024
"Merry Christmas Harry"
[Ron Weasley]
Imprevistos são, na verdade, previstos em planos, quer dizer, sabemos que pode ocorrer, só não temos ideia de quando ou como. A velocidade em que algo te tira do foco pode ser destrutiva, o impacto repentina assusta, e se ficar paralisado, bem, então já era.
O coração de todos nós está na mira dos atiradores. Mas o verdadeiro medo surge não quando a bala atinge você, mas sim alguém que você ama.
Amara não tinha um bom relacionamento com Moscou, mas não havia qualquer problema com ele. O homem era, assim como todos os outros assaltantes, parte de sua família. A Kim amava Denver, e vê-lo desesperado por ajuda, as mãos repletas de sangue do próprio pai e medo evidente em seu rosto, assombraria seus sonhos por várias noites.
Ela estava prestes a ter um ataque de pânico ali dentro, ou sentia isso, estava entre Denver e Berlim, observando Moscou entre a vida e a morte. Os policiais não iriam ajudar, o túnel não estava acabado, não exista uma saída clara, naquele momento.
Ao menos, pensava a garota, não estava surtando como o namorado.
Sempre soube que Rio era o mais sensível do grupo, e amava aquilo, mas sendo honesta consigo mesma, a Kim não estava gostando nada daquilo. Observou com atenção quando o Hacker começou seu discurso sincero, ele parecia chateado de ser deixado de lado no plano dos irmãos.
Amara entedia o motivo do surto, sabia que ele estava com medo, mas não conseguiu se impedir de ficar cansada daquele discurso. Até ela, que não havia estudado o assalto, sabia as respostas da maioria das perguntas feita por ele.
Precisavam sim do apoio do público, tinha que parecer uma revolução, não era egoísmo do Professor e muito menos de Berlim. Sem a população do lado deles, aquilo seria um massacre, o povo tinha que saber estar sendo enganados, deveriam ter aquele pontapé inicial para tomar frente da situação. Não precisava ser uma gênia para entender aquilo, ninguém contou a ela, só teve que pensar com clareza.
Qualquer pessoa que pensasse por cinco minutos, sabia que os ânimos estavam à flor da pele na casa da moeda, e se usassem ainda mais sua inteligência, saberiam que todo o surto de Rio deveria ser ignorado. E foi exatamente isso que Amara fez.
Moscou prometeu que ficaria bem, e Denver, movido pela adrenalina de salvar o próprio pai, separou o grupo em partes e chamou Helsinque para o túnel.
Amara estava tão nervosa quanto Tóquio e Berlim, mas, assim como os dois, ela confiava no ideal inicial de tudo, e seguiria aquilo em que confiava. A Kim cogitava, as escondidas de sua mente, arrastar o namorado teimoso consigo, mesmo que a força.
Logo, Amara se juntou a Nairóbi nas impressões novamente, colocando as notas recém impressas em carrinhos, destinados ao cofre, onde o verdadeiro túnel estava sendo cavado.
Ela levantou o olhar quando sentiu que a amiga dizia algo a alguém, nem escondendo o desgosto ao notar ser o ex de Misun ali, a Kim pensou seriamente em levantar sua arma ali mesmo e quebrar o nariz do homem, quando Anne apareceu.
—— Porque você não foca no seu trabalho, e cala a boca? Ninguém aguenta mais, ouvir a sua voz.
Amara sorriu orgulhosa, bem, ela não ouvia, mas agradeceu a intervenção, odiava o homem, quase, como odiava o policial infiltrado de antes.
—— Deveria falar com sua irmã —— sugeriu Nairóbi pouco depois, ganhando um acenar do cara ao lado. —— logo vamos embora daqui, e nunca mais vai vê-la.
A realidade batia a porta da casa de vidro que Amara criou por anos, uma vida nova estava a seu aguardo, mas para isso, tinha que deixar algumas coisas para trás e na ponta desta lista, estava gravado o nome Anne Kim.
Não foi difícil achar a irmã, estava empacotando algumas novas notas, tão concentrada que não viu mais velha atrás de si.
Amara a viu crescer, sorriu quando foi apresentada a caçula, chorou muito quando Anne machucou o pé na aula de ballet, serviu se conselheira amorosa por anos, cuidou de todas ressacas, ajudou a estudar para provas. A amou, confiou tudo de sua vida a ela, e agora seguiriam caminhos distintos, nunca mais acompanharia seus passeios escolares, assistiria a filmes de terror juntas ou compartilhariam paixões platônicas.
Ela bateu três vezes na mesa ao lado, chamando a atenção da caçula, ambas suspiraram em conjunto, era o início do fim da história delas, e aquilo era muito doloroso de se aceitar.
—— Você o ama?
—— Muito —— sinalizou Amara sorrindo, estavam sentadas em um corredor qualquer, iluminadas por algumas velas que colocaram ali. —— Eu me sinto livre.
Anne baixou a cabeça engolindo em seco, a realidade batendo contra ela.
—– Tem certeza de que não é uma paixão qualquer? —— tentou agitada —— Talvez só esteja com medo e confundiu as coisas. Acontece né? Assistimos um filme assim a três meses.
—— Anne —— Amara chamou com as mãos afobada, respirando fundo, sincera. ——Não é Estocolmo —— afirmou solene, achando graça de usar o termo —— nunca tive medo dele, ou me senti em perigo, esse grupo me faz lembrar que mereço viver.
—— Mas você pode viver sem ser uma foragida, lá em casa
—— Não posso, porque, Anne —— parou tentando formular seu discurso, um olhar suave no rosto. —— nunca me senti em casa, me sinto presa. Eu te amo, mas lá, só vivo em torno de você, não posso me priorizar, poxa, sou julgada até pelo curso que escolhi.
Anne observou como os olhos da irmã se encheram de lágrimas, como a mais velha, que a protegia de tudo, cuidava dela a todo momento, precisava ser amada, merecia a chance de ser feliz, sem tê-la por perto.
A mais nova puxou Amara para um abraço necessitado, em que ambas choraram com força, agarradas uma a outra pelo que parecia ser a última vez em suas vidas.
—— Sua decisão vai mudar toda sua vida Amara, espero que saiba o que está fazendo —— A Kim mais velha acenou, limpando o rosto dos rastros salgados, parecia aliviada, e Anne desejou, de coração, que sua irmã alcançasse sua liberdade. —— Eu amo você Amara, e sei que merece ser feliz, então, se existe uma única possibilidade de que consiga, então vá. Prometo que vou deixar de fazer besteiras, que te darei orgulho, onde quer que você esteja —— ergueu o mindinho, unindo em uma promessa fofa —— seja livre.
"Eu serei".
As irmãs ficaram juntas, naquele corredor quase escuro, aproveitando o que sabiam que seus últimos momentos juntas. Ambas suspirarem em resignação quando Nairóbi apareceu chamando a mais velha, e ela soube, enquanto corria ao lado da nova amiga, que veria outra pessoa amada morrer.
Moscou provavelmente tinha uma hemorragia interna, seus órgãos falhando e a perca de sangue afetando seu estado, nada clínico.
Amara sentiu o joelho bater contra o chão, se jogando ao lado de Rio, outro membro em tão poucas horas, ninguém ali, nunca, estaria pronto para aquela maré de tristeza que os abateu. A Kim mal conseguia enxergar através de seus olhos repletos de lágrimas, agarrando-se a Rio em meio um abraço doloroso.
•
O casal estava sentado às escadas, a cabeça de Amara usando o ombro do namorado como apoio, seus olhos desfocados da realidade, só notando que Tóquio estava ali quando Rio a viu. A sul-coreana decidiu não se meter na conversa, mas prestou atenção em tudo.
Como a norte-coreana realmente seguiria e confiava no Professor, e como Rio continuava temeroso com uma falha.
Amara seguiu Rio quando o mesmo desceu, enviando um pequeno sorriso a amiga, ela impediu que o namorado andasse muito, decidindo ser uma boa hora para que contasse o que sentia sobre o assunto.
"Eles são sua família"
—— Amor, do que estamos falando agora? —— o Hacker perguntou, realmente confuso com o frase, Amara levantou a mão pedindo por calma, se pondo a escrever novamente.
"Do grupo."
—— Mas vale a pena nos arriscar?
"Vale"
"Por todos eles. O Professor, não o conheço bem, mas se Tóquio e Berlim confiam nele, então também confio."
—— Porque vocês duas confiam tanto neles? Eles colocaram nossas vidas em risco, pelo plano oculto e maluco deles —— se exaltou o mais alto, recuando ao notar o que fazia, se odiando por parecer os pais deles. Ele nunca assustaria sua Amara daquela maneira —— desculpa.
"Porquê o plano faz sentido, porque confio que tudo dará certo, porque é família."
Rio suspirou nervoso, observando atentamente sua namorada, que vão vacilava em sua opinião por um único segundo.
"Se não confia neles. Confie em mim. Tô sentindo que vamos sair daqui bem."
O Han riu puxando a garota contra si, deixando um pequeno beijo em sua testa carinhosamente. Amara não continuou com o assunto, deixando que o namorado pensasse sozinho.
—— Eu te amo, Amara Kim —— disse ao afastá-la um pouco, selando suas bocas rápido, antes de voltar a abraçá-la.
Rio estava nervoso, com medo de perder mais pessoas que ama, que tudo desse errado, mas ele realmente confiava em Amara, e mesmo que ela não tivesse certeza do que pensava, o Hacker sabia que a seguiria, e desejava, que ela estivesse certa.
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