• Capítulo 7
Autora está inspirada, hein...
Boa leitura!
Criando Confiança
• Por, Melissa...
Nao sei em qual momento passamos de estranhos para parceiros. Talvez tenha sido a jornada em si, as dificuldades que passamos juntos que nos uniu.
Ou talvez só fosse para acontecer mesmo e eu deveria aceitar isso de uma vez por todas. As vezes as coisas só acontecem, certo?
Elas simplesmente acontecem!
.••.
Eu literalmente passei o dia inteiro em cima das costas de Joel. Ele me carregou por não sei quantos quilômetros sem quase dar uma pausa. Ele só parou para ir ao banheiro porque a Ellie o perturbou dizendo que não era mais capaz de segurar sua bexiga minúscula.
Como isso pode ser possível!
Eu me sinto mal, um peso para ele e seu grupo. Mas eu não tinha o que fazer, o mínimo que pude foi ficar de boca calada assim como ele pediu. Mas agora que paramos em uma lanchonete abandonada e eu o vejo apoiar as mãos nas costas, percebo o quanto isso deve estar sendo ruim para ele.
Nao que o Joel seja um velho caquético, pelo contrário, ele é até bem conservado para sua idade.
Espera... Conservado?
Sua idade?
Eu não sei quantos anos ele tem!
De qualquer forma, ele e Tess devem ter a mesma idade, na casa dos quarenta e pelo visto, eles compartilham de algum relacionamento. Já que fiquei calada o dia todo, pude perceber em como eles se preocupam um com o outro.
Joel está sempre a mantendo por perto, de onde ele possa garantir sua segurança, mesmo estando comigo pendurada em suas costas. Já Tess é mais sentimental, porque ela está sempre o tocando e perguntando se ele está bem, se precisa de algo, se está com dor e etc...
É... Eles são o casal do ano!
— Ei, você! — sou tirada de meus pensamentos com Joel me chamando. — Se quiser ir ao banheiro a hora é essa, partiremos em cinco minutos. — ele termina de dizer e joga uma revista velha na mesa em que estou.
De fato, eu não havia ido no banheiro desde que cheguei e bebi bastante água por conta dos remédios. Mas eu não quis incomodar, então só fiquei segurando e segurando.
— Ok. — me limito a responder somente isso e pego a revista nas mãos. — Eu vou... — começo a dizer, mas logo paro, pensando em como vou chegar até o banheiro sozinha.
Aí, não!
Nisso eu não vou pedir ajuda!
— Merda! — ouço Joel xingar e se aproximar rapidamente até mim. — E-eu posso...
— Não! — respondo rápido e um pouco alto. — Desculpa, mas eu acho que posso fazer isso.
Mentira, eu não consigo sozinha.
Mas nem que eu me arraste no chão, mas não vou aceitar a ajuda dele para fazer xixi.
— Calma, Melissa! — Tess surge, de repente. — Eu posso te ajudar! — ela se oferece com um meio sorriso.
Eu não tenho muita escolha, então aceito a ajuda de Tess e Ellie logo aparece para ajudar também. Ambas me seguram de cada lado e me levam em direção ao banheiro abandonado.
Após entrar, agradeci as meninas e fui me apoiando nas paredes. Foi uma luta tirar a calça, mas eu consegui, fazendo meu tão esperado e longo xixi.
— Porra! Você realmente estava precisando! — Ellie zomba do lado de fora, provavelmente ela e Tess estão me ouvindo fazer xixi.
Que ódio de mim!
— Realmente, mais um pouco e você iria acabar fazendo em cima do Joel. — Tess também zomba e eu me recuso a acreditar.
Mas que filha da puta!
— E-eu só... — tento me explicar, mas não sei o que dizer.
— Relaxa garota, só estamos mexendo com você. — Tess tenta me tranquilizar, mas eu ainda sinto vergonha. — Já terminou? Joel logo aparece aqui e te arranca a força. — ela completa me assustando.
Rapidamente, subo minhas calças da forma que posso e as chamo, que me ajudam a voltar para onde está o Joel.
Me sento novamente na mesa que estava e fico aguardando eles finalizarem de recolher o que encontraram e arrumar suas coisas para seguirmos nosso caminho. Porém, prestes a sairmos, Joel escuta vozes vindo do lado de fora e manda a gente se esconder.
Ellie fica atrás do balcão, Tess e Joel logo atrás da porta de entrada e eu apenas desço para debaixo da mesa. Após alguns segundos, dois caras entram na lanchonete conversando.
— Já disse que não tem mais nada nesse lugar, cara! — um deles comenta com o outro.
— Cala a porra da boca e me ajude a procurar! — o outro diz.
Eu não sei o que Joel pretende fazer. Se a ideia é permanecer escondido até eles irem embora, então eu sigo abaixada, mas logo lembro da faca que mantenho dentro da calça e a pego rapidamente.
Não que eu possa lutar nas minhas condições, mas é o melhor que consigo no momento.
— Ei, vocês! — Joel diz se levantando e apontando a arma para os dois e Tess se levanta junto.
— Que porra! — um dos caras logo saca uma arma e aponta na direção de Joel.
— Olha só, temos companhia! — o outro cara diz, também pegando sua arma e apontando para Tess.
De onde estou consigo ver Ellie atrás do balcão, ela me olha e eu faço um sinal para que ela não se mexa. Nessas horas agradeço ao treinamento da FRDRA que me ensinou que o melhor ataque é a surpresa.
— É melhor vocês caírem fora! — Joel diz e aponta para a porta.
— Eu tenho uma ideia melhor! — responde o que está apontando a arma para a Tess. — Por que não matamos você e ficamos com essa doçura, hein? — ele manda beijinhos para Tess.
Era só o que nos faltava!
— Faz isso de novo e eu faço um buraco nessa sua boca fodida! — Tess responde a altura.
Eu não sei o que vai acontecer!
Tudo é possível nessa situação, qualquer movimento ou fala errada pode terminar numa tragédia enorme.
— Vocês não querem isso, acreditem! — Joel os avisa novamente.
E é nesse momento que tudo vai por água a baixo. Ellie sem querer esbarra em alguma coisa que faz barulho, chamando a atenção dos homens. Um deles saca uma segunda arma e aponta para Joel e Tess, enquanto o outro vai atrás de Ellie.
— Me solta, seu filho da puta! — Ellie se debate nos braços nojentos do homem.
— Olha só! Eles tem uma filhinha gostosa também! — diz o homem, apertando a Ellie contra seu corpo.
Eu não sei como, mas de repente ouço vários tiros e Joel dizendo para Ellie correr. Tento me levantar para ver, mas são tantos tiros que preciso me abaixar novamente. Eu sei que preciso ajudar, só não sei como ainda.
Lentamente, vou me arrastando pelo chão até ter uma visão clara do que está acontecendo. Joel e Tess estão lutando no braço contra os dois homens. Me viro para o outro lado e vejo a porta dos fundos aberta. Então, tento ignorar a dor absurda do meu pé e vou engatinhando em direção atrás de Ellie.
— Ellie? — a chamo com dificuldade. — Ellie! — e nada dela responder.
É então que a avisto de longe, escondida dentro de um armário. A chamo novamente e ela faz um sinal para que eu faça silêncio.
Não acredito que...
— Merda! — xingo, olhando por todos os lados.
É então que escuto aqueles estalos horripilantes bem na minha frente. O infectado surge do além e vem se aproximando na minha direção. Sei que é um estalador e que ele não pode me ver, mas a adrenalina aumenta de vez no meu corpo e eu começo a me tremer por inteira, sem saber para onde ir.
Começo a engatinhar de volta para trás, mas mantenho meus olhos naquele horror de monstro que tenta a todo custo ouvir qualquer sinal que indique onde estou. É nesse momento que um barulho vindo lá de fora, provavelmente da briga de Joel e Tess que chama a atenção daquela coisa que começa a vir com mais rapidez do que nunca.
Eu poderia simplesmente sair do caminho e deixar que ele passa-se, mas isso colocaria Joel e Tess em risco e eu não posso deixar isso acontecer. Sem pensar direito me encolho embaixo de uma mesa e deixo que ele passe, para então sair e ficar atrás dele. Pego minha faca e a enfio com todas as minhas forças na coluna do infectado. Ele cai para frente e eu caio por cima, tentando usar o peso do meu corpo para que ele fique parado. É difícil, pois esse maldito fungo os deixa com uma força sobrenatural, então em um momento de fraqueza ele me derruba e fica por cima de mim.
Uma mordida, uma única mordida e eu estaria condenada a morte. Apesar de todos os meus sentimentos, acho que meu instinto de sobrevivência fala mais alto e eu uso o restante das minhas forças para segurar seu pescoço e tentar enfiar a faca em sua cabeça. O que não dá muito certo, devido as camadas do fungo em seu rosto e ainda faz com que a faca ficasse grudada em sua cabeça.
De repente, ouço um "morre, filho da puta!" e quando percebo, Ellie está nas costas do infectado, acertando várias facadas nele. Aproveito a distração dele e o empurro novamente para o lado e ele tenta pegar a Ellie, mas eu a afasto para dentro daquela sala que estávamos e fecho porta, dizendo para ela não sair.
O infectado vem novamente em minha direção e no calor do momento, o chuto na barriga com meu pé machucado. O infectado cai para um lado e eu caio para o outro com uma dor absurda no meu pé, tirando todas as minhas forças por completo.
Sem armas e mais forças, me arrasto mais uns centímetros até a porta da sala de onde Ellie está e me encosto sentada, tentando garantir que o infectado não chegue próximo a ela. E logo ele veio, ou melhor, tentou vir porque um disparo foi feito o atingindo na cabeça e o derrubando imediatamente.
Mas por incrível que pareça o tiro não o matou e ele ainda se arrasta na minha direção, então em uma ultima tentativa, puxo a minha faca que estava na sua cabeça e dessa vez o acerto em cheio, finalizando de vez aquele monstro.
Exausta, encosto minha cabeça na porta e respiro fundo por alguns segundos. Aos poucos a adrenalina no meu corpo foi abaixando, mas em compensação a dor no meu pé foi aumentando, como na noite em que cai em cima daquele maldito ferro.
— Ei! — levo um susto ao ser tocada por alguém. — Calma, sou eu, Tess! — abro os olhos e a vejo abaixada em minha frente com a mão no meu ombro.
Aos poucos vou assimilando a situação e me lembro de Ellie, trancada na sala. Tento me mover da forma que posso, mas quanto mais eu me mexo, mais o meu pé dói.
— Ellie... — digo seu nome e aponto para a porta, caindo para o outro lado.
Tento não parecer fraca, mas é praticamente impossível conter as lágrimas pela dor que estou sentindo. Fico me contorcendo no chão, enquanto Tess abre a porta e a Ellie sai, ainda assustada com toda a situação.
— Eles... O infectado? — ela pergunta o olhando no chão.
— Relaxe, criança. A mocinha aqui deu conta dele. — ouço Joel dizer e o vejo se aproximar de mim. — Ei, garota! — sinto sua mão em meu ombro. — É... Você está bem? — ele me olha e parece preocupado.
— E-eu... Meu pé! — tento olhar para meu pé, mas mal consigo mexer meu corpo. — Droga! Eu chutei aquela coisa e esqueci completamente. — exclamo de dor.
— Eu vou dar uma olhada, tudo bem? — Joel pergunta e eu apenas aceno com a cabeça.
Ele retira minha bota e eu quase desmaio de tanta dor. Ao olhar, vejo que meu pé está três vezes o tamanho que deveria estar.
— Que inferno! — Joel diz, passando as mãos no cabelo. — Tess, Ellie... Procurem qualquer kit médico ou algo que eu possa amarrar o pé dela. — ele ordena e as duas saem em disparada sem contestar.
— Joel... — o chamo baixinho, sem forças para falar mais alto.
— Ei, poupe suas energias! — ele se aproxima novamente, ficando no meu campo de visão. — Isso não está em discussão e nós vamos seguir com você consciente ou não.
Eu nada mais digo, até porque realmente não tenho mais forças para discutir. Então deito minha cabeça no chão novamente, enquanto Joel segura meu pé inchado para cima.
— Acho que encontrei algo! — Ellie sai da salinha com um kit nas mãos. — Estava escondido, acho que ninguém nunca usou. — ela entrega a Joel.
— Qual a situação? — Tess pergunta a Joel. — Não podemos ficar aqui por muito tempo, você sabe.
— Parece uma luxação, como se já não bastasse toda a infecção. — ele responde e respira fundo. — Olha, querida, eu sinto muito, mas isso vai doer!
Eu nem tenho tempo para responder quando Joel começa a amarrar e apertar meu pé com alguma coisa me causando uma dor inigualável. Ellie pede para ele parar, mas Joel diz que precisa imobilizar meu pé ou ele nunca irá se curar. Logo Ellie corre até meu lado e segura minhas mãos, dizendo que vai ficar tudo bem e que eu salvei a vida dela mais uma vez.
Após isso, começo a ver tudo ficando escuro novamente. Aquela sensação de leveza volta, mas dessa vez sei que vou desmaiar.
.••.
Após algum tempo, não sei. Começo a ouvir vozes ao meu redor, mas não consigo abrir os olhos, apenas escutar.
— Joel, ela piorou! — parece a voz de Tess.
— Ela salvou a vida da Ellie, de novo! — Joel responde.
— Eu sei e seremos eternamentes gratos a ela, mas não tem como você ficar carregando ela para cima e para baixo nas costas! — ela argumenta.
— Não vamos deixá-la, lembra? — agora ouço a voz de Ellie. — Se vocês a deixarem aqui eu fico com ela!
— Isso é assunto de gente grande, garota! — Tess responde.
— Eu já sou grande o suficiente para... — Ellie começa a dizer mas é interrompida.
— Chega! — sua voz é firme. — Ela vai conosco e eu não irei mais discutir sobre isso. Eu a carrego no ombro, nas costas... Não importa! Mas ela irá conosco e está decidido.
— Você nem queria salvar ela da primeira vez, Joel... O que mudou agora? — Tess o questiona.
A partir daí, não ouço mais nada. Tudo volta a ser um grande silêncio em minha mente.
Seria esse, meu fim?
.••.
Ate a próxima ❤️
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