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 "You are my brother" — Rick Grimes (corninho favorito) TWD

Se sentir acolhida era uma sensação nova, o que deveria ser objetivo do grupo com os reféns, acabou cativando Amara. Ela se sentia confortável.

O professor ligou novamente, e desta vez Amara conseguiu uma liberação especial para participar da reunião, não que entendesse alguma palavra dita, mas se sentiu acolhida em estar ali. Não conseguia entender o porquê de Berlim ter recusado o cargo de líder de volta pouco antes, mas supôs, que ele seria algo como um vice-líder, já que tinha a voz tão ativa quanto a de Tóquio.

Ele poderia causar medo nos reféns que tentassem sabotar seus planos, enquanto Tóquio tentava garantir sucesso e seguimento. A Kim gostava de vê-los lado a lado.

Berlim piscou para a garota, que fez uma careta de volta, sorrindo.

Haveria uma visita da inspetora principal, por conta dos disparos ouvidos e divulgados com louvor fora da casa da moeda, não deveriam contar nada sobre o policial ou sobre o dinheiro impresso, a Kim gostava de como a mente do professor os guiava, mas tinha total noção de que algum refém faria algo de estúpido, só esperava não ser sua irmã.

—— E por fim, agradeçam a senhorita Kim por mim, ela é bem fiel a todos nós —— com essas palavras, não capturadas por Amara, o real líder do grupo desligou, observando pelas câmeras com um sorriso, quando Denver pegou a garota no colo pela terceira vez em horas para poder a girar com diversão nos olhos, enquanto Berlim, Tóquio e Rio pediam para que a soltasse.

Os risos dela contagiaram a sala, suas gargalhadas fazendo todos sorrirem pela animação inocente.

O grande cérebro por trás de tudo sabia que a estudante de artes estava mais envolvida do que deveria, não estava nos planos, que havia criado laços afetivos com seus "alunos", e assim como a norte-coreana líder de dentro do assalto, ele rezava para que a Sul-coreana continuasse do mesmo modo.

Parte da família deles.

"Você deveria ter descansado"

Foi o que Tóquio leu assim que a caderneta se fez presente diante seus olhos. Erguendo os olhos até o rosto gentil a sua frente.

"Sabe que se der algo de errado, vamos a ajudar, certo?"

Novamente a líder apenas leu, tentando convencer a si mesma de que tudo daria certo, enquanto acenava para a mais nova que sorriu vendo que Rio passou pela porta tentando expulsar a sonolência.

"Confio em você Tóquio. Vamos fazer dar tudo certo".

■■■

Amara Kim quis rir de si mesma enquanto escovava os dentes, pensando no que disse a amiga, realmente se sentindo próxima da maioria dos assaltantes inteligentes ali.

Era como se fizesse parte de algo pela primeira vez, como quando se é a última a ser escolhida para os times da aula de educação física, e de repente, a primeira.

Nunca havia se imaginado próxima de um grupo de assaltantes. Quando um deles entrou na banheiro com o olhar afiado sobre ela, que soube que iria conversar a sós, novamente, com Berlim.

Mas Amara não se sentia incomodada, seus olhos castanhos atentos a qualquer palavra que ele diria. O norte-coreano levantou a caderneta da garota em mãos, pegando uma caneta.

"Meu nome é Song Jungho, e vou te contar como me tornei um sobrevivente"

O coração de Amara saltou.

Ao lado de Misun que se mantinha no meio das irmãs Kim, Amara ficou calada, com a conversa de minutos atrás em sua mente, sem ao menos parecer surpresa com o aviso de Tóquio, já sabia de tudo mesmo, mas seu comportamento de quem sabia de mais e contava de menos, irritava a Anne que resolveu se rebelar, perguntando do policial morto.

A mais velha quis a estapear ali mesmo de tão pouco paciente que estava, tendo de esconder o sorriso quando observou a sala ficar temerosa ao notar Berlim descendo as escadas com um discurso na ponta da língua, este que ele fez questão de passar para a garota, a deixando a par de tudo, os dois resolveram suas diferenças, voltando a se tratar com respeito mútuo.

O sorriso maldoso e palavras frias do homem não eram destinadas a ela, por mais que estivesse entre os reféns comuns. Parte sua não se sentia bem daquele lado.

Por mais que negasse publicamente, ela gostou da sensação de saber mais e de ver seus colegas reféns com medo, até ela estaria, se não estivesse aprendendo a viver apenas dentro daquele assalto.

Tóquio liberou os reféns para se limparem, ficando apenas Amara para trás, que tinha feito isso antes deles. Ela abraçou ao Rio no mesmo segundo em que todos os outros, fora os assaltantes, sumiram pelo corredor, suspirando feliz quando ele a abraçou de volta, firmando sua cabeça sobre a dela, enquanto sorria.

—— Você está bem? —— perguntou após se afastarem, ganhando um aceno da garota que o puxou escada acima, para o que havia se tornado de alguma forma, a sala dela também.

"Sei até o nome do Berlim, mas ainda não tenho pista alguma sobre o seu"

Rio suspirou quando seus olhos capturaram a frase da sua garota, que piscava realmente curiosa para ele, que se sentiu pressionado, já que sabia ser melhor que ela soubesse por sua própria verdade do que ver na televisão após sair do lugar, então em um momento de coragem puxou uma caneta azul de Amara, para escrever.

"Han Joseph"

A verdade é que alívio tomou conta do corpo do hacker, se sentindo disposto a contar tudo sobre si, confiaria sua vida a garota sentada a sua frente e, pensando nisso, ele complementou na folha.

"Tenho 22 anos, abandonei a faculdade de Medicina e você já deve imaginar os porquê, não tenho um relacionamento bom com meus pais, porém, me tornei um hacker bom muito jovem. Tenho um costume ridículo de fugir, juro não fazer com o nosso futuro, e tinha um crush na Tóquio antes de entrar aqui. Prometo que não tenho mais! E também que posso te contar tudo o que quiser :)"

Ela sorriu contente, feliz que ele estivesse confiando aquilo, mesmo que o pessoal de fora já tivesse aquela informação, a Kim se sentiu especial em saber que soube dele. Retribuindo a confiança, ela acabou por se sentar no colo do rapaz, que se mantinha na cadeira em frente ao computador, para o beijar.

Um arrepio subiu em sua coluna quando ele resolveu deixar uma pequena mordida em seus lábios, sorrindo ao notar a reação que causou, Amara puxou o cabelo dele levemente, o sentindo resmungar em resposta, agora a fazendo sorrir. Ela guiou suas mãos para o zíper do macacão do rapaz, puxando para baixo com rapidez, enquanto ele repetia o mesmo movimento, levando suas mãos para debaixo da blusa dela, quando a porta se abriu e Tóquio encarou a cena com uma careta de tédio.

—— É sério isso gente? Estamos prestes a fazer algo importante aqui, e precisamos estar concentrados!

Ainda no colo de Rio e sem entender nada que havia sido dito, Amara escondeu o rosto na curvatura do pescoço do maior que a abraçou também envergonhado pela posição em que foram pegos.

A hora do grande show estava para começar, e a Kim se despediu de Rio com um último selinho, antes de correr até Denver que a levou para a sala onde todos os outros reféns se encontravam.

Após a vergonha colossal sumir, suas bochechas de acalmar e coração voltar ao normal.

Amara estava ao lado de Misun, ambas novamente em situações parecidas, já que a Kim notou quando Denver e a Yun trocaram olhares diversas vezes, desviando em seguida, ela reprimiu o sorriso ao pensar na teoria de não ser mais a única refém que é uma traidora, disposta a fugir com os assaltantes por um amor maluco.

"Deveria o beijar logo"

Passou o caderno para a mulher ao lado, que tossiu, sentindo seu rosto corar, para a diversão de Amara que mal conseguia conter o sorriso, entregando a caneta a Misun para que pudessem conversar.

"Não sei do que está falando"

Com um revirar de olhos a Kim resolveu brincar com a situação.

"É claro que não ;)"

"Mas hipoteticamente falando, caso esteja com vontade de beijar o cara que te salvou, e sinta que é errado pelo horroroso e babaca do seu ex, então hipoteticamente, digo para aproveitar a vida e agarrar a hipotética chance de ser feliz, entende?"

Sorriu quando Misun acenou timidamente, torcendo com todo seu coração para que estivesse certa.

Tóquio chamou um por um para a inspeção, como fazia parte do plano do professor, para que ganhassem tempo. Sua vez acabou por ser junto de Anne, que tinha algo nas mãos, apertando com força, no entanto, não parecia ser a única a perceber isso, já que a norte-coreana armada acenou para ela, indicando que ficaria de olho.

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