023
"O cão não ladra por valentia e sim por medo." [Provérbio Chinês]
Faltavam apenas alguns minutos para a liberação dos reféns, dentro da sala de impressões, o clima era leve, a maioria trabalhava como o planejado, com muita vontade de receber sua parte. Amara estava sorridente quando deixou o local, queria falar com Berlim antes do grande momento.
Ele estava falando com Denver no segundo andar, o outro homem parecia pensativo e nervoso quando o ex-líder saiu de perto, tão concentrado que se assustou quando a menor tocou seus ombros.
—— Porra, Amara! Tá querendo me matar é?
A Kim apenas revirou os olhos, pegando seu fiel caderno, enquanto o homem esperava pacientemente.
"O que tá acontecendo?"
—— Não sei do que está falando —— tentou rodear a pergunta, irritando a menor que bateu nele com o caderno —— Ei! —— ela apenas apontou para a pergunta novamente, cruzando os dois braços, a espera de uma resposta decente. —— Acho que vou terminar com a Misun.
Ele teve medo de apanhar novamente, andando para trás rápido, antes de notar como ela permanecia parada, confusa. Denver amava a Yun, e Amara não conseguia entender o porquê daquela decisão, principalmente ao notar que ele também não estava confiante.
"Porquê? Vocês se amam. Não consigo entender."
—— Porquê...—— suspirou resignado, passando as mãos pelo rosto com frustração —— Ela tá doente, não sabe o que quer. —— tentou explicar, e quanto mais falava, maior a confusão da menor a sua frente —— Ela tem Estocolmo, sabe o que é isso? —— Amara acenou revirando os olhos, incrédula com a fala—— Então, Misun não me ama, não posso a prender a mim.
Amara passou as mãos pelo cabelo brava, escrevendo com força no caderno, sabendo perfeitamente de onde havia saído tal insegurança.
"Sabe o que não pode fazer?"
Ele negou com a cabeça, parecendo interessado na conversa. O corpo abaixando suavemente para ficar da altura da Kim.
"Escolher o destino dela! Se Misun disse que te ama, então é assim, pare de achar que só existe uma única resposta no mundo."
—— Mas ela tá doente Ama-
Ele foi interrompido por um tapa estralado, contra seu ombro direito, assustado com a súbita violência, esfregando o lugar do impacto.
"Você é um idiota! Não acredita em si mesmo, existem diversas qualidades em você, pare de achar que somente uma doença a faria te amar, e dê uma chance a vocês."
—— Não sei, não —— ele suspirou, ainda passando a mão pelo local dolorido —— Acho mais seguro ela voltar para a casa.
"Isso deve ser uma decisão dos dois! Uma pessoa não faz um casal, se não conversarem, isso nunca vai funcionar. A decisão não é sua."
—— Mas Amara —— o mais alto parou quando notou que a Kim levantava a mão novamente —— desculpe...
"Eu juro, se você a deixar ir, vai se arrepender. E se magoar minha amiga, vou te bater pro resto da sua vida."
A Kim o deixou para trás sem qualquer resposta, tinha que chegar até Berlim rápido e Denver deveria pensar sozinho, o homem ficou paralisado enquanto observava a amiga partir, suas palavras rondando sua mente.
—— Essa garota é doida.
A polícia parecia atrapalhar todos seus planos, e Amara, ao lado de Nairóbi, observava como eles afastavam quase todos do prédio. E aquela situação fez Rio se descontrolar de novo, certo que estava com medo por Tóquio, mas o rapaz estava pirando mais que Anne na TPM.
Amara não queria tomar partido, para o bem de sua saúde mental, mas não pode se impedir de se meter entre Berlim e Rio, que pareciam trocar ameaças de morte.
"Se controla e acredita no plano."
O Hacker não queria brigar com a namorada, então respirou fundo, antes de sair da sala, deixando Amara revirando os olhos para trás, era muita testosterona em um ambiente tão pequeno.
Faltava mulher naquele grupo.
•
A prova mais desgostosa de que estava certa, foi a entrada subida de Denver, e Misun que andava rapidamente a sua frente, a norte-coreana tinha uma expressão triste em seu rosto, e a Kim soube, que não era sua decisão ir embora.
Amara se aproximou da que considerava sua amiga, limpando suas lágrimas, antes de puxá-la para um abraço apertado, seus olhos castanhos encontravam os de Denver, um pequeno aviso neles, dizia: depois não diga que não avisei.
"Nos vemos, algum dia no futuro."
Misun acenou ao ler a frase, talvez, em alguns anos, conseguisse encontrar Amara novamente, uma que se libertou e outra que era forçada a permanecer presa.
A ansiedade começou a impedi-la de respirar normalmente, estava realmente acontecendo, a Tóquio iria voltar. Berlim acenou para a garota, indicando que poderia abrir as portas, e Amara fechou os olhos, batendo sua mão contra o botão verde, com um pensamento gritando.
"Que nada de ruim nos aconteça."
A polícia, provavelmente, havia destruído a conexão deles por meio da Live, e o norte-coreano começou a liberar os reféns.
Amara puxou o capuz vermelho sobre a cabeça, se ajoelhando entre Rio e Berlim, eles não poderiam atingir os policiais, deveriam atirar apenas como uma mera distração, seu namorado havia a instruído a voltar para dentro caso tudo se complicasse, algo que ela ignorou com facilidade. Também queria sua amiga segura e salva, dentro da casa da moeda, saindo junto aos outros.
Não foi difícil definir quando a confusão começou, alguns repórteres ao longe se agitaram, a própria Misun parou no lugar, inúmeros drones surgiram no céu, e os policiais começaram a atirar, assim como eles.
Amara recebeu um pequeno puxão de Nairóbi, indicando que deveriam recuar, seus olhos frenéticos analisaram o caos instalado.
A moto de Tóquio entrando, os tiros contra eles, e como Denver estava com sua garota novamente. Ela puxou a amiga para o chão, não se importando com o impacto do corpo da norte-coreana contra o seu. Eles haviam conseguido, e uma onda de felicidade e alívio tomou conta do pequeno grupo.
Amara e Nairóbi rodaram a colega a enchendo de beijos no rosto, as três sorriram animadas em conjunto. Suas risadas tomando conta do Hall.
—— Também senti sua falta, Amara. —— a ex-militar afirmou, trocando um olhar feliz com todos do grupo, antes de jogar os remédios para Berlim.
A sul-coreana procurou Misun com os olhos, e ficou alegre em vê-la bater em Denver, por mais que Moscou não parecesse tão feliz quanto.
"Vamos trocar essa sua roupa, vermelho fica bem melhor!"
Tóquio riu em concordância, e as duas saíram juntas do looby, depois da recém-chegada informar que queria uma reunião.
Planos, infelizmente, não saem sempre como o planejado, não era para Amara estar no assalto e sim na faculdade, ninguém ali sabia sobre sua surdez, ou tinha isso em mente.
Se tudo fosse como no papel, ainda teriam conexão com o professor, Olso estaria vivo, dois dos ladrões não teriam se apaixonado por reféns, a filha do Embaixador não estaria armada, em um semicírculo, esperando por informações novas.
—— A conferência vai acontecer antes do planejado —— disse a líder de frente aos companheiros, que não entendiam como ou o porque —— se o professor estiver certo, a gente vai sair daqui, amanhã.
Rio parecia aéreo desde que Tóquio contou sobre o imprevisto, enquanto o restante do grupo, se movia em direção às ordens do professor. Ele não confiava mais nos ideais daquele assalto, e tinha medo de arrastar sua namorada para seu maior pesadelo.
O Hacker segurou Amara no looby, antes que a garota pudesse seguir Nairóbi, ele a guiou para perto de Tóquio, contando as duas suas preocupações, e teorias. Por mais que ambas amassem e confiasse nele, sabiam que todas as palavras que saiam de sua boca eram movidas por medo.
A informação de que o real líder deles, era irmão de Berlim, foi uma total novidade para a dupla feminina, mas Rio se viu preso, com duas mulheres que seguiriam os irmãos para onde fossem.
Da mesma forma em que Tóquio amava e confiava no Professor, Amara fazia com Berlim.
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