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Chorar em silêncio é a coisa mais dolorosa, porque é acompanhada do medo de ter que se justificar e quebrar ainda mais.

By: momento meu completamente magoada. 

—— Sem relacionamentos pessoais...

Ele dizia a si mesmo, desde que havia conhecido Tóquio, havia criado uma grande paixão pela norte-coreana, que claramente não retribuía e vivia o cortando.

Com o tempo aquela sensação de calor deu espaço a algo ainda desconhecido, com maior respeito e menos olhares. Ela era, afinal, uma boa amiga.

Mas a frase voltava a atazanar sua mente naquele momento, enquanto verificava Amara pelas câmeras a, maioria das vezes sentada, com as mãos segurando o pé machucado, as soltando quando começava a conversar com a irmã, usando de sinais que ele não entendia, ela parecia bem ao seu ver, na medida do possível, como uma refém estaria naquela altura do campeonato.

Notou quando a irmã mais nova da garota começou a se agitar de mais, e riu quando ela enrugou a testa confusa, sem entender o motivo, ele a achou fofa.

O nariz dela franzia, e os olhos se tornavam menores. Adorável, admitiu a si mesmo.

Anne ficou quieta ao sentir a irmã ainda mais silenciosa do que o comum, observou como ela ficava apenas olhando para um canto aleatório, e sabia que a mente dela estava distante, como o normal.

Amara sempre foi a alma artística da família, escritora, leitora, desenhista, pintora, costureira e maquiadora nas horas vagas, então não era de se estranhar, quando ela simplesmente ignorava o mundo ao seu redor e entrava no próprio, seus olhos desfocavam da realidade e a mente pensava em tantas coisas ao mesmo tempo, que deixaria uma pessoa comum maluca.

Ela nasceu para ser livre, mas o mundo não gostava de dar liberdade a ela.

Da mesma forma que entendeu que aquele assalto era algo maior, ela também sabia de outra coisa, sua irmã não estava completamente errada ao falar sobre seu pai, eram suas duas filhas como reféns naquele local, Anne e ela não eram qualquer outra pessoa.

Filhas de um Embaixador, se os assaltantes não soubessem de suas identidades, estavam a salvo, caso contrário, ambas se tornariam alvo em minutos, já que o fardo que carregavam, tornava aquela situação um pouco maior do que já era, uma norte-americana e uma naturalizada norte-americana, e convenhamos, não é segredo para ninguém que os Estados Unidos adora se aparecer.

Ela rezou para que não saísse daquele local ainda mais machucada, teve medo do que viria a seguir.

Sem imaginar, que o lindo rapaz que a ajudou anteriormente, estava de olho em suas ações, tentando entender o porquê dela estar tão pensativa.

O assaltante mais novo deixou de encarar a garota quando ouviu Berlim suspirar, colocando em seu rosto sua melhor expressão de tédio.

—— Rio —— Berlim chamou enquanto colocava a máscara acima dos cabelos, seguindo o plano antes traçado. —— leve o diretor e Anne..

Ele estava prestes a acentir quando se deu conta, do que isso significava, que Amara, com o pé torcido e sem entender nada, teria que correr, usar uma arma falsa e máscara.

—— E Amara? —— perguntou ainda parado a porta, a polícia estava quase toda a postos, e ele sabia estar correndo contra o tempo, mas nunca iria se perdoar caso a garota se machucasse por culpa dele.

—— O que tem a garota? —— perguntou Nairóbi, com a arma nas mãos e a máscara acima dos cabelos também.

—— Ela também é filha do Embaixador —— ele explicou nervoso —— Talvez crie mais convicção se as duas estiverem em frente a câmera...

Berlim não escondeu o sorriso sacana que apontou em seus lábios, pronto para lançar uma piada sobre o que achava estar acontecendo ali, quando Tóquio sem nenhuma paciência, resolveu intervir.

—— Rio tá certo —— ditou puxando sua arma de volta, agindo como esperava que o professor concordasse. —— pegue Amara, a deixe do lado do diretor e peça para que ela traduza para a linguagem de sinais.

O norte-coreano, líder deles ali resolveu deixar de lado, correndo para guiar seu grupo para uma das saídas, enquanto Rio lançava um último olhar de agradecimento a Tóquio e corria até Amara.

Eles sabiam, sobre seu pai e sobre a influência que as duas trariam para todo aquele assalto, Amara soube disso assim que Rio pediu para a irmã a contar que elas estariam em uma Live em breve, uma pequena apresentação que mudaria um grande detalhe em sua vida.

A maioria das pessoas sabe de sua existência, não sabe que é bastarda e muito menos sobre a surdez, mas, uma apresentação de texto por meio de sinais mudaria isso, correto?

Amara não se importou muito, apenas com a dor constante, e com ficar o mais calma possível em frente a câmera, tentando não demonstrar medo para milhões de pessoas que a veriam, e ela se saiu bem, apenas passando o texto ao mesmo tempo em que Anne repetia as palavras em inglês, levando um número maior de pessoas a entender seus apelos, ela também agradeceu muito por estar ali parada, ao invés de correr como a maioria dos outros, sabendo que a situação de seu pé esquerdo iria apenas piorar.

Se sentiu aliviada quando pela segunda vez a máscara foi retirada de seu rosto, e confusa quando começaram a bater palmas, supôs então que o plano deles havia dado certo, que uma invasão tinha sido evitada, e ela ainda perdida soltou um sorriso enquanto repetia o movimento de bater uma mão contra outra, não sabia o som que causava, não exatamente, mas parecia tão divertido que não se importou que estava saudando a bandidos.

E Rio, um dos bandidos para quem ela batia palma, a encarava do segundo piso, sorrindo para a figura tão fofa e alegre que mal parecia estar sentindo dor, ele podia ser um filho da puta, mas se sentia um dos mais sortudos em vê-la tão feliz.

—— Tá legal —— Tóquio disse ao parar ao seu lado, ambos escorados no segundo andar, observando a quantidade de pessoas também de vermelho, sentadas ao chão. —— O que tá rolando com a Amara?

Ele quase engasgou com a própria saliva ao ouvir a pergunta, os olhos focando no alvo do questionamento quase que instantaneamente.

—— Não sei do que está falando...

—— Rio —— chamou seria, o obrigando a parar de observar a Kim mais velha, e voltar o olhar para ela —— Ela é uma refém, não podemos confundir as coisas.

—— Não estou fazendo isso!

—— Então o que tá rolando? —— indagou novamente, agora ela mesma encarando a garota em questão, que sorria para algo que a irmã dizia com as mãos.

—— Ela está machucada —— comentou tentando disfarçar o próprio nervosismo, o que funcionou, já que a mulher voltou a o olhar no mesmo instante —— o pé torcido.

—— E não disse nada? E se tivéssemos a forçado a correr? —– a cada pergunta que fazia deixava um tapa estralado no braço dele, que estremecia com o contato severo.

—– Por isso a ajudei com o calçado e também disse para aparecer na Live...

—— Tudo bem —— respirou fundo, olhando para as irmãs novamente, antes de indiretar a postura —— Espero que seja só esse o motivo...

Tóquio se retirou, indo até a sala de impressões, e Rio se organizou para a seguir, quando parou bruscamente a procura de Amara novamente, sem ao menos notar que estava sempre tentando encontrá-la, segurando o riso quando a viu prender o cabelo com um elástico preto, enquanto Anne contava algo, e ele suspirou.

—— Também espero...

Ele não poderia cometer o mesmo erro novamente, acabar gastando de alguém  que nunca poderia gostar dele.

Amara era uma refém. Apenas isso.

Disse a si mesmo, pelas horas seguidas em que acabava pensando nela, prometendo ser apenas preocupação.

Olá 🤍🤍🤍

Até Breve 💫

Beijinhos de luz para quem quiser
By: BlackTurion

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