1.9
SEIS ANOS ATRÁS
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Estar no último ano do ensino médio era certamente uma das piores coisas que poderiam acontecer com uma garota de dezessete anos, você simplesmente queria morrer enquanto se esparramava mais contra a cama, não queria ir para a escola, apenas queria que sua mãe lhe ninasse nos braços e tomasse conta de você, já havia perdido as contas de quantas vezes havia acordado e chorado silenciosamente no meio da noite para não acordar Lia que dormia na cama ao lado, odiava ela, odiava, odiava, odiava, sufocaria a irmã gêmea durante a noite se aquilo não fosse considerado um crime.
Ela e Osamu haviam começado a namorar oficialmente e você simplesmente não sabia como seguir com aquela situação, de certo modo ela sempre teve mais chances do que você, mas mesmo assim aquilo a transformava em uma irmã horrível por namorar com ele mesmo sabendo que você era apaixonada pelo acinzentado desde o jardim de infância.
— Levante a bunda da cama, (Nome), não quero chegar atrasada por sua culpa — a garota de cabelos extremamente cacheados murmurou enquanto se encarava no espelho arrumando a maquiagem, você bufou irritada se enfiando mais dentro das cobertas —, vamos lá, eu sei que você tá brava mas logo passa, o Atsumu disse que topa se você topar.
— Não quero ir em um encontro com o Atsumu, não quero ir pra escola e não quero ver você, vai embora.
Murmurou de modo mau humorado se escondendo mais ainda contra as cobertas, sua irmã gêmea suspirou pesadamente andando em sua direção antes de jogar o corpo contra o seu, você resmungou baixinho se sentindo ser completamente esmagada, nunca havia sido uma pessoa muito forte, afastou o cobertor do rosto se detendo com Lia que tinha um sorriso divertido em lábios, ela tocou seus narizes de modo carinhoso arrancando um riso baixo de seus lábios.
— Não quero ficar brigada com você por causa de um garoto, se quiser termino com ele.
Ela disse afastando o rosto devagar, você revirou os olhos antes de negar com a cabeça.
— Não precisa de tudo isso, daqui a pouco eu me acostumo, você gosta dele desde o jardim de infância, nem ouse voltar atrás agora... não é como se ele fosse me querer só porquê você negou de qualquer jeito — murmurou de maneira tristonha, sorriu fraco —, eu não sou você no fim das contas.
— Lia é Lia e (Nome) é (Nome).
— (Nome) é (Nome) e Lia é Lia.
Repetiu, vocês se olharam antes de começarem a rir, era o bordão que possuíam desde a infância quando confundiam vocês duas, nos dias atuais não era algo mais necessário, Lia era simplesmente excepcional demais, você apenas vivia na sombra da irmã gêmea, estava confortável daquele modo, nunca havia sido uma adolescente extrovertida, gostava quando Lia tomava o controle por vocês.
— Vamos para a escola, okay? Dê uma chance para o Atsumu, ele é bonito também.
— O Atsumu não gosta de mim, ele só quer me usar pra te esquecer — você murmurou revirando os olhos fazendo com que sua irmã fechasse o rosto em uma expressão mau humorada —, vamos saia de cima e deixe eu me arrumar.
Murmurou com a voz cansada e ela apenas concordou com a cabeça saindo de cima de seu corpo rapidamente lhe dando espaço para se levantar da cama; você suspirou de modo preguiçoso praticamente se rastejando em direção ao guarda-roupa pegando o uniforme da escola composto pela saia preta, camisa social e um casaco da mesma cor da saia, arrancou o pijama de gato ali mesmo vestindo o uniforme de modo desleixado e andando até o banheiro, escovou os dentes e lavou o rosto com a água quente, pegou a própria paleta de sombras escuras esfumando os olhos com um tom preto, arrumou os cabelos de qualquer jeito os deixando levemente bagunçados de propósito, deixou o banheiro em passos rápidos até o quarto. Sua irmã gêmea bufou lhe encarando ali.
— Céus, (Nome), quer que eu te ajude a se arrumar?
Lia indagou cruzando os braços sobre o abdômen, arqueou uma das sobrancelhas bem feitas, você revirou os olhos de maneira irritada antes de mostrar o dedo do meio para ela deixando o quarto em passos preguiçosos, andou até a sala calçando os coturnos pretos em seus pés. Sua mãe esperava vocês duas do lado de fora da casa, tinha uma expressão cansada e um roupão felpudo envolto ao seu corpo.
— Vamos entrem, vão para a aula de teatro depois da escola?
Ela indagou por entre um bocejo e Lia apenas concordou com a cabeça devagar enquanto adentrava no carro, você a seguiu se sentando ao lado da gêmea, não demorou muito para que a mulher voltasse para dentro do veículo dando partida no mesmo traçando o caminho em direção a sua escola, a mulher falou durante todo o curto percurso sobre o que deveriam fazer com a casa quando ela voltasse para Alemanha com seu pai.
"Vocês já tem idade o suficiente para se virarem sozinhas, sei que não querem sair do Japão".
Realmente não queriam morar fora, principalmente fora de Hateruma, poderia ser um lugar pequeno mas mesmo assim era simplesmente incrível, todos os seus amigos de infância se encontravam ali; não demorou muito para que chegassem na escola, se despediram da mulher de aparência cansada com um beijo na bochecha antes de simplesmente pularem para fora do carro, andaram praticamente de braços grudados até a entrada do colégio de três andares antes que Lia se soltasse de você correndo até o seu próprio grupo de amigas. Suspirou pesadamente enfiando as mãos nos bolsos pegando o iPod azulado com os fones os colocando de qualquer jeito nos ouvidos escutando Arabella do Arctic Monkeys, havia sido lançada a pouco tempo e mesmo assim já havia virado uma de suas músicas favoritas.
Andava por entre os corredores com uma expressão nada boa em rosto quase como se gritasse para que ninguém se aproximasse, praticamente marchou com seus coturnos até o armário o abrindo com cara de poucos amigos quando sentiu alguém lhe abraçar por trás, olhou por cima do ombro com o canto dos olhos se detendo com o loiro, bufou irritada.
— O que você quer, Atsumu?
— Cigarro, tem um?
Você concordou com a cabeça devagar apontando com o polegar para o bolso da mochila.
— Na parte de trás — suspirou o vendo abrir o bolsinho e retirando de lá a caixinha preta a guardando no bolso, você sorriu fraco girando o corpo em direção ao o do garoto, cruzou os braços sobre o abdômen —, não tô afim de ir pra aula hoje, quer pular o muro?
— Quer pichar a parte de trás da prefeitura? Eu trouxe tinta.
Ele disse de modo convencido balançando a mochila fazendo com que um som metálico se fizesse presente, você sorriu antes de concordar com a cabeça, não demorou muito para que você o garoto saíssem de maneira discreta da escola pulando os muros altos da mesma, Atsumu pegou um de seus fones o colocando sobre a própria orelha antes de revirar os olhos, você franziu o cenho irritada.
— Nem pense em pedir, não vou mudar de música, virou minha favorita.
— Sei bem que virou sua favorita, está ouvindo ela a duas semanas direto — ele murmurou, agarrou seu braço antes de apontar para a prefeitura não muito longe, riu baixinho —, bem ali, não faça barulho.
Sussurrou enquanto atravessavam a rua em direção ao prédio enorme da prefeitura andando até a parte de trás do mesmo, você quis rir ao ver a parede completamente branca, impecável. Atsumu jogou a mochila no chão antes de a abrir retirando de lá algumas latas de tinta spray, você sorriu de maneira divertida enquanto arrancava a caixinha de cigarros do bolso do amigo e o isqueiro prateado acendendo um cigarro preto por entre seus lábios estendendo um para o loiro que agradeceu baixinho o tomando por entre seus lábios antes de lhe entregar uma das latas de tinta spray.
— O que escrevemos?
Indagou enquanto balançava a latinha em mãos, Atsumu deu de ombros soltando a fumaça por entre os lábios.
— Morte ao fascismo ou alguma merda do tipo.
Ele murmurou enquanto cerrava os olhos jogando a tampa no chão, você concordou com a cabeça escrevendo algumas frases avulsas na parede da prefeitura enquanto soltava a fumaça do cigarro em lábios, escreveu um grande "O sistema é podre", mesmo que não fizesse a mínima ideia do que queria dizer com aquilo, não tinha nada contra a política atual, era neutra, Atsumu ao contrário era um completo revolucionário.
— Me deixe subir nos seus ombros, vou escrever mais em cima.
Disse acenando com a mão, o loiro obedeceu de prontidão se abaixando, você passou as pernas sobre os ombros do garoto se equilibrando sobre ele, Atsumu se levantou devagar com você agarrando suas coxas com força para que não caísse, você suspirou assustada antes de segurar mais forte a latinha em mãos, fez o símbolo antifascista mais acima já que o prefeito local era de extrema direita, Atsumu riu baixinho causando cócegas contra o interior de sua coxa.
— (Nome), você é demais.
— Eu sei.
Murmurou de maneira convencida antes de começar a escrever outra coisa, o garoto loiro estava prestes a dizer algo quando escutaram passos próximos a si, viraram o rosto para o lado de automático se detendo com o policial de sempre, ele cruzou os braços quase como se estivesse acostumado com aquela cena.
— De novo? Essa já é décima vez, se correrem eu vou usar o cacetete já deixo avisado.
— (Nome), porra, desce, desce, desce!
O loiro gritou quase que desesperado, você desceu o mais rápido que pôde pegando sua mochila e correndo para longe da prefeitura juntamente do loiro como se sua vida dependesse daquilo, riam de maneira alta enquanto o policial lhes xingava correndo atrás de vocês, não demorou muito para que o despistassem pulando pelo muro de uma casa qualquer; vocês se olharam de maneira ofegante antes de começarem a rir.
— Você é doido, Atsumu, doido de tudo.
Murmurou rindo, ele sorriu lhe fitando ali, encolheu os ombros antes de correr os olhos por seu rosto, ficou sério.
— Posso te beijar?
Indagou com a voz baixa, você respirou antes de concordar com a cabeça devagar, encolheu os ombros.
— Só não conte pra ninguém.
— Não vou.
Ele sussurrou antes de aproximar o rosto do seu juntando seus lábios com cuidado, você ficou nas pontas dos pés passando uma das mãos por trás da nuca do loiro, ele sorriu levando as mãos até sua cintura a apertando de leve enquanto lhe empurrava contra o muro da casa, você arfou baixinho arranhando de leve a nuca do garoto, afastaram os lábios de modo assustado quando escutaram um grito alto.
— Policial, eles estão aqui dentro!
Uma mulher de certa idade murmurou, vocês se olharam de modo quase que desesperado enquanto se afastavam prestes a sair correndo quando o policial de antes lhes agarrou pelo colarinho os arrastando para longe do local para que fossem a delegacia pela quinta vez no mês.
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P R E S E N T E
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— Esse foi o primeiro beijo da (Nome), ai vou fazer xixi nas calças — Atsumu murmurou rindo já completamente bêbado batendo a mão contra as costas de Bokuto que apenas riu mais alto ainda jogando a cabeça para trás; você revirou os olhos de maneira divertida se encolhendo mais contra o corpo do namorado que lhe abraçava por trás —, acho que ela pegou trauma de beijar depois disso porquê ela nunca mais beijou ninguém, só você.
— Cale a boca, Atsumu! Nossa te odeio, vai se foder!
Gritou envergonhada sentindo suas bochechas queimarem, Bokuto sorriu de maneira divertida beijando sua nuca com cuidado arrancando um arrepio suave de seu corpo; o clima havia ficado um pouco estranho depois das palavras de Osamu mas como sempre o homem de cabelos loiros havia conseguido dar um jeito naquela situação, seu gêmeo estava mais ao longe deitado de costas contra a areia fitando o céu.
— Gatinha, por que você não fala muito sobre você?
Ele indagou com a voz levemente magoada, aquela altura Atsumu já havia desmaiado contra o lençol, você sorriu fraco girando o corpo ficando de frente para o homem de cabelos acinzentados, encolheu os ombros sem saber muito bem o que dizer correndo os olhos contra o rosto do mais velho.
— O que você quer saber?
— Tudo.
— Tudo?
— Uhum, tudo, quero saber tudo sobre a garota que eu gosto.
Ele murmurou baixinho arrancando um riso fraco de seus lábios, concordou com a cabeça devagar juntando seus lábios com cuidado o beijando de modo carinhoso.
— Conto tudo o que quiser depois que você me ajudar a preparar o jantar, prometo.
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