━━━━ MEU 17° ANIVERSÁRIO
⿻GLOSSÁRIO
AISH: que droga!
AIGO: céus/ meu Deus!
OMMA: mãe
AJUSSHI: senhor mais velho
| EUN SO-HYUN |
— Como assim você não vai fazer nada! — A voz estridente Hyun-Tae ressoa pelo corredor quase vazio do colégio.
Fecho com força a porta do meu armário, contando mentalmente até dez para não brigar com meu melhor amigo — e único também — sobre minha decisão de não comemorar a porcaria do meu aniversário!
Afinal, por que comemorar uma vida miserável como a minha?
— Sabe que não gosto dessa baboseira, Hyun-Tae!
A forma com que Hyun-Tae me olha neste instante, me faz questionar se o ofendi no processo com minha decisão.
— É seu aniversário! — Explica como se isso mudasse tudo — 17 anos! Eu me recuso a permitir que essa data passe em branco, Eun So-Hyun!
Seguro os ombros largos do meu melhor amigo — que é um tanto complicado já que o bonitão tem quase dois metros de altura! —, e o obrigo a parar de resmungar sobre o quão ingrata estou sendo com o universo.
— Não será a primeira vez que não comemoro, esqueceu com quem moro? — O lembro já cansada dessa conversa desnecessária.
Não farei festa e ponto final!
Ouço o suspiro desapontado de Hyun-Tae, enquanto ele me afasta para alinhar seu uniforme já perfeito, aliás no lugar.
— Sua família é insuportável!
— Fale uma novidade, querido!
Não preciso olhá-lo para saber que está me olhando daquela forma. Com pena.
Esse é um olhar que já estou acostumada a ver nos outros, visto que tenho recebido ele desde meus sete anos, que foi quando perdi minha Omma, e junto com ela também, minha esperança e vontade de viver. A partir daquela noite não comemorei mais um aniversário. Primeiro; porque não via sentido em comemorar a vida quando me tiraram a única pessoa que realmente se importava comigo. Segundo; minha família nunca gastaria dinheiro comigo, imaginem fazer uma festa de aniversário para mim então!
Não valia a pena para eles.
— Nós podemos comemorar juntos então? — Sugeri de repente Hyun-Tae.
Aish, ele não vai desistir facilmente.
O último sinal para o início das aulas toca, encaro meu amigo desanimada com sua ideia de
Não queria decepcioná-lo, mas... Aish!
Suspiro resignada.
— Se eu dizer sim, você me deixa em paz o resto do dia?
Hyun-Tae assente rapidamente, já posso ver as engrenagens em sua cabeça bolando a "festa perfeita".
É, eu vou me arrepender amargamente dessa decisão.
— Arrasados novamente — O professor Park avisa assim que entramos na sala de aula.
Controlo minha vontade de respondê-lo que nosso único motivo de atraso sempre foi a chatice que suas aulas são e por isso evitamos ao máximo participar dela, mas isso só me enviaria novamente para secretária.
E Su-mi me deixaria sem jantar se soubesse que a envergonhei novamente.
— Desculpe, Professor Park. É que tivemos um probleminha com...
— Poupe-nos de suas mentiras, Son Hyun-Tae — Senhor Park o interrompe com tédio — Sente - se para começarmos a aula logo.
Aigo!
Esse velho não começou ainda?
Hyun-Tae e eu seguimos para nossos lugares de sempre, entretanto, no processo acabo tropeçando na bolsa de alguém, o que resulta no meu rosto lindo de encontro ao chão.
Risadas explodem na sala, e não duvido ter ouvindo o velho do professor Park gargalhar às minhas custas também!
Hyun-Tae me ajuda a levantar, o que faz com que pegue em seu rosto alguns traços de riso também, mas ele é mais... Gentil e tenta segurá-las. Não necessito olhar para o dono na bolsa — neste caso, dona — para saber se tratar da minha meia irmã, Young Seung-Hye.
A discípula do mal.
A pessoa mais malvada e arrogante que esse maldito mundo já conheceu! E a desagrada está agora mesmo me olhando superior como se fosse melhor do que eu, e o resto da humanidade de quebra!
Vaca!
— Sorry — É sua resposta acompanhada de um sorriso falso como a própria.
Ah, mas eu vou...
— Nem pense nisso, mocinha! — Hyun-Tae alerta me puxando pelo braço até o fim da sala.
Ele sabia que arrancaria fio a fio daquele cabelo de sabugo de milho!
A aula começa apesar de alguns alunos ainda olharem para mim com divertimento.
Bando de filhinhos de papai mimados!
— Que foi, hein? — Indago impaciente com seus olhares — Perderam alguma coisa na minha pessoa foi?
Uns reviram os olhos voltando a prestar atenção na aula — tediosa como sempre —, enquanto outros resmungam o quanto sou mal educada.
— Idiotas!
Hyun-Tae ri baixinho, o que só serve para ser o estopim da minha irritação. Viro-me para trás furiosa, encontrando seu rosto absurdamente bonito para um adolescente do ensino médio — às vezes me pergunto por quê somos amigos se somos o completo oposto. Ele é lindo e popular, e eu a rebelde causa perdida do colégio.
— Qual a graça!? — Questiono alto demais para minha sorte.
Aish!
— Eun So-Hyun para secretária agora! — Professor Park ordena furioso.
Mais risadas.
Aish!
Pego minhas coisas resignadas, reclamar só vai piorar mais ainda minha situação — como se fosse possível.
Encaro furiosa Hyun-Tae no processo.
Belo amigo esse!
— Seu cabelo está uma zona, Darling. — Ele sussurra ao se inclinar sobre minha carteira.
Passo a mão pelo cabelo em reflexo.
Olho para ele questionando o porquê não ter dito isso antes!
Ele dá de ombros.
Idiota.
— Não temos amanhã inteira! — Resmunga o velhote.
Esse cara já não deveria ter morrido não?
Saiu com minhas coisas de cabeça erguida, não vou dar o gostinho para esses babacas de me verem envergonhada também.
— Hoje vai ser meu fim!
— Ela pode mesmo prever o futuro? — Um homem gorducho de aparência desleixada pergunta a pequena multidão que se forma ao meu redor.
Aigo.
Por que sempre fazem essa pergunta? Será que não estão vendo a faixa erguida em frente a mesa respondendo exatamente essa mesma pergunta !?
Mas ao invés de responder de forma rude, apenas concordo com um pequeno sorriso.
Ainda preciso pagar minhas contas.
— Escolha uma carta, Ajusshi ? — Peço educada.
Ele sorriu desdenhoso, querendo transparecer não acreditar nessas coisas. Mas eu vejo a forma como a pulsação em seu pulso aumentou quando escolheu a carta, assim como o suor acumulando em sua testa.
Ah, coitado.
Faço um leve suspense antes de pegar sua carta escolhida. Vejo de soslaio o gorducho e os demais seguravam a respiração.
Oras não era vocês que não acreditavam?
Levo a carta até a altura dos meus olhos escondendo - a propositadamente dos outros, sorrindo de lado.
Ah, eu vou tirar uma boa grana desses idiotas.
Mas meu sorriso morreu assim que vejo a carta.
Droga!
— O que foi? — Ele indaga nervoso como meu silêncio.
Engulo em seco.
— O senhor tirou... A morte.
Primeiro vejo choque em seus olhos, em seguida medo, mas ele finge não se abalar mesmo com seus poros gritando isso. Pavor.
Ele dá passos meio desengonçados para trás e solta uma risada forçada.
— Eu sabia que era uma fraude — Ele declara rindo nervoso — Eu não vou morrer!
Mais passos.
Outro.
E mais outro.
E...
Bah!
Seu corpo é atingido por um carro.
Gritos de surpresa. Medo.
Enquanto ele se afastava com medo do que previa, não notou que se aproximava cada vez mais da avenida em movimento.
Descuido.
Descrença.
É, eu avisei que iria morrer.
Os outros me olham assustados, uns correm apavorados, e outros tentavam ajudar inútilmente o pobre coitado que não acreditou em mim.
Levanto do meu banco despreocupadamente, guardo minhas cartas sobre o olhar de uns curiosos.
— V-Você prevê mesmo a morte dele? — Uma mulher questiona corajosamente.
Os demais esperam minha respostas.
— O que acha? — Devolvo a pergunta com um sorriso sinistro.
Ouço ao fundo a sirene da ambulância
Chegou minha hora de ir.
Aish! Nem consegui arrancar um dinheiro deles antes.
— Ei, espera! — Alguém grita mas finjo não ouvir e sigo meu caminho.
Não quero estar perto quando os Ceifadores chegarem.
〯ꦿ͢ INFORMATION AND WARNINGS
⿻O primeiro capítulo oficial, espero que tenham gostado dele, refiz ele algumas vezes.
⿻ Capítulo revisado com muito carinho, então, por favor, deixem seu voto.
⿻Comentários são bem vindos desde que sejam construtivos, gostaria de pedir que evitem comentários perguntando sobre a continuação ou o seco " continua" se for pra escrever isso, é melhor nem ler a história.
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