enquanto seu pai trabalhava, o que era bom para os dois.
Jogando a mochila no chão perto do sofá, Andrea decidiu ir até a cozinha para ver que tipo de mistura estranha e nada saudável ela faria para jantar ── antes, obviamente, dela mudar de idéia e ir comer fora ou na casa das amigas, como acontecia 90% das vezes.
Com o telefone preso entre a orelha e o ombro após discar um número que ela sabia decorado desde os nove anos, a Hopper mais nova se sentou em cima do balcão, com o resto de pizza gelada que havia sobrado da noite anterior em mãos. Não seria o suficiente para matar sua fome no momento, mas ela iria pensar em alguma coisa depois ── algo que não contasse em passar na casa de Nancy ou Barb, já que, aparentemente, elas tinham uma festa para ir.
─── Aqui é da residência Montgomery, quem fala? ─── ela ouviu a voz infantil do garoto de nove anos dizer do outro lado da linha após o telefone tocar algumas vezes.
─── Não sabia que esse era o número do circo. ─── ela respondeu com um sorriso, dando uma mordida na pizza gelada.
─── Você quem é a palhaça, Andy!
─── Como você tá, Jeff?
Andrea ouviu o garoto suspirar baixo, parecendo se movimentar pelo cômodo antes de responder à pergunta feita. ─── Têm sido estranho sem você por aqui... piorou depois do funeral. ─── respondeu, fazendo a garota suspirar baixo.
─── Desculpas por isso. ─── ela pediu baixo, cutucando o canto da unha, onde costumava ter pequenos hematomas.
Usando um algodão para limpar os ferimentos, Andrea e Jeff conseguiam ouvir a briga que ocorria no andar de baixo entre sua mãe e seu padrasto ── o pai de Jeff. Andy odiava o homem mais do que tudo na vida, mas ter seu meio-irmão ao seu lado, mesmo na situação desgastante em que se encontravam, tornava as coisas mais fáceis.
─── Aquele merdinha quebrou a porra da televisão jogando bola aqui dentro. ─── eles ouviram o homem falar enquanto subia as escadas e ia até a porta do quarto da Hopper. ─── Abre essa droga, Andrea!
─── Vai embora! ─── ela gritou, se levantando de onde estava e chutando a porta antes de voltar para seu lugar na cama, terminando o curativo do mais novo. ─── Novinho em folha. ─── ela sussurrou, mais amorosa dessa vez, se inclinando e deixando um beijo na testa do garoto.
─── Você pode arrumar minha camisa? ─── pediu, mostrando um pequeno rasgo na manga.
Ela acenou positivamente, levantando-se para pegar seu pequeno kit de costura enquanto o garoto retirava a camisa e a entregava. Os dois ficaram calados, sentados no chão contra a cama, enquanto a morena dava o seu melhor para consertar a camisa favorita do meio-irmão, baixas risadas escapando sempre que ela se distraía e furava o dedo. Suas habilidades de costura eram as piores, mesmo praticando constantemente, mas ela sempre tentava dar o seu melhor quando se tratava de Jeff.
─── E como tá... como a Allison tá?
─── Ah, você sabe... como sempre. Ela parece doente, mas quando perguntei, ela falou que tava bem...
Andrea respirou fundo, limpando o lábio. ─── O que você almoçou? ─── questionou, querendo mudar de assunto.
─── Julia me deu um sanduíche. Ela disse que a mãe dela colocou mais um porquê ela come demais. ─── ele comentou com um riso engraçado.
─── É, Julia é uma gulosa, igual você. ─── ela sussurrou com um sorriso pequeno, limpando a lágrima que escorregou por seu nariz.
A relação de Andrea com a mãe nunca havia sido das melhores e piorou ainda mais com a ida dela para Hawkins. Se antes Allison não dizia mais que algumas palavras, agora ela não tinha vontade alguma de saber sobre o estado da filha mais velha.
─── Eu acho que eles vão se separar.
─── O quê? ─── ela questionou, confusa. ─── Por que você diz isso?
─── Eles andam estranhos por aqui... eu ouvi papai falar alguma coisa sobre uma viagem pro Canadá. Andy, eu não quero ir para o Canadá, não quero ir pra longe...
Fechando os olhos por alguns segundos, a Hopper mais velha não soube o que responder para o irmão mais novo. Ela tentou pensar em qualquer desculpa esfarrapada para que o fizesse parar de se preocupar, mas nada vinha em sua mente.
─── Você vai gostar de lá, pirralho. É bem mais divertido que Ohio, você vai ver.
─── Você vem também?
─── Eu... ─── ela umedeceu os lábios, pressionando os olhos com a ponta dos dedos; ela odiava mentir para ele. ─── Eu não posso, tenho aula ainda. Mas prometo que vou visitar você, ok?
─── Ok... quando você vier, pode trazer aquele jogo que me prometeu?! ─── ele pediu.
Andy, que mesmo sabendo que as chances de o ver novamente eram mínimas diante de tudo que aconteceu em Ohio, concordou com o pedido do garoto, como sempre fazia. Ele era a única fonte de esperança que ela tinha naquela cidade e a possibilidade de perder ele fazia seu coração se partir.
─── Eu preciso ir, mas... ahm... se comporta, tá bem? Eu vou tentar ligar amanhã.
Jeff se despediu da irmã mais velha, desligando o telefone e a deixando sozinha enquanto ela tentava conter o choro que estava preso na garganta. Respirando fundo por alguns minutos, ela fitou o aparelho por um momento, pesando os prós e contras da sua próxima ação, mas diante do estado em que ela se encontrava, não foi preciso uma análise profunda antes de ligar para Nancy.
─── Então... que horas é a festa?
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DEIXANDO A BICICLETA NO GRAMADO da residência Harrington, Andrea considerou dar meia-volta e ir embora dali, mas como odiava a idéia de ter que desmarcar com suas amigas, ela tocou a campainha. Fitando a madeira avermelhada enquanto esperava que alguém atendesse, ela arrumou o fone em seu pescoço antes de abraçar o corpo por causa do frio.
( ela pensava seriamente na desculpa que daria para o pai caso pegasse pneumonia por conta do frio. )
Quando a porta abriu, ela não foi recebida por Steve ou por Tommy, como esperava, mas sim por Nancy, que tentava conter o largo sorriso no rosto ao ver que sua amiga estava ali; apesar de Andrea ter dito que iria, ela ficou hesitante.
─── Que bom que você veio! ─── a Wheeler disse, a abraçando.
─── Alguém precisava fazer companhia pra Barb. ─── brincou, retribuindo o abraço antes de adentrar a casa. ─── Uau. Ser rico deve ser muito bom... ah, eu vi o carro da Barb durante o caminho, aconteceu alguma coisa?
A mais nova riu fraco, levando-a para a piscina, onde o resto do grupo ── Carol, Tommy e Barb ── estavam conversando e bebendo. Barb estava sentada em uma das cadeiras de descanso, enquanto Tommy e Carol se agarravam na beira da piscina, sem ter idéia de onde o Harrington poderia estar.
─── Achamos melhor assim... sabe, os vizinhos e tudo mais.
Andrea concordou levemente, franzindo a sobrancelhas com os gritos vindo da área externa. A morena cruzou os braços ao sentiu um leve arrepio por conta do frio, ela imaginou. Fitando brevemente a floresta por detrás da piscina com uma estranha sensação de deja vu, a Hopper deixou aquilo de lado ao pensar no quão assustador o lugar parecia durante a noite. Voltando sua atenção para o grupo, ela os cumprimentou brevemente com uma falsa simpatia que apenas ela sabia forçar, assim como Nancy havia pedido mais cedo.
A Wheeler se sentou em uma das cadeiras, observando o outro casal enquanto a Hopper puxou uma cadeira para perto de Barbara, que parecia tão entediada quanto ela ── Andy suspeitava que, se a situação fosse diferente e ela oferecesse a opção de escapar dali naquele momento, a Holland aceitaria sem pensar duas vezes.
─── Seus amigos são super divertidos. ─── sussurrou para a ruiva, que deu um riso fraco.
Ouvindo o som das portas de correr, Andy olhou por cima do ombro vendo que era Steve, carregando uma lata de cerveja e o que parecia ser um canivete, o usando para furar o fundo da lata antes de beber, sentando-se próximo de Nancy.
─── Impressionante. ─── murmurou tediosa ao ver Barb revirar os olhos para o rapaz. ─── Ei, você tá bem?
Ela acenou brevemente, desviando a atenção para Nancy, que havia se levantado com uma cerveja e o mesmo canivete de antes em mãos.
─── Tem certeza de que é uma boa idéia, Nance...?
─── Para de ser tão chata, Andy, deixa ela se divertir! ─── Carol reclamou, fitando-a por um breve momento antes de voltar a atenção para Nancy. ─── Você deveria aproveitar também.
A garota apenas suspirou baixo, observando a Wheeler beber o conteúdo da lata enquanto os outros três gritavam em incentivo. Ela jogou a cerveja no chão, fazendo uma estranha reverência antes de se virar para as duas amigas.
─── Andy...?
─── Eu vou voltar pedalando, não é uma boa idéia fazer isso bêbada... ─── respondeu baixo, roendo a unha do polegar enquanto sua perna balançava devagar, observando as árvores.
Poderia ser seu cérebro estúpido a traindo, mas ela tinha quase certeza de que já havia visitado aquela casa antes, mas não conseguia lembrar quando ou como. Ela nunca esteve ali no fundamental e com certeza não havia ido ali nos dois últimos meses, mas ainda assim tentava relembrar o momento em que viu aquelas mesmas sombras das árvores ou a beira da piscina.
Ela saiu de seu transe quando ouviu algo cair no chão, vendo que havia sido Barb derrubando uma lata de cerveja. ─── Você tá bem? ─── indagou preocupada, vendo-a apenas resmungar uma resposta positiva antes de perguntar à Steve onde era o banheiro, logo seguindo a direção indicada.
A morena olhou para Nancy em busca de explicações, que apenas deu de ombros, cruzando os braços. ─── Eu só tentei fazer ela se enturmar. ─── a mais nova explicou baixo antes de der interrompida pelo grito de Carol, que havia sido empurrada na piscina por Tommy.
─── Eu vou ver como ela tá. ─── suspirou, adentrando a residência.
Passeando pelos corredores, ela entrou na cozinha, olhando brevemente por cima do ombro para ter certeza de que estava sozinha antes de abrir a geladeira, balançando a cabeça ao ver o quão cheia estava.
─── Eles até têm aquele refrigerante caro...
Pegando uma lata, ela continuou sua procurar pela Holland, o que não levou muito tempo já que a adolescente estava no banheiro próximo da cozinha. Ela bateu levemente na porta que estava entreaberta, dando um pequeno sorriso para a amiga, que lavava a mão machucada.
─── Eu tô bem.
─── Eu não falei nada.
Ela riu fraco, olhando para a Hopper. ─── Eu conheço você, Andy... pergunta logo.
A morena respirou fundo, entrando no cômodo e fechando a porta, encostando-se na parede ao lado. ─── A gente pode ir embora se quiser. Eu sei que tá tão entediada quanto eu.
─── Não, eu preciso dar carona pra Nancy.
─── Eu tenho certeza de que o Steve ficaria mais do que feliz em levar ela, mas tá bem... ─── Andrea abaixou o olhar por um momento antes de fitar a ruiva novamente, com um sorriso de lado. ─── Você acha que vai rolar uma orgia entre eles?
─── Foi exatamente o que eu falei pra Nancy!
As duas riram, Andy fazendo companhia para Barb enquanto ela enrolava um lenço na mão machucada. Elas dividiram o resto do refrigerante antes da Hopper enrolar a lata em papel toalha e jogar no lixo durante seu caminho de volta para a piscina, vendo Barbara parada perto da escada.
─── O que foi... cadê a Nancy?
Tudo que a ruiva fez foi apontar para o andar de cima antes de retornar para a piscina, deixando a Hopper tomar suas próprias conclusões. Andrea a seguiu mais atrás e parou perto da porta, observando-a sentada na beirada da prancha, balançando os pés na água.
─── Você vai ficar. ─── ela constatou o óbvio.
─── Eu vou esperar por ela, mas pode ir se quiser.
─── Qual é, Barb, você vai ficar sozinha aqui enquanto eles fazem... eles fazem sei-lá-o-quê naquele quarto? ─── expressou descontente, cruzando os braços.
A ruiva deu de ombros, abrindo um fraco sorriso para a garota. Apesar de terem se aproximado apenas no início das aulas daquele ano, Andrea e Barbara se conheciam o suficiente para saber identificar cada pequeno sinal; Andy, naquele momento, sabia que por mais que Barb quisesse ir embora, ela não o faria por simplesmente ter algum tipo de obrigação moral com a Wheeler.
Por isso, por mais que Andrea quisesse convencer a garota à ir embora ao invés de esperar sozinha do lado de fora enquanto Nancy estava lá em cima com Steve, sabia que seria uma tarefa falha antes mesmo de começar.
─── Você pode pelo menos me avisar quando chegar em casa? Eu não ligo se for meia-noite, eu quero que me ligue, tá? ─── pediu, vendo a adolescente concordar fracamente. ─── Ok, então... boa noite, Barb.
─── Boa noite, Andy. Até amanhã.
A morena sorriu fraco e acenou para a outra antes de se virar, dando uma última olhada para a floresta atrás da piscina. Ela fechou a porta de correr, seguindo pelos corredores até estar na entrada da casa novamente, fechando a porta ao sair e indo até sua bicicleta jogada no chão.
Um farfalhar vindo das árvores chamou a atenção da garota, que ergueu a cabeça para tentar ver o que poderia ter sido, mas sua visão foi prejudicada quando as luzes da entrada piscaram algumas vezes antes de se apagarem. Dando de ombros, ela colocou os fones no ouvido e começou a pedalar de volta para casa, apenas esperando que o dia seguinte fosse um pouco mais calmo.
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