ꜰᴏᴜʀᴛᴇᴇɴ - 𝘥𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯 𝘧𝘰𝘳 𝘢 𝘭𝘰𝘷𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘦𝘴𝘴𝘪𝘰𝘯








Episódio catorze,
𝘥𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯 𝘧𝘰𝘳 𝘢 𝘭𝘰𝘷𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘦𝘴𝘴𝘪𝘰𝘯.
𝘗𝘭𝘦𝘢𝘴𝘦! 𝘵𝘦𝘭𝘭 𝘮𝘦!






Aaron entrou no gramado do Miyagi-Do, o som suave de suas passadas abafado pela grama verde e bem cuidada. O sol da tarde estava começando a se levantar, lançando uma luz dourada sobre o lugar. As árvores ao redor balançavam suavemente com a brisa, criando uma atmosfera de calma que contrastava com a inquietação que ela sentia por dentro, era um lindo verão, um verão que Aaron não estava aproveitando.

Enquanto caminhava em direção ao centro do dojo, Aaron avistou Robby. Ele estava de costas para ela, as mãos enfaixadas, socando o saco de pancadas com uma intensidade que fez Aaron parar por um instante. A concentração dele era total, cada golpe carregado de força e precisão. O som rítmico dos socos ecoava pelo gramado, misturando-se ao canto dos pássaros nas árvores.

Não muito longe dele, Samantha estava se alongando sobre as pedras, os movimentos graciosos e metódicos, como se estivesse preparando o corpo para algo maior. O rosto dela estava sereno, mas concentrado, os olhos fechados enquanto se concentrava em sua respiração e no alongamento de seus músculos.

Aaron parou por um momento, observando a cena. Havia uma harmonia no que via, mas ao mesmo tempo, sentia-se deslocada. A conexão entre Robby e Samantha era palpável, e a maneira como ambos estavam imersos em seus próprios mundos a fez sentir-se como uma intrusa. A presença de Samantha ali, tão próxima de Robby, trouxe de volta os sentimentos de insegurança e ciúme que haviam surgido no festival.

Ela respirou fundo, tentando afastar os pensamentos que a incomodavam. Não era hora para isso. Mas era difícil não notar a maneira como os dois pareciam tão sincronizados, mesmo sem estarem interagindo diretamente. Como se houvesse uma ligação invisível entre eles que Aaron não conseguia romper, por mais que tentasse.

Ela caminhou mais um pouco, hesitando ao se aproximar, mas antes que pudesse decidir o que fazer, Robby notou sua presença. Ele parou de socar o saco de pancadas e se virou, um leve sorriso surgindo em seu rosto suado ao vê-la.

— Ei, Aaron — ele disse, a voz levemente ofegante. — Chegou cedo.

— Tirei folga no trabalho. Preciso mesmo treinar. — Aaron respondeu com um sorriso meio hesitante, tentando aliviar a tensão que sentia desde que chegou ao dojo. — Não te vi depois da apresentação — ela comentou, tentando puxar assunto.

Robby levantou uma sobrancelha, o semblante endurecendo levemente.

— Você parecia bem felizinha com o Diaz. Não quis atrapalhar e fui pra casa.

Aaron piscou, confusa, o coração batendo um pouco mais rápido. Não podia ser verdade. Será que ele estava realmente incomodado com isso, sendo que ele mesmo parecia tão à vontade com Samantha? Ela franziu o cenho, tentando entender aonde ele queria chegar.

— O quê? — ela perguntou, tentando processar o que acabara de ouvir. Robby deu de ombros, sem esconder o tom de ciúme na voz. — Ele pediu desculpas pra mim, Robby — ela disse, como se estivesse explicando algo óbvio.

— Você acreditou nele? — ele perguntou, retoricamente, levantando a cabeça de leve. Envergonhada, ela assentiu, tímida. — Entendi.

Aaron sentiu uma mistura de raiva e frustração, enquanto Robby desviava o olhar, claramente incomodado. Antes que ela pudesse responder, Samantha se aproximou, interrompendo a conversa com um tom casual, mas empolgado.

— Bem que podíamos tentar postar em algum lugar o que íamos fazer no festival — sugeriu Samantha, tentando suavizar o clima.

Aaron soltou um suspiro, o peso da frustração ainda presente em sua voz.

— Não adianta. Todos já viram, e ninguém se importou em procurar o dojo — ela respondeu, com um toque de amargura. — Foi um fiasco.

O silêncio que se seguiu foi pesado, e a tensão entre Aaron e Robby não passou despercebida por Samantha, que lançou um olhar curioso, mas cauteloso, para os dois.

Robby olhou para as duas, sabendo que havia algo de verdade no que Aaron disse, mas não queria deixar a situação tão negativa. Ele deu um passo à frente, tentando encontrar uma solução.

— O problema é que o Miyagi-Do fala muito de defesa. E as pessoas... — ele hesitou, mas continuou com um suspiro, socando novamente o saco à sua frente — as pessoas querem ver ação, querem ver o ataque. Isso é o que impressiona.

Aaron assentiu devagar, ainda incomodada com a situação.

— Eu tentei levar uma amiga para o festival, sabe? Mas com certeza ela deve ter preferido o show de horrores que o Cobra Kai fez depois. — Ela hesitou, como se estivesse revelando algo que não deveria, mas acabou admitindo. — E, pra ser sincera, eu... eu fiquei impressionada com a apresentação deles.

Samantha, que até então tentava manter uma atitude mais neutra, não conseguiu conter a indignação.

— É, né? Porque eles interromperam a nossa apresentação — ela disse com um tom de desprezo evidente. — Eles são marginais, Aaron. Não deviam impressionar ninguém, só causar repulsa.

A tensão voltou a se espalhar pelo ar, mas Robby, tentando ser o mais racional possível, falou com um tom conciliador. Não conseguia simplesmente não defender a MacGyver.

— Eu entendo o que você está dizendo, Sam, mas o fato é que o que eles fizeram chamou atenção. Se queremos que o Miyagi-Do seja levado a sério, precisamos mostrar que, além de saber nos defender, também sabemos lutar. As pessoas precisam ver que o caminho da defesa pode ser tão poderoso quanto o ataque.

— O que pretende? — Aaron alfinetou — Arrumar briga no shopping e gravar? — ela disse em um tom sarcástico fazendo Robby fechar a cara, irritado com a provocação.

Aaron olhou para Robby, sentindo-se um pouco mais aliviada por ele estar tentando encontrar uma solução. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia se livrar da sensação incômoda de que o Cobra Kai tinha algo que o Miyagi-Do não conseguia oferecer.

Samantha parecia menos convencida, mas ao ver que Robby estava determinado a seguir por esse caminho, ela acabou cedendo, embora ainda com uma expressão preocupada.

— Eles são perigosos — ela repetiu, embora com menos ênfase do que antes. — Mas... se você acha que precisamos mostrar mais, Robby, então vamos nessa. Só não quero que percamos a nossa essência.

Robby concordou com um aceno de cabeça, mas a tensão entre ele e Aaron ainda estava ali, invisível, mas presente. Ela sabia que ele estava chateado, talvez até com ciúmes, e isso a deixava desconfortável. Afinal, se ele realmente se importava tanto, por que estava tão à vontade com Samantha?



No Cobra Kai, o dojo estava agitado com novos alunos chegando, alguns já vestindo seus uniformes e outros ainda avaliando a ideia de se inscrever. O som das portas se abrindo e fechando, as vozes animadas e o ocasional barulho dos sacos de pancada sendo atingidos enchia o ambiente de energia.

Do lado de fora, Summer estava parada ao lado de Falcão, olhando para a entrada com um misto de hesitação e curiosidade. Ela mordia o lábio inferior, enquanto Falcão, ao seu lado, exibia um sorriso confiante e cheio de entusiasmo.

— E aí, pronta para entrar no melhor dojo da cidade? — Falcão perguntou, tentando aliviar a tensão que ele percebia nela.

Summer soltou um suspiro, ainda olhando para a porta aberta, onde mais alguns adolescentes estavam entrando.

— Eu não sei, Falcão... — ela disse, cruzando os braços e desviando o olhar para ele. — Eu quero aprender a me defender, mas... não sei se estou pronta pra isso. Pra tudo isso.

Falcão, percebendo o receio dela, se aproximou mais, tentando encorajá-la.

— Olha, eu sei que pode parecer intimidante de cara, mas você vai ver, Summer. Cobra Kai não é só sobre lutar, é sobre se transformar, se tornar a melhor versão de você mesma. — Ele fez uma pausa, procurando as palavras certas. — Eu entrei aqui quando estava na pior. E agora... bom, você sabe o que eu sou capaz de fazer.

Ela sabia. Havia visto Falcão mudar completamente desde que ele se juntou ao Cobra Kai. Ele passou de um garoto tímido e inseguro para alguém que exalava confiança, talvez até demais às vezes. Mas havia algo na mudança dele que a intrigava e, de certo modo, a inspirava.

— Eu não quero mudar tanto assim — Summer murmurou, mais para si mesma do que para ele. — Só quero... não quero mais me sentir vulnerável.

Falcão assentiu, entendendo o que ela queria dizer. Ele tocou suavemente no ombro dela, um gesto de apoio.

— Não precisa mudar tudo de uma vez, Summer. — Ele olhou diretamente nos olhos dela. — Dá um passo de cada vez. Entra lá, sente o clima. E se não for pra você, tudo bem. Mas... acho que você vai gostar.

Summer finalmente sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno. A coragem de Falcão parecia um pouco contagiante, e ela não queria decepcioná-lo, nem a si mesma.

— Tá bom, vou tentar. — Ela disse, respirando fundo.

— Essa é a minha garota. — Falcão sorriu, e então, com um gesto largo e exagerado, fez uma reverência teatral, indicando a entrada do dojo. — Depois de você.

Ela revirou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir de novo. Com um último olhar hesitante para Falcão, Summer deu o primeiro passo em direção ao dojo, entrando no espaço que poderia mudar sua vida para sempre. Falcão, animado, a seguiu de perto, já ansioso para ver como ela se sairia em seu ambiente favorito.

Ao entrarem, o som das atividades e a presença dominante do Sensei Silver na frente da turma fizeram com que Summer engolisse em seco.

Enquanto Falcão esperava do lado de fora do vestiário, ele estava ao lado de Aisha, que olhava para os novos recrutas entrando no dojo. Falcão estava impaciente, ansioso para ver como Summer se sairia em sua primeira sessão de treino. Ao mesmo tempo, ele não conseguia evitar de prestar atenção na conversa animada que estava acontecendo a poucos metros de distância.

Kreese, com sua postura imponente, estava contando uma história com entusiasmo para um grupo de alunos, que incluía Miguel. Sua voz grave e cheia de autoridade ecoava pelo dojo enquanto ele falava sobre suas experiências de guerra.

— Então, lá estava eu, em plena selva de Ruanda, cercado por inimigos em todas as direções... — Kreese começou, a história tomando um tom dramático.

Falcão ouvia a conversa, fascinado. Para ele, qualquer coisa que Kreese dissesse era a verdade absoluta. Afinal, ele era um guerreiro, um sobrevivente. Aisha, ao lado dele, estava igualmente interessada, embora mais reservada em sua reação.

Mas Miguel, que estava um pouco mais afastado, franziu as sobrancelhas ao ouvir a história. Algo não parecia certo. Quando Kreese mencionou "Ruanda", Miguel lembrou-se de outra história que ele contara semanas antes, sobre uma missão em Mogadíscio, na Somália. Ele hesitou por um momento, mas então decidiu falar.

— Não era na Somália, Sensei? — Miguel interrompeu, tentando parecer respeitoso, mas não conseguindo esconder a confusão em sua voz. — Mogadíscio fica na Somália, não em Ruanda.

A sala ficou em silêncio por um momento, todos os olhares se voltando para Kreese. O Sensei olhou para Miguel de cima a baixo, avaliando-o com cuidado. Ele percebeu que havia sido pego em uma mentira, mas não iria se deixar abater tão facilmente.

— Ah, sim, claro. — Kreese respondeu, mantendo sua compostura. — A Somália. Estive por tanto tempo naquela região que, às vezes, tudo meio que se mistura.

Ele tentou suavizar a situação com um sorriso, mas Miguel ainda parecia desconfiado, embora não dissesse mais nada.

Antes que Kreese pudesse continuar, Johnny entrou no dojo, quebrando o clima tenso que havia se formado. Ele olhou ao redor e deu um bom dia firme, trazendo a atenção de todos de volta para ele.

— Bom dia, pessoal. Temos alguns novos recrutas hoje, então quero que todos se preparem para um treino duro.

No mesmo instante, Summer saiu do vestiário correndo e se posicionou logo atrás de Falcão, tentando ser o mais discreta possível. Ela rezava para que ninguém prestasse atenção nela, ainda nervosa com a nova situação. Falcão, percebendo sua presença, deu-lhe um sorriso de encorajamento sem dizer nada, respeitando seu desejo de passar despercebida.

Johnny Lawrence se posicionou diante da turma, observando com olhos atentos cada novo recruta.

— Em posição. — Ele ordenou com firmeza. A energia na sala é palpável, todos os alunos se alinharam rapidamente, tentando esconder suas inseguranças.

Johnny começa a andar pela fileira, observando e sacaneando alguns dos alunos mais nervosos. Ele passou  por dois garotos ruivos e deu uma risadinha.

— Se ajeitem, nerds ruivos. — Johnny disse, não escondendo seu desprezo enquanto seguia adiante, avaliando os próximos.

Ele parou ao lado de Summer, que estava tentando passar despercebida, encolhida atrás de Falcão. Johnny a encarou, seu olhar perfurante.

— Te conheço, morena? Não lembro de você ser uma das nerds da minha primeira turma. — Ele comentou, aproximando-se mais, tentando sondar a nova recruta.

Summer hesitou, sua voz quase sumida.

— Eu... sou nova. — Ela disse, evitando o contato visual.

— É minha namorada, Sensei. — Falcão interveio colocando-se entre Johnny e Summer.

Johnny deu uma última olhada nos dois, o reconhecimento em seus olhos se dissipando, mas ainda curioso.

— Entendi. — Ele disse, notando o kimono de Summer — Faz sentido. Vamos ver se aguenta a pressão.

Johnny se afastou, mas algo na aparência de Summer permanece em sua mente, como se ela lembrasse alguém que ele não conseguia identificar. Os traços finos, a pele morena, o furo no queixo... tudo parecia tão familiar, mas ele não conseguia ligar os pontos.

Ele voltou sua atenção para a turma toda.

— Achei que meu antigo grupo era patético. Mas vendo vocês acho que até dá pra chegar em algum lugar. Então, entre vocês, quem aí tem coragem de enfrentar meu campeão? — Ele desafiou, seus olhos brilhando com a expectativa de uma boa luta.

Antes que qualquer outro pudesse reagir, Tory deu um passo à frente. Sua postura era confiante, decidida. Ela não usava kimono, mas roupas de academia, que contrastavam com o uniforme tradicional que Summer vestia.

— Eu tenho. — Tory disse com um tom de desafio, seu olhar fixo em Miguel. — Vi a demonstraçãozinha de vocês no festival. Vocês são bons de show. Queria ver se eram bons de briga mesmo.

Johnny acenou com a cabeça, liberando Tory para se aproximar de Miguel. Ele deu um passo para trás, seus olhos analisando a postura de Tory. Kreese sempre em seu encalço, como se avaliasse tudo, deixando Lawrence sempre desconfortável.

— Você quer mesmo fazer isso? Olha... — Miguel começou a falar, mas foi interrompido por um chute certeiro de Tory em seu peito, fazendo-o recuar.

A expressão de Miguel mudou Ele percebeu que Tory não estava ali para brincar. Eles se encaram por um segundo antes que a luta começasse de verdade.

Tory atacou com movimentos rápidos e aleatórios, mais voltados para defesa pessoal do que para o karatê tradicional. Miguel se defendeu bem, mas não conseguia antecipar os golpes imprevisíveis de Tory. A luta se intensificou até que, em um movimento rápido, Tory derrubou Miguel no chão.

— Previu isso? — Tory disse com um sorriso desafiador, enquanto Miguel se esforçava para se recompor.

Antes que Tory pudesse se afastar, Miguel, com um movimento rápido, deu uma rasteira nela, derrubando-a.

— Talvez. — Ele respondeu, levantando a mão para ajudá-la a se levantar. — Sou Miguel.

Tory aceitou a ajuda, mas logo puxou Miguel para baixo, jogando-o novamente no chão e o imobilizando, seu rosto pressionado contra o tatame.

— Sou Tory. Com Y. — Ela disse, sorrindo vitoriosa.





O carro antigo de Daniel LaRusso seguia pela estrada, o motor ronronando suavemente enquanto o sol da manhã lançava um brilho dourado sobre a paisagem. No banco da frente, Samantha estava sentada ao lado do pai, os olhos fixos na estrada, enquanto Aaron e Robby estavam no banco de trás, conversando apesar da tensão silenciosa entre eles.

— Ainda não entendi como ir à praia vai nos dar mais alunos. — Robby comentou, inclinando-se para frente, tentando captar o sentido da estratégia de Daniel.

— Não estou atrás de alunos, estou atrás dos pais deles. — Daniel respondeu com convicção, sem desviar os olhos da estrada.

Aaron, que tinha estado calada, finalmente expressou sua preocupação.

— Não acha que isso não vai só... afastar eles? Os filhos? — Ela perguntou, sua voz carregada de incerteza.

Daniel balançou a cabeça, confiante.

— Passei muito tempo tentando promover o Miyagi-Do. Agora essa é nossa última chance de fazer uma boa propaganda. Estou contando com pais que fazem de tudo para proteger seus filhos.

A resposta de Daniel parecia mais uma determinação que uma mera explicação, encerrando a discussão com uma nota de otimismo. Aaron e Robby trocaram um olhar no espelho retrovisor, ambos tentando digerir o plano.

O carro parou suavemente no estacionamento do clube de praia. O som das ondas se misturava com as risadas distantes de crianças e o murmúrio de conversas dos frequentadores do clube. Daniel saiu do carro com confiança, ajustando sua camisa enquanto Samantha saltava animada do carro, já ansiosa para se juntar à movimentação.

Aaron e Robby saíram do carro com menos entusiasmo. Enquanto Samantha seguia em frente, Robby hesitou, parando antes de entrar no clube. Aaron, percebendo a parada súbita, deu alguns passos para trás, se aproximando dele.

— Tá tudo bem? — Aaron perguntou, o olhar cheio de preocupação.

Robby hesitou, os olhos escaneando o local. Vários rostos desconhecidos passavam por eles, mas para ele, o ambiente trazia memórias desconfortáveis.

Samantha, que já estava alguns passos à frente, também notou a hesitação de Robby e voltou, sua expressão refletindo a mesma preocupação de Aaron.

— Tudo bem... é só que... eu trabalhava aqui. — Ele respondeu, tentando disfarçar a intensidade do momento com um sorriso forçado.

— Sério? Quando? — Samantha sorriu, questionando e o encarando esperando uma resposta animada dele

— Ah, um tempinho no verão passado. — Robby respondeu, desconfortável e hesitante — Nada de mais.

Robby lançou um olhar rápido para Aaron, que entendeu imediatamente a carga emocional da situação. Sem perder tempo, ela tentou desviar o foco, suavizando o clima.

— Bem, então, você já conhece o lugar. Pode nos mostrar onde estão as melhores sombras! — Aaron brincou, sorrindo suavemente, tentando trazer um pouco de leveza ao momento.

Samantha, percebendo o esforço de Aaron, deu um sorriso encorajador.

— Isso mesmo. — Sam afirmou, mesmo sentindo que eles tinham um olhar cúmplice, longe dela — Vamos encontrar o melhor lugar antes que todo mundo chegue. — Ela disse, animada, tentando desviar a atenção do desconforto de Robby.

Robby assentiu, agradecido pela tentativa das duas de aliviar o clima. Juntos, eles começaram a caminhar em direção à entrada do clube, com Robby um pouco mais relaxado, sabendo que, pelo menos por agora, ele não estava sozinho.




Aisha estava distraída, deslizando o dedo pela tela do celular enquanto esperava na loja de conveniência. Ela rolava as mensagens, resmungando baixinho, quando percebeu alguém passar por perto. Levantando o olhar, ela viu Tory, a garota que havia se voluntariado para lutar com Miguel no dojo. Tory carregava um sorriso leve, que parecia quase desafiador, enquanto se aproximava das portas de geladeira.

— Já sei, foto de pinto? — Tory brincou, notando o celular nas mãos de Aisha antes de seguir em frente e pegar uma garrafa de Gatorade.

Aisha soltou uma risada surpresa e abaixou o celular.

— Não. — ela respondeu com um sorriso — Minha mãe quer que eu vá ao clube de praia com ela...

— Ai meu Deus! Que coisa horrível. — Tory debochou, girando a garrafa entre os dedos de forma despreocupada.

— Não, — Aisha riu, revirando os olhos — É que uma amiga minha, a Samantha, deve estar lá. E a gente não tem se entendido muito bem. Mas esquece isso... Muito prazer, sou a Aisha.

— Tory. — ela respondeu, devolvendo o sorriso e apontando para Aisha com a garrafa em mãos.

O olhar de Aisha caiu sobre a pulseira de Tory, brilhante com strass pontiagudos que envolviam seu pulso.

— Que pulseira legal! — Aisha comentou, curiosa.

— Essa? — Tory riu, olhando para o próprio braço — Não é só enfeite. Uma vez, um esquisitão tentou me agarrar no shopping. Eu bloqueei ele e deixei um presente no rosto.

— Caramba. — Aisha disse, impressionada — Parece que você já sabe bater bem nas pessoas. Pra que precisa do Cobra Kai?

— Tive algumas aulas de kickboxing. Mas sempre quis quebrar tábuas com uma venda. — Tory riu, dando de ombros, o que fez Aisha sorrir também.

— Caramba, é exatamente o que minha amiga Aaron me disse depois de entrar para o Miyagi-Do. — Aisha riu, relembrando a cena, enquanto Tory a encarava com curiosidade crescente.

— Espera, a MacGyver? — Tory perguntou, surpresa ao dar um passo à frente. Aisha assentiu com a cabeça. — Caramba, foi ela que me convidou para o festival e então eu vi a apresentação de vocês.

— Sério? Nossa. — Aisha respondeu, surpresa e animada.

— Miyagi-Do? — ela questionou sem reconhecer o nome — Pensei que veria ela aqui hoje. Mas acho que errei de dojo então. — ela deu de ombros meio constrangida

— Ah, não, ela não curte muito isso. Ela é mais da auto defesa, sabe? — Aisha deu de ombros e Tory assentiu com a cabeça — É, mas que bom que chegou no certo. — Aisha concordou com um aceno de cabeça. — Na verdade, quer saber? Que tal ir ao clube de praia comigo? Seria bom ter uma companhia.

Ela perguntou enquanto Tory passava por ela, caminhando até o caixa.

— Acho que consigo sofrer um dia na praia. — Tory respondeu, dando de ombros e sorrindo, aceitando o convite.




A tarde no clube de praia parecia mais um evento de negócios do que uma diversão à beira-mar. Ao longe, Aaron podia ver Daniel LaRusso gesticulando enquanto tentava convencer alguns amigos que tinham filhos a entenderem os princípios do Miyagi-Do. Ele falava com paixão, mas Aaron não conseguia evitar o tédio que sentia com tudo aquilo. Ela estava parada, distraída, segurando um canapé na mão e uma tacinha de bebida que mal dava para uma única golada. Observava de longe Robby e Samantha deitados lado a lado nas espreguiçadeiras, rindo e conversando de maneira íntima.

Aaron suspirou, o desconforto crescendo dentro dela. Estava de saco cheio daquela situação, não queria passar por aquilo de novo. Robby não a queria, tudo bem. Só conseguia pensar "acostume-se com isso, querida."

Decidida a se afastar, ela deu meia-volta e caminhou em direção às escadas que levavam ao andar superior do clube, à procura de algum tipo de entretenimento que pudesse distraí-la.

Subindo as escadas, Aaron quase esbarrou em Aisha, que parecia surpresa ao vê-la ali.

— Aaron! — Aisha exclamou, se aproximando rapidamente e a abraçando com entusiasmo. Levou alguns segundos para Aaron perceber que Tory Nichols estava ao lado de Aisha, com um sorriso tímido no rosto.

— Tory! — Aaron disse, surpresa, puxando Tory para um abraço de lado.

— MacGyver. — Tory riu suavemente. — Isso aqui nem parece praia. Onde estão os caras mal vestidos  dançando hip-hop na nossa cara? — ela perguntou, brincando, e Aaron revirou os olhos, divertida.

— Um sonho né? — ela disse apontando para o clube enorme de alta renda — Relaxa, isso só vem depois dos canapés! — Aaron respondeu, fazendo as três rirem animadamente.

— O que você está fazendo aqui? — Tory perguntou, curiosa, esperando uma resposta.

Aaron hesitou por um momento, antes de finalmente responder.

— Vim com o Senhor LaRusso. — ela disse, tentando parecer casual.

Aisha, ao ouvir isso, ficou um pouco desconfortável, o sorriso murchando levemente. Aaron notou a mudança e rapidamente tentou mudar de assunto.

— É que meu pai vai entrar em reabilitação, e o Senhor LaRusso deixou eu ficar na casa dele... longa história. — Aaron explicou rapidamente.

Aisha assentiu, compreendendo a situação e respondeu suavemente:

— Sinto muito, Aaron. Espero que as coisas melhorem logo.

Aaron deu um sorriso grato e então cutucou Tory com o cotovelo, lembrando-se de algo.

— Ei, senti sua falta no trabalho essa semana. — Aaron comentou, provocando Tory.

Tory riu e balançou a cabeça.

— Ah, aparentemente xingar a chefe e depois o gerente no mesmo dia, meio que garantiu mesmo minha demissão. — ela respondeu, com uma risada sarcástica.

Aaron e Aisha riram juntas, deixando a tensão do momento anterior desaparecer enquanto conversavam sobre a semana, aproveitando a companhia umas das outras, longe das preocupações e dramas que as aguardavam lá embaixo.

Samantha estava deitada nas espreguiçadeiras ao lado de Robby, olhando para o céu azul claro. O som das ondas ao longe e o murmúrio suave das conversas ao redor não conseguiam distraí-la do incômodo que começava a crescer dentro dela. De canto de olho, viu Aisha e Aaron juntas com outra garota, rindo e se divertindo, enquanto ela estava ali, sentindo-se excluída.

Ela franziu a testa, apertando os lábios, e desviou o olhar. Era difícil ignorar o peso daquela situação, especialmente depois do festival.

— O que foi? — Robby perguntou, notando a mudança na expressão dela e se virando na espreguiçadeira para encará-la.

— É a Aisha. — Samantha desabafou, com a voz ligeiramente amarga. — Ela e a Aaron estão juntas, e a gente não se fala direito desde o festival. — Ela balançou a cabeça, cruzando os braços contra o queixo, os olhos ainda presos na imagem das três se divertindo. — Eu queria aliviar o clima, mas ainda estou chateada por terem estragado a nossa apresentação.

Robby a observou por um momento, compreendendo a situação. Ele sabia como as coisas podiam ser complicadas entre amizades, especialmente quando havia tantos sentimentos envolvidos. Sua mente sempre voltava pra Aaron. Como uma maldita maldição, tudo sempre voltava à Aaron.

— Ah, vai lá conversar com elas. — ele sugeriu, encolhendo os ombros e colocando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, tentando suavizar o clima. — Na pior das hipóteses, se tiver uma briga, a gente filma. — Ele disse com um sorriso brincalhão, arrancando um sorriso hesitante de Samantha.

— Quem sabe? — Ela riu baixinho, balançando a cabeça, mas ainda havia uma sombra de preocupação em seus olhos. — De repente eu volto com uma aluna nova.

Samantha se levantou, e correu na direção das escadas. Mesmo assim, Robby conseguia, de alguma forma, fazê-la se sentir um pouco mais leve, o que já era um começo.



Aaron estava em um dos cantos do clube, rindo e fofocando animadamente com Tory. A atmosfera entre as duas era leve, com Tory gesticulando enquanto falava e Aaron rindo abertamente. Ao longe, Samantha, que estava na fila do buffet, percebeu a interação entre as duas e não pôde deixar de lançar um olhar incomodado na direção delas antes de se focar em Aisha, que estava logo à frente na fila.

— E aí, tudo bem? — Samantha perguntou, pegando um prato e começando a enchê-lo com seu almoço, tentando parecer casual.

Aisha deu um suspiro profundo, colocando algumas folhas de alface no prato antes de responder.

— Você sabe que não estamos bem.

Samantha se virou rapidamente para encará-la, surpresa com a resposta direta.

— Você tá chateada? — Sam bufou, sua voz carregada de frustração. — Foram vocês que estragaram a nossa apresentação!

Aisha não perdeu tempo e rebateu imediatamente, seu tom afiado.

— Não acho que a Aaron pense assim. — Ela alfinetou, apontando discretamente para a loira que estava do outro lado, ainda em conversa com Tory. Aaron, vestida com um delicado vestido florido, mantinha uma postura perfeita enquanto ria de algo que Tory havia dito. — Isso só aconteceu depois que o seu pai atacou o nosso dojo. O que devíamos ter feito?

Samantha tentou se defender, mas havia hesitação em sua voz.

— Ele não atacou vocês...

— Ah, não? "Cobra traiçoeira"? Bem sutil. — Aisha soltou uma risada cínica, cruzando os braços.

— Ele só tá tentando fazer o certo. — Samantha respondeu, mas sua voz vacilou.

— Então o Cobra Kai está errado? — Aisha questionou, desafiando Samantha com o olhar.

Sam ficou sem palavras por um momento, buscando uma resposta que não fosse ofensiva, mas também não queria admitir culpa. Frustrada, ela finalmente suspirou.

— Não é errado, é só... Ai. O que estamos fazendo? Estamos de férias, na praia. Por que estamos discutindo sobre karatê?

Aquela mudança de tom fez com que Aisha relaxasse um pouco, soltando uma risada nasalada.

Samantha aproveitou o momento para tentar se aproximar ainda mais.

— Devíamos estar brigando por garotos. — Ela brincou, tentando quebrar a tensão.

— Ou por quem vai pegar o último pãozinho. — Aisha debochou levemente, mas com um sorriso no rosto.

As duas riram juntas, o clima finalmente aliviando entre elas. Samantha pegou um garfo e fingiu brigar com Aisha pelo último pedaço de pão, exatamente como faziam quando eram crianças. Foi um momento nostálgico, e ambas se sentiram bem por estarem voltando a se conectar.

De repente, enquanto riam, Samantha desviou o olhar para o andar de baixo, onde Robby estava deitado em uma espreguiçadeira, sem camisa, sob o sol. Ele parecia completamente relaxado, com óculos escuros cobrindo os olhos, aproveitando o momento de descanso. Samantha não pôde evitar dar uma boa olhada nele de cima a baixo, e Aisha percebeu o olhar.

— Então é só você e o saradão treinando o verão todo? — Aisha perguntou com um tom sugestivo, um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

Samantha ficou um pouco vermelha, mas tentou desviar o assunto.

— Tem a Aaron também. — Ela deu de ombros, tentando se corrigir.

— Ah, sim. Deve ser muito difícil. — Aisha respondeu com um tom irônico, mas ainda amigável.

— Aham. Tá bom. — Samantha riu, ficando ainda mais vermelha, mas apreciando a brincadeira.

As duas continuaram a conversa, finalmente encontrando um lugar para sentar e comer, o clima entre elas muito mais leve e descontraído.




Robby caminhava pela área da piscina, tentando se manter fora de vista. Ele não queria causar confusão, mas parecia que o mundo estava conspirando contra ele. De repente, um segurança corpulento apareceu do nada, segurando o braço de Robby com força.

— Ei, delinquente! — o segurança rosnou, seus olhos cheios de desprezo. — Você já foi expulso daqui antes. Vou chutar sua bunda pra longe desse clube de novo!

Robby tentou puxar o braço, mas o homem segurava firme, deixando claro que não estava brincando.

— Eu não estou aqui pra causar problemas... — Robby começou a dizer, mas o segurança o interrompeu.

— Problemas é o que você sempre traz, moleque. Não vou deixar você ficar aqui, roubando e enganando todo mundo de novo.

Antes que a situação pudesse piorar, Amanda LaRusso apareceu ao lado deles, sua expressão firme, mas com um toque de preocupação.

— Ele é um convidado meu, Paul. — Amanda disse com autoridade, olhando diretamente para o segurança. — Pode soltá-lo.

O segurança hesitou, mas ainda relutava.

— Senhora LaRusso, com todo o respeito, esse garoto é um delinquente. Ele já foi expulso daqui antes. Eu só estou fazendo o meu trabalho.

— Eu entendo que você está fazendo o seu trabalho, mas estou dizendo que ele é meu convidado. — Amanda insistiu, sua voz suave, mas inegociável.

O segurança, finalmente percebendo que estava indo longe demais, soltou o braço de Robby e deu um passo para trás, visivelmente desconfortável.

— Me desculpe, senhora LaRusso. — ele disse, antes de se afastar, deixando Robby envergonhado e mexido.

Amanda olhou para Robby, com um olhar de preocupação genuína.

— O que foi isso, Robby? — ela perguntou gentilmente. — O que aconteceu?

Robby soltou um suspiro pesado, sua expressão cheia de remorso.

— Antes de tudo isso... — ele começou, a voz carregada de culpa. — Antes de conhecer vocês, eu fazia essas coisas. Vivia roubando, enganando, sobrevivendo do jeito que dava. Eu sei que é errado, e nunca mais quero fazer isso, mas... Eu entendo por que ele me vê assim. Ele está certo. Talvez eu devesse ir embora, para não causar mais problemas para ninguém.

Amanda, com seu olhar maternal e caloroso, balançou a cabeça e colocou uma mão suave no ombro de Robby.

— O que importa não é o que você fez no passado, Robby. — ela disse com firmeza. — O que importa são as decisões que você está tomando agora. Todo mundo comete erros. O que define quem somos é o que fazemos depois desses erros.

Robby olhou para ela, sentindo o peso das palavras. Ele nunca tinha ouvido alguém falar com ele assim, de uma maneira que o fizesse sentir que ainda havia esperança, que ele poderia ser alguém melhor.

— Eu entendo... E sinto muito. — ele disse, com a voz quebrada. — Eu comecei a entender essas coisas quando a Aaron entrou na minha vida. A gente começou a lidar com tudo isso juntos.

Amanda sorriu, compreendendo o significado profundo das palavras de Robby.

— Eu sinto muito por não saber mais sobre a Aaron. Mesmo com ela na minha casa, eu me preocupo com ela. Sinto que não posso ajudá-la o suficiente.

— Ela é muito forte. — Robby respondeu com sinceridade. — Você não tem culpa disso, senhora LaRusso. Ela realmente nunca te culparia também.

Amanda olhou para ele, percebendo algo mais profundo nas suas palavras.

— Você gosta mesmo dela, não é? — ela perguntou, com um pequeno sorriso nos lábios.

Robby ficou um pouco vermelho, desviando o olhar por um segundo antes de admitir.

— É... Aaron é a minha pessoa.

Amanda sorriu, tocada pela sinceridade dele, e sentiu que havia ali uma conexão genuína, algo que valia a pena proteger e cuidar.



Samantha e Aisha continuavam conversando enquanto comiam. Aisha beliscava um pedaço de queijo enquanto tentava manter o tom casual, mas o assunto era carregado de curiosidade.

— É, a Aaron me contou que ela se mudou pra sua casa por um tempo. — Aisha comentou, olhando de relance para Samantha.

— É, o Robby também. — Samantha respondeu, com um tom ligeiramente sugestivo antes de morder um brócolis.

Aisha quase sussurrou, como se estivesse tocando em um segredo que ninguém deveria ouvir.

— Como seus pais deixaram?

Sam revirou os olhos, sorrindo levemente para tentar dissipar qualquer mal-entendido.

— Relaxa, não temos nada. Somos só amigos.

Aisha levantou as mãos em rendição, com um sorriso divertido.

— Olha, não vou contar pro Miguel.

Samantha apenas confirmou com um aceno de cabeça, sem dar muita importância ao comentário.

De repente, Tory apareceu atrás de Aisha, quase pulando de alegria com um sorriso cúmplice nos lábios.

— Oi! — Tory exclamou, chamando a atenção das duas. — Olha o que encontramos. — Ela fez sinal para Aisha e Aaron, antes de abrir a bolsa e mostrar uma garrafa de vodka.

Aisha ficou surpresa, sua expressão um misto de choque e curiosidade.

— O quê! Onde encontraram isso?

— Roubamos do bar. — Aaron disse, com um tom que indicava que era um segredo divertido. Aisha olhou de relance para Samantha, com medo da reação da morena.

Tory, percebendo a hesitação, deu uma risada despreocupada.

— Ih, relaxem! — Ela disse, tranquilizadora. — Os adultos estão enchendo a cara, mal vão notar que sumiu. — O comentário saiu com uma leve risada, tentando aliviar o clima.

Samantha, no entanto, não estava nada impressionada. Ela olhou Tory de cima a baixo, claramente desaprovando a situação.

— Vocês deviam devolver. Vão se encrencar. — Samantha disse, sua voz carregada de julgamento. A mensagem era clara, e Aaron percebeu o tom de desaprovação.

Aaron, já cansada de ouvir o mesmo discurso, não se conteve.

— O que foi? — Ela atacou, cruzando os braços. — Só você pode se divertir? — O olhar de Aaron se dirigiu brevemente para Robby, que ainda estava relaxado no andar de baixo, tornando a acusação mais pessoal.

— Não é isso. — Samantha se defendeu, mantendo sua postura superior. — Vocês podem se dar mal.

Tory não deixou a oportunidade passar e riu em escárnio, dando um passo à frente e encarando Samantha diretamente.

— E quem é você? — Ela desafiou, o rosto dela exibindo desdém. Samantha, pega de surpresa, deu um passo para trás, sem saber como reagir.

Aisha rapidamente tentou aliviar a situação.

— Ah, essa é a Samantha. Tory, Sam. Sam, Tory. — Aisha as apresentou, tentando diminuir a tensão crescente.

Tory, no entanto, manteve o olhar fixo em Samantha, levantando uma sobrancelha de maneira protetora.

— Aj, — Ela disse, ainda com um tom provocativo. — A famosa Samantha.

Samantha franziu o cenho, confusa com o comentário. Era uma observação sugestiva?

Tory, tentando amenizar um pouco, decidiu tentar uma abordagem mais amigável.

— Qual é, nem vão notar que sumiu uma garrafa de vodka. — Ela disse, tentando soar despreocupada. — Eu poderia roubar todos os talheres e nem iriam se dar conta.

Samantha, mantendo sua postura firme, deu um passo à frente.

— Você não devia roubar nada. — Ela afirmou, claramente não gostando do que estava acontecendo.

Aaron, percebendo que a tensão estava aumentando, colocou um braço na frente de Tory, tentando acalmar a situação. Samantha, no entanto, parecia decepcionada ao ver sua melhor amiga defendendo uma desconhecida em vez dela. Aquilo trouxe à tona lembranças de uma situação passada, envolvendo Yasmine, em que Samantha também havia se sentido traída.

Tentando dissipar o clima pesado, Aaron sorriu e mudou o assunto.

— Então, vamos beber ou não?

Aisha, tentando acompanhar o ritmo de Aaron, concordou, mas com uma condição.

— Tudo bem! — Aisha disse, tentando parecer animada. — Mas só um copo.


Samantha estava pegando suas toalhas e bolsa, preparando-se para ir embora. Robby, que vestia sua camisa novamente, observava-a com curiosidade.

— Onde está a Aaron? — Robby perguntou, tentando soar casual.

— Com a Aisha. — Samantha respondeu, quase de maneira indiferente.

Robby franziu o cenho, percebendo o tom dela.

— Poxa, sinto muito pela Aisha.

Samantha soltou um suspiro pesado, tentando esconder sua frustração.

— Que se dane. Ela é amiga de quem quiser.

Antes que Robby pudesse responder, Amanda LaRusso se aproximou rapidamente, remexendo sua bolsa com uma expressão assustada. Samantha notou o comportamento da mãe e imediatamente se preocupou.

— Mãe, o que foi? — Samantha perguntou, aproximando-se da mãe.

Amanda olhou para a filha, visivelmente ansiosa.

— Eu... eu não sei onde está minha carteira. — Ela disse, quase em pânico, continuando a procurar pela bolsa.

Robby, já desconfiado, se aproximou, oferecendo ajuda.

— Isso é muito estranho. Quer que eu ajude a procurar? — Ele sugeriu, tentando acalmá-la.

Amanda, ainda agitada, concordou.

— Sim, por favor. Veja se alguém a encontrou. Talvez a tenham entregue em algum lugar.

— Vou ver na praia. Pode ser que tenham entregue ao salva-vidas. — Robby disse, já se preparando para sair da área da piscina.

Enquanto Robby se afastava em direção à praia, Samantha ficou ali, ainda preocupada. Seu olhar se voltou para o outro lado da área da piscina, onde viu Aisha, Aaron e Tory conversando e rindo alto, claramente se divertindo. O desconforto que ela já sentia ao vê-las juntas cresceu, alimentado por uma mistura de ciúmes e preconceito.

De repente, movida por um impulso irracional, Samantha largou sua bolsa e correu na direção delas, a raiva e a suspeita transparecendo em cada passo. Quando chegou perto, as três pararam de rir e se viraram para ela, surpresas com sua aproximação abrupta.

— Me devolva a carteira da minha mãe, Tory! — Samantha acusou, sem rodeios, sua voz cheia de desconfiança e hostilidade.

— O que? Ta de sacanagem?  — Tory, surpresa e confusa, levantou as mãos em defesa.

— Me devolva a carteira e eu não conto pra segurança. — Samantha continuou, claramente acreditando em sua acusação.

Aaron, completamente chocada, deu um passo à frente, tentando acalmar a situação.

— Sam, que isso? Ela não roubou sua mãe. Ela estava com a gente o tempo todo.

Samantha, no entanto, não estava convencida. Ela deu um passo para trás, apontando para Tory de maneira acusatória.

— Aham, igual ela não roubou a garrafa e não roubaria todos os talheres desse lugar.

A tensão no ar era palpável, com Samantha claramente cruzando uma linha com suas palavras. Tory encarou Samantha com uma expressão de incredulidade, enquanto Aisha e Aaron trocavam olhares preocupados, sem acreditar no que estavam ouvindo.

Tory encarou Samantha com desprezo após ser acusada injustamente.

— Eu não roubei a sua mãe, sua escrota. — ela disse, cuspindo as palavras com nojo. Sentindo-se ofendida e enojada, Tory deu meia volta para sair. No mesmo instante, Samantha, impulsiva e cheia de raiva, puxou Tory pela bolsa, tentando detê-la.

Tory se virou imediatamente, empurrando Samantha para trás com força.

— Me larga! — Tory gritou, e o empurrão fez com que Samantha se desequilibrasse. Ela caiu com tudo sobre a mesa de sobremesas, ficando completamente suja de doces e coberturas. A vergonha e a humilhação a tomaram, enquanto Tory, ainda furiosa, saiu correndo do local.

Aisha hesitou, claramente dividida entre ficar e ir atrás de Tory, mas acabou seguindo a amiga. Aaron, por outro lado, como a boa amiga que sempre tentava ser, correu até Samantha, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.

— Você tá bem? — Aisha perguntou, sua voz carregada de preocupação genuína.

Samantha olhou para Aaron com raiva, ainda no chão, a humilhação brilhando em seus olhos.

— Que bela amiga você fez. — Samantha disse com amargura, a voz cheia de ressentimento.

Aaron suspirou, sentindo-se cada vez mais frustrada com a situação. Antes que pudesse responder, Aisha, que já estava a caminho de Tory, se virou e gritou de volta.

— Não devia ter acusado ela! — E com isso, Aisha correu atrás de Tory, deixando Aaron e Samantha sozinhas.

— Sam, mas que merda... — Aaron disse, estendendo a mão novamente para ajudar Samantha a se levantar. Quando Sam aceitou a mão, Aaron a puxou para cima com um único movimento.

Samantha, porém, ainda estava tomada pela raiva e a frustração. Ela olhou para Aaron, acusando-a sem rodeios.

— O que foi? Você tá bêbada já? — Samantha disparou, sua voz cheia de sarcasmo e desprezo.

Aaron deu um passo para trás, surpresa e machucada pela acusação.

— O quê? Não! Foi só um copo. — Aaron se defendeu, sua própria raiva começando a borbulhar. — Se você não sabe viver, o problema não é meu.

Samantha, alimentada pela emoção, não pôde deixar de continuar o ataque.

— Eu não sei viver? Acha que eu não percebo os seus olhares? Como, de uns tempos para cá, você se sente na obrigação de ser minha amiga?

Aaron tentou argumentar, tentando explicar que a questão não era Samantha, mas sim a maneira como ela tratava Robby, como ela constantemente parecia competir com ele em tudo. Mas Aaron estava tão cheia de raiva e frustração que as palavras não saíram.

— Sam! Não é assim... — Aaron começou, mas as palavras ficaram presas na garganta. Tudo que ela queria dizer sobre como Samantha estava errada, sobre como ela estava cansada de sempre ser a que cedia, ficou engasgado. — Vamos pra casa, por favor.

— Não! Vai atrás da sua nova amiguinha, ela deve precisar de ajuda. Já que é uma marginalzinha de Reseda. — Samantha disparou, seu tom venenoso atingindo Aaron como um soco no estômago.

Aquilo foi o suficiente para Aaron. Cheia de raiva, ela soltou o braço de Samantha com força, quase a fazendo tropeçar novamente.

— Eu sou de Reseda, Samantha. — Aaron disse entre dentes, seus punhos cerrados de raiva. — Quer saber? Que se foda. — Ela deu de ombros, o ódio e a decepção a consumindo. — Se você não fosse tanto uma vadia egoísta, perceberia porque as pessoas estão se afastando de você! — A MacGyver cuspiu as palavras com ódio — Se vire pra ir pra casa, Sam. Dane-se. Cansei de você.

Aaron se virou, saindo dali sem olhar para trás, enquanto Samantha ficava para trás, suja, humilhada, e agora também sozinha.



A MacGyver andava rapidamente pela área da piscina, visivelmente irritada e ofegante, tentando afastar as emoções conflitantes que a dominavam. Amanda LaRusso, que passava por ali, notou o estado da garota e imediatamente a segurou pelos ombros, tentando acalmá-la.

— Aaron, você está bem? — Amanda perguntou, sua voz cheia de preocupação maternal. Aaron, ignorando a pergunta, olhou diretamente para ela, ansiosa.

— Você viu o Robby? Sabe onde ele está? — Amanda, ainda mais preocupada, assentiu, mas havia um toque de hesitação em seu olhar.

— Ele foi procurar minha carteira na praia... Eu a perdi e ele se ofereceu para ajudar.

A mente de Aaron acelerou, juntando as peças do quebra-cabeça. Um palavrão escapou de seus lábios, e ela se lembrou de como Robby havia agido estranho o dia todo, sempre se esquivando, evitando ficar muito tempo em qualquer lugar do clube.

Aaron se lembrou de como ele havia ido para a praia no verão passado para assaltar as pessoas, enquanto ela trabalhava como babá. Era um período em que eles haviam acabado de se conhecer. Lembrou-se dele a chamando de "forasteira" ao vê-la sair de um táxi, carregada de malas de grife e usando um colar caro no pescoço. Seu pai, aparentemente sóbrio, a havia levado até o apartamento decadente onde ficariam.

Foi a primeira interação deles. Semanas depois, Aaron começou a vender suas coisas caras para ajudar a pagar as contas. Robby, percebendo a situação, arranjou para ela um emprego de babá na vizinhança, para que ela não precisasse se desfazer de tudo o que amava. Seu pai nunca fora bom em manter empregos; desde pequena, quem sustentava a casa era sua mãe. Aquilo havia sido um choque de realidade terrível para Aaron.

Aaron correu pelo clube até chegar à entrada da praia. Quando finalmente avistou Robby, ele estava cercado por três antigos "amigos", os mesmos idiotas que sempre o arrastavam para encrenca.

— Soltem ele! — Aaron gritou, sua voz carregada de raiva e medo.

Um dos garotos, sem hesitar, pegou um pedaço de madeira e golpeou Robby na cabeça, fazendo-o cair na areia.

— Quer brigar? Tudo bem, gatinha. — o moreno disse com um sorriso maldoso no rosto, avançando na direção dela.

Mas Aaron não hesitou. Com a fúria do dia acumulada dentro de si, ela avançou sobre eles, desferindo golpes rápidos e precisos, como havia aprendido nos treinos com Robby nos últimos meses. Só que desta vez, havia uma agressividade extra em seus movimentos, uma necessidade de extravasar toda a frustração e dor que sentia.

Um a um, ela desarmou os idiotas, derrubando-os na areia com uma combinação de golpes que misturavam técnica e pura força bruta. Mesmo machucado, Robby se levantou para ajudar, e juntos, eles fizeram os três correrem como covardes, deixando-os sozinhos sob o píer.

Ofegante e com a mão tremendo, Aaron correu até Robby e o abraçou com força, quase chorando de alívio.

— Você está bem? — ela perguntou, a voz trêmula de preocupação.

Robby, ainda tocando a parte de trás da cabeça onde havia levado o golpe, assentiu.

— Sim... Estou bem. — ele respondeu, ofegante, mas com um pequeno sorriso para tranquilizá-la.

Aaron segurou a nuca de Robby, quase desesperada para beijá-lo, seu coração batendo rápido de medo e amor. Mas quando Robby desviou o olhar para a mão dela, notando os pequenos cortes causados por segurar o soco de um dos caras que usava anéis, o momento se quebrou. Ele segurou a mão dela, preocupado.

— Aaron, sua mão...

— Tudo bem, tudo bem... — ela disse, em quase um sussuro, tentando minimizar, enquanto limpava os cortes no short jeans que usava.

Foi então que ela percebeu algo estranho sob o píer. Havia celulares e muitas carteiras espalhadas no chão. Aaron arregalou os olhos, percebendo o que estava acontecendo. Aqueles caras estavam ali para roubar, e Robby havia tentado impedi-los.

— Isso é loucura... — Aaron murmurou, ajudando Robby a se levantar. Ela se agachou na areia, sentindo a areia arranhar seus joelhos, e pegou a carteira de Amanda LaRusso, estendendo-a para ele.

Robby a pegou e guardou rapidamente, aliviado por tê-la encontrado.

— Você deveria inventar alguma desculpa. — Aaron sugeriu, tentando não pensar nas implicações.

— Vou dizer que encontrei na areia, onde estávamos sentados. — Robby concordou, mas havia uma tensão em sua voz.

Foi nesse momento que uma ideia terrível surgiu na mente de Aaron. Ela abriu uma das outras carteiras, uma carteira rosa, e viu que havia dinheiro suficiente para pagar a conta de luz do apartamento de Robby. Se juntassem todas, pagariam bem mais do que isso, talvez até, em um reflexo bobo de imaginação, um jantar decente que não fosse cachorro-quente em reseda. Algo que poderiam fazer juntos. Imaginação boba, o que a fez falar o que sentia.

— Robby... — Aaron começou, sua voz baixa e quase hesitante. — Tem dinheiro suficiente aqui para a conta de luz do seu apartamento. Dos dois apartamentos se pegarmos duas carteiras.

Robby franziu a testa, claramente desconfortável com a sugestão.

— Aaron, não podemos... Isso é errado. — ele disse, sua voz firme. Aaron tentou justificar, quase desesperada.

— Precisamos disso. E eles não vão sentir falta... É só uma carteira entre tantas. Podemos usar o meu salário para o resto... — ela disse, sem perceber que soava como Tory mais cedo, quando roubou a garrafa de vodka. Aquele tipo de gente não sentia falta de nada, tinham de tudo e Robby sabia daquilo. Ele já tinha feito aquilo antes, sem remorso sequer. — ...E não ficaríamos mais presos aos LaRusso.

Mas Robby balançou a cabeça, rejeitando a ideia imediatamente.

— Não. Não podemos fazer isso. — ele disse com firmeza. Ele parecia se impor a ideia dela, sem entender como a garota que o tinha ensinado o certo, estava sendo tão egoísta — Não importa o quanto precisemos, isso é errado. Não é nosso!

Aaron, ainda sentindo a adrenalina da briga, segurava a carteira de Amanda LaRusso com firmeza. O nó na garganta e a frustração acumulada finalmente começaram a transbordar.

— Não importa, Robby! — ela explodiu, sua voz carregada de raiva e desespero. — Precisamos sair da casa dos LaRusso. Ficar de favor não é certo, não é seguro!

Robby olhou para ela, sua expressão endurecida, mas havia algo em seus olhos que mostrava que ele entendia o que ela sentia.

— Aaron, aquele lugar é a melhor coisa que aconteceu com a gente... Estamos seguros lá, com adultos que se importam de verdade. — ele argumentou, tentando manter a calma.

Aaron soltou um riso amargo, incrédula.

— Mas é até quando, Robby? Até quando vamos ficar lá sem saber quando vão nos mandar embora?

Robby desviou o olhar por um momento, como se a pergunta tivesse o atingido mais profundamente do que ele queria admitir. — Isso não vai acontecer. — Ele disse envergonhado. Mas então ele se firmou, voltando a olhar para Aaron.

— Como você sabe? Aquela família é instável. Samantha é instável. — ela disse, sabendo que depois da briga que tiveram com certeza a garota LaRusso a mandaria de volta para a nojenta Reseda que Aaron vivia. Como Sam mesma disse, como uma marginal.

— Não importa! Estamos bem, Aaron. Estamos seguros.

Mas Aaron não podia mais segurar o que estava sentindo, a dor de ser constantemente ignorada, a sensação de ser apenas uma sombra no mundo dele.

— Ah, eu sei por que você quer ficar lá... — ela disse, sua voz tingida de amargura. — É por causa da Samantha, não é? — O peito de Aaron se afundou ao ver Robby desviar os olhos, claramente culpado. — Viu? Você nem nega na minha cara!

Robby balançou a cabeça, frustrado.

— Não é sobre isso, Aay. Por favor... Ela tem tentado se aproximar de você de novo.

— Está defendendo ela? — Aaron cuspiu, a raiva e a dor em sua voz inconfundíveis. — Não acredito... Você é tão covarde! — ela disse projetando nele a frustração que vinha sentindo desde o momento que o viu sorrir para Samantha como ele sorria pra ela. De maneira cúmplice, interessado. Ela não dizia que Keene era covarde por não assumir que gostava dela quando teve a chance. Um covarde por não dizer que amava ela e dar a Samantha a chance de se aproximar dele.

— Não diz isso, Aay. Você 'ta estressada... — Robby respondeu, a dor evidente em sua voz. — Só larga a carteira e vamos pra casa. Por favor.

Aaron balançou a cabeça, decepcionada, e soltou um suspiro pesado.

— Não... Eu não acredito que eu tinha vindo aqui pra... — Ela hesitou, sentindo o nó na garganta apertar ainda mais. Era doloroso demais admitir para si mesma o que realmente queria. Então, se proibiu de continuar.

Robby, percebendo a hesitação, tentou entender.

— Pra quê, Aaron? — ele perguntou, com uma preocupação genuína nos olhos.

Ela desviou o olhar, incapaz de encará-lo.

— Nada. — Aaron finalmente disse, sua voz abafada. — Merda, eu vou pra casa.

— Vamos juntos. — Robby ofereceu, tentando estender uma mão para ela.

— Não, aquele lugar não é minha casa. — Aaron disse com firmeza, recuando um passo. — Tô indo pra casa de verdade. Faça o que quiser.

Com essas palavras, Aaron se virou, começando a se afastar pela praia, deixando Robby para trás. Ela não podia mais suportar ficar naquele lugar, naquele mundo que parecia cada vez mais apertado, sufocante e cheio de mentiras que não conseguia mais ignorar. Ele se sentiu um completo covarde, mas não deixaria seus princípios se a garota que ele mais amava, não entendia mais o que era o limite e o certo, que ela mesma havia mostrado pra ele, desde que cruzaram o olhar naquela manhã em que ele a viu sair daquele Taxi.

Porque ele se lembrava de tudo muito bem. Sempre se lembraria.












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8857 palavras!! Isso é um recorde?



Minha reação vendo que esse cap se escreveu praticamente sozinho e que eu não conseguia mais controlar as ações da Aaron:

posso colocar meta pro próximo? Se eu disser 50 votos e 150 comentários será que sai? Espero que sim.

Me digam o que estão achando, eu amo a Tory e a Aaron juntas, mas a Tory aflora o pior lado da Aaron, o DNA da Rayken que ela tem, aquele lá que ela tenta esconder desde o primeiro capítulo. Pois é.

O Robby falando da Aaron pra amanda e depois peidando na farofa. Cara.

Comentem mto, com amor
Sua back!






Uma manip de Aaron e Robby baby e felizes pra
ver se vocês me perdoam. Bjos!

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