ꜱɪxᴛᴇᴇɴ - 𝘭𝘰𝘰𝘴𝘪𝘯𝘨 𝘮𝘺 𝘣𝘦𝘴𝘵 𝘧𝘳𝘪𝘦𝘯𝘥
Episodio dezesseis,
𝘭𝘰𝘰𝘴𝘪𝘯𝘨 𝘮𝘺 𝘣𝘦𝘴𝘵 𝘧𝘳𝘪𝘦𝘯𝘥
Johnny Lawrence estava no centro do dojo, seus alunos ao redor dele, tensos e em silêncio. Ele andava de um lado para o outro, com uma expressão de frustração e raiva.
— Então, vocês acham que podem se esconder da verdade? — Johnny começou, sua voz carregada de fúria. — Se vocês não me disserem quem foi o desgraçado que destruiu o Miyagi-Do, vou fazer com que vocês façam um milhão de polichinelos até não aguentarem mais!
Os alunos trocaram olhares nervosos, sem se atrever a falar. O ambiente estava pesado, a tensão quase palpável. Johnny apertou as mãos em punho, respirando fundo, mas a sua raiva estava prestes a ser desviada por um som que cortou o ar: o toque de seu celular.
Ele se dirigiu rapidamente ao escritório, afastando-se da turma e pegando o telefone.
— Kreese, segure as pontas por um tempo. — Johnny disse a Kreese, enquanto entrava no escritório e atendia a ligação, ainda desconfiado da ajuda repentina de Kreese.
Kreese apenas assentiu, seu olhar calculista e imperturbável, enquanto Johnny se afastava para atender a chamada.
— Olá? — Johnny falou, com um tom de voz que misturava curiosidade e cansaço.
A voz do outro lado da linha era familiar, suave e amigável.
— Johnny, é você? É o Bobby. — A voz era de seu antigo melhor amigo do ensino médio, agora um pastor. — Estava pensando em você e queria te convidar para vir nos visitar. Tommy não está bem, e achei que seria bom ver você aqui.
Johnny se surpreendeu ao ouvir o nome de Tommy. As memórias do passado começaram a vir à tona, e ele ficou preocupado.
— Tommy? As coisas estão tão feias assim? — Johnny perguntou, seu tom de voz carregado de preocupação genuína.
— Sim, Johnny. Está bem sério. — A voz do amigo soava triste. — Eu realmente acho que seria bom você vir e vê-lo.
Johnny respirou fundo, sentindo a responsabilidade e o peso da situação.
— Claro, eu vou. — Johnny disse, sua decisão tomada. — Vou me encontrar com vocês, me mande o hospital.
Ele desligou a chamada, voltando para o dojo, onde Kreese ainda estava observando os alunos com um olhar severo. Johnny se aproximou de Kreese e o encarou.
— Eu vou precisar deixar o dojo nas suas mãos por um dia. — Johnny disse, enquanto colocava sua jaqueta. — Descubra quem quebrou o Miyagi-Do e cuide de tudo aqui. Eu vou visitar Tommy.
Kreese fez um gesto de compreensão, seus olhos brilhando com uma intenção própria.
— Pode deixar, Johnny. — Kreese respondeu, seu tom sereno mas calculista. — Cuidarei de tudo.
Johnny acenou com a cabeça, saindo do dojo e se dirigindo para o hospital. A inquietação e a preocupação estavam estampadas em seu rosto enquanto ele dirigia, seu pensamento focado em seu antigo amigo e na situação que o esperava.
Johnny Lawrence chegou ao hospital, seu rosto marcado pela preocupação, mas também por um leve toque de alívio ao ver seu antigo amigo, Bobby Brown, esperando na porta do quarto de Tommy. Johnny caminhou até ele com um sorriso sincero, tentando aliviar a tensão do momento.
— Olha só quem está aqui! — Johnny disse, com um tom de brincadeira enquanto olhava para a cabeça careca de Bobby. — Achei que com tanta oração, o cabelo não fosse cair.
Bobby riu, o sorriso dele se espalhando pelo rosto.
— Deus sabe de tudo, Johnny. — Bobby respondeu com um tom acolhedor. — E eu entendo porque você parece tão jovem. Deus também cuida de você, eu vejo.
Johnny sorriu, apreciando a leveza da conversa apesar da situação.
— Então, Tommy está realmente tão mal assim? — Johnny perguntou, sua expressão mudando para uma seriedade preocupada.
— Sim, Johnny... — Bobby disse, seu tom de voz carregado de tristeza. — Ele precisa de apoio agora mais do que nunca.
Johnny respirou fundo e, com um sorriso encorajador, se dirigiu ao quarto de Tommy. Ele estava determinado a dar um pouco de alívio ao amigo, independentemente do estado de saúde dele. Ao abrir a porta, Johnny entrou com um sorriso no rosto, como se estivesse visitando um velho amigo em um dia qualquer, e não alguém que estava passando por um momento difícil.
No quarto, Tommy estava deitado na cama, seu rosto pálido, mas seu olhar se iluminou ao ver Johnny. Johnny aproximou-se e, mantendo o sorriso, fez o possível para criar uma atmosfera leve.
— Olha só quem apareceu! — Johnny disse, sua voz cheia de calor e afeto. — Achei que era hora de um velho amigo aparecer e trazer um pouco de energia positiva.
Tommy sorriu fraco, mas o gesto foi visivelmente um alívio para ele.
— Johnny, é bom te ver. — Tommy disse, sua voz fraquejando. — Não esperava que você aparecesse, mas é ótimo ver você aqui.
Johnny puxou uma cadeira e se sentou ao lado da cama, tentando manter a conversa descontraída e positiva.
— Não tinha como eu não vir. — Johnny respondeu, sua voz gentil. — Lembra das nossas velhas conversas? Parece que foi ontem que estávamos juntos naquela sala de dojo. Agora, eu estou aqui para te apoiar.
A conversa continuou, com Johnny fazendo o possível para manter o ambiente leve e reconfortante, mesmo que as circunstâncias fossem difíceis. Ele queria que Tommy sentisse a presença de um velho amigo, alguém que se importava e estava lá para ele, apesar dos desafios.
Johnny olhou para as máquinas que monitoravam o estado de Tommy, seu olhar um misto de preocupação e curiosidade.
— Isso dói? — Johnny perguntou, apontando indiretamente para os dispositivos que estavam conectados ao peito de Tommy.
Tommy, com um sorriso fraco, balançou a cabeça com um tom de leveza:
— Não, estou dopado demais para sentir isso. — Tommy riu um pouco, sua voz era suave e enfraquecida.
Johnny observou o sorriso de Tommy e, por um momento, viu o jovem amigo de infância que ele conhecia. Essa visão trouxe um alívio inesperado e um sentimento de tranquilidade a Johnny, que se permitiu relaxar um pouco ao ver aquele sorriso familiar.
— Ainda tem aquele espírito de luta, não é? — Johnny disse, tentando manter a conversa leve e animada. — Sempre foi um guerreiro, mesmo nas situações mais difíceis.
Tommy deu uma risadinha, o brilho nos olhos de Johnny reafirmava o apoio e a amizade que eles compartilhavam. Johnny sabia que, apesar das dificuldades, estar ali e compartilhar aquele momento com Tommy era o que mais importava.
Quando Johnny estava tentando deixar Tommy mais à vontade, Bobby entrou no quarto. Ao vê-lo, Tommy fez uma piada para aliviar o clima.
— Ah, parece que vou morrer mesmo, até me trouxeram um padre.
Bobby sorriu e respondeu com um tom brincalhão:
— Não sou padre, Tommy. Sou um pastor. Mas se quiser confessar os quarenta dólares que me deve, o cara lá de cima está ouvindo.
Os três riram juntos, a tensão no ar parecia diminuir um pouco. A conversa entre eles começou a fluir naturalmente, como nos velhos tempos, e os sorrisos e risadas foram uma breve pausa na seriedade da situação.
No entanto, a diversão foi interrompida quando Jimmy apareceu na porta. Ele cumprimentou os amigos com um sorriso triste e, com um gesto afetuoso, beijou a careca de Tommy.
— Ei, Tommy. Como está se saindo, velho amigo?
Tommy, com um sorriso cansado, tentou manter o bom humor.
— Bem, considerando as circunstâncias, ainda estou aqui, não é?
— Amo você, cara. — Jimmy disse, antes de puxar Johnny e Bobby para fora da sala por Jimmy, que parecia preocupado em manter a privacidade e a calma de Tommy.
— Acha que ele consegue? — perguntou Jimmy, tentando soar discreto, enquanto observava Johnny e Bobby conversarem na porta do quarto.
— Não sei, ele não me parece bem. — Johnny respondeu, a preocupação evidente na voz.
— Claro que não, ele está quase apagado naquela cama horrorosa. — Disse Bobby, franzindo as sobrancelhas
— Mas ele quem nos chamou, ele disse que queria. Que era seu último desejo. — Jimmy disse, fazendo Johnny se confundir ainda mais.
— Espera, nos chamou para quê? — Johnny perguntou, franzindo a testa.
— Bom, me disseram que podemos tirar ele daqui por no máximo vinte e quatro horas. Mas não sei se é certo. — Bobby disse, tentando esconder a animação em sua voz.
— Certo o quê? — Johnny perguntou, começando a se sentir cada vez mais perdido.
— Ele não te disse? — questionou Jimmy, sorrindo. — Vamos viajar.
Antes que Johnny pudesse protestar sobre não querer que seu amigo debilitado se machucasse ainda mais, eles ouviram um barulho vindo do quarto. Ao abrirem a porta, se depararam com Tommy retirando os aparelhos e desconectando os monitores, com a determinação de um verdadeiro Cobra Kai.
— Todos prontos? — Tommy perguntou animadamente, se levantando da cama do hospital.
Johnny olhou para Tommy com um sorriso de alívio, vendo o espírito jovem e indomável aflorar em seu amigo mais uma vez. A energia e a determinação de Tommy eram contagiosas, e Johnny se sentiu reassured, sabendo que seu amigo ainda tinha muito a oferecer.
Aaron entrou na delegacia naquela manhã com o coração pesado, determinada a finalmente prestar queixa sobre o desaparecimento de seu pai. O ambiente frio e estéril da delegacia a fez sentir um calafrio na espinha, mas ela sabia que já havia adiado isso por tempo demais. A cada passo em direção ao balcão de atendimento, sua mente revivia as memórias dolorosas dos últimos dias, tentando entender como tudo havia se tornado tão caótico.
Uma policial de expressão gentil a recebeu no balcão, oferecendo um sorriso que parecia tentar suavizar o peso que Aaron carregava.
— Bom dia, em que posso ajudar? — perguntou a policial, inclinando-se ligeiramente para frente, interessada.
— Eu... Eu quero prestar queixa sobre o desaparecimento do meu pai — respondeu Aaron, a voz oscilando entre a determinação e o medo. Ela tentou manter a postura firme, mas seu coração batia forte, traindo sua ansiedade.
A policial acenou com a cabeça e começou a digitar as informações no sistema, fazendo perguntas rotineiras enquanto Aaron fornecia os detalhes que conhecia. Havia um toque de empatia nas perguntas, algo que ajudou Aaron a se sentir um pouco mais à vontade.
Depois de terminar de inserir os dados iniciais, a policial fez uma pausa, olhando para o monitor por alguns segundos antes de direcionar seu olhar para Aaron.
— Você mencionou que está morando com sua mãe, certo? — perguntou a policial, sua voz adotando um tom quase casual, mas com uma curiosidade velada.
Aaron sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo na forma como a policial formulou a pergunta que a deixou em alerta, mas ela tentou não demonstrar sua apreensão.
— Sim, estamos morando juntas no apartamento do meu pai — respondeu, esforçando-se para parecer natural.
A policial levantou uma sobrancelha, uma expressão de leve surpresa aparecendo em seu rosto.
— Interessante... — disse a policial, voltando a olhar para a tela do computador. — Porque o CPF da sua mãe, Rayken MacGyver, está registrado no Texas. Ela tem estado por aqui mesmo?
Aaron sentiu seu estômago revirar, mas manteve a compostura. Sabia que qualquer hesitação poderia levantar suspeitas, então decidiu improvisar.
— Ah, sim... Minha mãe viaja bastante a trabalho, mas ultimamente ela tem ficado comigo aqui no apartamento do meu pai. Acho que ela esqueceu de atualizar os registros — Aaron respondeu com um sorriso forçado, tentando disfarçar a inquietação que crescia dentro dela.
A policial observou-a por um momento que pareceu durar uma eternidade, antes de oferecer um sorriso tranquilizador, como se tivesse decidido deixar o assunto de lado.
— Entendo. Se precisar de qualquer coisa, estamos aqui para ajudar — disse, com um tom de voz amável enquanto finalizava o registro no sistema. — Vamos encontrá-lo, querida.
Aaron forçou um sorriso, agradeceu rapidamente e se apressou em sair dali, sentindo um alívio misturado com a tensão que ainda pulsava em suas veias. Assim que cruzou as portas da delegacia, sentiu o celular vibrar no bolso. Pegou-o, ainda perdida em seus pensamentos, e atendeu sem verificar o número.
— Alô?
— Olá, Aaron. — A voz de Kreese soou do outro lado da linha, sua entonação fria e calculada, pegando-a completamente de surpresa.
— Kreese? Como você conseguiu meu número? — Aaron perguntou, a surpresa misturada com desconfiança evidente em sua voz.
— Eu tenho meus contatos. — respondeu o mais velho de maneira enigmática, seu tom de voz carregado com aquela peculiar autoconfiança.
Imediatamente, a mente de Aaron saltou para Miguel, mas ela decidiu não perguntar. Antes que pudesse continuar, Kreese prosseguiu.
— Estou organizando uma aula ao ar livre hoje, no parque. Achei que você poderia se juntar a nós.
Aaron hesitou. As memórias da briga no shopping ainda estavam frescas em sua mente, e ela não conseguia ignorar a sensação de que se envolver com o Cobra Kai naquele momento seria um erro.
— Acho que não, Kreese. Eu acabei de brigar com seus alunos, e sinceramente, não me parece certo aparecer no Cobra Kai agora — disse, tentando ser educada, mas mantendo sua postura firme.
Houve uma breve pausa antes de Kreese responder, sua voz carregada de uma calma perturbadora.
— Brigar não é o problema, Aaron. Você os deu uma lição merecida. Eu estarei esperando por você no parque, caso mude de ideia. — As palavras dele soaram mais como um desafio do que um convite.
Aaron suspirou, sentindo o peso da conversa enquanto sua mente tentava processar as implicações do que Kreese havia dito. Sabia que ele estava tentando atraí-la de volta, mas seu instinto gritava para ela ser cautelosa.
— Eu vou pensar, mas não prometo nada — disse finalmente, sem se comprometer.
— Sem pressa. Cuide-se, Aaron. — Kreese respondeu, sua voz ainda imperturbável antes de desligar.
Aaron guardou o celular no bolso, sentindo uma mistura de inquietação e indecisão após a conversa com Kreese. Enquanto se afastava da delegacia, cada passo parecia mais pesado, como se a preocupação com seu pai desaparecido estivesse afundando-a ainda mais no chão.
Ela parou por um momento, observando o fluxo de pessoas ao seu redor, todas seguindo suas rotinas diárias, alheias ao turbilhão de emoções que Aaron enfrentava. Sua mente estava em uma batalha interna. Parte dela queria voltar para casa, se trancar no quarto e tentar processar tudo — a ausência do pai, as suspeitas da polícia, e agora, a inesperada ligação de Kreese. Mas outra parte, mais impulsiva, estava cansada de ficar parada, de sentir que nada estava sob seu controle.
Aaron respirou fundo, tentando dissipar a névoa de incertezas. Ficar em casa não mudaria nada. Não traria respostas sobre seu pai, nem a ajudaria a entender o que estava acontecendo ao seu redor. Talvez ir ao encontro de Kreese, mesmo que fosse apenas para esclarecer as coisas, fosse uma forma de não se sentir tão impotente.
Ela olhou para o céu, como se buscasse uma resposta nas nuvens que se moviam lentamente. Uma decisão começou a se formar em sua mente. Ficar em casa só a faria mergulhar ainda mais na espiral de pensamentos sombrios. Talvez, ir ao parque e enfrentar Kreese — e o que quer que estivesse acontecendo com o Cobra Kai — fosse exatamente o que ela precisava agora.
Com a mente mais decidida, Aaron virou-se na direção do parque. Seus passos, antes hesitantes, agora estavam mais firmes. Se ela tinha que lidar com toda essa confusão, que fosse de frente. E se Kreese estava esperando por ela, Aaron estava pronta para o que viesse a seguir.
Na clareira da floresta, Kreese organizava os alunos do Cobra Kai em duas filas distintas, uma para os de faixa vermelha e outra para os de faixa preta. O ambiente era tenso, com os sons da natureza misturando-se ao sussurro dos alunos enquanto esperavam suas instruções.
Aaron chegou devagar, seus passos cuidadosos, quase arrependidos, enquanto se aproximava do grupo. Cada vez que se movia, a ideia de estar ali parecia mais errada. O desejo de voltar atrás, sair dali antes que fosse tarde demais, crescia a cada segundo. Mas antes que pudesse se virar e ir embora, Falcão a avistou.
— O que você está fazendo aqui? — ele questionou, com um tom que carregava raiva e desprezo. Seus olhos brilhavam com uma hostilidade que Aaron já conhecia bem.
Aaron abriu a boca para se defender, mas Kreese se adiantou, a voz calma e controlada.
— Eu a convidei — disse ele, olhando diretamente para Falcão, deixando claro que não estava interessado em discussões.
O rosto de Falcão contorceu-se em descontentamento, e ele não foi o único. Alguns dos outros garotos do Cobra Kai começaram a murmurar, a raiva crescendo.
— Ela é uma traidora, Kreese! Pode estar aqui só para roubar informações para o Miyagi-Do. — um deles vociferou, ecoando o sentimento geral do grupo.
Kreese, sem perder a compostura, respondeu: — Aaron não está mais no Miyagi-Do.
Falcão não ficou convencido. — Ela não merece estar aqui — ele retrucou, a frustração e a fúria transbordando em sua voz.
Aaron, cruzando os braços, respondeu com um sorriso sarcástico. — E quem disse que eu quero entrar para essa sua seitazinha de karatê? Só vim porque pareceu um convite interessante.
A resposta apenas alimentou a raiva de Falcão, que deu um passo à frente, provocando-a: — O que foi? Veio levar outra lição? — ele disse apontando para a bochecha dela
Aaron nem hesitou. — E você? O seu olho ainda está te incomodando?
A tensão no ar tornou-se palpável. Mesmo com a marca vermelha em sua bochecha, resquício da briga no shopping, Aaron sabia que Falcão tinha saído muito pior do confronto.
Antes que a situação pudesse escalar para uma briga, Kreese interveio, colocando-se entre os dois.
— Chega! — ele ordenou com autoridade. — Vamos resolver isso no Coyote Creek. Aaron, você vai para o grupo preto.
Aaron, ainda mantendo a postura confiante, caminhou até a fila onde estavam os de faixa preta. Ela encontrou Summer e Miguel ali, os dois a receberam com um aceno amigável. Summer, em particular, sorriu animadamente, mostrando que estava contente em vê-la ali.
Kreese se posicionou no centro do grupo, os olhos frios e calculistas passando por cada um dos alunos. Quando ele finalmente falou, sua voz era sombria, carregada de um peso quase ameaçador.
— A lição de hoje é simples — começou ele, seu tom cortante. — Não existem amigos, apenas inimigos entre vocês.
Aaron ergueu uma sobrancelha, achando aquela abordagem estranha, quase perturbadora. As palavras de Kreese pareciam sugerir algo mais do que apenas uma lição de karatê.
Tentando aliviar a tensão, Miguel se adiantou, falando com um tom mais leve: — É de boa, Aaron. O objetivo é pegar o máximo de faixas da outra equipe. Hoje, as pessoas do outro lado não são amigos, não são irmãos... são apenas inimigos. A última equipe restante, vence.
Aaron, sempre disposta a entender as regras do jogo, perguntou sem hesitação: — E como pegamos as faixas?
Kreese respondeu com um sorriso que quase parecia um esgar de prazer sombrio: — Como quiserem. Hoje não existem regras.
Miguel, percebendo o desconforto crescente de Aaron e dos outros, tentou suavizar a situação mais uma vez. — Só tenham bom senso, pessoal.
Kreese, no entanto, não parecia inclinado a facilitar as coisas. — Só se lembrem, essa é a vida de vocês. Se perderem suas faixas, vocês morrem.
Ele deu de ombros, rindo de forma contida. A tensão no ar só aumentou com a risada dele, como se cada um dos alunos tivesse recebido um desafio pessoal. De repente, todos pareciam super obstinados a vencer. A atmosfera havia mudado de forma quase palpável, passando de um treinamento normal para algo mais primal e sério.
Aaron olhou ao redor, percebendo como todos estavam prontos para o combate, inclusive ela mesma. Ao lado de Miguel, que lhe deu um sorriso tranquilizador, Aaron sentiu uma excitação correr por suas veias. Ela estava pronta para lutar de verdade, para mostrar tudo o que sabia — uma briga sem meditação, sem filosofias e sem limitações.
Com um sorriso determinado, ela encarou o desafio de frente, ansiosa para provar seu valor em uma batalha que seria muito mais do que apenas um treinamento físico.
Johnny e seus amigos estavam no Big Bear Lake, sentados em um dos bares que costumavam frequentar nos velhos tempos. O ambiente rústico e acolhedor, com as paredes de madeira e a luz amarelada, trazia uma sensação nostálgica ao grupo, como se tivessem voltado no tempo. Eles riam e conversavam, as memórias fluindo livremente enquanto Bobby pegava uma caneca de cerveja e servia o último amigo que ainda não tinha uma em mãos.
— Como aquela vez que o Tommy conseguiu aquelas identidades falsas horríveis e o barman deu água suja pra gente — Johnny disse, rindo ao lembrar da situação ridícula, enquanto Bobby se sentava ao seu lado.
— Eu lembro que bebi tudo, porque não sabia o gosto de cerveja — Tommy riu fracamente, colocando a mão no rosto, envergonhado pela ingenuidade de sua juventude. Bobby, ao lado deles, deu um enorme gole em sua bebida, também rindo da lembrança.
— Depois o Dutch ficou tão bêbado que roubou a medalha da Rayken — Jimmy acrescentou, rindo ao ter um vislumbre daquela memória engraçada. Quase bateu a mão na mesa de tanta animação.
— Não, ele não roubou. Ele destruiu, lembra? — Bobby riu alto, completando a história. — Foi a primeira vez que ele foi preso. O irmão dela armou um show e ele passou a noite no xadrez.
— É... — Johnny disse, agora com um tom mais melancólico. — Depois dessa confusão, fiquei tão bêbado que perdi o aniversário da Ali — ele continuou, tentando rir da situação.
Ele se lembrava claramente daquela noite. Depois de toda a confusão, ele havia pedido desculpas para sua melhor amiga, Ray, na madrugada. Johnny recordava de ter deitado ao lado dela no telhado da mansão, completamente bêbado, chamando o Dutch de "bundão". Naquele momento de vulnerabilidade, ele tentou beijá-la, mas Rayken o rejeitou, dizendo que havia arranjado um namorado. Jay Jay Foster. E o lembrando de que ele tinha uma namorada também.
— Nossa, sim! — Jimmy disse, rindo com uma mistura de surpresa e nostalgia. — Ali brigou com você depois, não foi?
— Não, ela fez pior que isso — Johnny respondeu, dando de ombros e rindo forçadamente. — Ela me deu um fora.
Enquanto Johnny falava, ele não conseguia evitar que a memória daquela noite o assombrasse um pouco. Dois foras na mesma noite, em um dos momentos em que ele mais precisava de conforto. Era engraçado agora, mas na época, foi um golpe difícil de suportar.
O comentário de Johnny sobre o fora que levou de Ali caiu como uma pedra no meio da conversa animada, gerando um silêncio desconfortável entre os amigos. Tommy, percebendo o clima pesado, deu um sorriso singelo e encarou Johnny.
— Bom, o azar sempre foi dela, não é? — ele disse, tentando aliviar a tensão. Todos deram risadas fracas, sentindo-se menos tensos.
— O Dutch continua preso? — Tommy perguntou, rindo um pouco da ironia do destino.
— Pelo que eu saiba, sim — respondeu Jimmy, enquanto traçava um amendoim pela mesa com o dedo.
Johnny levantou sua caneca semi cheia, um sorriso de deboche no rosto.
— Ao Dutch. A juíza que disse "de cinco a dez anos..." — disse Johnny, levantando sua caneca.
— Quando na verdade ela quis dizer de dez a vinte — completou Bobby, rindo enquanto batia sua caneca na de Johnny. Todos beberam, compartilhando a lembrança.
Jimmy olhou para Johnny, curioso.
— E você, Johnny? Soube que estava rebocando paredes.
— É, eu tinha alguns bicos — Johnny deu de ombros, meio envergonhado. — Na verdade, agora eu abri meu próprio dojo de karatê.
— O quê? — Bobby perguntou, deixando sua caneca cair dos lábios, parecendo mais surpreso do que deveria. — Sério?
— É... — Johnny disse, hesitando, enquanto girava sua caneca agora pela metade. — Está indo bem, os garotos são bons.
Tommy, com seus olhos doentes e curiosos, sentiu que já sabia a resposta, mas ainda assim perguntou.
— Como se chama?
Johnny hesitou por um momento.
— Chama... Cobra Kai.
Um silêncio pesado caiu sobre a mesa. Os amigos se entreolharam, processando a informação até que Bobby finalmente teve coragem de falar.
— Trouxe o Cobra Kai de volta?
— Sim, mas não como era antes — Johnny disse, tentando justificar, antes de dar outro gole em sua bebida.
Jimmy, incomodado, cruzou os braços.
— Essa é a coisa mais idiota que já ouvi — disse ele, sem rodeios.
Bobby balançou a cabeça, irritado.
— Aquele John Kreese não presta. Pensa em toda a merda que passamos. Como foi quando começamos a espalhar aquele papo de "sem compaixão" na vida adulta?
Jimmy, com um tom reflexivo, continuou.
— E foi você quem levou a pior, não lembra disso, cara? Lembra da Rayken? Ela fugiu, Johnny. Você fodeu com tudo e ela...
— Eu sei! — Johnny reclamou, quase batendo na mesa. — Mas as pessoas mudam — disse ele, com um tom de voz mais suave, seus olhos encontrando os de Tommy, que o olhava em silêncio. — E o Cobra Kai também.
Jimmy desviou o olhar, irritado.
— Até parece.
Johnny suspirou, percebendo que não adiantava continuar a conversa.
— Tudo bem. Preciso ir mijar — ele disse, tentando sair do assunto.
Enquanto Johnny se levantava, sentiu a bebida finalmente bater. O mundo ao seu redor parecia tremer levemente, como se estivesse preso entre o presente e uma série de lembranças distantes. Ele começou a caminhar pelo bar, sua visão turva, mas seus sentidos mais aguçados. De repente, ele parou ao ver uma figura familiar entre a multidão: Rayken.
Ela estava lá, no meio do bar, radiante como ele sempre imaginou. A luz baixa refletia em seu cabelo, e seus olhos brilhavam com a mesma intensidade que ele lembrava de anos atrás. Johnny piscou, tentando entender se aquilo era real ou apenas fruto de sua mente embriagada. A memória dela parecia tão nítida, como se tivesse voltado a uma época em que tudo ainda fazia sentido.
Lembranças de noites passadas com Rayken começaram a inundar sua mente. Ele a via rindo ao seu lado naqueles mesmos bares, dançando despreocupadamente, ou deitada em seu ombro, sussurrando sonhos e promessas que nunca se concretizaram. O cheiro dela, uma mistura suave de lavanda e algo que ele nunca conseguira identificar, parecia pairar no ar, tornando a visão ainda mais vívida.
— Ray... — Ele tentou chamá-la, mas sua voz saiu rouca, quase um sussurro. Ela virou o rosto na direção dele, os olhos arregalados em surpresa, antes de dar um passo para trás, como se estivesse assustada. Johnny tentou se aproximar, mas as pessoas ao redor pareciam se multiplicar, criando uma barreira quase intransponível entre eles.
Cada passo que ele dava em sua direção o levava mais fundo em suas memórias. Ele se lembrou da última vez que a viu, no telhado da mansão dela, completamente bêbado, pedindo desculpas por algo que nem ele entendia direito. Lembrou-se do momento em que tentou beijá-la e ela se afastou, lembrou de como confessou que a amava, depois de destruir a vida dela na única coisa que ela amava de verdade além dela mesma. O karatê.
Rayken parecia estar prestes a falar algo, mas então, como em um sonho, ela virou-se abruptamente e começou a se afastar. Johnny, desesperado, tentou alcançá-la, mas a multidão o impedia. Era como se o bar tivesse se transformado em um labirinto, cada vez mais confuso, cada vez mais distante.
Ele a seguiu até o banheiro, o coração disparado, a mente turva. Quando finalmente conseguiu chegar, a figura de Rayken havia desaparecido, e em seu lugar, Jay Jay Foster surgiu na porta do banheiro, saindo com um sorriso sarcástico no rosto.
Jay o encarou, surpreso ao vê-lo ali, mas ainda com aquele ar de superioridade.
— Você não estava quase morrendo? — Johnny perguntou, arqueando uma sobrancelha, como se estivesse mais perplexo do que provocador.
Johnny, ainda atordoado com o que acabara de vivenciar, mal conseguiu disfarçar o desdém em sua voz.
— Cobras não morrem tão fácil, Johnny — respondeu Jay Jay, um sorriso presunçoso brincando em seus lábios, como se estivesse provocando mais uma vez.
Johnny piscou, ainda tentando processar tudo, e o rosto de Rayken piscou em sua mente mais uma vez, aquele olhar assustado, aquele último vislumbre dela antes de desaparecer na multidão. "Foi real?" ele pensou, ou será que tudo não passava de uma alucinação, um reflexo distorcido de sua mente embriagada?
Ele respirou fundo, tentando afastar as imagens persistentes, e voltou a encarar Jay Jay com mais firmeza.
— Corta essa, seu babaca — ele disse, tentando manter a compostura e ignorar o que acabara de acontecer. — Sua filha está agora em Reseda, igual a uma maluca, te procurando.
Jay Jay desviou o olhar, desconfortável, e começou a caminhar em direção à mesa onde os amigos de Johnny estavam.
— Vim ver meu velho amigo, que precisava de companhia, Johnny — Jay Jay disse, ao cumprimentar os caras e dar um beijo na careca de Tommy, que sorriu levemente.
Johnny, ainda irritado e confuso, não deixou passar a oportunidade de alfinetar.
— Ah, não fode. Você nem sabia que estávamos aqui.
A tensão na mesa aumentou, mas Jay Jay manteve a calma, olhando diretamente nos olhos de Johnny.
— Mas é ótimo que tenhamos nos encontrado!
A atmosfera ficou pesada, mas Tommy rapidamente quebrou o clima com um comentário bobo e despretensioso.
— Mais cerveja, galera? — ele disse, tentando aliviar a tensão.
Todos riram, ainda que de maneira forçada, e se sentaram novamente, prontos para continuar a conversa, tentando ignorar o elefante na sala.
Aaron e Miguel corriam pela floresta, as risadas ecoando entre as árvores enquanto saltavam sobre galhos e desviavam de obstáculos. Ambos usavam faixas vermelhas, as cores vibrantes destacando-se contra o verde escuro ao redor. As folhas secas estalavam sob os pés, criando uma trilha sutil que eles tentavam manter em segredo.
— E se sobrar só nós dois? — Miguel riu, lançando um olhar de canto para a melhor amiga enquanto diminuíam o ritmo, caminhando pela folhagem densa.
— Então, eu acho que vou ter que arrancar essa linda faixa da sua cabeça — Aaron respondeu, sorrindo de volta, a voz cheia de provocação.
Cada um deles já havia coletado três faixas dos adversários, as tiras coloridas amarradas firmemente em suas mãos. Eles estavam se saindo bem, mas sabiam que a floresta era traiçoeira, e os oponentes não desistiriam facilmente.
De repente, um barulho fez os dois pararem. O som de galhos quebrando e folhas sendo arrastadas os alertou para a presença de alguém do outro time. Aaron e Miguel trocaram um olhar rápido antes de se moverem com cautela, mantendo-se abaixados enquanto se aproximavam da origem do som.
— Lá — Miguel sussurrou, apontando para uma sombra que se movia entre as árvores.
Antes que pudessem reagir, um dos garotos do time oposto, usando uma faixa preta, saltou de trás de um tronco caído, atacando com um chute direcionado a Miguel. Ele desviou com agilidade, girando no ar para contra-atacar, enquanto Aaron se posicionava para ajudar.
A luta foi rápida e intensa. O garoto do outro time era forte, mas estava sozinho contra dois dos melhores lutadores do Cobra Kai. Miguel trocava golpes habilmente, bloqueando e contra-atacando com precisão, enquanto Aaron circulava ao redor, buscando uma abertura.
— Ele é bom — Miguel comentou, ofegante, enquanto desviava de um soco rápido.
— Mas nós somos melhores — Aaron respondeu, com um sorriso determinado.
Aproveitando um momento de distração do adversário, Aaron lançou um chute giratório que acertou o garoto no abdômen, derrubando-o no chão com força. Sem perder tempo, ela avançou, arrancando a faixa preta da cabeça dele antes que ele pudesse se recuperar.
— Acho que essa é minha agora — ela disse, segurando a faixa no ar, um brilho de triunfo nos olhos.
Miguel riu, oferecendo a mão para ajudar o garoto caído a se levantar, mas este recusou, se afastando enquanto os encarava com um misto de raiva e respeito.
— Vamos — Aaron sugeriu, enfiando a nova faixa em seu cinto improvisado. — Ainda temos mais pra pegar.
O clima tenso que pairava sobre a mesa finalmente explodiu quando Johnny, ainda cheio de raiva e confusão, não conseguiu mais se conter. Ele se levantou, encarando Jay Jay com olhos cheios de fúria.
— Você não vai a lugar nenhum, Foster! — Johnny gritou, tentando barrar a saída de Jay Jay.
Jay Jay parou, suspirando, como se estivesse cansado de toda a situação. Ele se virou para Johnny, mantendo um olhar firme.
— Já chega, Johnny. Eu não vou fazer isso com você. Não hoje. Vou embora — Jay Jay disse, tentando encerrar a discussão ali mesmo.
Enquanto Johnny empurrava Jay Jay para trás, em meio à fúria e à confusão, o impacto fez com que Jay Jay esbarrasse em um cliente do bar, derrubando a cerveja dele por toda parte. A bebida se espalhou, encharcando a camiseta de um grandalhão que estava sentado perto, uma expressão de pura raiva surgindo em seu rosto.
O grandalhão, um homem com mais de dois metros de altura e músculos que pareciam capazes de esmagar uma pedra, se levantou lentamente. Ele olhou para Jay Jay e depois para Johnny, seus olhos estreitando-se com ódio.
— Vocês têm ideia de quem acabaram de irritar? — o homem rosnou, sua voz grave e ameaçadora.
Johnny, ainda cheio de raiva, deu um passo à frente, sem se intimidar. Ele olhou para o grandalhão com desprezo.
— Não me importa quem você é, cara. — Johnny respondeu, sua voz carregada de desafio. — Não fode.
O grandalhão, furioso, avançou sobre Johnny, o agarrando pelo colarinho e o levantando no ar como se ele fosse uma pena. Jay Jay, ainda se recuperando da queda, tentou intervir, mas foi empurrado novamente.
— Ninguém derrama cerveja em mim e sai impune. — o grandalhão gritou, preparando o punho para acertar Johnny.
Mas antes que o soco pudesse ser desferido, algo aconteceu. Uma mão firme agarrou o punho do grandalhão no ar, detendo-o com força. Era Rayken MacGyver, que havia acabado de sair de dentro do banheiro feminino, seus olhos brilhando com uma mistura de diversão e determinação. Como se estivesse esperando por uma briga daquela.
— Acho que não, grandalhão — Rayken disse, torcendo o braço do homem com um movimento ágil, fazendo-o gritar de dor.
Ela girou, usando a própria força do gigante contra ele, e o arremessou para longe de Johnny, derrubando-o com um baque surdo contra uma mesa. A surpresa foi total, e por um momento, todos pararam, atônitos com a intervenção repentina de Rayken.
— Estou muito atrasada? — Ela perguntou, com um sorriso travesso, como se aquilo fosse apenas mais uma diversão em sua noite.
A aparição de Rayken não apenas salvou Johnny de uma surra, mas também deu início a uma briga generalizada no bar. O grandalhão, furioso por ter sido humilhado, se levantou com um rugido, e outros clientes começaram a se envolver, tomando partido na confusão.
Johnny, agora de volta ao chão, juntou-se à luta com uma determinação renovada. Ele e Jay, que por um breve momento uniram forças, começaram a derrubar seus oponentes, enquanto Bobby e Jimmy, que inicialmente tentaram separar a briga, acabaram sendo arrastados para a confusão.
Rayken, movendo-se com uma agilidade surpreendente, usava sua bengala como uma arma, acertando golpes precisos e poderosos em qualquer um que ousasse se aproximar. Ela girava a bengala no ar, bloqueando ataques e revidando com força, enquanto provocava Johnny.
A briga no bar se transformou em um caos total, com garrafas voando, cadeiras sendo usadas como armas, e socos trocados por todos os lados. A música no bar foi interrompida, e o som de vidros quebrando e gritos de dor ecoava pelo local.
Mesmo em meio à confusão, Rayken e Johnny não paravam de trocar farpas, como se a luta fosse uma extensão da tensão não resolvida entre eles.
Por fim, depois de alguns minutos de pancadaria intensa, os agressores começaram a cair um por um, exaustos e derrotados. O grandalhão que iniciou a briga estava jogado no chão, gemendo de dor enquanto segurava o braço torcido.
Rayken se aproximou de Johnny, que agora estava ofegante, com o rosto marcado pelos golpes. Ele a olhou, ainda cheio de confusão e raiva.
— O que faz aqui? — Johnny perguntou, sua voz carregada de incredulidade.
Rayken, com um sorriso sereno, respondeu:
— Não pensou que eu fosse perder a viagem do meu melhor amigo, pensou, Johnny? — Ela disse, seus lábios rosados, cabelos loiros brilhantes e um sorriso que só aumentava a confusão de Johnny.
Antes que ele pudesse responder, Jay Jay se levantou com dificuldade, ainda irritado.
— Ex-marido — ela rosnou, com desgosto.
— Ex-esposa — ele rebateu, com o mesmo desprezo.
Rayken, ignorando a tensão, se dirigiu a Tommy e o abraçou com carinho, seus saltos altos fazendo-a parecer um pouco mais alta que ele. Ela deu um beijo animado na careca de Tommy, ignorando completamente a tensão ao seu redor.
Johnny, ainda confuso e furioso, olhou para os amigos, esperando alguma explicação.
— Desculpa, todos vocês sabiam que ela vinha? — Johnny disse, tentando entender o que estava acontecendo.
— Não quis te contar porque sabia da sua reação — Tommy começou, mas Rayken o interrompeu, com um sorriso provocador.
— Ela não me confirmou nada. — Bobby disse levantando os braços em rendição. — Eu só mandei o convite.
— O que foi? Não está feliz em me ver, Johnny? — Ela disse, sem esconder a satisfação em mexer com ele.
Johnny, ainda tentando processar tudo, desviou o olhar, sentindo-se traído e um idiota por ter ficado tanto tempo sem saber onde ela estava. Mas Rayken sempre soube como mexer com ele, mesmo sem precisar tocá-lo. Ela sempre teve esse poder sobre ele, desde sempre.
Jay Jay, ainda cheio de raiva, se afastou, se despedindo com um aceno curto. Ele olhou para Rayken uma última vez, com desprezo, antes de sair do bar.
Enquanto os outros voltavam a conversar, tentando normalizar o clima, Johnny não conseguia tirar os olhos de Rayken. Ela parecia estar no controle da situação, como sempre. Ela tinha domínio sobre ele, e isso o deixava ainda mais irritado.
Ao saírem do bar, Tommy lançou um olhar preocupado a Johnny, mas foi interrompido por um dos seguranças, que gritava para eles saírem dali, expulsando-os do local.
— Vamos embora. Já arrumamos encrenca demais por hoje — Tommy disse, tentando aliviar a tensão.
— Você sempre foi boa nisso. — o Lawrence provocou a vendo se afastar aos poucos, mancando claramente — Em fugir.
Rayken, caminhando ao lado de Johnny, deu um último olhar provocador a ele e sussurrou:
— Eu sei como você se sente, Johnny. Mas lembre-se, eu aprendi a fugir das responsabilidades com você.
Johnny a encarou, sem palavras, enquanto eles deixavam o bar. Ela sempre soube como atingi-lo, mesmo com apenas um olhar ou uma palavra. E isso, mais do que qualquer outra coisa, o enfurecia.
Enquanto Rayken ria e conversava com os outros, Johnny sentia-se como um idiota por ter passado tanto tempo sem saber onde ela estava, o que ela estava fazendo. Agora, ela estava ali, tão confiante, tão no controle, e ele estava perdido, mais uma vez.
A luz do sol filtrava-se pelas copas das árvores, criando sombras dançantes no chão da floresta. Aaron McGyver e Miguel Diaz avançavam com cuidado, ainda ofegantes pela adrenalina das batalhas anteriores. Em suas mãos, as faixas vermelhas que haviam arrancado de seus adversários.
— Mais uma pra conta — Aaron comentou com um sorriso satisfeito, observando a faixa recém-conquistada.
Miguel assentiu, olhando ao redor, atento ao menor movimento. Eles sabiam que o confronto estava longe de acabar.
— E agora, quem falta? — Aaron perguntou, ainda cheia de energia.
Miguel fez uma rápida contagem mental antes de responder.
— Restam quatro do outro time. Estamos em menor número. Tory ainda está por aí, e o Falcão... Ele é o mais forte deles — disse Miguel, com um tom sério.
Aaron franziu a testa ao ouvir o nome de Tory, mas logo respondeu com determinação:
— Deixa a Tory comigo.
Antes que pudessem continuar a conversa, um som distante fez os dois se abaixarem rapidamente, escondendo-se atrás de um arbusto. De onde estavam, puderam ver Falcão enfrentando um garoto do time preto, o time de Aaron e Miguel. A luta era intensa, mas Falcão, com sua força e habilidade superiores, rapidamente dominou o adversário. Com um golpe decisivo, derrubou o garoto, arrancando a faixa vermelha do pescoço dele.
— Até que eu mereço essa medalha de honra, né? — Falcão zombou, erguendo a faixa enquanto ria, seu olhar cheio de desdém.
Miguel e Aaron observaram em silêncio, tentando não chamar a atenção. Foi então que Aaron notou algo reluzente pendurado no pescoço de Falcão: a medalha de honra do Sr. Miyagi.
— Como assim? Por que ele está com a medalha do Sr. Miyagi? — Aaron sussurrou, chocada, enquanto observava a medalha balançar no peito de Falcão.
Miguel apertou os lábios, claramente desconfortável em ter que explicar.
— Ninguém te contou? Falcão se juntou a alguns moleques e... destruíram o Miyagi-Do. Ele roubou a medalha depois disso.
Aaron sentiu a raiva crescer dentro dela, os punhos cerrados com força. Sem pensar duas vezes, ela começou a se levantar, pronta para atacar Falcão e recuperar a medalha. Mas Miguel rapidamente a puxou de volta, abaixando-a novamente.
— Calma, Aaron. Primeiro, a gente pega a Tory. Depois, acabamos com o Falcão juntos — Miguel sussurrou, tentando acalmá-la.
Aaron olhou para ele, furiosa, mas sabia que Miguel tinha razão. Respirando fundo, ela assentiu, ainda cheia de raiva.
— Tá certo... mas quando chegar a vez do Falcão, ele é meu — ela disse, com os olhos fixos em seu alvo.
Miguel assentiu, e os dois se afastaram silenciosamente, mergulhando novamente na escuridão da floresta, enquanto Falcão, sem saber do que estava por vir, continuava a se vangloriar de sua vitória recente.
A noite no Big Bear estava silenciosa, exceto pelo crepitar da fogueira que lançava sombras dançantes ao redor do acampamento. O ar frio da montanha envolvia o grupo, mas o calor do fogo e as risadas compartilhadas mantinham todos aquecidos. Johnny, Rayken, e os outros se acomodavam ao redor da fogueira, cada um segurando uma bebida, aproveitando o raro momento de camaradagem.
Rayken estava sentada entre Jimmy e Bobby, rindo de uma história antiga que Tommy acabara de contar. O riso dela, embora mais suave e maduro, ainda carregava a mesma vivacidade que Johnny se lembrava de décadas atrás. Ele, no entanto, não conseguia se juntar ao clima leve que dominava o grupo. Algo dentro dele o corroía, uma amargura que ele tentava, sem sucesso, engolir junto com a cerveja em sua mão.
Rayken percebeu o resmungo irritado de Johnny e, desviando o olhar dos outros, focou nele, o encarando por alguns segundos antes de falar.
— O que foi, Johnny? — ela perguntou, com uma expressão de leve curiosidade, mas os olhos atentos.
Johnny permaneceu em silêncio por um momento, seu olhar fixo nas chamas, antes de finalmente responder, com a voz carregada de ressentimento.
— Sua filha sente sua falta, sabia? — ele começou, a voz baixa e áspera, como se estivesse tentando controlar uma raiva que ameaçava explodir. — Ela acha que é culpa dela. E você estava aqui o tempo todo... se esgueirando entre nós como a cobra que você é.
O grupo ficou em silêncio. As palavras de Johnny cortaram o ar, carregadas de uma dor que todos podiam sentir. Rayken piscou algumas vezes, como se estivesse processando a acusação, antes de estreitar os olhos e responder, com uma mistura de defesa e frustração.
— Você não entende, Johnny. As coisas são mais complicadas do que parecem. Eu não queria machucar a Aay... ou qualquer um de vocês. — Ela respirou fundo, lutando para manter a calma. — Eu tinha... motivos. Precisei ficar distante por um tempo, foi melhor assim.
Johnny soltou uma risada amarga, balançando a cabeça em descrença.
— Tanto faz — ele murmurou, desgostoso, recusando-se a olhar para ela. A raiva que sentia agora era diferente, menos explosiva, mas mais corrosiva, como uma ferida que nunca sarou. — Não importa o que você diga, Rayken.
As palavras de Johnny atingiram Rayken em cheio, e ela pôde sentir a dor e o desgosto por trás delas. Ela sabia que merecia aquela acusação, mas também sabia que a situação era mais complexa do que Johnny poderia entender naquele momento. Apesar disso, ela se conteve, segurando qualquer resposta que pudesse piorar as coisas.
O silêncio que se seguiu foi pesado, como se cada palavra dita ainda ecoasse entre eles. A fogueira continuava a crepitar, mas o calor que antes os unia agora parecia distante, perdido entre os sentimentos não resolvidos e as lembranças do passado.
Rayken desviou o olhar, tentando encontrar conforto na escuridão ao redor, enquanto Johnny permanecia imóvel, o rosto endurecido pela amargura. O riso e a camaradagem que haviam compartilhado momentos antes pareciam agora uma memória distante, engolida pelo peso do que não foi dito ao longo dos anos.
Com um suspiro exasperado, Rayken se levantou, pegando sua bengala, e começou a caminhar para longe da fogueira.
Johnny observou por um momento, ainda segurando a lata de Coors com força, antes de bufar irritado e segui-la, afastando-se do grupo em direção à escuridão da floresta. O som da bengala de Rayken batendo contra o chão, abafado pela grama, era o único barulho entre eles enquanto avançavam. Ele finalmente parou ao lado dela, a alguns metros da fogueira, onde a escuridão era mais densa e o ar mais frio.
— Tudo bem — Rayken começou, parando e se virando para encará-lo, os olhos fixos nos dele. — O que você quer que eu diga? Que eu sinto muito? — Ela deu um passo à frente, a voz fria e direta. — Eu não sinto.
Aquelas palavras foram como um tapa na cara de Johnny. Ele cerrou os punhos, a raiva queimando dentro dele como um fogo incontrolável.
— Você não sente?! — ele explodiu, sua voz aumentando com a fúria acumulada. — Você me deixou aqui! Você viu o que ele fez comigo então simplesmente entrou e colocou uma aliança no dedo sem remorso nenhum. — ele cuspiu-se as palavras com toda a dor acumulada que sentia a anos — E você acha que pode simplesmente voltar e agir como se nada tivesse acontecido? Como se todo esse tempo, toda essa dor que você causou, fosse nada? — Ele deu um passo à frente, a tensão em seu corpo evidente, mas Rayken não recuou.
— Eu não queria voltar aqui, Johnny! — Rayken disparou, com os olhos brilhando de frustração. — Eu voltei pelo Tommy. Ele é a única coisa desse fim de mundo que vale a pena. E eu não vou deixar você destruir a nossa noite com seu ressentimento!
Johnny respirava pesadamente, sentindo o peso das palavras dela afundando em sua mente. O som da bengala de Rayken batendo no chão novamente, enquanto ela se afastava, ecoou na floresta. O ritmo de seus passos era firme, decidido, cada batida ressoando contra a grama como um lembrete de sua presença imponente e inabalável.
Por um momento, Johnny ficou parado, observando-a se afastar. Parte dele queria continuar a discussão, a raiva ainda fervendo dentro dele, mas outra parte sabia que não adiantaria. Rayken não era alguém que cedia facilmente, e ele conhecia essa determinação dela, talvez até admirasse em algum nível. Mas agora, isso só aumentava sua frustração.
Ele olhou para a lata de Coors em sua mão, sentindo-se ainda mais desgostoso. O que ele esperava? Que ela pedisse desculpas? Que magicamente consertasse os anos de distância e dor que causou? O que restava agora, pensou, era aceitar a realidade fria que ela trouxe de volta com ela. Rayken estava ali, mas não era a garota que ele imaginava que ela poderia ter se tornado. Ela era apenas... Rayken. A mesma que o deixou, a mesma que voltou apenas por Tommy. A mesma que o traiu saindo do cobra kai quando tinham dezessete anos só por ressentimento e ciumes. A mesma Rayken que entrou em uma briga com Senhor Miyagi no Halloween. A mesma MacGyver que ele deixou aleijada na semi-final do regional. A mesma Rayken que viu Kreese tentar matá-lo com seu troféu de segundo lugar e não fez nada, o deixando pra trás.
Ele suspirou, jogando a lata vazia no chão, observando o fogo à distância, onde seus amigos ainda riam, inconscientes da tempestade que se formava dentro dele. Johnny sabia que essa noite não seria como ele imaginava. Ela seria muito pior, mas também, de certa forma, inevitável.
Ele gostaria de ter aquela menina de volta, a de marias chiquinhas e sorriso gentil. Sentia falta da limonada e da infância deles. Mas quem Lawrence queria enganar? Os dois eram iguais.
Eram pessoas horríveis. E talvez ele tivesse uma parcela de culpa na pessoa horrenda que ela se tornou.
O silêncio pesado entre Johnny e Rayken finalmente explodiu, e Johnny, com o rosto contorcido de raiva, não conseguiu mais se conter. Ele se ergueu abruptamente, o sentimento de traição e frustração dominando-o.
— Você fala tanto de ressentimento... Quem foi a pessoa que fugiu daqui assim que o Kreese voltou? — Johnny provocou, sua voz cheia de ácido. Ele avançou um passo, seus olhos fixos nos dela.
Rayken deu um passo para trás, a acusação a atingindo como um golpe inesperado. Ela parecia se sentir descoberta, a sua fachada de indiferença vacilando.
— Não pense que eu não sei o que você fez. Você é uma mãe de merda — Johnny continuou, sua voz rouca de indignação. — Saiu correndo quando as coisas se apertaram.
Rayken ergueu as mãos em um gesto de rendição, sua expressão misturando exasperação e frustração.
— Que seja! Que seja. Eu sou. — Ela respondeu, a voz alta e clara. — Mas somos iguais nesse quesito. Eu pelo menos arranjei um jeito de me livrar desse lugar. E não me arrependo. Minha família é meu problema, Johnny. Cuide da sua.
A tensão entre eles parecia palpável, quase elétrica. O rancor acumulado e a frustração dos anos passados começaram a se misturar com uma tensão inesperada, uma química inegável entre eles. Ambos estavam irritados, mas também havia algo mais profundo, uma conexão complexa que não poderia ser ignorada.
Rayken, com o semblante fechado e a expressão firme, começou a se afastar, seus passos pesados contra o chão da floresta. O som da bengala de Rayken batendo no chão ressoava na noite escura, a cada passo que ela dava, uma batida mais forte, como se estivesse tentando afogar a dor que sentia e a situação que vivia.
Johnny observou enquanto ela se afastava, o sentimento de desgosto misturado com uma frustração ainda maior. Ele sabia que não conseguiria resolver nada ali, e sua raiva transformava-se em uma tristeza mais profunda. Ele ainda a via como a garota que o deixou, a mulher que voltou apenas para Tommy, e não para ele. A imagem dela estava longe do ideal que ele havia idealizado; era a mesma Rayken que o abandonou trinta anos atrás, e não havia nada de bom naquilo.
Ele olhou para a lata de Coors em sua mão, sentindo-se cada vez mais desgostoso. Johnny sabia que o que restava agora era aceitar a realidade fria que ela trouxe de volta. O que ele imaginou ser uma oportunidade de reconciliação havia se transformado em um confronto doloroso, revelando apenas o que havia de pior em ambos.
Johnny suspirou, jogando a lata vazia no chão, observando o fogo à distância, onde seus amigos ainda riam, alheios à tempestade que estava se formando dentro dele. Ele se virou para seguir o caminho de volta, sua mente um turbilhão de emoções conflitantes, enquanto Rayken desaparecia na escuridão da floresta, seus passos ecoando na distância.
A noite continuava, mas para Johnny e Rayken, o calor da fogueira parecia ter se transformado em um frio distante e desconcertante, cada um lidando com seus próprios demônios enquanto tentavam ignorar a dor e a tensão que agora os separava.
A floresta estava envolta em uma penumbra silenciosa, iluminada apenas pelas lâmpadas espalhadas pela área de combate. O jogo de faixas estava em seu clímax, e a tensão era palpável. Aaron e Tory se enfrentavam no campo, suas faixas vermelhas vibrando com cada movimento. O som de socos e chutes ecoava entre as árvores, misturando-se com o murmúrio das folhas.
Aaron, com uma expressão de determinação, estava focada em cada movimento de Tory. Tory, ágil e agressiva, avançava com uma série de chutes rápidos e socos fortes, mas Aaron estava pronta. Com um movimento rápido, Aaron desviou de um chute e contra-atacou com um soco certeiro no estômago de Tory, fazendo-a recuar.
— Estamos bem? — Aaron perguntou, ofegante, enquanto Tory tentava se recompor. A tensão entre elas era intensa, mas havia um tom de camaradagem no ar.
Tory sorriu, um sorriso cansado, e respondeu:
— Relaxa, é só um jogo. Somos amigas.
Aaron deu um leve sorriso antes de avançar novamente. Em uma troca rápida de golpes, Aaron conseguiu desarmar Tory, derrubando-a no chão. Tory tentou se levantar, mas Aaron foi mais rápida. Com um chute final preciso, Aaron ganhou a luta, deixando Tory caída e ofegante. A vitória estava clara, e o público ao redor começou a aplaudir.
Com a vitória de Aaron sobre Tory, Miguel e Aaron se prepararam para a próxima fase da competição. A atmosfera estava carregada de expectativa. Eles se moviam com agilidade através da floresta, até que avistaram Falcão enfrentando outro membro do time preto. Falcão estava lutando ferozmente, sua força e habilidade evidentes em cada golpe.
Miguel e Aaron se aproximaram, e a batalha contra Falcão começou. Miguel e Aaron, trabalhando em perfeita sintonia, enfrentavam o adversário com uma combinação de ataques rápidos e estratégias bem coordenadas. Falcão, mesmo sendo um oponente formidável, estava sendo superado pela dupla.
Finalmente, Aaron conseguiu desarmar Falcão, derrubando-o no chão com um golpe decisivo. Enquanto Miguel se preparava para pegar a faixa do pescoço de Falcão, Aaron agiu rapidamente, puxando a faixa da mão dele antes que pudesse tocar na bandana. Com um sorriso triunfante, ela arrancou a faixa de Falcão e a sua própria.
— Ganhamos! — Aaron exclamou, triunfante. O time preto havia vencido a competição, e a vitória estava garantida.
No entanto, a celebração foi interrompida por Kreese, que se aproximou com uma expressão severa.
— Você deveria ter terminado a luta — Kreese disse, sua voz carregada de desdém.
Aaron ficou confusa por um momento, olhando para Falcão, que estava deitado no chão, esperando uma surra. Ela percebeu o que Kreese estava insinuando, mas sua expressão se firmou com uma resolução inabalável.
— Não é assim que o karatê funciona — Aaron respondeu, sua voz firme. Ela se aproximou de Falcão, puxou-o pelo pescoço e arrancou a medalha do senhor Miyagi do seu pescoço.
— Covarde — ela o chamou, sua voz cheia de desprezo. Em seguida, ela entregou as faixas e a medalha para Kreese, dizendo:
— Eu venci. Se era isso o que queria de mim.
Com um gesto decidido, Aaron se virou e caminhou até Miguel. Ele a recebeu com um sorriso aliviado e estendeu a mão.
— Estamos bem? — ela perguntou, sua voz mais suave agora.
Miguel riu, segurando a mão dela e apertando-a.
— Sim, estamos. — Ele respondeu, seu olhar suavizando a tensão da situação.
Enquanto Kreese observava com um olhar raivoso, Aaron e Miguel compartilharam um momento de alívio e triunfo. A atmosfera ao redor deles estava carregada com uma mistura de vitória e tensão, enquanto a floresta voltava a se acalmar após a tempestade da batalha.
A fogueira, agora reduzida a uma pilha de brasas vermelhas e crepitantes, projetava uma luz quente sobre o círculo de amigos. O calor da chama parecia ser o único alívio para a brisa fria da noite nas montanhas. Johnny e Tommy estavam sentados em um tronco de madeira, que havia sido transformado em banco por anos de uso. O som das chamas e o farfalhar das folhas ao vento eram os únicos ruídos que competiam com suas vozes.
Johnny olhou para o fogo, seu olhar perdido entre as labaredas que dançavam. O ambiente estava carregado com uma sensação de tranquilidade, algo raro em suas vidas tumultuadas. O cheiro de madeira queimada misturava-se com o aroma de cerveja e o leve toque do ar fresco da noite.
— Sabe, Tommy, — Johnny começou, sua voz baixa e carregada de um tom melancólico —, eu tenho tentado muito, mas às vezes parece que só estou fazendo besteira. Sinto que estou sempre me afundando, tentando corrigir as coisas e, no final, só consigo piorar tudo.
Tommy, que estava observando o amigo com um olhar compreensivo, sorriu com um toque de tristeza. Ele colocou a mão no ombro de Johnny, um gesto de apoio que falou mais do que palavras poderiam expressar.
— Essa é nossa diferença, Johnny. — Tommy disse suavemente, o sorriso mantendo um ar de ternura e sabedoria. — Você tem tempo. Use do seu tempo. Você ainda pode mudar as coisas, seja no Cobra Kai...
Tommy fez um breve gesto com o olhar para Rayken, que estava enrolada em um saco de dormir ao fundo. Ela estava adormecida, com a respiração tranquila, quase como se a noite não tivesse trazido os fantasmas do passado de volta.
— ...ou em qualquer outra coisa. Aproveite seu tempo, amigo. — Tommy continuou, sua voz cheia de encorajamento.
Johnny virou o rosto para Tommy, um misto de gratidão e tristeza estampado em seus olhos. O peso das palavras de Tommy parecia estar se dissolvendo em alguma forma de esperança renovada.
— Obrigado, Tommy. Eu vou tentar lembrar disso. — Johnny disse, a voz um pouco mais firme.
Tommy hesitou, seus olhos focados no fogo como se estivesse tentando encontrar a coragem para compartilhar um segredo antigo. Finalmente, ele falou, sua voz carregada de uma nostalgia amarga.
— Sabe, Johnny, sempre quis te contar isso. Eu... eu era completamente apaixonado pela Ali naquela época. Lembro até hoje da noite em que eu pensei em chama-la para o baile. — ele disse com um sorriso bobo, rindo das próprias memórias — Eu tinha planejado me declarar para ela, mas você chegou antes.
Johnny levantou uma sobrancelha, surpreso. — Eu não sabia disso. Por que você nunca disse nada?
Tommy tentou desconversar, rindo um pouco nervosamente. — Ah, tanto faz. O vencedor — ele fez uma leve pausa, olhando para Johnny com um sorriso —, foi você quem fisgou a Ali primeiro.
Johnny olhou para Tommy com um misto de surpresa e culpa. — Se eu soubesse que você estava tão interessado, talvez eu não tivesse ficado com ela.
Tommy riu, o som cheio de uma melancolia nostálgica. — Você não se lembra? Naquela roda-gigante, quando você pediu a Ali em namoro... Rayken ficou arrasada. Chorou por você por mais de meia hora. Era como se o mundo dela tivesse desmoronado.
Johnny ficou pasmo. — Eu não me lembro disso. Nunca pensei que tivesse feito tanto impacto.
— Essa é a questão — Tommy disse, seu tom mais sério. — Agora você sabe, e é por isso que tem que aproveitar o presente. Somos adultos agora, o passado não precisa mais ser nosso pilar. O que Kreese fez com a gente não pode ser maior doque quem somos hoje. Não deixe o passado arruinar o que ainda pode ser consertado. Você é uma boa pessoa, meu amigo. Não deixem que tentem te convencer do contrário.
A conversa entre os dois continuou até a madrugada, cheia de risos, lembranças e conselhos. Havia uma sensação de reconciliação, de uma amizade restaurada e de um entendimento mais profundo entre eles. Quando o cansaço tomou conta, Johnny ajudou Tommy a se acomodar em seu saco de dormir, o fazendo com um abraço sincero e um olhar de gratidão.
Na escuridão da noite, Johnny começou a ouvir um barulho estranho. Ele estava em um estado entre o sono e a vigília quando se levantou abruptamente. Seus olhos se ajustaram à escuridão, e ele viu Rayken se afastando da fogueira, seu movimento silencioso e decidido.
A visão de Rayken saindo daquela maneira, exatamente como trinta anos antes, fez o peito de Johnny se apertar. Ele a viu andando em direção à floresta, e o som de sua bengala pesando contra o chão ecoava na quietude da noite. Era como se os anos não tivessem passado, e Johnny se sentiu novamente abandonado pela mesma pessoa que o havia deixado há tanto tempo.
Ele tentou ignorar o som dos passos dela se afastando, mas o peso da realidade o impediu de adormecer novamente. Cada passo de Rayken parecia ser um lembrete da traição e do abandono que ele havia enfrentado décadas atrás.
Quando o amanhecer chegou, o caos começou com os gritos de Bobby e Jimmy. Eles estavam tentando acordar Tommy com uma urgência frenética, seus gritos preenchendo o ar com um pânico crescente. Johnny, ainda atordoado e cheio de uma sensação de pressentimento, correu para o lado de seu amigo, tentando acordá-lo com um desespero crescente.
Os esforços de Johnny foram em vão. Tommy não acordou, e a dura realidade começou a se instalar. Johnny sentiu um peso esmagador em seu peito, uma dor indescritível que parecia consumir tudo ao seu redor. Ele havia perdido seu melhor amigo, e a manhã se transformou em um cenário de desespero e perda.
Johnny se ajoelhou ao lado do amigo, o calor da fogueira agora uma lembrança distante e o som das chamas reduzido a um sussurro. A sensação de perda era avassaladora, e Johnny estava parado no meio do caos da manhã, com a dor da perda ecoando em seu coração. O grito silencioso de sua alma parecia se perder na vastidão das montanhas ao redor, enquanto ele tentava lidar com a realidade brutal de ter perdido Tommy, o amigo que sempre esteve ao seu lado.
A noite envolvia o Miyagi-Do em uma tranquilidade quase perturbadora, enquanto Aaron caminhava pelos jardins. As folhas das árvores sussurravam com o vento suave, e a luz da lua banhava o dojo com um brilho prateado. A medalha do senhor Miyagi girava entre os dedos dela, cada movimento refletindo a luz em pequenos flashes.
Ela se sentia deslocada, como se não pertencesse mais a lugar algum. O antigo apartamento, que antes compartilhava com Robby, agora parecia mais vazio, frio e sem vida. Sua presença havia sido como uma âncora para ela, e sem ele, tudo parecia perdido. Com um suspiro, Aaron se aproximou da entrada do dojo, pronta para devolver a medalha.
Mas, quando chegou à porta, ela parou, o coração pulando no peito. Lá estava Robby, de pé, de frente para Samantha. Eles estavam perto, muito perto. E então, como um golpe certeiro, ela se inclinou e o beijou. Sem hesitar, sem pensar duas vezes. Apenas fez, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Como se ja tivesse acontecido antes.
Aaron sentiu como se o chão tivesse se aberto sob seus pés. Depois de tudo, Samantha tinha ganhado dela. Tinha conseguido, como sempre fazia, e roubado o único garoto que Aaron já havia gostado de verdade. A sensação era como uma traição profunda, cortante. Ela não queria se importar, queria ser mais forte do que aquilo, mas não conseguia evitar o nó que se formava em sua garganta.
Por um momento, ela quis correr para o dojo, interromper aquele beijo, gritar e quebrar tudo ao redor. Mas ela sabia que não adiantaria. Aquela batalha já estava perdida.
Aaron virou-se, tentando sair dali antes que a dor se tornasse insuportável. Ela forçou seus pés a se moverem, cada passo mais difícil que o anterior. As lágrimas começaram a cair antes que ela pudesse detê-las, e ela as limpou apressadamente com a manga da jaqueta, tentando manter o controle. A última coisa que ela queria era que alguém a visse naquele estado, especialmente Miguel, que apareceu em seu caminho, a expressão preocupada.
— O que houve? — Miguel perguntou suavemente, se aproximando dela.
Aaron apertou os lábios, tentando esconder qualquer sinal de que estava chorando. — Não tem mais ninguém lá, só queria entregar isso — ela disse, estendendo a medalha para Miguel, evitando olhar nos olhos dele.
Miguel aceitou a medalha, sem tirar os olhos dela. — Você quer que eu entregue para a Sam? — ele perguntou com cuidado.
Aaron assentiu, ainda sem encará-lo. — Sim... ela vai saber o que fazer com isso. Ela deve estar em casa agora.
Miguel a estudou por um momento, claramente preocupado, mas ele não insistiu. Guardou a medalha no bolso e deu um passo para trás.
— Você vai ficar bem? — ele perguntou, a voz cheia de preocupação genuína.
Aaron tentou sorrir, mas o gesto saiu forçado e dolorido. — Vou, sim. Vou pra casa.
Ela se afastou rapidamente, deixando Miguel para trás. As lágrimas ameaçavam cair novamente, mas ela mordeu o lábio, mantendo-se firme até estar longe o suficiente para se permitir desmoronar. Quando já estava fora de vista, Aaron finalmente parou, encostando-se a uma árvore enquanto o choro silencioso a dominava.
Se sentindo completamente sozinha e traída, Aaron pegou o celular com mãos trêmulas. Ela sabia que precisava de alguém, e naquele momento, só uma pessoa veio à mente. Sem hesitar, ela ligou para Tory.
A voz de Tory atendeu após alguns toques, e Aaron, sem conseguir segurar o choro, perguntou:
— Tory... você pode se encontrar comigo? Eu... eu preciso de você.
Houve uma pausa do outro lado da linha, e então Tory respondeu, a voz dela suavizando ao perceber o estado de Aaron:
— Claro, onde você está? Me encontre no Cobra Kai. To saindo da pista agora.
Aaron soltou o ar lentamente, sentindo uma pequena onda de alívio ao saber que não estaria sozinha. Mas algo dentro dela dizia, que o que doía mais era o fato de que Robby não era só o garoto que ela gostava, era seu melhor amigo. A única pessoa que tinha restado pra ela. Mas pelo menos ela tinha Tory. E Tory não a deixaria cair tão fácilmente.
— Tudo bem. — ela disse fungando correndo em direção ao ponto de ônibus — Obrigada.
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10.978 palavras
Me superei dnv. E ainda postei três dias seguidos que issoo
O que acharam da Rayken? Hihi.
E a bomba com o Robby? Acham que ele gosta da Samantha? Amanhã tem mais!
Comentem. O prxm sai amanhã sem falta se tiver 300 comentários.
Falta um capítulo pra briga na escola, to emotiva!!
N se se perceberam mas eu tive q juntar o ep 6 e 7 da 2 temporada em um só pra Aaron poder se enquadrar e fazer mais sentido. Espero q tenha ficado bom e q vcs gostem pq eu gostei!
Vejo vcs amanhã
Com amor
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