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"Quem não sabe o que é a vida, como poderá saber o que é a morte?" [Confúcio]
Família, palavra que causa estranheza e desconforto naqueles que são de lares não amorosos, seu significado, menos interessante, era um grupo de pessoas que vivem sobre o mesmo teto, com ascendência em comum. Mas se fossemos pensar assim, aqueles com membros adotivos seriam desqualificados do tal termo, e aquilo seria ridículo.
A quantidade de traumas que um grupo denominado família poderia causar, aumentava constantemente, e sejamos sinceros, há mais família em amigos do que amigos na família.
O que morar juntos e ter do mesmo sangue importa sem amor e reciprocidade? Nada. E a Kim mais velha começava a pensar daquela maneira, no meio de um alvoroço nunca presenciado antes.
Qual era a família que ela merecia?
Ela merecia alguma?
Amara estava grudada no braço da irmã assustada, pensando em como seus amigos estariam e principalmente, como o ladrão que roubou seu coração estava. O grupo de reféns se reuniu em um semicírculo, e sussurravam coisas desconexas.
—— O que tá acontecendo? Um apagão não era parte do plano.
Assim que estas palavras saíram da boca do diretor, a garota franziu o cenho confusa, que história era aquela?
—— Que plano? —— Misun deu voz a sua dúvida, ganhando um aceno rápido —— como assim?
—— Vamos sair daqui —— garantiu Anne, sua mão unida a da irmã com força.
A mais velha perdeu o restante da conversa, a mente processando a ideia de sair da casa da moeda, que não a agradava, seu coração pesou em angústia, e suas mãos começaram a tremer quando seu rosto foi iluminado por uma forte luz, direcionada pelo policial infiltrado de antes, ela se sentiu ainda mais confusa, como ele estava ali, se Oslo deveria estar com eles?
Estava agachada ao lado de Anne e Misun quando Helsinque chegou, os dois amigos se encararam por menos de um segundo, antes dele ser atacado pelo policial.
Amara congelou no lugar, e sentiu que a Yun passava pelo mesmo, ambas sentindo que aquilo era errado. O diretor puxou a norte-coreana, enquanto o vice-diretor e Anne puxavam a Kim mais velha, que sentiu cada batida do coração explodir contra seu peito, muito errado, aquela situação inteira gritava erro e perigo.
Calma. Calma. O que estava acontecendo?
Sua respiração começou a ficar ofegante, sentia seus pés bater contra o piso do lugar, as mãos que a puxavam como se fosse uma criança a ser levada, e uma clareza chegar a sua mente.
Amara Kim não queria ir embora, ela parou de correr, soltando suas mãos em segundos, apoiou-se nos joelhos para recuperar o fôlego momentaneamente.
—— O que você tá fazendo Amara? Temos que ir —— gritava a mais nova sinalizando agitada, o vice-diretor continuou correndo com os outros e a Kim notou que Misun também parou brevemente.
Eu não quero.
—— Vou voltar —— sinalizou Amara já virando seu corpo, sentindo sua irmã a puxar de volta irritada e assustada.
—— Não! De que lado você está?
Ela não respondeu, apenas puxou seu braço de volta com força, correndo para o lado aposto da caçula, em direção a onde seu coração e seu lar estavam.
"Estou do lado da minha família" pensou.
O policial tentava enforcar ao Helsinque quando Amara chegou, de onde não deveria ter saído, se jogando no chão quando o amigo apertou a metralhadora, ela se arrastou até ele, pegando um grande pedaço de vidro do chão.
A peça arranhou sua palma, e ela sentiu uma pequena ardência.
A Kim sabia que aquilo a condenaria eternamente como traidora, cúmplice do maior assalto da história, mas não pensou muito antes de fincar a arma improvisada nas costas do agente, que a empurrou contra a parede quando desmaiou o mais alto. Amara sentiu a cabeça rodar, tentando voltar a seus sentindos, notando que suas mãos estavam com sangue
O homem parecia irritado, e confuso ao notar que sua atacante era uma refém, que tinha as mãos na cabeça, devido a dor da pancada, ele pensou em apenas a deixar de lado, mas sua raiva o fez chutar a garota antes de correr dali, a atingindo na perna mobilizada.
Amara gritou pela dor repentina e segurou o choro enquanto voltava a se arrastar para perto do amigo inconsciente. Suas mãos balançando ele em busca de o acordar.
Sua mente se inundou de alívio e quase comemorou quando viu o restante do grupo chegar, quase o fez quando Berlim correu até eles, a puxando para cima e a mantendo de pé, enquanto observava seu rosto, o homem parecia ficar cada vez mais transtornado.
Berlim tomou a frente da situação, soltando o rosto da garota e indicando outra pessoa para ajudar.
—— Tudo bem? —— perguntou Denver a guiando para escadas, ganhando um aceno de volta.
Ela estava com dor, sua cabeça latejava e seu pé doía, mas ela se recusava a chorar ou demonstrar isso, correndo atrás de Helsinque com o coração na mão, sabia que algo tinha acontecido com Olso, e se preocupava com a família que tanto amava.
Suas mãos e roupas estavam manchados de sangue, havia um corte em suas mãos, devido ao vidro que usou como arma minutos antes, ardia tanto quanto sua cabeça doía, mas Amara ignorou tudo aquilo por Oslo.
Ela nunca havia visto tanto sangue em sua vida, não conseguia imaginar como poderia sair tanto sangue da cabeça de alguém. Haviam o atacado por trás, como grandes covardes e o deixaram para morrer como se fosse um mero porco ao abate.
Sua pressão caia a cada segundo, e o suor acumulava em seu corpo, a falta de ar e tontura começando a aparecer, sintomas comuns para alguém, que como ela, tinha fobia a sangue.
Foram anos em hospitais e vários episódios de Grey's Anatomy, algumas aulas de enfermagem durante seu ensino médio e muita dedicação, Amara tentava a todo custo conseguir uma única pulsação do amigo, um único sinal de que ele poderia sobreviver a mais esta provação.
Ela suspirou de alívio, sentindo algumas lágrimas escorrer por seu rosto pálido ao notar que Rio entrará na sala afobado. Suas mãos cercando o rosto gelado da Kim.
—— Você tá bem? Tá machucada?
Ela negou com a cabeça, apontando para o amigo inconsciente nervosa, e ele entendeu que poderia a verificar depois, se concentrando em continuar a tentativa da garota de salvar Oslo. Mas era muita perda de sangue.
Amara nunca havia perdido alguém que amava antes, e a dor era grande de mais para continuar segurando o choro. Ela mau notou quando Rio se arrastou para seu lado, a envolvendo em um abraço apertado, os dois soluçando como nunca, sentindo a perda de um amigo.
Ela não sentia nada fora dor, e nem sabia se chorava pela física ou emocional, nunca esteve tão abalada, se sentia destruída, como se um caminhão tivesse passado sobre seu corpo mil vezes, alguém de sua família estava morto.
Vê-lo em um saco preto, sem respirar e sentindo o ar mórbido tomar conta do ambiente, Amara se encontrava ao lado de Rio, suas mãos estavam unidas, ambos em busca de conforto, notou como Nairóbi saiu da sala chorando, mas sua mente estava cansada de mais para raciocinar.
Berlim praticamente a arrastou para o andar de cima, estudando suas expressões faciais com calma, ele sabia que ela não era a traidora, mas estava preocupado com seu estado mental.
—— Amara —— o norte-coreano estralou os dedos na frente do rosto da garota, ganhando sua atenção, ela estava sentada no mesmo sofá de horas antes e tinha Rio ao seu lado. —— esta tudo bem? Aquele policial desgraçado te machucou? —— ergueu as mãos irritado, abaixando quando notou que elas tremiam, mesmo que soubesse que ela havia notado —— ele vai pagar por isso. Eu prometo que não vai ficar assim.
A Kim sorriu pequeno acenando, mas seu lábio inferior tremeu em um novo choro, sentindo Rio tirar sua bota para analisar a torção e Berlim passar um pano molhado no corte de suas mãos. Se sentiu amada e cuidado, por um breve momento, tudo estava se encaixando, e aquele de quem deveria ter medo, subia para uma posição que antes somente Anne tinha.
Ela estava cansada, mas desceu as escadas entre os homens, logo atrás de Tóquio, não se importando com os olhares traídos e julgadores que recebia, a parte superior de seu macacão estava solta, mostrando sua camisa cinza que ainda tinha o sangue, agora seco de Oslo, Denver havia prometido pegar outra para ela depois.
Os reféns não os respeitavam mais, haviam perdido o medo e tinham confiança.
Mas a cartada que deixou Amara os odiando, foi baterem palmas, algo que antes ela considerava divertido, estavam comemorando a morte de um de seus amigos, e a sul-coreana, por um momento, deve vontade de sacar a arma de Rio e atirar como uma doida por ali. Subiu as escadas com os amigos, derrotada, estavam correndo contra o tempo, a polícia, e um grupo de falsos corajosos.
E Amara sentiu, que o caos estava só começando.
A Kim estava novamente em uma reunião do grupo, estavam sem comunicação com o professor, não tinham ideia de como era a situação do lado de fora ou o que fazer em seguida, e com os nervos a flor da pele, a garota não tinha uma boa lembrança dos ladrões armados e nervosos.
Ela tinha recebido a tarefa de ajudar Nairóbi com as impressões, quando Berlim se levantou fora de si, sacando sua pistola e gritando querer saber sobre o traidor. A sul-coreana notou que ele voltou a soar como antes, suas mãos tremendo e o olhar de quem não estava sobre controle, enquanto apontava a arma para quase todos, menos Tóquio e ela.
Amara gritou pela segunda vez no dia, quando o corpo do norte-coreano foi ao chão com força, ela sentiu a garganta reclamar, enquanto levava suas mãos enfaixadas, pelo próprio Berlim, para o rosto dele, tentando o acudir em meio ao desespero. Ela se recusava a perder mais alguém.
E ela deixa de ser uma refém, finalmente!
De agora em diante, irão ver uma Amara mais participativa nos planos, com armas em mãos e sem cogitar sair com a irmã.
Sabiam que Amara é nome de uma cidade? Localizada no Iraque.
Sendo bem honesta, eu não tinha ideia, até que ouvi uma notícia no Tiktok, sobre cidades do Iraque e fiquei pasma! OI BRASIL?
Estava pensando em nomes de cidades para a Amara, mas quando soube desta notícia, considerei a ideia de manter, o que acham? Sua opinião é importante aqui.
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