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"Quando se tem a possibilidade de ser feliz, agarre. E não permita que tirem de você."

Poucos segundos pareciam horas, ninguém falava nada, a tensão de não saber para onde iriam e a espera do restante do grupo, corroendo até os ossos dos assaltantes, que permaneciam na água, os olhos temerosos com a ideia de ser pegos pela polícia ou de algo acontecer com seus amigos.

Amara estava ao lado de Rio, as vezes suas mãos se encontravam brevemente, aquecendo seus corações, e os lembrando de seus propósitos, por instantes, antes de incerteza voltar a reinar suas mentes.

Ela sentiu a ondulação na água, antes de virar seu corpo em direção de dois de seus amigos, e ela se sentiu aliviada por Nairóbi e Helsinque, mas tremeu em ansiedade e medo por Berlim, a apuração tomou conta de seus sentidos, e nem precisou se forçar a entender o que diziam, sabia que ele iria se sacrificar por algo.

Algo se aguçou em seus sentidos, sua garganta parecendo fechar em angústia, seu queixo tremeu e ela sabia não ser frio.

Só sentiu que estava andando quando Rio a segurou pela cintura, sabendo o que a namorada faria, ela se forçou contra o corpo do maior agitada, querendo a todo custo seguir Seul.

—— Não pode ir! Amara, você não pode —— disse o Hacker com medo, ainda segurando a namorada, a forçando a observar seu rosto e como estava assustado com a ideia de sua partida, os dois tinham os olhos marejados. —— se você for, vou também, e então vamos morrer juntos.

Amara suspirou triste, ela nunca poderia arrastar Rio para o que cogitou de forma impulsiva, agarrou o corpo do namorado com força, as últimas palavras que Berlim destinou a ela em sua mente. Não importava o que pensasse, não voltaria para aquele túnel, e tal convicção doeu.

Claro que Berlim daria sua vida pelo plano, que Seul iria o seguir, porque o amava. Amara também o amava, tanto que a explosão a atingiu como um soco, desferido diretamente em seu peito.

Seu corpo estremeceu, e sentiu o namorado a abraçando com força, acariciando seus cabelos, sentindo cada soluço e ficando aliviado quando ela apenas parou de chorar, aceitando a realidade, e entendendo que seguiria sem o norte-coreano.

Ela tinha o rosto vermelho, o lábio inferior tremendo e olhos vazios quando o encarou. Rio desejou tomar toda sua dor e tirar aquele sentimento ruim dela.

A verdade é que o Hacker não entendia o porque da namorada amar tanto o antigo líder, Rio o respeitava, mas não tanto quanto Amara, ela via algo nele de especial, não de forma romântica, e sim genuína, os dois criaram uma amizade estranha e inesperada, com muito respeito e originalidade, e todos ali sabiam disso.

A polícia encontrou sua rota de fuga, e logo todos estariam presos, dando depoimentos, antes de nunca mais verem o sol. Mas a estudante de artes aprendeu algo naqueles dias, e era que o professor, faria de tudo por aquela equipe.

Se lembrava da conversa que tivera com Berlim dias antes, quando o homem a contava sua história de vida, ou melhor, uma parte dela.

"Meu nome é Song Jungo, e vou te contar como virei sobrevivente."

Amara se lembrou do trabalho do pai deles, sobre os túneis, e também sobre o quanto seu amigo havia sofrido no campo de concentração. A Kim se recusou a pensar muito, evitando grandes emoções, enquanto corriam até a saída daquele labirinto de túneis, esperando pelo momento em que sentia a tão esperada liberdade.

Não importava o quanto tivesse imaginado aquele momento, não esperava por algo tão grandioso quanto sentir aquilo. O ar puro, o sol a pouco de se por, enquanto corriam até o restante do grupo, com tudo o que haviam conquistado.

As perdas durante o caminho que sempre iriam marcar suas mentes, todos os rostos amigáveis e familiares, sorrindo para a vitória do grupo de ladrões, que desafiou as duas Coreias, e ganhou.

Amara quase largou a grande bolsa que carregava, sorrindo aliviada para Rio, ela não ouvia sons, mas imaginou que deveria ser de muita alegria.

—— A gente conseguiu, Amara!

Eles haviam conseguido o que chamariam de impossível, e ela teve vontade de pintar um quadro daquele momento, o chamaria de "Vitória", cima deles, os rostos dos que foram deixados para trás, um marco pequeno de uma trajetória enorme pela frente.

Mas sair pelo túnel era apenas uma parte da fuga, e logo depois de um longo, e merecido, abraço em grupo, o Professor os lembrou, que tinham que continuar a correr.

Eles corriam contra o tempo na estação ferroviária, passavam as malas pesadas e repletas de dinheiro para o interior do trem, o sol já estava se pondo, e o Professor acertava os últimos detalhes da fuga, enquanto Amara se juntava a Misun em sua pequena tarefa.

Todos vestiam de roupas iguais, macacões azuis escuros, e camisas cinzas, após passarem todo o dinheiro, se dividiram para utilizar o banheiro rapidamente, tentando manter imagens de cidadãos inocentes.

A mulher, agora não mais Kim, sem sobrenome no momento, conhecida como Amara, observou em seu reflexo uma nova história a ser escrita, novos cenários a serem descobertos e pintados. Conseguia se sentir mais leve, como se tudo estivesse indo para seu devido lugar, até mesmo ligações milagrosas.

Todos se reuniram perto do professor, esperando pelo momento em que partiriam dali, Amara estava novamente entre Rio e Denver, se sentindo minúscula entre eles, porém, não menos forte. Estariam partindo em breve, e seriam procurados internacionalmente, um grupo de assaltantes fodões.

A mulher se soltou do namorado quando um dos companheiros citou o comando "chefe", ela ofegou enquanto se aproximava aos poucos, tentando saber se havia entendido mal ou se realmente, existia a possibilidade de que Berlim estivesse vivo.

E quando teve a confirmação, pode sorrir aliviada, se deixando envolver por mais um abraço em grupo, onde pode soltar lágrimas, desta vez de alegria.

—— Ele tá vivo, Amara! —— repetiu o professor, rindo enquanto segurava as bochechas da garota que acenava tão alegre quanto. —— vivo!

A mulher gargalhou, abraçando o líder do plano, seu riso fazendo Misun gargalhar também. O homem de óculos abriu os braços para Rio, e o grupo pareceu achar uma boa ideia comemorar em meio a um abraço forte e muitas risadas.

A noite já tomava conta dos céus, e o grupo esperava apenas pelo cérebro para andar, Amara não tinha certeza, mas pensava e muito que o homem estava a espera de algo, com esperança de que alguma coisa viesse a seu encontro. Tóquio e ela trocaram um breve olhar, antes da norte-coreana ir em direção ao mais velho, tomando a iniciativa de uma conversa.

A mulher, sentada ao lado de Misun, sentiu um tremor quase familiar, indicando que logo iriam entrar em movimento.

Denver, foi o primeiro a correr em direção a porta com uma arma em mãos, parado pela própria Amara e Tóquio, que pareciam ser as primeiras a notar que o professor precisava daquilo, uma demonstração de que tudo o que haviam passado, tinha um propósito e era real.

A sul-coreana não precisava da história completa para saber que a Inspetora Woojin estava apaixonada pelo chefe da operação, muito menos ser totalmente recíproco.

O grupo voltou a se sentar com calma, a espera do último integrante ali presente, sentindo a sensação de liberdade crescente.

Tudo bom?

Faltam dois capítulos para o fim da fanfic.

AAAAAAAAAAAAAAAAA

Eu amo a Amara e vou sentir muita falta de a acompanhar.

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