• Capítulo 3

Ooi amores!

Boa leitura <3

Caminhos Cruzados

• Por, Melissa...

A vida é uma merda!

Pessoas boas sofrem e morrem, enquanto pessoas ruins sobem de vida e se aproveitam dos fracos para crescer.

Eu odiava morar naquela Zona de Quarentena, desejava todos os dias que aquele lugar inteiro explodisse para que eu e meu pai pudéssemos fugir. O lugar em si já era uma visão do fim da esperança, era como um buraco vazio com pessoas que perderam o rumo da vida... Elas apenas viviam no automático.

Sofri muitos assédios de quase todos os guardas até conseguir subir de posto. Talvez fosse por quebrar os narizes ou os dedos daqueles idiotas, que eles me subiram para fazer a segurança. Eu era agressiva quando precisava ser e sem remorso algum.

Depois do que Mike fez comigo, eu jurei não confiar mais em homem algum além do meu pai. Já apanhei muito por dizer Não para homens de ego frágil que não me estupraram, mas deixaram sua marca em mim de outra forma.

Eu estava pronta para matar e me defender de quem fosse necessário ao fugir da Zona.

Só não contava encontrar com uma garota fugindo de dois infectados.

.••.

Eu já havia perdido a conta de quanto tempo ainda estava correndo no meio do escuro. Eu apertei o botão automático e apenas corri em linha reta para fugir daquelas pessoas, daquele lugar.

Por um tempo eu ainda pude escutar o barulho dos carros, as luzes e lanternas próximos a mim. Mas eu me meti no meio da mata e segui correndo e correndo. Estava tudo muito fresco em minha memória ainda e eu não tinha mais controle sobre minhas pernas.

Em um momento, eu estava com meu pai morto em meus braços e no outro buscando justiça com as próprias mão. Eu nunca estive sozinha desde que tudo aconteceu, eu não sabia para onde ir, não tinha ninguém para me ajudar.

Eu nem sabia se ainda queria existir.

Após um longo tempo, talvez horas, eu já estava exausta e não conseguia mais correr. De longe, vi o que parecia ser um motel, lugar que eu só descobri porque meu pai me explicou mais ou menos o que era e para que servia.

Me aproximei com cuidado, peguei minha arma e segurei dando a volta ao redor daquele lugar. Foi uma questão de segundos até eu escutar um grito de uma garota.

Eu não pensei muito, na verdade eu não pensei em nada. Corri em direção e cheguei ao estacionamento, vendo uma garota muito jovem com uma faca na mão correndo em volta de um carro quebrado, enquanto do outro lado, um clicker ia atrás dela.

Apertei o gatilho em direção ao monstro, mas a arma travou. Sem pensar muito novamente, corri para perto e gritei, chamando sua atenção a mim.

— Entra dentro do carro e se abaixa! — gritei para a garota que sem pensar duas vezes, fez o que eu disse.

Rapidamente peguei minha faca e corri para o outro lado, atraindo aquela maldita coisa. Escutei vozes de longe, mas minha atenção estava totalmente em acabar com aquela coisa. Ele se aproximou e eu consegui me esquivar, perfurando a faca em seu ombro, mas ele ainda estava vivo. Então ele veio uma segunda vez e eu juntei todas as forças que me restavam, dando um chute no que deveria ser o rosto daquilo.

O clicker caiu no chão, então eu rapidamente pisei em cima de seu pescoço e retirei a faca do ombro, agora enfiando bem em sua cabeça, o matando de vez.

Exausta, ergo meu corpo lentamente até encontrar ele me olhando.

Olhei ao redor e vi uma mulher retirando a garota do carro, então eu olhei para o homem mais velho e ele me olhou. Eu não sabia o que pensar e nem tive muito tempo, quando um segundo infectado surgiu do nada vindo em minha direção.

Minha faca estava no chão, não havia tempo para pegá-la, então eu corri. Apenas corri na direção oposta ouvindo aquela coisa vir atrás de mim.

Eu não conseguia ver nada, só senti de repente a falta do chão e meu corpo caindo desastrosamente. Assim que cai, senti algo perfurar meu tornozelo, me causando uma dor profunda.

Me arrastei devagar e então ouvi o barulho daquela coisa caindo também. Eu não sabia mais o que fazer, estava sangrando, não conseguia ver nada e não tinha forças para lutar mais.

Acho que não tinha mais forças para nada, então eu parei. Parei de me arrastar e tentar lutar pela minha vida... Afinal, eu não tinha mais nada a perder, certo?

Então ouvi um tiro e uma luz de lanterna iluminando o infectado, que agora se arrastava mais lentamente em minha direção.

Aquele homem.
Aquele homem de momentos atrás apareceu em minha frente e então mirou sua arma novamente na direção daquela coisa.
Rapidamente, pensei em meu pai, meu irmão e toda a desgraça que havia vivenciado nos últimos anos.

Eu não tinha mais nada!
Não havia mais razão para continuar, visto que todos aquele que eu um dia amei, já se foram.

Então não era justo aquele homem gastar suas balas comigo.
Seja ele quem for...

— Deixa ele! — disse com a voz falha.

Aquela coisa ainda tentava se aproximar e o homem me olhou com uma feição confusa.

— Pode ir! — disse novamente olhando para o céu. — Só... me deixa aqui!

Então ele atirou.
Atirou no infectado ignorando tudo o que eu pedi para ele fazer.

Ele se aproximou de mim que nessa altura, já não sabia lidar com o cansaço, mais seja o que for que tenha perfurado o meu tornozelo.

Eu só queria fechar os olhos e acabar com tudo aquilo.

Por que você fez isso? — questionei, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

— Quem diabos é você, garota? — ouvi sua voz grave perguntando, mas eu já não conseguia manter os olhos abertos.

Então eu apaguei.

.••.

— O que vamos fazer? — uma voz feminina perguntou.

— Não a nada para fazer. — escutei a mesma voz daquele homem dizer.

Eu havia acordado, mas não abri os olhos, não até saber onde estava e quem eram aquelas pessoas.

— Como não a nada para fazer, Joel? — aquela voz feminina volta a questionar. — Ela está ferida, precisa de ajuda!

Joel.
Então esse era o nome do homem.

Não fazemos caridade e ela não faz parte do nosso objetivo. — ele disse friamente.

Objetivo?
Qual objetivo?

— Ela salvou a Ellie! — a mulher disse. — Na verdade ela se sacrificou por ela, Joel... Vamos lá! — ela parecia se importar comigo.

A primeira impressão, eles pareciam ser boas pessoas. Não me deixaram para morrer e estão discutindo sobre como me ajudar.

Hora de acordar.

— Ellie! — falei o nome da garota abrindo os olhos e tendo a atenção deles. — Ela está bem? — perguntei olhando para os dois.

Pelo o que eu pude perceber, estávamos em um quarto, provavelmente no motel onde tudo aconteceu. Joel e a mulher estavam armados, mas ao contrário dela que mantinha a sua arma abaixada, ele apontou para mim.

Quem é você? — ele perguntou com a arma em minha direção. — E o que você quer com a garota? — fez outra pergunta.

Eu estava prestes a responder, quando uma dor enorme me atingiu no tornozelo e então eu me lembrei da queda. Me sentei rapidamente e Joel fez um movimento me seguindo com a arma, enquanto a mulher pede para ele abaixar.

Olhei para o meu pé e vi um curativo improvisado no mesmo. Mas a dor ainda era absurdamente forte.

Droga! — esbravejei apertando a coxa para aliviar a dor. — O que aconteceu com meu tornozelo? — perguntei.

— Responda a minha maldita pergunta ou eu atiro! — aquele cara não estava para brincadeiras mesmo.

E eu perdi toda a paciência por conta da dor.

— Eu não faço ideia de quem vocês são! — respondi alto. — Estava andando quando ouvi o grito da garota e fui ajudá-la, ou como a senhorita ai disse... Eu sacrifiquei a minha vida por ela. Então, de nada... Joel! — tomei a ousadia de pronunciar seu nome.

O que provavelmente o deixou furioso enquanto a mulher ao seu lado, deu um leve sorriso.
Foi rápido, mas eu vi.

O que aconteceu com meu tornozelo? — voltei a perguntar.

— Você caiu e um pedaço de ferro te perfurou. — a mulher disse, me olhando. — Eu retirei e fiz um curativo com o que deu, espero que não infeccione.

Voltei meus olhos ao homem que continuava imóvel com a arma em minha direção.

— Se for atirar, faça logo! — disse, olhando em seus olhos. — Do contrário, saia da minha frente!

Ele continuou lá e eu não dei a mínima, me arrastando na cama e ficando de pé. O que não durou nem um segundo, quando eu voltei a cama com a dor terrível que senti ao pisar o pé no chão.

— Merda! — voltei a me jogar na cama.

— Você não vai conseguir andar desse jeito, não sozinha. — a mulher disse olhando para Joel. — Abaixa logo a porra da arma, cara! — ela disse e ele o fez.

Fiquei sentada na cama, enquanto ele deu dois passos em direção a porta e se encostou nela, cruzando os braços.

Pronto, agora virei prisioneira? — perguntei irônica.

— Só queremos saber mais de você e se tem alguém que possa ajudá-la a caminhar ou ir para casa. — a mulher disse com a voz doce, dando um passo em minha direção.

Eu sabia exatamente que táticas eram aquelas. Ela perguntou com a voz doce, mas só estão interessados em saber se tem alguém comigo que ameaçem eles.

— Não tem ninguém comigo. Eu estou sozinha e não tenho casa para ir. — respondi olhando para ela.

— Então você só vaga por aí sozinha? — Joel perguntou da porta e eu revirei os olhos.

— Algum problema com isso? — o desafiei. — Olha, eu não sei quem vocês são e nem quero saber. Eu só salvei a garota, achei que ela estava sozinha e foi só isso! — tentei deixar claro. — Eu quase morri ontem, olhe só para o meu estado. Eu não sou uma ameaça. — finalizei olhando para Joel.

— Tudo bem. Nós entendemos, não é? — a mulher olhou para Joel que continuou imóvel. — Meu nome é Tess... E você? — ela me perguntou.

Eu não diria meu nome para qualquer um, mas eles não me pareceram ser da FEDRA.

Até porque, eles não andam com crianças e atiram primeiro antes de perguntar.

Melissa. — respondido a ela.

— Então, Melissa. Você já conheceu o Joel e a Ellie, certo?! — ela deu um meio sorriso. — Não vamos te machucar, mas precisamos que você seja sincera caso esteja com alguém.

E lá vamos nós novamente...

— Eu não estou com ninguém! — repito mais uma vez, olhando direto para ela. — E como podem ver, não consigo dar dois passos sem cair no chão de tanta dor. Então podem seguir o seu caminho, não existe chance alguma de eu seguir vocês, okay?!

Eles ficam em silêncio por alguns segundos e então me pedem um momento para conversar. Eles saem do quarto e me deixam lá, sentada na cama esperando.

Após um tempo eles voltam e acredite, toda aquela situação era ridícula. Mas por um lado eu entendia, se fosse meu pai, já teria matado quem quer que fosse.

— Qual o veredito, juízes? — perguntei irônica.

— Vamos te ajudar com base no que você fez pela garota. — Tess disse se aproximando. — Existe uma Zona de Quarentena não muito distante, talvez algumas horas e...

Assim que ela falou daquele lugar, eu entrei em desespero absoluto.

Não! — falei alto. — Podem me matar, mas não me levem para lá! — alterei meu olhar entre Joel e Tess.

— Eles podem te ajudar, existem médicos, comida... Um lugar para você ficar, Melissa...

— O que você aprontou? — Joel a cortou, chamando nossa atenção para ele.

Droga!
Ele era esperto e muito!

— Como assim? — fingi que não entendi.

— Você veio daquela Zona, não é? — ele me questionou se aproximando, dando passos lentamente em minha direção.

— Por que acha isso? — respondi com outra pergunta, não tirando meus olhos dos seus em nenhum momento.

Ele era sim assustador!

Seu olhar era escuro e ele tinha cara de quem não hesitaria um segundo, se tivesse que me matar. E eu estava sim com um pouco de medo, mas algo em mim não me deixava ser levada totalmente por esse sentimento.

— Seu cabelo, suas roupas... — ele começou a olhar por todo o meu corpo e aquilo foi meu ponto fraco. — Apesar de ter caído em um buraco, você não está muito suja para quem vaga por aí sozinha. — ele continuava se aproximando.

Joel estava de braços cruzados, mas continuou dando lentos passos em minha direção e aquilo sim, me assustou. A forma como ele me olhou, fez com que eu lembrasse do meu irmão. Não que eu visse aquele mesmo olhar, mas eu tinha tanto trauma de qualquer olhar masculino e logo minha mente voltava naquele dia.

— P-por favor... — ele estava a centímetros de mim. — Não me toque. — pedi olhando em seus olhos.

Então ele parou.

Seu olhar mudou e ele olhou para Tess com uma expressão que eu não pude entender. Logo Joel foi se afastando, até voltar a sua antiga posição parado na porta.

— Melissa? — a voz de Tess me tirou to transe de encarar o Joel e todos os movimentos que ele fazia. — Melissa, tudo bem? — ela perguntou novamente.

— Sim... — pisquei várias vezes e voltei meu olhar para ela.

— Ele não vai te machucar, eu prometo! — ela falou calmamente, enquanto se aproximou para se sentar ao meu lado. — Nos diga o que aconteceu. Por que você não quer voltar para lá?

Eu deveria dizer?

Deveria contar que perdi meu pai e tentei me vingar, matando vários soldados daquela Zona? Deveria dizer que fracassei e agora eles procuravam por mim?

Eu não posso confiar neles, não sei quem são e do que são capazes.
Apesar de Tess transparecer toda essa calmaria, eu também podia ver em seu olhar que ela seria capaz de qualquer coisa para salvar sua família.

E tem o Joel.
Que eu com certeza não sou capaz de decifrar, a não ser o pensamento que ele provavelmente tenha de me matar a cada palavra que falo.

Seria tão mais fácil se meu pai estivesse aqui. Ele saberia como agir, saberia como lidar com essas pessoas. Diria para confiarmos, porque ainda existia bondade no mundo.

Será que ainda existia mesmo?

.••.

👀👀

Até a próxima 😘

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