• Capítulo 6
Eu sei, eu sei...
Mas saiu o trailer da segunda temporada e eu simplesmente lembrei que tinha planos pra essa fic.
Então, cá estamos novamente...
Boa leitura!
Juntos?
• Por, Melissa...
Eu sei que as pessoas dizem que após o 'fim do mundo' tudo mudou, elas não eram mais as mesmas. Tiveram que recomeçar, criar uma nova vida e eu entendo isso.
Mas foi diferente para mim.
O mundo havia acabado e estava tudo devastado, eu sabia que todo dia poderia ser o último, mas ainda assim, eu era a mesma. Eu confiava cegamente na minha família, confiava de que ainda existiam pessoas boas por aí que poderiam nos ajudar.
Eu fui muito ingênua!
Mas então, tudo mudou. Eu só fui me dar conta de como o mundo era ruim mesmo após o que o Mike, meu próprio irmão, tentou fazer comigo.
Foi como se todo aquele último resquício de luz e bondade em mim tivessem sido arrancados a força. Eu não sorri mais, não tinha mais esperanças.
Eu não confiava mais em ninguém!
E teria sido assim, pelo resto da minha vida, se não fosse ele...
.••.
— Então... Por que quer tanto morrer? — Joel olha para mim esperando uma resposta.
Eu não o conheço.
Certamente não deveria confiar nele, estando aqui, ao seu lado e vulnerável dessa forma. Mas ao olhar para trás e ver Tess e Ellie dormindo, me permito enxergar as coisas por outro lado.
De alguma forma, sei que são uma família. Estão juntos e cuidam um do outro. Do contrário, eu não estaria aqui sendo salva por eles, talvez em uma forma de gratidão por ter salvo a garota.
Eu não sei, eu só...
Pela primeira vez em muitos anos, sinto que posso me abrir com alguém.
— Não tenho mais motivos para querer estar viva. — me limito a dizer isso, desviando meu olhar do dele.
— Significa que já teve. — Joel diz, mas eu não respondo nada de imediato.
— Você se importa? — finalmente tomo coragem de perguntar e o encaro.
— Não. — ele responde, sem me olhar e eu fico surpresa com sua honestidade.
Pensei que essa seria uma conversa reflexiva sobre a vida. Mas pelo visto, Joel realmente não gosta de mim.
— Se você não se importa, então por que eu estou aqui? — o questiono. — Por que tem me carregado durante todo esse tempo por aí? Por que não simplesmente me deixou lá pra morrer? — ouso me aproximar um centímetro dele. — Por que, Joel?
Ok. Talvez eu esteja cutucando a onça com uma vara curta?
Talvez, mas eu realmente preciso saber o que ele quer comigo e por quê eu ainda estou aqui.
— Porque a Ellie se importa. — ele diz, ríspido.
— Joel, eu... — sou interrompida por ele.
— Escute bem... — ele me encara sério e eu sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo. — Não estamos juntos. Não somos parceiros e muito menos vamos te acolher como um cão abandonado. — ele diz firme e sem esboçar uma reação. — Estaremos por perto até que você possa andar sozinha e após isso, cada um segue seu caminho.
Sem perguntas pessoais, sem criar laços com a Ellie. Apenas fique calada e faça o que eu mandar, entendeu? — finaliza, quase me fuzilando com os olhos.
Joel realmente me assustou.
Seu olhar é escuro, como de alguém que não pensaria duas vezes antes de meter uma bala na minha cabeça de fosse preciso.
Eu pisco algumas vezes, tentando não chorar na frente dele e viro meu rosto ao lado contrário. Ainda posso sentir seu olhar em mim, quase como se eu estivesse nua em sua frente.
Se não fosse pelas meninas ali atrás, eu até cogitaria dele querer fazer algo pior comigo, sozinha aqui no meio do nada.
Com muita dificuldade, tento me arrastar até a minha mochila, mas Joel me impede, agarrando meu pulso firme e me assustando mais uma vez.
— Que porra você está fazendo? — ele pergunta, apertando meu pulso.
— Joel... Me-eu pulso! — reclamo, mas ele não dá a mínima. — Só quero pegar minha mochila e deitar, para você ter o seu saco de dormir de volta. — tento me explicar em meio ao desconforto.
— Eu não vou dormir, pode ficar com ele. — ele solta meu pulso e volta para sua posição anterior.
De costas para mim, eu o observo mais alguns segundos, alternando meu olhar entre ele e meu pulso. Tento me mover mas não consigo, olho para as meninas, mas além de estarem dormindo, estão um pouco distante de onde eu estou.
Eu já senti isso antes, quando o Mike me agarrou e disse aquelas coisas. Desde então, eu nunca mais tive essa sensação, mesmo morando na Zona e trabalhando para a FEDRA. Eu consegui enfrentar quem quer que fosse e sem medo.
Mas por algum motivo, com Joel é diferente. Não sei se pelo seu tamanho, aparência ou atitude. Mas eu não consigo deixar de ter aquele mesmo sentimento, tomando conta de mim cada vez mais.
Pisco algumas vezes, tentando controlar minha respiração, mas é quase impossível!
As lágrimas simplesmente descem pela minha face, sendo incapaz de controlá-las.
— Qual o problema agora? Congelou aí atrás? — Joel resmunga e logo se vira para me olhar. — O que diabos você tem? — ele me olha estanho, mas eu não consigo falar, só encarar ele. — Está com dor novamente? — ele aproxima sua mão do meu tornozelo.
— Não! — digo com a voz falha, me afastando rapidamente.
Joel para imediatamente. Me encara por alguns segundos e depois passa as mãos no rosto, respirando fundo.
Então ele afasta as mãos do rosto e arrasta o seu corpo para longe de mim, mas permanece me olhando.
— Eu... — ele começa a dizer, sua voz é baixa e rouca, completamente diferente do que era antes. — Eu não vou te machucar de novo, me desculpe! — ele diz, cruzando os braços. — Pode ir deitar com as meninas se quiser. Não vou me aproximar!
Dito isso, meu coração se acalma um pouco mais. Então sem responder uma palavra, me arrasto com dor até onde estava o saco de dormir dele e o puxo lentamente em direção às meninas, que ainda permanecem dormindo.
Me posiciono entre Ellie e Tess e deito para dormir, se é que eu vou conseguir.
.••.
Nao me lembro exatamente em que momento, mas sei que após chorar silenciosamente revivendo meu trauma, eu acabei dormindo.
Acordo aos poucos, com alguém me chamando.
— Ei, garota? — abro os olhos e vejo que é Tess, ao meu lado. — Levanta, você precisa comer alguma coisa.
Aos poucos, vou erguendo meu corpo que parece ter sido atropelado. Me sento e ajeito meu cabelo da forma que posso, olho para o lado e vejo Joel, Ellie e Tess sentados em volta de alguns mantimentos.
Apesar da Tess ter me chamado, eu não iria simplesmente sair pegando os suprimentos deles. Já tive minha experiência vagando por aí e sei como é difícil conseguir algo.
Então, como se fosse um alarme, sinto meu pé doer e faço uma careta, deicindo o analisar. Tiro o curativo improvisado e vejo que está melhor que da última vez, mas a ferida ainda está aberta e está certamente muito infeccionada.
Resmungo um pouco com dor e volto a colocar o curativo no lugar. Mas logo sou interrompida pela presença de Joel, que surgiu do nada na minha frente. Meu coração para novamente, sinto aquela sensação de ontem querer vir a tona, mas faço o máximo para não demonstrar.
Joel se abaixa em minha frente, olha para o meu pé e depois me olha. Logo ele me entrega um saco com o que parece ser carne seca, uma garrafa de água e um saco bem menor, com alguns comprimidos.
— Pegue! — ele mais joga nos meus braços do que tudo. — Coma tudo se conseguir e beba bastante água. Depois tome dois comprimidos desses, entendeu? — ele me explica, mas eu não consigo raciocinar muito bem.
Joel estala os dedos na minha frente e pergunta se estou ouvindo. Eu balanço a cabeça e afirmo que sim, apesar de estar um pouco receosa.
Mas a essa altura, não acredito que ele vá querer me envenenar.
— Não se preocupe em comer tudo, você precisa mais do que a gente no momento. — ele completa e eu apenas afirmo com a cabeça novamente. — Posso dar uma olhada? — ele olha em direção ao meu pé.
Deixo Joel retirar o curativo e pela cara dele, a situação realmente não é das melhores. Só não sei se ele está assim por isso, ou porque significa que levarei mais tempo pra me recuperar, ou seja, mais tempo com eles.
— Ainda está infeccionado, mas melhorou um pouco, desde que passamos a te dar os remédios. — ele diz e sigo, sem abrir a boca. — Termine de comer que a Tess irá limpar e refazer o curativo. Precisamos partir logo e pelo visto, bem devagar. — ele suspira e se levanta me encarando. — Não vai dizer nada? — me questiona.
— Não precisam me carregar por aí, eu já disse. — ergo meu olhar, encontrando com o dele. — Deixe alguns suprimentos e os remédios que ficarei bem. Não quero atrapalhar vocês mais do que já fiz. — finalizo.
Joel abre a boca para responder, mas logo é interrompido.
— Não deixa essa cara de carrancudo dele te assustar! — Ellie diz, surgindo do nada. — Você precisa sim estar conosco, pelo menos até conseguir correr por aí, cara. — ela se abaixa e senta ao meu lado. — Porra, você salvou a minha vida! — ela diz animada. — Isso não está em discussão, não é, Joel? — a garota o encara.
— Que seja! — ele resmunga e se afasta.
— Desculpe por ele! — ela diz, sorrindo para mim.
— Tudo bem, meu pai também era assim. — deixo escapar, mas logo me dou conta e tento que mascarar a dor.
— O que foi? Está tudo bem? — Ellie me olha preocupada.
— Sim, está sim! Só meu pé que está doendo mesmo. — minto, mas isso não deixa de ser verdade.
Ao analisar novamente Ellie, percebo que ela não deve ter mais que uns quinze anos. Ela não se parece nem com o Joel e muito menos com a Tess e como a mesma já disse, eles não são os pais dela. Noto também que há um curativo em seu braço, provavelmente do incidente que tivemos naquela noite.
— Também se feriu? — aponto para seu braço enfaixado.
Então uma coisa estranha acontece. Ellie, pela primeira vez parece nervosa e desvia o olhar do meu, olhando em direção a Tess e Joel que também estão se olhando.
Parece até que eu perguntei algo absurdo, o que me faz suspeitar um pouco.
— É-é... Foi só um arranhão no carro. — ela diz e puxa a manga da camisa, escondendo. — Mas então... Vai querer ajuda com o curativo? Eu sou ótima nisso! — ela sorri para mim, mas ainda posso sentir seu nervosismo.
Se fosse em outra ocasião, eu até diria que ela foi mordida. Mas já fazem dias que estamos na estrada e ela não me parece nem um pouco doente. Provavelmente deve ser coisa da minha cabeça mesmo.
Após comer, tomar os remédios e limparem meu curativo, nos preparamos para partir. Eu não sei para onde eles estão indo e nem irei perguntar ou Joel é capaz de dar um soco bem na minha cara e me apagar até meu pé melhorar.
Seja qual for o destino deles eu aceito. Não tenho para onde ir mesmo, nem esperava estar viva, na verdade.
— Tudo pronto? — Joel pergunta a todos.
— Sim, mestre! — Ellie responde e bate continência, zombando dele.
Apesar de tudo, ela é só uma garotinha ainda. Não me aguento e dou um sorriso rápido, assistindo Joel a repreender.
— Muito engraçado, mocinha. Agora vamos! — ele a olha sério e Ellie segue atrás de Tess que também sorri da situação.
— Eu posso carregar minha mochila. — digo, ainda sentada no chão.
Nao, eu não posso carregar, nem sei se vou conseguir ficar em pé.
— Você não consegue ficar de pé e ainda quer carregar uma mochila pesada? — Joel vem na minha direção e zomba da minha cara.
— Eu consigo sim! — o desafio, mesmo sabendo da minha derrota.
— Então vá, levante-se! — ele cruza os braços me olhando. — Quero ver se consegue.
Desafiada, o olho com toda a minha raiva e respiro fundo, antes de apoiar meus braços no chão para me levantar. O que não foi tão complicado, até a parte que tenho que apoiar meu pé machucado no chão.
Joel nada diz, apenas me encara sério, provavelmente esperando eu cair para rir da minha cara. Mas eu não desisto, tento, uma, duas... Três vezes apoiar o pé machucado no chão, até que o previsível acontece.
Sinto uma dor enorme e me desequilíbrio, indo com tudo no chão. Melhor dizendo, eu iria com tudo no chão, se os braços de Joel não tivessem deixado.
Joel me segura bem a tempo de evitar que eu caia feio no chão. Seus braços envolvem minha cintura rapidamente, me puxando para ele e evitando que eu me machuque mais ainda.
— Estou vendo como consegue. — ele diz, com o rosto bem próximo ao meu.
De alguma forma estranha, Joel cheira a floresta e colônia masculina ao mesmo tempo. Mas não que eu esteja reparando nisso, só que com ele bem próximo assim, é praticamente inevitável não sentir.
— Está bem, você tem razão! — digo, ainda apoiada contra seu peito. — Vocês deveriam ir, eu só vou atrasar a sua viagem desse jeito.
— Você tem razão. — ele concorda e eu fico perplexa novamente com a sinceridade dele. — Mas você salvou a Ellie e ela me fez prometer que iríamos te proteger até você melhorar. — ele olha para trás e Ellie faz um sinal de 'joinha' com a mão e sorri.
Estou prester a dizer algo, quando ele simplesmente se vira de costas sem soltar meu corpo e me levanta, me puxando para subir em suas costas.
— Agora chegar de perder tempo e vamos logo! — ele começa a me carregar e andar ao mesmo tempo.
— O que? Você vai me carregar? — pergunto o óbvio, com ele já me carregando. — Isso é impossível, você vai se cansar, eu...
Novamente, ele não me deixa terminar de falar.
— Tenho feito isso há mais de uma semana, querida. — ele solta esse 'querida', me deixando sem reação. — E espero que você continue calada igual quando estava desacordada, se possível.
E lá está o cavalo que Joel sempre foi desde que o conheci. Acho que esse 'querida' foi apenas ironia com a minha pessoa mesmo.
De qualquer forma, fiquei calada e não respondi mais nada, enquanto começamos a caminhar por aí. Vez ou outra a Ellie me fazia alguma pergunta pessoal sobre quem eu era ou o que estava fazendo, mas Joel logo a repreendida e mandava ela seguir na frente com Tess.
Nao sei explicar tudo isso, em um momento eu estou salvando a vida daquela garota e no outro, sendo carregada nas costas do possível pai dela.
Isso faz algum sentido?
Eu gostaria de dizer que as coisas serão melhores daqui para frente, mas a verdade é que eu não faço a mínima ideia!
A única coisa que sei é que essa viagem será longa.
Muito longa!
.••.
Ain, a autora tem tantos planos para essa fic.
Nao deixem ela cair em esquecimento.
Até a próxima 😘
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