𝕮𝖆𝖕 2
Cap 2: Conhecendo dojôs
Maya e Samantha caminhavam pelos corredores do colégio, aproveitando cada minuto para colocar a conversa em dia depois de meses sem se verem. Ambas riam, lembrando de histórias antigas e falando sobre o que tinham feito no tempo em que ficaram distantes. O clima entre elas era leve e cheio de saudade.
De repente, dois garotos se aproximaram. Um deles era alto e de cabelo bagunçado, enquanto o outro era mais baixo, com uma expressão sempre despreocupada. O mais alto olhou diretamente para Samantha e começou a falar, sem notar a presença de Maya ao lado.
— Eu andei te procurando por aí. Viu a aula de hoje? Ainda bem que eu estudei muito naquela atividade… — Ele dizia casualmente para Samantha. No entanto, ao virar o rosto e perceber Maya ali, seus olhos se arregalaram em surpresa. — Pera... Maya?
Maya tinha uma presença marcante. Costumava ser popular, especialmente quando estava ao lado de Moon e Yasmine por conta de sua amizade com Samantha. Demitre, que a conhecia de vista, sempre a admirara de longe, sentindo uma espécie de "paixão de adolescente" pela garota que parecia inatingível.
Antes que pudesse responder, Nate, o outro garoto, inclinou-se levemente para Demitre e murmurou baixo:
— Nossa... que gata...
Samantha sorriu, percebendo a reação dos dois, e decidiu apresentar oficialmente a amiga.
— E aí, Demitre, e aí, Nate. Sim, é a Maya. Ela voltou depois de uns meses fora — Samantha explicou.
Demitre balançou a cabeça, tentando se recompor, mas não conseguia desviar os olhos de Maya. Ainda estava chocado por vê-la ali, tão de repente, como se tivesse saído de uma memória antiga.
— Ah... beleza... — respondeu ele, ainda com um olhar fixo, sem conseguir esconder a admiração. Ele se lembrava de como já tinha sido apaixonado por ela, mesmo que aquilo não passasse de um sentimento adolescente e um tanto idealizado.
Maya, por outro lado, olhou para Samantha, com uma expressão de leve curiosidade.
— Quem são eles? — perguntou.
Demitre fingiu estar ofendido e colocou uma mão no peito, numa reação exagerada, tentando trazer um pouco de humor para a situação.
— Tudo bem, isso só feriu meu ego um pouquinho... Mas já estou acostumado a não prestarem atenção em mim — brincou, arrancando uma risada de Samantha.
— Maya, eles são Demitre e Nate. São do Miyagi-Do e também meus novos amigos — Samantha apresentou formalmente, lançando um olhar de cumplicidade para Demitre.
Maya acenou, compreendendo.
— Entendi...
O sinal indicando o intervalo tocou, e Samantha olhou para o refeitório.
— Já vai dar o intervalo. Vamos para o refeitório. Até depois, Demi e Nate — disse ela, puxando Maya pelo braço.
Demitre ficou parado ali, observando Maya se afastar. Seu olhar não piscava, como se ainda não acreditasse que ela estava de volta. Ele parecia preso na imagem dela, encantado e nostálgico ao mesmo tempo.
Ao lado, Nate deu uma risadinha e bateu de leve no ombro dele.
— Aí, cara, melhor desistir, ela é gata demais pra você.
Demitre soltou um suspiro resignado, mas sem tirar os olhos de Maya.
— É, eu sei — murmurou, ainda com um leve sorriso.
[...]
Depois de se servirem com as bandejas, Samantha e Maya escolheram uma mesa no refeitório e se sentaram. O ambiente estava barulhento como de costume, com estudantes conversando animadamente e o som ocasional de bandejas sendo arrastadas nas mesas. A conversa entre as duas era casual, mas havia uma expectativa no ar, especialmente da parte de Samantha.
Samantha inclinou-se um pouco, observando Maya com interesse enquanto mexia na comida com o garfo.
— Então... você pretende voltar para o karatê? — perguntou, sem disfarçar a curiosidade.
Maya suspirou e deu de ombros, pegando um pedaço de salada.
— Sim, percebi que nunca deveria ter parado. Provavelmente irei voltar — respondeu, entre uma garfada e outra, como se fosse algo óbvio.
Samantha sorriu, animada com a resposta.
— E... já sabe de que dojô vai fazer parte?
Maya franziu o cenho, olhando para Samantha com uma expressão de leve dúvida.
— Dojô? Não costumo trabalhar em equipe. Prefiro lutar sozinha mesmo. — Sua voz era firme, revelando sua independência e autoconfiança.
Samantha assentiu, como se já esperasse essa resposta, mas não desistiu de tentar convencer a amiga.
— Entendi... mas estava pensando em você entrar para o dojô do Miyagi-Do. Iríamos te receber de braços abertos, e você sabe que nossos pais nem têm mais aquela rivalidade tão grande como na adolescência.
Maya hesitou, mexendo a comida na bandeja com o garfo, ponderando a ideia. Antes que pudesse responder, um barulho alto ecoou no refeitório, interrompendo sua linha de pensamento. Elas viraram-se para a origem do som e viram alguns garotos do outro lado do salão rindo e empurrando a bandeja de um garoto nerd, que agora estava caída no chão, espalhando comida por todo lado. Entre eles, destacava-se um garoto com um moicano vermelho.
Samantha revirou os olhos, claramente incomodada com a cena, e voltou a comer, mas Maya continuou observando.
— Quem são aqueles? — Maya perguntou, o tom curioso e ligeiramente irritado.
Samantha olhou de relance para os garotos, o rosto com uma expressão de desdém.
— Aqueles? Uns idiotas do Cobra Kai. Aquele ali é o Falcão, praticamente o líder deles.
Maya ergueu uma sobrancelha, surpreso ao ouvir o nome. Ela lembrava-se vagamente de Falcão. A lembrança de uma luta veio à sua mente, da vez em que o derrotou na semifinal do torneio regional.
— Ah, acho que me lembro bem dele — disse, um tom de ironia em sua voz.
Samantha deu um sorriso amargo.
— Ele não era assim antes, sabe? Era um cara legal. Mas se tornou isso depois de entrar para o Cobra Kai.
Maya olhou mais uma vez para Falcão, observando-o enquanto ele liderava os amigos em risadas e zombarias. Havia algo sombrio e cheio de atitude no jeito que ele se portava agora.
— Pelo visto, esse dojô não é boa influência mesmo... — comentou, franzindo levemente o rosto em desaprovação.
Samantha concordou com um suspiro resignado, sem tirar os olhos de Maya.
— Sim…
[...]
Na volta para casa, Maya entrou no carro de seu pai, Mike, que esperava pacientemente na frente do colégio. Ao abrir a porta, ela jogou a mochila no banco de trás e se acomodou no banco do passageiro. Mike deu uma breve olhada para a filha enquanto dava a partida, notando seu semblante tranquilo, talvez um pouco cansado.
Enquanto o carro começava a se mover, ele quebrou o silêncio.
— E então? Como foi o dia de hoje? — perguntou, com um tom casual, mas curioso.
Maya deu de ombros, olhando pela janela e observando os prédios do colégio se afastarem.
— Normal. Confesso que não senti tanta falta dessas aulas. — Ela fez uma pausa e sorriu. — A parte boa foi a Sam.
Mike arqueou uma sobrancelha ao ouvir o nome e soltou um leve suspiro, com uma expressão que revelava certo desconforto.
— A filha do LaRusso, né? — Ele pronunciou o nome com um leve toque de desprezo, quase como se o som lhe causasse um certo desconforto.
Maya percebeu a expressão no rosto do pai e virou-se para ele, defendendo sua amiga com um tom de voz firme.
— Sim... ela. Mas ela é muito mais legal que ele, você sabe disso. Ela não é igual a ele.
Mike não respondeu imediatamente. Seu olhar voltou-se para a estrada, e ele apenas assentiu brevemente, preferindo se concentrar na direção. O silêncio entre eles ficou mais denso, e Maya percebeu que talvez tivesse tocado em um assunto delicado. Após alguns instantes de quietude, ela respirou fundo, tomando coragem para falar sobre algo que vinha considerando desde o reencontro com Samantha.
— Pai... estava pensando em voltar a treinar karatê.
Mike olhou para ela de relance, e um leve sorriso surgiu em seu rosto. Ele assentiu, claramente satisfeito com a ideia.
— Acho isso uma excelente ideia.
Maya hesitou, mexendo nos dedos enquanto organizava seus pensamentos. Ela sabia que a próxima parte poderia incomodar o pai.
— Mas... a Sam me convidou para o Miyagi-Do.
O sorriso de Mike desapareceu, substituído por uma expressão tensa. Ele continuou dirigindo, mas o desconforto era visível em seu rosto. Ele balançou a cabeça ligeiramente, como se tentasse assimilar o que acabara de ouvir.
— O dojô do LaRusso? — Sua voz soava cética, quase incrédula. — Sério que quer treinar lá?
Maya olhou para ele, decidida a esclarecer seus motivos.
— Eu não sei, pai. Já aprendi bastante com o seu tipo de karatê, mas estava pensando em aprender alguma coisa nova... — Ela falava com sinceridade, querendo que ele entendesse sua necessidade de explorar outras técnicas e perspectivas.
Mike ficou pensativo, o olhar fixo na estrada à frente. O silêncio se instalou novamente, enquanto ele ponderava as palavras de Maya. Finalmente, após alguns segundos, ele suspirou e decidiu responder com calma.
— Maya, você quem decide. Se quer isso, então estarei aqui para te apoiar.
Ao ouvir as palavras de apoio, um sorriso se formou no rosto de Maya. Ela olhou para o pai, grata por sua compreensão. Mike, por sua vez, retribuiu o sorriso, relaxando um pouco mais enquanto continuava a dirigir. O clima no carro ficou mais leve, e eles continuaram o trajeto em silêncio, mas com uma conexão ainda mais forte entre pai e filha.
Continua...
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