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"Eu não sigo as regras estabelecidas, eu lidero com o coração, não com a cabeça." [Princesa Diana]

Berlim foi o primeiro a notar Amara ali, acenando em cumprimento para a garota, Rio foi o próximo a olhar em sua direção, quando ela parou ao seu lado instintivamente, suas mãos se uniram, e ambos quase suspiraram de alívio, aquele era o primeiro contato físico que tinham a horas.

Logo Anne e Nairóbi surgiram, o restante do pessoal atrás delas, armas em punho e nervosismo evidente. A Kim apertou a mão do Hacker, o relógio marcando poucos minutos para a grande cena.

—— Vai dar tudo certo —— o rapaz tentou parecer confiante, forçando um pequeno sorriso para a garota.

Denver se adiantou para o lado do casal, tinha uma arma extra em mãos e uma expressão nervosa em rosto, e para o susto do restante do grupo e até de Anne, estendeu a submetralhadora para a garota, o mais surpreendente no entanto, foi que ela aceitou com tranquilidade.

—— O que? Não! —— balançou a cabeça confuso, soltando a mão da Kim que vestiu a bandoleira —— desde quando sabe atirar?

—— Ela não sabe —— riu Denver, achando graça na situação —— Tentei ensinar a pouco tempo atrás —— o homem deu de ombros despreocupado.

—— Porque? Ela não precisa atirar, eu posso defender ela —— retrucou Rio, seus olhos se movendo frenéticos, entre a sul-coreana e o restante do grupo, em busca de apoio.

—— Eu acho maravilhoso —— sorriu a outra mulher do grupo, feliz pela amiga mais nova —— Amara é uma de nós. Já passou da hora de ter sua arma.

Amara devolveu o sorriso animada, mandando um beijinho para Nairóbi como agradecimento, a garota foi para o lado de Berlim que a chamava silenciosamente perto da sala, deixando Denver explicar a Rio como ela havia pedido por uma arma.

—— Presta atenção garota —— pediu o norte-coreano, ganhando um aceno rápido —— Talvez eles joguem algumas informações falsas, para desunir a gente —— explicou lentamente, sabendo que ela estava atenta ao que ele dizia.  —— Eu confio que vai saber diferenciar a verdade da mentira.

Amara concordou no mesmo instante, respirando fundo quando Moscou informou que tinham um minuto, ela se moveu para o lado de Denver, que havia prometido a explicar tudo que se passava e acenou para Rio, que ficava do outro lado da porta, a tensão sobre armas sumindo, eles poderiam resolver aquilo depois.

Berlim e Jeon Yongsu conversavam como dois inimigos mortais, os dois tentando se sobressair, querendo que a população ficasse ao seu lado. Denver repassava toda a conversa para Amara, que se sentou no chão, contra a porta, a arma abraçada ao seu corpo, ela tinha dificuldade em entender o que ele dizia, já que no meio das frases se perdia ou comentava sua opinião.

—— Ele disse que Berlim estuprou e matou a filha dele —— comentou o homem chocado, os olhos arregalados como os dos outros membros do grupo, voltando a falar com a amiga em seguida. —— Será que é verdade?

Amara alcançou um chute na canela do amigo, sinalizando, mesmo que ele não entendesse, para calar a boca.

Ela confiava no norte-coreano, sabia que aquilo era falso, e ficava ofendida que o restante tivesse, sequer, suposto tal idiotice. Berlim era alguém em que a Kim confiava de olhos fechados.

—— O cara tá fazendo o maior drama —— comentou Denver para a mais nova, balançando a cabeça —— dizendo que amava a enteada —— Amara revirou os olhos sem acreditar, bufando —— Berlim entregou o telefone!

Uma transmissão, ela sabia desta parte do plano, tinha um celular consigo para que conseguir ver, uma integrante do grupo, dizia a realidade para todos que tivessem interesse na verdade.

Seul, era a enteada do nojento ao lado de fora, e teve coragem de expor seu rosto e sua verdade a todos, Amara não a conhecia, mas admitiu para si mesma, que a garota do Berlim era foda pra caralho. O norte-coreano deu todo o discurso ensaiado sobre política, cada palavra que saia de sua boca planejada, idealizada por ele e o próprio professor, dois grandes gênios.

A Kim sorriu orgulhosa, se sentindo a maior fã de alguém que deveria ser um vilão. Ela não se importou.

Amara ajudou a alimentar os reféns, ela tinha a tarefa de os reunir no looby em seguida, pedido do próprio Berlim, parte essencial no plano de trazer Tóquio para dentro da Casa da Moeda novamente.

Dividir para conquistar, mandar embora todos aqueles que não estavam dispostos a ajudar e usá-los como meio de distração para uma entrada que tinha tudo para ser triunfal. Amara estava do lado esquerdo da multidão de reféns, um celular em mãos, expondo para eles que a promessa estava sendo divulgada e seria real.

Ela não queria parecer otimista de mais, só que 3 bilhões de Wons era muito dinheiro, tanto que até ela cogitaria ficar no lugar deles.

Bem, ela já estava.

—— Ela se arriscou para sair daqui e agora quer que ela volte? —— reclamou o Hacker que parecia bravo por estar de fora de tudo, não que a própria Amara o culpasse, ela era refém a poucos dias e sabia mais que ele.

A Kim quase desviou o olhar, mas precisava entender o que diziam.

—— Amara, Tóquio e eu já conversamos —— continuou Berlim como se não tivesse ouvido ao Rio —— desde o começo a missão dela era encontrar o professor e voltar.

—— Mas tem um monte de atirador lá fora.

—— E é por isso que vamos usar os reféns.

Aquilo era sim uma jogada de sorte, uma mais do que necessária, e todos, menos Rio, aceitavam o perigo da situação. Não tinha mais para onde correr, a própria Amara sabia daquilo, por mais que o rapaz ao seu lado estivesse morrendo de medo, iria acontecer.

As máquinas de impressões passavam uma calmaria inexplicável, Helsinque e ela ficaram responsáveis pelas notas por um tempo, enquanto o restante do grupo conversa com todos os reféns, tentando os converter a cúmplices.

Estava ansiosa, o nervosismo de não ter certeza de seus planos dariam certo, ou acabaria falhando e condenando sua amiga do lado de fora, e a falta de comunicação óbvia que estava tendo com Rio. Não precisava ser um gênio para notar como ambos estavam distantes, enquanto ele tinha os pés atrás com Berlim, Amara andava lado a lado do ex-líder, como se fossem uma dupla inseparável, aquilo deixava o Hacker inseguro.

Os dois não tinham um momento a sós a dias, sempre rodeados pelos companheiros, Denver, Nairóbi e principalmente Berlim.

Amara havia conquistado seu lugar no grupo, e parecia ser mais importante a cada segundo, sendo colocada em turnos, aprendendo a usar uma submetralhadora, imprimindo dinheiro, armando planos arriscados. Rio notou como ela amava aquilo, como se encaixou tão rápido no grupo.

—— Precisa falar com seu namorado —— Helsinque comentou para a garota depois que a cutucou levemente —— pode deixar que eu cuido das máquinas, vá dar um jeito naquele medroso.

Amara acenou alegre, dando um abraço rápido no colega antes de correr, um sorriso gigante no rosto e o coração saltitante com a ideia de finalmente passar um tempo com quem ama.

Ela abriu a porta da sala no mesmo instante que Anne, as irmãs de encararam antes de suspirarem, Rio, que estava logo atrás de Kim mais nova, franziu a testa ao notar sua garota ali.

—— Não deveria estar com Helsinque? —— perguntou guiando a outra para fora da sala, ganhando um acenar simples em concordância —— vou devolver Anne e já volto, fica a vontade.

Amara sentiu um dejavú ao adentrar o local, o mesmo em que foi colocado logo no início do assalto, aquele em que chamou Rio de bonito pela primeira vez. Ela se sentou no mesmo sofá comprido de antes, apertando os dedos em ansiedade, seu caderno e caneta prontos para uma conversa decente.

Rio voltou menos de cinco minutos depois, trazendo consigo duas garrafinhas de água, ele se sentou ao lado da garota em silêncio, tão nervoso quanto, já que vez ou outra estralava os dedos. Seus olhos focaram na figura menor ao seu lado, cabelo preso e franja solta, ele nem sabia como demonstrar o quanto sentiu sua falta, teve vontade de a sufocar em um abraço caloroso, e garantir que não colocasse sua vida em risco, ela era sua vida e não queria a perder por bobeira.

—— Me desculpa —— foi a primeira coisa que disse, suas mãos segurando o rosto dela próximo ao seu, garantindo que entendesse suas palavras com clareza —— por não ter parado para conversar —— explicou, mantendo-a parada quando ameaçou pegar sua caneta —— Me deixa falar —— pediu calmo —— sei que não tenho o direito de mandar em você, escolher com quem fala ou não, muito menos a impedir de algo. Não quero ser um controlador babaca como nossos pais, sei que sabe muito bem onde está se metendo, é inteligente e forte, eu só estou com medo, tá legal? —— respirou fundo, seus olhos brilhavam em lágrimas não derramadas —— Temos uma missão super importante para fazer e a única coisa que consigo pensar é em você, e em como eu te amo Amara, me desculpe.

Amor, de significado: forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais, uma atração baseada no desejo sexual.

Rio estava pensando no que havia dito de errado, já que Amara não deu indício de continuar a escrever ou sinalizar algo, parada, os olhos arregalados. Mas não havia com o que se preocupar, já que ela também o amava.

A Kim o puxou para um beijo quase desesperado, se movendo para o colo dele em segundos, os dois estavam tão ansiosos por este momento, que seus corpos se aqueceram e tremeram com o contato. As mãos quentes do Hacker subiam e desciam pelas costas da mais nova, que puxava os cabelos dele em resposta imediata, suspirando de amores e paixão.

Quando se separaram os dois tinham sorrisos igualmente grandes nos lábios, seus olhos brilhavam, enquanto suas testas permaneciam unidas, ambos em busca de recuperar o fôlego. Amara pegou seu caderno em mãos ainda trêmula, suas pernas ao redor da cintura dele que a manteve parada, ela procurou a página certa, e mostrou para ele uma expressão de contentamento no rosto.

"Eu amo você Rio, acho que amei antes mesmo de me beijar, como sorri quanto tá feliz e expressa sua frustração passando as mãos pelo rosto. Há uma enorme possibilidade de que meu coração esteja inclinado para o lado aposto do qual fui criada para estar.
E estou feliz por isso. Você me faz livre, me faz amar e desejar a vida."

A pequena declaração havia sido escrita a dias, não que ele precisasse saber daquele detalhe, seus olhos encheram de lágrimas enquanto lia e relia diversas vezes, a informação de que o sentimento era totalmente mútuo rodando suas cabeças.

—— Eu —— disse antes de dar um beijinho na bochecha direita dela —— amo —— bochecha esquerda —— Você —— suspirou antes de lhe dar um selinho molhado na boca. —— casa comigo?

Amara gargalhou, tanto que sua cabeça tombou para trás e seus olhos se fecharam em diversão, perdendo o olhar de adoração que recebia do Hacker.

—— O que?

"Você nem me pediu em namoro! Respira um pouco."

—— Pra mim a gente já tava junto —— reclamou a apertando nos braços, um sorriso caloroso que refletia nela —— nós vamos até morar em uma ilha. Não precisamos seguir todos os protocolos, nem somos um casal comum mesmo —— deu de ombros, brincalhão —— se quiser casamos amanhã mesmo, podemos chamar Denver para ser padrinho.

"Berlim, Misun e Tóquio também!"

—— Sim —— sussurrou a beijando levemente —— Eles também. Você toparia?

"Com toda certeza."

O casal se abraçou com força, sabendo que havia amor e cumplicidade em cada palavra dita, e que só aquilo bastava.

Quando os dois apareceram no segundo andar, lado a lado, as mãos unidas e sorrisos idênticos no rosto, notaram que a maioria dos reféns se encontrava ali, já que a Kim sentiu falta de uma amiga e sua provável paixão, mas estava contente, imaginando que estariam juntos.

Chegará a hora de separar o rebanho, Amara ficou surpresa ao notar que sua irmã e o diretor ficariam, sua testa franziu para a informação. E ela sorriu quando Denver apareceu com Misun, dizendo que ela também ficaria.

—— Era disso que tava falando? —— perguntou o Hacker segundos depois —— já sabia que estavam juntos? —— Amara acenou alegre —— como?

"Sou boa em descobrir coisas e as pessoas simplesmente me amam ;)"

A garota de sorriso convencido tinha razão, já que o namorado, ou noivo, sorriu pequeno antes de unir suas bocas em um selinho longo, antes que ela se juntasse a Nairóbi nas impressões.

Eu te amo, Amara que é assaltante participativa, te amo.

Até Breve ✨️

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