ᴛᴇɴ - 𝘛𝘳𝘺𝘪𝘯𝘨 𝘵𝘰 𝘸𝘪𝘯 𝘢 𝘵𝘰𝘶𝘳𝘯𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵
Episódio dez,
𝘛𝘳𝘺𝘪𝘯𝘨 𝘵𝘰 𝘸𝘪𝘯 𝘢 𝘵𝘰𝘶𝘳𝘯𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵
𝘥𝘰𝘦𝘴𝘯'𝘵 𝘮𝘢𝘬𝘦 𝘮𝘦 𝘢 𝘤𝘰𝘣𝘳𝘢 𝘬𝘢𝘪.
— Como assim eu não posso me inscrever?
Aaron MacGyver tinha o cabelo loiro comprido trançado até a metade da coluna, grande demais para deixar solto naquela competição. Depois da festa desastrosa no Cânion, ela tinha ido para casa com Miguel e prometido nunca mais colocar um pingo de álcool na boca. Chegar em casa e se deparar com seu pai jogado no chão, sujo de vômito e totalmente desacordado tinha sido um choque. Tentando lidar com tudo o que aconteceu naquela noite, ela se lembrava de encarar a porta da frente, se perguntando se Robby tinha voltado para casa ou se sequer iria. Preferia pensar que ele não estava com Samantha naquela hora.
Quando abriu a porta do apartamento e se deparou com a situação do pai, fechou-a instantaneamente para que Miguel não visse aquilo. Mas ele viu, e mesmo prometendo não entrar, depois de Aaron o mandar embora, ele ficou do lado de fora do apartamento, esperando que ela saísse para convidá-la a ficar na casa da mãe dele. E era onde ela tinha passado a última semana, de favor na pequena casa de Miguel em Reseda, se obrigando a ajudar em tudo o que podia, enquanto o pai estava no hospital público, em mais uma internação forçada.
— A senhorita não possui federação, o que significa que não pode lutar. — o homem atrás da mesa disse, empurrando a ficha de inscrição e apontando com uma caneta a parte mais importante dela.
— Mas que palhaçada! Eu tenho que lutar. — Aaron disse, cerrando os punhos antes de batê-los com força contra a mesa, fazendo o homem se assustar ao ponto de se afastar.
— Karatê não é só vestir um kimono, querida. — o homem disse, encarando-a de cima a baixo, ao ver seu kimono puído e antigo, herdado do pai que estava escorado em sua bolsa carteira. Ele desdenhava dela, de como ela parecia.
— Eu vou te mostrar o que é karatê. — ela disse, semicerrando os dentes antes de tentar dar um passo à frente, apontando os punhos para o cara.
Ela não era agressiva, só tinha tido uma semana de merda. Ou talvez um ano de merda.
— Aaron! — Miguel disse, assustado, correndo na direção dela e segurando seu braço antes que ela fizesse besteira. — O que foi? — ele questionou, trazendo-a para perto dele, falando de maneira discreta.
— Esse palhaço não quer deixar eu me inscrever. — ela reclamou, antes de encarar Miguel, claramente chateada.
— Sem federação, a bonitinha não se inscreve. — o homem disse uma última vez, se apoiando sobre seu balcão, e Aaron rosnou para ele antes que Miguel a puxasse para perto.
— Tudo bem, tudo bem. — o latino disse, tentando apaziguar a situação, antes de encarar a parede à sua frente, pensando em alguma solução. Ele ainda usava sua camiseta vermelha de costume, quando viu seu Sensei Johnny entrar pela porta da frente do local, com uma bolsa de kimonos pretos em mãos. — Eu tenho um plano.
— Sensei! — Miguel chamou, acenando para o sensei. — A Aaron não pode se inscrever porque não tem federação. Você pode ajudar?
Johnny olhou para Aaron, que parecia prestes a explodir de frustração, e então para o homem atrás da mesa. Ele caminhou até eles, deixando a bolsa de kimonos no chão.
— Qual é o problema aqui? — Johnny perguntou, com seu tom autoritário.
— Sem federação, sem inscrição. — o homem respondeu, impassível.
Johnny suspirou, esfregando a nuca enquanto pensava. Então, ele sorriu de repente.
— Que merda, hein? — Johnny disse, com um sorriso imaturo nos lábios, o que fez Aaron revirar os olhos. — Mas pra que precisa de mim?
— Aaron precisa lutar pelo Cobra Kai. — Miguel disse, desviando o olhar entre os dois, se perguntando como aquela ideia não era óbvia.
— Eu nunca vou lutar pelo Cobra Kai. — Aaron respondeu imediatamente, cruzando os braços.
— Ótimo! Ninguém te convidou. — Johnny disse com um sorriso no rosto, antes de dar um peteleco na testa dela e tentar dar meia-volta.
— Não, Sensei! Espera... — Miguel disse, puxando o mais velho pela mochila. — Aaron, não pense no Cobra Kai, pense no dinheiro do prêmio. Você não disse que precisa? Pra que toda essa implicância? Eu sou do Cobra Kai. — Miguel argumentou, tentando convencer a amiga. — Olha pra mim, eu tenho cara de maluco?
— Não é sobre isso. — ela disse, balançando a cabeça em negação. — Eles destruíram a vida da minha mãe, Miguel. Eu não posso simplesmente ignorar isso. — Aaron retrucou, a voz embargada de emoção.
— Se ela não quer, — Johnny disse, dando de ombros. — eu não tô nem aí.
— Ronnie, — Miguel disse, revirando os olhos ao perceber a relutância dos dois. — não ouça ele, você pode, tá legal? E você vai, porque é sua única chance. — Miguel disse, segurando os ombros dela e olhando-a nos olhos, com intensidade.
— Eu não posso. — ela rejeitou, com pesar, encarando Miguel nos olhos.
Aaron hesitou, o conflito interno evidente em seu rosto. Ela sabia que Miguel estava certo sobre a necessidade do dinheiro, mas lutar pelo Cobra Kai ia contra tudo que ela acreditava. Ainda assim, com um suspiro resignado, ela pegou o kimono das mãos de Johnny.
— Tudo bem, agora você pode. — Johnny disse, entregando o kimono a ela, mudando repentinamente de opinião. — E eu vou cuidar da sua inscrição.
Johnny estava enfurecido desde que tinha descoberto sobre Robby e Daniel LaRusso o esfaqueando pelas costas. Aquela traição ainda descia seca por sua garganta e ele não perdoaria. Por isso, ele tinha dado um jeito de conseguir os novos kimonos com a logo do Cobra Kai, por isso vinha repetindo para Miguel desde o momento que pisaram naquele estádio que ele tinha que ser o campeão, sem compaixão nenhuma.
Era esse o mesmo motivo pelo qual ele repentinamente concordou em colocar a filha da Rayken em seu pódio. Querendo ou não, ele sabia que a garota devia ser boa. Nunca a tinha visto lutar, mas Aaron era a cópia viva da mãe. E ele sabia que quem havia ensinado tudo o que ela sabia era o LaRusso. Pela primeira vez, ele teria uma carta na manga e não a desperdiçaria.
— Você não quer mesmo se vingar deles? — Miguel disse, cuspindo as palavras enquanto as dizia. Ele odiava Robby e aquilo estava estampado em seus olhos.
Aaron não sabia, estava bêbada de mais quando a briga aconteceu para se lembrar de algo realmente fiel. Se sentia uma completa estúpida ao pensar nela mesma gritando com Robby, destilando em cima dele todo o seu ciúme, mas mesmo que se sentisse traída agora, algo a dizia que não era motivo para fazer aquilo. Mas ela apenas deu de ombros, encarando Miguel com seus olhos redondos e grandes, sem saber o que fazer.
— Inscreva a garota no Cobra Kai. — Johnny disse, dando um passo à frente, encarando o inscritor, antes de entregá-lo um pequeno evelope — Aaron MacGyver, Cobra Kai. — ele repetiu lentamente para o homem entender, então voltou na direção dos dois. Aaron ainda parecia relutante, sem saber se aquilo era mesmo o certo. — De nada. — Johnny disse, sorrindo para a loira, que fechou a cara.
— Se eu ganhar, aquele prêmio é meu. — ela disse, encarando-o de cima a baixo, com raiva. — Não do Cobra Kai, meu. — ela afirmou, então segurou o kimono com mais força antes de dar meia-volta e andar até os vestiários, desacreditada do acordo que havia acabado de fazer.
Todos os lutadores, ou melhor, alunos do Cobra Kai estavam em fileiras, dispostos em círculo, enquanto Johnny Lawrence ocupava o centro da roda, discursando. Quando Aaron saiu do vestiário, ficou ao lado de Aisha na roda, sentindo-se completamente alheia à situação, sem querer atrapalhar.
— Vocês aprenderam a acertar primeiro, a serem agressivos e não perdedores. — Johnny disse enquanto rodava entre os alunos, encarando-os nos olhos. — Eu os ensinei a ter firmeza em todas as atitudes que tomassem, mas não ensinei a vocês a terceira lição do Cobra Kai. — Ele parou de rodar e finalmente se fixou no chão, encarando suas próprias botas antes de, involuntariamente, deixar que seus olhos caíssem sobre Aaron, que tinha os braços cruzados sobre o corpo, atenta ao que ele dizia. Hesitante, ele continuou: — Sem compaixão. — Ele engoliu em seco, voltando à sua pose autoritária sobre aquelas crianças. — Quanto mais velhos forem ficando, mais rápido vão entender que a vida não é justa. Um dia irão acordar bem e verão a vida te dar um chute no saco. — Aaron queria poder debochar de seu discurso ou dizer que ele estava errado, mas era a verdade. A vida nunca tinha sido justa com ela. — Vocês irão tirar notas baixas, serem suspensos, se apaixonarem... — Então ele, sem querer, encarou Miguel, o que fez Aaron buscar seus olhos tristes do outro lado da roda. — Então verão alguém roubar essa paixão de vocês. É assim que a vida funciona! Ela não tem compaixão, então nós também não temos. Lembrem quem vocês são. Vocês são durões, são fortes, vocês não desistem. — Ele disse, rodando e encarando cada um deles. — Vocês não têm compaixão. — Então todos começaram a sorrir, sentindo-se orgulhosos das palavras do Sensei. — Vocês são o Cobra Kai.
— Cobra Kai! — Miguel gritou, e todos começaram a gritar entre si, animadamente, inclusive Falcão, que abraçou Aaron de lado, feliz só de vê-la vestida naquele kimono. Todos pareciam orgulhosos de onde estavam e de quem eram.
E Aaron se perguntou se valia mesmo a pena ser boazinha, lutar como o Sr. Miyagi gostaria, se ela não fazia a menor ideia de quem realmente era. Pelo menos no Cobra Kai, eles tinham objetivos e sabiam quem queriam ser. O que o Sr. Miyagi gostaria que ela fosse? Quem ela mesma gostaria de ser?
— É isso que vão fazer o dia todo? — Amanda disse, descansando as mãos na mesa atrás do sofá. À sua frente, Daniel e Samantha a ignoravam, fingindo não perceber sua presença incômoda. — Fala sério! — ela disse, balançando a cabeça em negação. — Filha, você já sabia que seu namorado era um idiota. — Ela apontou para Samantha, antes de deixar seu dedo deslizar para o próprio marido em acusação. — E o seu namorado se revelou ser filho do seu inimigo mortal. — A piada fez com que Daniel soltasse o celular sobre seu colo, tentando não dar risada. — No final das contas, — ela disse, fingindo que estava falando sozinha, — os dois roubaram o namorado da Aaron! E qual é, eu não quero ir a esse torneio sozinha.
— Ninguém está te obrigando a ir. — Daniel disse com indiferença, antes de voltar sua atenção ao celular.
— O grupo LaRusso Auto é um dos principais patrocinadores do torneio! Alguém tem que estar lá. — Ela disse, colocando as mãos na cintura antes de ajeitar a coluna. — E você sabe como as mães do karatê me assustam...
Quando ela se deu conta de que nenhum dos dois a responderia, levantou as mãos em rendição. — Ah, quer saber? Ok. Se precisarem de mim, estarei na internet dando uma olhadinha em botas novas. — ela disse por fim, impaciente, antes de passar pela sala e andar em direção ao próprio quarto.
Samantha tirou os olhos do celular por um instante, tentando discernir o que estava na mente do próprio pai. O que ele pensava, ou o que deveria dizer.
— Eu vou com você, se você quiser ir. — ela disse, encarando-o por trás do próprio celular.
— Eu não disse nada. — Daniel se defendeu, levantando os ombros, como se a filha não tivesse acabado de ler a sua mente.
— Eu sei, mas você curte essas coisas. — ela disse, deixando o celular de lado no sofá.
— Este ano, não. — Daniel disse, franzindo as sobrancelhas antes de negar com o dedo indicador. Ele não queria admitir sua vontade absurda de comparecer ao torneio.
— Bom, todo mundo que eu conheço vai estar lá... — ela disse, aceitando entrelinhas a sua vontade de ir. — E, querendo ou não, a Aaron vai lutar...
— E é o aniversário de cinquenta anos do torneio. — ele suspirou, antes de dar à filha um olhar cúmplice. Eles iriam ao torneio.
— Bem-vindos novamente ao nosso campeonato regional! — o apresentador no meio do tatame disse, com um sorriso no rosto antes de iniciar a apresentação de todos os dojos da região. Na plateia, Daniel LaRusso e sua família se sentavam na primeira fileira, enquanto, atrás do ginásio, Aaron repetia pela terceira vez a Aisha que não queria entrar daquele jeito, correndo estupidamente como se fosse uma Cobra Kai. Mas ela não tinha muita opção; o Cobra Kai estava lhe fazendo um favor no final das contas. — Representando a região de Topanga, temos o Karatê Topanga! — ele gritou no microfone com animação, no instante em que a federação de adolescentes com kimonos azuis entrou no ambiente, marchando com um sorriso no rosto antes de se colocarem em seus lugares. — E agora, representando Reseda, voltando aos torneios após muitos anos, nós temos...
O homem não conseguiu parar de falar, foi interrompido pelos berros de animação quando os alunos do dojo começaram a marchar com força para dentro do ginásio e tomarem os próprios lugares. Aaron, hesitante, correu para o final da fila, onde encontrou o pequeno Bert gritando com todos os seus pulmões. Antes de sair do próprio lugar, o menino estendeu a mão para Aaron, que receosa a segurou, afirmando com a cabeça antes de começar a andar para dentro do ginásio com todos os outros.
Quando eles deram a volta, marchando por todo o tatame, Aaron conseguiu ver de longe Daniel e Amanda LaRusso, de boca aberta, pasmos em sua direção ao se darem conta de que a menina havia se rendido àquilo. Que ela estava ali, vestindo um kimono preto, com o símbolo destruidor de uma cobra em suas costas. Aaron engoliu em seco, segurando suas emoções. "Não tenha compaixão de si mesma", ela pensou involuntariamente. Ela estava ali por um motivo. Não deixaria aquela oportunidade passar, então ela se ajeitou na fila, ao lado de Miguel, que virou o rosto para a melhor amiga, e ao contrário de sua feição concentrada e irritada que manteve o dia todo, Miguel sorriu para Aaron, sabendo que estavam fazendo a coisa certa.
— Que entrada triunfal! — o homem gritou, no microfone animadamente e a plateia fez barulho — Aplausos para o Cobra Kai! — ele disse e a plateia foi a loucura gritando e enchendo o dojo de palmas
Conforme os competidores tomavam seus lugares, a tensão no ar era palpável. Johnny Lawrence observava de perto, avaliando cada um de seus alunos, especialmente Aaron. Ele sabia que aquele torneio era mais do que uma competição; era uma chance de mostrar ao mundo o poder do Cobra Kai.
Aaron respirou fundo, tentando acalmar os nervos. Ela sabia que Daniel e Amanda a observavam atentamente, provavelmente desapontados com sua decisão. Mas naquele momento, ela não podia se dar ao luxo de pensar nisso. Precisava focar no torneio, na luta e no prêmio que poderia mudar sua vida e a de seu pai.
Com uma expressão determinada no rosto, Aaron sabia que aquela era sua chance de provar seu valor, não só para os outros, mas para si mesma.
— E finalmente, sem filiação nenhuma, temos Robby Keene, senhoras e senhores! — o apresentador anunciou no microfone. No instante em que viu o vislumbre de Robby passar por seus olhos, Aaron travou no próprio lugar. Estática, não sabia o que pensar e se questionava sobre a coragem de Robby de aparecer ali sozinho e desfilar pelo tatame antes de parar em seu lugar. Ele tinha o cabelo preso em um coque, estava mais bonito do que antes e usava seu antigo kimono puído, que havia sido um presente de Daniel LaRusso, assim como o dela, que tinha sido obrigada a deixar no vestiário.
Ela virou o rosto, procurando a reação de Johnny Lawrence ao ver o próprio filho sozinho, sem federação, e encontrou apenas os olhos penosos de Johnny desviando o olhar. Foi então que começou a se questionar sobre como Robby havia conseguido entrar sem federação. A mente dela voltou ao momento mais cedo, quando Johnny tinha passado dinheiro para o cara da inscrição. Merda, aquilo tinha sido feito de propósito. Johnny Lawrence havia pagado o homem da inscrição para não inscrevê-la e depois tinha pegado o dinheiro de volta. Filho da puta.
Voltando seus olhos para Robby, se dando por vencida, ele a encarou de cima a baixo, de boca aberta, da mesma maneira que Daniel LaRusso a tinha encarado, como se ela fosse a traidora ali. Nervosa, Aaron mordeu o lábio inferior e levantou as sobrancelhas para Robby, que depois de muito se encararem desviou o olhar para longe dela.
Na plateia, Daniel LaRusso estava parado no próprio lugar, e Aaron percebeu o quão surpreso ele também parecia estar. Juntando as linhas, Aaron entendeu por que Johnny queria usá-la daquela forma. Porque ele a queria em seu time. Ele nunca a tinha visto sequer lutar. Daniel tinha descoberto sobre Robby, só podia ser. LaRusso não deixaria Robby competir sozinho daquele jeito. Com ela, tudo bem; ela havia causado toda aquela briga no cânion, mas Robby? Robby estava do lado de Samantha o tempo todo em que aquilo acontecia. É, com certeza ele tinha descoberto; os olhos decepcionados de LaRusso não mentiam.
— Preparem-se. — o apresentador disse finalmente, com um sorriso no rosto. — É hora do karatê. — ele finalizou seu discurso, deixando que as lutas começassem.
Os competidores começaram a se preparar para as primeiras rodadas. Aaron tentou focar em sua respiração, tentando se acalmar, enquanto sentia a adrenalina começar a correr pelas veias. Ela sabia que precisava estar no seu melhor, não só para ganhar, mas para provar para si mesma que poderia superar qualquer obstáculo.
No tatame, as lutas começaram com intensidade. Aaron observava os movimentos dos outros competidores, tentando identificar seus pontos fortes e fracos. Quando chegou a sua vez de lutar, ela respirou fundo e entrou no tatame com determinação. Sentia os olhares de todos sobre ela, mas especialmente de Johnny, Daniel e Robby.
Aaron se posicionou, lembrando-se das palavras de Johnny sobre não ter compaixão. Apesar de tudo, ela decidiu que iria lutar com toda a sua força, mas sem perder sua essência. Ela sabia que não precisava se tornar algo que não era para vencer.
A luta mais dolorosa de se assistir tinha sido, com certeza, a de Bert. O menininho loiro com óculos fundo de garrafa parecia mais nervoso do que Aaron. Desde que passaram o dia todo juntos na festa do Cânion, depois de prometer para a mãe dele que o levaria para casa antes das dez, ela havia desenvolvido afeto pelo garoto.
Aquela tinha sido a primeira vez que ela se sentiu uma só com Miguel e Falcão, quando os quatro se posicionaram ao lado de Johnny Lawrence para ver o pequeno loiro lutar. Os quatro gritaram animadamente, como se fosse a última luta que veriam na vida, buscando apoiá-lo. Antes de subir no tatame, o menino fechou o punho e sorriu na direção de Johnny, então se preparou para lutar.
Bert havia apanhado com força. Aquele era um dos problemas que Aaron via naquele tipo de torneio. Nunca era justo. Uma menina como ela, pesando em média sessenta quilos, era obrigada a lutar com garotos do dobro de seu tamanho, assim como Bert, no auge dos seus onze anos, tinha lutado e sido jogado no chão por um homem do dobro da sua idade, próximo dos dezoito anos.
— Lembrem-se das regras, — o juiz decretou. Aquela já era a terceira luta de Aaron, e a terceira vez que ouvia as mesmas regras que já tinha decorado em sua mente. — Ganha quem fizer três pontos.
Aquela era a única vez que Aaron não lutaria contra um garoto. Desde que tinha começado com o karatê, todas as pessoas a quem ela havia se acostumado a desferir golpes eram homens, geralmente o dobro do seu tamanho e sempre muito delicados com medo de machucá-la. Mas aquela vez era diferente; ela estava de frente para Aisha, a outra única garota do torneio e sua amiga.
Ela nunca havia ousado pisar em um tatame com a amiga, mas sabia que Aisha era uma ótima lutadora. Aaron entendia o porquê de estar ali e sabia que não deveria vacilar, mesmo que isso significasse vencer Aisha.
— Me prometa que estaremos bem, não importa o resultado. — Aaron disse, antes das duas se posicionarem em seus lugares e a contagem regressiva iniciar.
— Fica tranquila, somos irmãs. — Aisha sorriu, segurando a mão da loira uma última vez antes de ajeitar os seus óculos e subir no tatame. Mais tranquila, Aaron se posicionou em seu lugar e fez a reverência antes da luta começar.
O juiz deu o sinal, e Aaron e Aisha começaram a circular uma à outra, estudando seus movimentos. Aaron sabia que Aisha era rápida e forte, então precisava usar sua inteligência e agilidade para vencer. O primeiro golpe veio de Aisha, um soco rápido que Aaron desviou por pouco, respondendo com um chute lateral que quase acertou a amiga.
Com a primeira troca de golpes, Aaron percebeu que estava no controle. Usando suas habilidades, ela conseguiu dominar a luta por um tempo, lembrando-se das lições que aprendeu com Daniel. Aisha era boa, mas passava a maior parte do tempo da luta tentando ferir Aaron e faze-la cair no chão para ter a chance de imobiliza-la. Mas tudo aquilo só dava mais espaço para Aaron respirar fundo e desviar de seus golpes impensados.
Aisha avançou novamente, desta vez com uma série de socos rápidos que Aaron conseguiu bloquear, mas a intensidade da luta estava aumentando. Aaron sabia que precisava agir rápido. Ela recuou, criando espaço entre elas, e então lançou um chute alto que Aisha mal conseguiu evitar.
O juiz sinalizou um ponto para Aaron.
Aisha não perdeu tempo em recuperar o terreno. Ela avançou com ainda mais força, desferindo golpes agressivos que forçavam Aaron a recuar e se defender com todas as suas forças, fossem seus braços ou suas pernas. Cada movimento de Aisha era preciso e cheio de intensidade, enquanto Aaron usava as técnicas defensivas que aprendera no Miyagi-Do para bloquear e desviar dos ataques.
Em um momento de descuido de Aaron, Aisha conseguiu acertar um golpe no abdômen dela, igualando o placar.
Ambas respiravam pesadamente, mas nenhuma delas estava disposta a desistir. Ao voltas as posição inicias pela segunda vez e se cumprimentarem, próxima troca de golpes foi rápida e intensa, no segundo em que o apito soou. Aisha, determinada a superar Aaron, aumentou a agressividade de seus ataques, tentando acertar um chute alto em seu rosto. Aaron, por sua vez, manteve-se calma, usando a filosofia de defesa do Miyagi-Do involuntariamente, pronta para esperar a oportunidade certa. Quando Aisha avançou com um soco, Aaron desviou, se abaixando, acertando um soco rápido na barriga da amiga, ganhando mais um ponto.
Com o placar a seu favor, Aaron sabia que precisava manter a calma e continuar focada. Aisha, determinada a não deixar a amiga vencer facilmente, avançou com mais força, por ser tudo o que ela tinha. As duas lutavam com tudo o que tinham, seus movimentos rápidos e precisos.
Finalmente, Aaron viu sua oportunidade. Quando Aisha avançou com um soco alto, Aaron desviou e girou os punhos dela, acertando um chute rápido no peito da amiga, a fazendo cair para trás, garantindo o terceiro ponto.
— Ponto final! — o juiz decretou, levantando a mão de Aaron como vencedora. — MacGyver, vencedora!
Aisha, visivelmente frustrada, respirou fundo antes de se levantar e se aproximar de Aaron. As duas se abraçaram no tatame.
— Você lutou muito bem. — Aisha disse, sua voz um pouco tensa, mas sincera.
— Você foi incrível, de verdade. — Aaron respondeu, ainda abraçando a amiga. — Me desculpa.
Aisha suspirou, soltando um sorriso. — É, você também. Relaxe, foi uma ótima luta.
Aaron assentiu, sabendo que a amizade delas era forte o suficiente para superar qualquer frustração. As duas saíram do tatame, mas não antes de agradecer, fazendo uma reverência e correndo para perto de sua bolsa, para beber água, de maneira ofegante. Enquanto Aisha encarou Johnny Lawrence de maneira decepcionada, antes de dar meia volta para os vestuários, sabendo que tinha perdido para a melhor amiga.
— Aaron. — Johnny disse, tentando se aproximar da loira quando a viu passar pelo ginásio, segurando sua bolsa com uma garrafinha de água entre os lábios. Ela estava classificada para as finais e sua euforia era evidente. Ela parou ao ver no telão os nomes mudando e seu sobrenome aparecendo na colocação mais alta. A luta dela havia terminado primeiro, enquanto Miguel, Robby e Falcão ainda estavam em suas lutas individuais para decidir se passariam ou não para a penúltima fase do torneio.
Ela havia passado correndo pelo tatame onde Robby lutava, evitando-o porque sabia que não aguentaria quase vê-lo não passar de fase.
— Eu só queria que você soubesse... — Johnny começou, mas Aaron o interrompeu, levantando o dedo para calá-lo.
— Poupe a sua saliva. Eu sei o que você fez. — ela o repreendeu, ainda ofegante pela luta. — Aquele troféu é meu, Johnny. Só me deixe em paz para eu conseguir. — Ela então voltou a andar para o outro lado do ginásio com sua bolsa no ombro.
— Igualzinha à mãe. — Johnny resmungou, antes de subir os degraus do tatame novamente, voltando a se concentrar na luta de Falcão.
Faltava uma luta para Aaron se classificar para a semifinal. Ela sentia sua mão tremer involuntariamente enquanto via o homem anunciar seu nome no microfone. Poucos tinham chegado onde ela estava; eram somente ela e outros quatro garotos, e dependendo do sorteio, ela poderia terminar lutando com Robby ou Miguel, algo que ela realmente não queria. A ideia de aquele torneio ser misto, a princípio, não a incomodava, mas ser a única mulher na semifinal dava a ela uma sensação esmagadora de não pertencimento, fazendo-a questionar se fazia mesmo sentido estar ali.
O homem anunciou todos os nomes, desde Falcão a Aaron, enfatizando o nome do dono do Cobra Kai por conseguir ter três alunos brilhantes na final. Aquilo a fazia querer arrancar as próprias orelhas; não havia aprendido nada com Johnny Lawrence que não fosse como ser um completo babaca infantil. Ao mesmo tempo, no microfone, enfatizavam os esforços de Robby, que, mesmo sem uma filiação, estava nas semifinais.
O ponteiro rodou, e foi anunciada sua última luta antes da final. Aaron lutaria contra o garoto do dojo Topanga. Isso fez com que ela soltasse todo o ar que prendia até aquele momento. Ela claramente tinha medo de acabar lutando com Falcão. No único momento do dia em que parou na frente de uma de suas lutas, ele havia dado um golpe final com um chute forte no rosto de seu oponente.
Às vezes, quando se pegava olhando para Falcão, ela se questionava onde tinha ido parar o Eli. Se aquele que ele vinha mostrando era mesmo quem ele realmente era, ou se o menino que ela vivia defendendo ainda estava lá, escondido em algum lugar. De qualquer forma, ela havia se livrado daquele problema. Não precisaria lutar com ele, a menos que ambos fossem para a final.
— Robby Keene contra Falcão! — o homem gritou no microfone, e os dois garotos pularam no tatame principal, se encarando mortalmente, segundos depois de Miguel se classificar direto para a final na luta anterior.
— Ah, fala sério. Não vai apoiar o seu aluno? — Amanda disse, cutucando o marido enquanto batia palmas, assim como toda a plateia, quando os dois subiram no tatame para se prepararem para a luta.
— Ele não é meu aluno. — Daniel disse, receoso, balançando a cabeça em negação, enquanto deixava suas mãos nervosas se limparem contra sua calça. — Amanda, não dá. — ele continuou em negação. — Ele mentiu para mim.
— Quem se importa se ele mentiu? Ele é um garoto... — a mulher disse, franzindo o cenho, decepcionada com o que ele dizia. Ela sabia que era seu ponto de segurança, então, sempre que fosse necessário dizer aquilo que o marido não queria ouvir, ela o faria. — E com certeza não concorda
com o Johnny, se não, ele não lutaria sozinho contra os alunos dele.
— Nunca pensei que veria a Aaron usando esse kimono. — Daniel lamentou, encarando a menina do outro lado do ginásio, que tinha a mão na boca de maneira ansiosa o tempo todo desde o início da competição, parecendo estar claramente tensa.
— Não é como se você tivesse dado muita opção a ela. — Amanda disse ferina, o que foi o suficiente para ele repensar todas as suas decisões até ali, se valia mesmo a pena punir os dois pelo que eles tinham feito e se era mesmo necessário. Se o problema dele com Johnny era motivo suficiente para culpá-los por aquilo.
— Você tá bem, sensei? — Falcão perguntou, encarando a fisionomia preocupada de Johnny ao seu lado, antes de subir no tatame.
— Tudo certo. — ele disse, balançando os ombros, fingindo estar despreocupado com o próprio filho. — Acaba com ele. — ele ordenou, então Falcão abriu um sorriso malicioso, pulando sobre o tatame.
— Se prepara pra fúria do Falcão. — o de moicano azul disse, provocativo, no instante em que colocou os pés no tatame, tentando amedrontá-lo.
— De frente para mim. — o juiz disse, então os dois fizeram a reverência. — De frente um para o outro, cumprimentem. — os dois o seguiram, se reverenciando. — Em posição. — então ele respirou fundo, deixando a mão erguida no meio dos dois. — E lutem.
O primeiro golpe foi desferido por Robby, que levantou a perna alto, tentando atingir Falcão, que só foi dando passos para trás enquanto desviava dos golpes impensados de Keene. No instante em que chegou ao final do tatame, quase na linha de saída, Falcão o puxou pelo kimono, jogando-o no chão e acertando o primeiro ponto na barriga de Robby.
Robby não estava concentrado, seu olhar não conseguia desviar do de Aaron, que estava em pé ao lado do seu pai, vestida como uma Cobra Kai, uma traidora. Parte dele sabia que, se ele vencesse aquela luta e ela vencesse a próxima, os dois iriam para a final juntos, e um deles teria que enfrentar o Miguel.
— Ponto, Falcão! — o homem disse, cravando o martelo, então Robby se levantou, tentando voltar para sua posição. Seus olhos estavam desconexos e sua mente desfocada.
— Lembre-se do equilíbrio, Robby! — Daniel se levantou de seu lugar na plateia, completamente concentrado na luta, o que fez Robby olhar para trás, vendo o homem que o ensinou tudo o que sabia do seu lado. Ele estava mudando de ideia a seu respeito, e aquele era um sinal de que ele se importava com ele.
Robby desceu as mãos para o meio do corpo e fechou os olhos, respirando fundo antes do homem dar início ao segundo ato. Fechando os olhos, Robby começou a se lembrar do dia que tivera na floresta. "Vocês têm que se lembrar das coisas boas e colocar tudo em uma balança. Assim que se encontra o equilíbrio na vida." A voz de LaRusso ecoava em sua mente enquanto Aaron, preocupadíssima do outro lado do tatame, batia a perna ansiosa. Ela queria ver Robby vencer, ela sabia que ele conseguiria.
A mente do loiro começou a vagar pela árvore, como os dois tinham conseguido achar um equilíbrio ao trabalharem juntos. Ele pensou no beijo que deu em Aaron depois e começou a se perguntar o que tinha acontecido para que tudo desse errado entre eles. Aquela era a parte ruim da sua balança, o que deu errado. Mas também se pegou pensando em como aquela tarde tinha sido inesquecível, pensou em todas as vezes que lutaram. Aquela era a parte boa de sua balança, o seu equilíbrio. Aaron era o equilíbrio dele.
Falcão avançou na direção de Robby no segundo em que o juiz deu o sinal. Ele tinha raiva nos olhos, e Robby desviou de todos os seus golpes — chutes e socos — apenas com as mãos, empurrando-o para longe sem muito esforço. Dando a volta no tatame e ficando de frente um para o outro, os dois se esgueiraram e rodaram antes de Robby desferir o próximo soco. Falcão desviou com raiva, e no segundo seguinte, Robby chutou o rosto dele com sua perna livre, fazendo o corpo de Falcão virar e cair no chão.
— Parem! — o juiz decretou antes que Falcão avançasse mais uma vez. — Ponto para Keene! — ele disse, e então Falcão se levantou, passando a mão no rosto, morrendo de ódio.
— Esse ponto foi de sorte — Falcão disse, desdenhando de Robby quando se aproximaram para fazer a reverência. — E foi o último — Falcão continuou, cuspindo as palavras, o que fez Aaron se assustar um pouco no lugar, sem saber como reagir às provocações que eles faziam um com o outro.
— Por quê? Vai sair mais cedo pra dar um jeitinho no cabelo? — Keene provocou, antes de dar meia-volta para poder voltar à sua posição inicial. O olhar de Eli era sanguinário; ela nunca o tinha visto com tanto ódio nos olhos como naquela luta. Ele não parecia apenas estar competindo esportivamente; estava claramente levando a luta para o lado pessoal, e ela sabia disso.
Ele não aceitaria perder para o Robby.
Quando o loiro se virou, Falcão deu um passo à frente, empurrando o juiz para longe e, no mesmo segundo, deu um pulo no ar, chutando o ombro de Robby e o fazendo cair no chão com o impacto do seu chute, ilegalmente.
— Robby! — Aaron gritou quase em uníssono com Johnny, que deu um passo à frente mas se arrependeu ao ver a menina com o uniforme do Cobra Kai correr na direção do filho, claramente preocupada. Ele sabia que os dois se conheciam, mas aquilo claramente parecia algo a mais quando ela correu em sua direção e se jogou no chão para tentar ajudá-lo sem pensar duas vezes.
Falcão trapaceou, e foi necessário o juiz pular em cima dele para afastá-lo de Robby, procurando mais briga, mas foi retirado do tatame. — Desclassificado! — o homem gritou no rosto de Falcão, que o xingou de volta, encarando Aaron de maneira decepcionada.
— Robby! — ela disse, encarando o rosto dele e o ajudando a se sentar. — Você tá bem?
— Eu tô... Eu tô bem. — ele disse, segurando o próprio ombro instintivamente.
— Traidora de merda. — Falcão a xingou antes de sair do tatame, morrendo de ciúmes de Aaron ficar do lado de Keene. Isso a fez franzir o cenho, sem entender como Falcão podia achar que estava certo.
— Volte pro seu lugar — o juiz puxou Aaron pelo kimono, a fazendo se afastar junto com todas as outras pessoas que haviam subido ali, inclusive Johnny Lawrence.
— Por que fez isso? — Johnny reclamou, empurrando Falcão para trás, forçando-o a sair do tatame.
— O que eu devia ter feito? Ter compaixão? — Falcão riu nos olhos do sensei enquanto saía e se posicionava ao lado de Miguel, que o olhava de maneira decepcionada.
— Não acredito que você fez isso, cara. — Miguel reclamou, empurrando o ombro de Falcão.
— Não enche, cara. — Falcão resmungou, ajeitando-se no lugar com a expressão fechada.
— Após essa desclassificação, Keene está automaticamente na final! — o apresentador e líder do conselho de karatê anunciou ao microfone, tentando apaziguar a situação. — Ele voltará para as últimas duas lutas após um breve intervalo. — Ele disse, e então as pessoas começaram a se dissipar pelo ginásio.
Aaron buscava Robby com o olhar, vendo-o mancar enquanto segurava o próprio ombro, dirigindo-se aos vestiários. Sua luta era em poucos minutos, mas ela não conseguia ignorar a necessidade de saber se ele estava bem. Ela o observou com preocupação, mordendo o lábio inferior. Johnny Lawrence, ainda irritado, balançava a cabeça, claramente frustrado com a atitude de Falcão.
— Vai ficar tudo bem, Aaron. — Amanda LaRusso disse, tentando confortá-la enquanto Aaron se dirigia aos vestiários para verificar como Robby estava, Daniel LaRusso havia acabado de se levantar, correndo preocupado na direção dele e Aaron sabia que era melhor chegar antes para poderem conversar. Ela sabia que precisava estar ao lado dele naquele momento.
— Eu só... preciso ter certeza. — Aaron respondeu, sua voz tremendo de preocupação enquanto ela caminhava rapidamente em direção aos vestiários, determinada a ver Robby antes da próxima luta.
— Você lembrou de se concentrar. — Daniel LaRusso disse, parando na porta do vestiário. Ele claramente tinha chegado antes dela, então Aaron ficou atrás da porta, esperando o momento certo para poder entrar e conversar com o menino que atazanava seus pensamentos.
Robby estava sentado em uma das cadeiras de metal compridas do vestiário, segurando o ombro claramente deslocado e gemendo levemente de dor. Ao ver LaRusso se aproximar, ele tirou a mão do ombro e o encarou.
— É, você deixou a gente naquela árvore por horas. — ele riu de maneira triste quando viu LaRusso dar um passo à frente na sua direção.
— Olha, eu e seu pai temos nossos problemas, mas você e ele é outra história. — LaRusso abanou os braços enquanto se aproximava.
— Me desculpe, senhor LaRusso. Eu não deveria ter mentido. — Robby balançou a cabeça, sentindo-se penoso. — Eu só queria me vingar dele, mas me arrependi.
— Eu sei. — LaRusso suspirou antes de se sentar ao lado do garoto. — Mas você nunca vai encontrar o equilíbrio pensando assim. Não pode deixar a raiva mudar quem você é. E não estou dizendo que você tem que gostar dele, mas ele é seu pai... você tem sorte de ter um. Só tenta se lembrar de que ele não é um monstro. — Ele disse, encarando Robby com um olhar compreensivo. O garoto assentiu com a cabeça. — O senhor Miyagi sempre dizia que não existe aluno ruim, só professor ruim, e acredite, seu pai teve o pior que já existiu.
— Então por que a Aaron entrou para o Cobra Kai? Justo agora? — Robby colocou a mão na cabeça, inconformado.
— A Aaron não é uma menina ruim, ela só está perdida. — LaRusso disse, e aquelas palavras foram como facas no peito da menina que ouvia tudo escondida atrás da porta. — E eu entendo que grande parte disso seja culpa minha. Então, não a culpo por ter entrado no caminho mais fácil para o que ela tanto queria, que era se conectar com o karatê de novo.
Aaron sentiu um nó na garganta. Não era esse o motivo dela estar ali. Ela havia sido enganada e acreditava que aquela era a única opção. O Cobra Kai era sua única opção naquele momento. Mas ela nunca teria a coragem de entrar naquela sala e tentar contestar LaRusso, fazendo-o acreditar nela. O barulho do microfone soou, anunciando a volta aos tatames e o nome de Aaron foi chamado junto com o de Shayton, o garoto que ela lutaria em seguida.
— Preciso ir. — Robby murmurou, levantando-se lentamente. — Mas acho que preciso ver um médico. — ele disse, tocando no próprio ombro, e Aaron quase deu um passo à frente para ver como ele estava, mas desistiu no meio do processo.
— Vá em frente. — LaRusso deu um leve tapinha no ombro saudável de Robby antes de se levantar também, indo atrás de um médico para o garoto.
Aaron, com o coração pesado, deu meia-volta, completamente decepcionada, desistindo de falar com Robby. Ela se dirigiu ao tatame uma última vez, determinada a provar que seu lugar ali era merecido, apesar das dúvidas que pairavam sobre ela. Ela precisava provar que poderia ganhar da maneira certa.
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[6887 palavras]
Eu tive que tomar a cruel decisão de dividir esse capítulo em duas partes! Então ao invés de o episódio dez ser feito em um capítulo só ele será dividido em dois.
Essa decisão tem dois motivos, 1- eu estava muito ansiosa para postar e agora eu tenho um compromisso então só poderia terminar ele de noite e eu sei que vocês queriam muito ler ele logo e 2- ficaria grande de mais, como mais ou menos umas 10 mil palavras e ninguém merece. Ja basta eu fazer isso em Our last summer (rs)
Enfim, me digam a opinião de vocês!
Eu ainda me encontro do lado do Robby com pena da Aaron!
Bjs,
Back.
Até mais tarde.
Ps: o Kreese ta chegando.
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