018

"Essa bomba que bombeia e bobeia, que se chama coração." [Abraatiko]

Existem algumas frases que foram criadas para enganar, criar uma ilusão na mente humana de que aquela dor, ilusão, ou sentimento, tem algum propósito. Claro que existem crenças e mais ideais.

Dificuldades criam mentes treinadas, ou ao menos é o que se espera, pessoas reagem de diferentes formas a diversas situações, as tendências de superação vêm, em sua maioria, do cenário em que foi criado.

'Casa' deveria significar lugar de aprendizado e crescimento, seguro para evoluir a sua maneira. Quando a realidade arrebatadora, era que, mesmo sem violência física, há um número expressivo de lares que causam dor, fragilidade, medo.

A medicina atual está em constante evolução, então, quando um bebê nasce surdo, são feitos diversos testes e acompanhamentos médicos. Todas as possibilidades de um emplante cocleares ou uso de aparelhos auditivos, o dinheiro pode comprar muito, mas não a mudança no quadro geral de uma surdez definitiva.

Identificar que o bebê é surdo, no primeiro momento, facilidade sua comunicação com o mundo exterior e fala, o acompanhamento com fonaudiologo é essencial, e foi algo recorrente na vida de Amara, desde seus seis meses de vida, até seus 10 anos de idade.

Sua casa não era um lar.

Ela poderia ser surda, mas conseguiu entender perfeitamente quando sua madrasta, que na época chamava de mãe em sua inocência, disse ao marido que a garota sempre seria um peso e que não adiantava nada que soubesse falar.

—— É idiotice manter essa garota nesses médicos, e se descobrirem?

A garota deixou de ir as consultas aos poucos, e começou a se impedir de usar a voz, sentia-se mal de não se ouvir, passou a usar mais a sinalização e a escrever em pequenos cadernos, fazendo desenhos para expressar seus sentimentos confusos e magoados.

Seus desenhos infantis coloridos perderam a cor.

Mas aquele seu lar, repleto de dinheiro, obrigações e regras, onde a perfeição era cobrada como notas na provas de química, a ensinou a identificar muitos sinais implícitos, sentimentos, falas soltas que entendia, coisas que muitos ignoravam, que fazia Amara se sentir uma super-heroína com um poder sem utilidade.

Misun estava aérea, seus olhos brilhantes pareciam estar sonhando acordados, ela procurava Denver com os olhos a cada segundo, reprimindo um sorriso envergonhado quando o pegava a olhando, e a forma com que ele se portava não deixava dúvidas, de que haviam passado a noite juntos.

Amara dormiu junto de Rio e Tóquio na noite anterior, depois que eles conversaram e riram muito, a sul-coreana continuava a ensinar a equipe linguagem de sinais, feliz que estivessem empenhados em aprender. Foi escolha sua continuar na cozinha, por mais que o grupo tivesse dito que poderia ficar nas máquinas de impressões, ela queria ficar perto da pessoa que mais poderia a entender ali.

Misun e ela estavam apegadas de mais em dois bandidos, e aquilo era emocionante, bom, mas também muito perigoso. Quando a norte-coreana voltou para perto dos outros, encontrou Amara sorrindo de forma maliciosa para ela, um olhar de quem sabia tudo no rosto.

—— O que foi? —— perguntou nervosa, deixando a dona da franjinha mais divertida.

"Nada" sinalizou enquanto negava com a cabeça, o sorriso nunca saindo dos lábios, a amiga havia seguido seu conselho e isso a deixava feliz.

Do lado de fora o nome de Amara era citado ao lado de Anne, seu pai estava perdendo a paciência, suas filhas continuavam sendo reféns e ele, em um raro ato heroico, resolveu que pressionar Sangman era uma ótima ideia.

O Embaixador só queria suas meninas, mas sua pressão deu outra ideia aos responsáveis pela segurança, ou falta dela. Uma iniciativa sádica, que as colocaria em risco, sendo proposta e aceita onde a liberdade deveria estar.

Denver buscou a sul-coreana quando os jornais anunciaram que uma coletiva seria feita em breve, e ela ficou ao lado de Rio, se sentindo um membro do grupo, que logo seria dividido. Diversas plataformas digitais e meios comunicativos, a notícia de que Sangman havia proposto paz e pedido por um informante explodia, junto à tensão dentro da casa da moeda, os ladrões se sentindo a mil.

Amara estendeu a mão, entrelaçando as do parceiro ao lado, notando que ele parecia abalado, a garota olhou novamente para a TV, e cogitou uma ideia, que a deixou enjoada com o quão baixo poderia ser o Deputado.

Ele usaria as famílias dos assaltantes descobertos, para os atingir?

Logo Rio tinha mais uma tarefa a ser realizada, e Amara, o abraçou com força antes de sair, sinalizando algo desconhecido para todos ali, que nem mesmo ele entendia, e não pode perguntar o significado, já que a garota saiu da sala ao lado de Denver, que se ofereceu para levá-la de volta a cozinha antes de voltar ao túnel.

"Você e Misun né!?"

O norte-coreano arregalou os olhos assustado, parando de andar a dois corredores de onde deveria deixá-la, a caderneta rosa em mãos, enquanto lia a frase diversas vezes.

—— Ela te contou? Falou de mim? Vocês são amigas, certo? Ela disse algo?

A garota franziu o cenho tentando acompanhar a rapidez das frases, ela ficou na ponta dos pés pata agarrar seu bloquinho, sinalizando brava.

—— O que foi? Tá irritada porque garota

"Cale a boca!" Ela colocou a mão na boca do mais alto, que pareceu indignado com a cena, de uma mini pessoa o impedindo de falar.

"Tá querendo que todo mundo saiba que está se relacionando com uma refém?" Ele negou com a cabeça, tirando a mão dela de cima dele.

—— E você e o Rio? É pra todo mundo fingir que não sabe que vivem trocando bilhetinhos como no jardim de infância?

Amara revirou os olhos, pensando em como ele poderia ser tão bobo.

"Não é ele quem está gritando nos corredores a poucos metros dos reféns" escreveu agitada, ganhando um olhar de entendimento "e voltando ao assunto Misun..."

"Ela não precisou me dizer que gosta de você, só prestei atenção. Passaram a noite juntos, certo?" Ele acenou envergonhado, e a Kim quase gargalhou com a cena de um assaltante bom de briga, com vergonha de falar com ela. "Estão juntos?"

—— Não —— negou ele passando aos mãos pelo cabelo agitado —— Quer dizer, eu não sei —— respondeu encarando a menor, como se fosse sua oportunidade de desabafar. —— é diferente de você e Rio.

"Por quê?"

Amara fez uma careta confusa, totalmente atenta ao que ele tentava dizer.

—— Eu não sei —— suspirou, ganhando um olhar estranho da Kim.

"Como assim?"

—— Eu não sei Amara —— balançou o cabelo, antes de o amarrar —— juro que não sei explicar, nem entendo porque vocês duas de meteram com a gente, são malucas?

Amara riu.

"Talvez :)"

—— Vamos logo —— riu o assaltante a empurrando para andar novamente, querendo se livrar do constrangimento, um de seus braços pendurados pelos ombros dela. —— antes que seu namorado apareça aqui e brigue comigo.

Amara sentiu as bochechas esquentarem ao entender as palavras do amigo, e ficou brava de estar envergonhada, quando a ideia inicial era deixar Denver sem jeito.

No que você pensa quando sua vida balança em um fio? Algumas pessoas esperam a clareza deste momento para obter uma resposta, definir qual caminho seguir ou não, descobrir quem ama e pensar nos erros cometidos até ali.

Quando uma bomba explode, as pessoas por perto são atingidas, estilhaços são lançados ao ar e tremores derrubam os mais próximos, um pequeno caos é plantado e até mesmo quem não sente, acaba por descobrir pequenas coisas sobre a explosão, geralmente seus medos.

O que você faria se fosse sua vida? Há quais perguntas pensaria em responder? Em quem pensaria?

A Kim mais velha obteve algumas destas respostas, mas se perguntar a ela, diria que ainda mais dúvidas foram plantadas.

Ela sabia que tinha algo de errado, enquanto servia comida a outros reféns, observava Anne, e notou quando a caçula se levantou, saindo da sala às escondidas. Nem pensou duas vezes, antes de segui-la, aquela em questão, ainda era sua irmã, por mais brigadas que estivessem.

Não tinha noção de onde Anne estava indo, mas soube que a perdeu poucos minutos depois, já que a bota pesada a impedia de andar rapidamente e as escadas não a ajudavam. A casa da moeda tinha muitos corredores parecidos, e Amara já estava irritada consigo mesma, se perguntando o porquê de se meter em tantas confusões, ao invés de chamar por ajuda.

Ela se perguntou como havia tantos espaços liberados, e o porque não tinham fechado aqueles corredores.

Rio e Tóquio analisavam as filmagens nervosos, minutos antes receberam a ligação da inspetora, que afirmou que um traidor da equipe tentaria matar Anne, mas ao verificarem as câmeras, notaram que a outra Kim, também corria perigo.

Dizer que o Hacker estava com medo era eufemismo, ele sentia o coração bater fortemente e a ansiedade tomar conta de si enquanto corria pelos corredores, em direção ao cofre.

Amara virou um corredor mancando, seus olhos pegaram alguns milésimos de segundos, da figura menor da irmã, que virava o corredor, que parecia ter um cofre, ela estava disposta a correr até Anne, quando sentiu uma mão em seu ombro e se virou para encontrar Tóquio, que sinalizou pedindo silêncio antes de abrir a porta pesada.

A próxima coisa que sentiu foi seu corpo ser empurrada para o chão, duas pessoas postas em cima dela e a clareza de que uma bomba havia explodido ao seu lado, o chão tremeu e suas roupas ficaram sujas.

Mas a única coisa que pensava era sua família, ou melhor, na dúvida constante do que significava tal palavra, se eram apenas aqueles com quem vivia ou aqueles por quem lutaria se necessário, mesmo que os conhecesse por poucos dias.

O segundo óbvio em que notou, que se morresse ali, não teria explicado a Rio que o amava, que a sinalização de antes significava aquilo, e não teria se resolvido com Anne.

Sua morte viria recheada de incertezas e insatisfação, até ali, os momentos mais emocionantes de sua vida haviam sido seu batismo e as vezes em que roubou vinho dos pais.

No entanto, estava acenando para Rio ainda desnorteada, uma bomba explodiu perto dela. E sua vida nem era feliz ainda.

VOLTEIIIIII

Tô muito feliz, esses últimos seis episódios foram tão emocionantes e incríveis, e mal posso esperar para que leiam tudo o que tenho planejado, mas posso adiantar que Amara vai resolver todas as dúvidas que teve nesta última parte do capítulo de hoje.

Misun e Denver são meu casal predileto. E eu queria muito um beijo Rio e Tóquio, mas não rolou.

Beijinhos de luz para quem quiser
By: BlackTurion

Muito feliz em poder escrever esta fic novamente.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top